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A menina que sorria com os olhos

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Dia de chuva em São Paulo é um verdadeiro caos. A cidade parece que vira do avesso e o trânsito simplesmente pára, não anda para um lado nem para o outro.

Com esse breve raciocínio Antonio resolveu optar pelo metrô no lugar de usar o seu carro naquela sexta-feira, o quinto dia consecutivo de uma chuva intermitente a encharcar os ânimos dos paulistanos. Toda sexta, das nove ao meio dia, dirigia um grupo de teatro amador na zona leste. Para evitar o trânsito surreal daquele dia chuvoso, empreendeu uma epopéia por debaixo da terra. Saiu cedo, por volta das 7h30 da casa de uma ex-namorada que visitava com freqüência. Uma atriz com tendências suicidas no palco e na vida. Começou a viagem pela estação Parada Inglesa, na zona norte. Desceu na Sé e pegou a linha vermelha no sentido Corinthians-Itaquera. De guarda-chuva na mão, saltou na estação Patriarca, andou uns 15 minutos a pé e chegou quase todo molhado. A cabeça e os ombros respingados aqui e ali pelos furos irregulares e assimétricos no tecido puído e amarelado do seu guarda-chuva. E dos joelhos pra baixo era uma molhadura só, incluindo sapatos e meias – Ele sempre usava dois pares de meia em dias de chuva. Não era superstição, era medo de ficar resfriado – Tudo correu bem como de costume, a não ser pelo certo nervosismo que tomava conta dos seus 13 filhos adolescentes, como ele assim os chamava. No dia seguinte, sábado, seria a estréia daquele grupo na sede da associação de moradores do bairro. Ele tinha um carinho especial por aquela turma de jovens cheios de vida e vontade de vencer as dificuldades de viver na periferia. Dificuldades que todos aqueles que, assim como ele, que viveram ou vivem à margem da zona central da cidade, sabem muito bem o seu tamanho. Era o primeiro diretor e o responsável direto pelos primeiros passos na formação desses promissores futuros artistas. Alguns, tinha certeza, seriam grandes atores e atrizes, outros tinha lá suas dúvidas, mas todos eram como se fossem seus filhos de verdade. Tudo estava pronto e o último ensaio foi ótimo, fato esse muito diferente do que se está acostumado a ver no teatro profissional. O ensaio antes da estréia é sempre uma catástrofe. Acertou os últimos detalhes com os atores, afinou a luz, deu retoques no figurino e repassou o som. Ao término do ensaio, que se estendeu um pouco além das três horas habituais, foi abordado pelo presidente da associação de moradores, que havia chegado pouco antes do fim dos ensaios.

– Professor, estamos todos muito felizes com o seu trabalho por aqui. Nunca poderemos pagar pelo que o senhor fez pelos nossos jovens. Seremos eternamente gratos por isso.

– Deixa de bobagem homem.

– O senhor está com pressa?

– Não. Por quê.

– É que preparamos uma pequena surpresa pro senhor, e como amanhã vai ser uma confusão por aqui, queremos fazer isso hoje. Vamos até a sede?

– Claro que sim.

Lá se foram os dois. Antonio tentando preservar o que ainda não tinha sido molhado pela chuva. Sebastião, o presidente da associação, foi andando pela chuva mesmo. Estava de camiseta, bermuda e chinelo de dedos. Não era costume dele, andar vestido assim, em pleno dia de semana, mas estava de folga do restaurante. Era um homem alto e um pouco gordo, cuja barriga se pronunciava para além da camiseta, pelo menos dois números menores.

– Não tá com frio não Sebastião? Eu tô gelado.

– Nada Antonio. Tenho gordura de sobra aqui e ela me protege. Disse isso batendo na pança enquanto desviava de uma poça enlameada.

Na sede da associação foi recebido por mães, tias, avós e primas, fãs incondicionais daqueles atores estreantes. Pra surpresa de Antonio, ele era esperado com uma suculenta feijoada. Não era quarta nem sábado, dias sagrados dessa iguaria tipicamente nacional, mas a feijoada estava lá, completa, com tudo que ele tinha direito. Antes mesmo de dizer qualquer coisa em agradecimento, sentiu sua boca se encher lentamente de água. Era a reação física e mais sincera que alguém poderia ter diante do seu prato preferido e que exalava um aroma inigualável. Abriu um largo sorriso.

– É o meu prato preferido.

– E nós não sabemos, seu Antonio. Foi a Juju quem contou, disse dona Chica.

Juju era uma das atrizes que ele apostava todas as fichas. Uma menina talentosa e que quando sorria, lembrava uma grande amiga sua, também atriz, que sempre sorria com os olhos. Ela, a amiga, que ele não via há anos, tinha deixado o Brasil em busca de aperfeiçoamento em suas pesquisas no trabalho do ator. Essa era a última notícia que teve dela uns cinco anos antes daquela data.

– Ela disse que o senhor comentou isso num dos ensaios.

– É verdade. Disse isso enquanto tentava se lembrar de quando foi que tinha falado que adorava feijoada. Antes mesmos de puxar a cadeira e sentar-se ao lado de Sebastião, a imagem do tal dia brotou cristalina da sua memória. Ele havia proposto aos seus atores que representassem em dez movimentos, por meio de uma ação, o ato de comer o prato preferido de cada um. Lógico que no final do ensaio todos queriam saber qual era o seu prato preferido.

– E o seu professor, qual o seu prato preferido?

– Feijoada, Juju. Feijoada.

Comeu e comungou com aquelas pessoas da comida e de conversas o aproximaram ainda mais daquela gente. Em muitos momentos, a sua história de vida se confundia com um pouco da vida de cada um ali. Neide, que era a cara de uma prima sua e que ajudara Dona Chica na preparação do prato, não deixava nada passar em branco.

– Professor, acho que se o senhor andar sem o seu guarda-chuva vai ficar menos molhado. Parece uma peneira.

O riso foi geral na mesa. Deixa comigo que dou uns pontos e resolve o problema, disse isso Dona Matilde, levantando da mesa indo buscar a sobremesa. Sim, o cardápio era completo. Tinha até sobremesa. Uma torta de chocolate como poucas que tinha comido até então. Depois do café, olhando bem nos olhos daquelas pessoas simples e cheias de amor no coração, sentiu seus olhos encherem de lágrimas. E antes que todos caíssem no choro, Neide emendou:

– Não vem que não tem professor. Já tem água demais por aqui. Engole esse choro.

Abraçou um por um com um abraço longo e silencioso. Antes de ir embora, abriu um sorriso e disse:

– Tô pensando em começar a ensaiar com eles todos os dias. O riso estrondoso de todos mais uma vez competiu com o barulho insistente da chuva lá fora. Despediu-se e tomou o rumo da estação do metrô. A chuva, que teimava em não dar tréguas, completou o seu serviço. Antonio, pelas suas contas, estava aproximadamente noventa e três por cento molhado. Alguns pedaços da camisa, da calça e a sua cueca ainda estavam secos. Apesar da situação aparentemente diversa daquela sexta-feira, tudo tinha saído bem. A chuva, a roupa molhada, o sapato empapado de água e barro e o seu pé congelado apesar dos dois pares de meia, tinham pouca ou quase nenhuma importância. Estava feliz, e isso era o que importava. Com as mãos molhadas e os dedos duros de frio, segurou com cuidado o bilhete, que mesmo dentro do bolso da camisa, foi incapaz de resistir à chuva. Estava umedecido em uma de suas pontas, bem próximo à fita magnética. O bilhete passou pela catraca e saiu quase ileso do outro lado, apenas um pouco borrado, com sua tinta azul e preta misturada uma na outra. Antonio olhou para ele e pensou que a água havia provocado um efeito de aquarela no bilhete ao diluir a tinta impressa. Guardou o bilhete. Um dia pensaria naquilo com mais calma. Quem sabe não poderia tentar vender um projeto pro metrô, intitulado talvez de Arte no bilhete. O nome ocorrido ali, naquele momento, lhe parecia bom e o artista já sabia quem seria, o seu amigo Tarifa. Desceu as escadas, era momento de focar em outra coisa: ir pra casa e tomar um banho quente.

Durante todo o caminho da volta pra casa, fez o caminho inverso em sua cabeça. De trás pra frente, repassou sua vida até aquele momento. Apesar das dificuldades do dia-a-dia, a arte e o teatro sempre lhe proporcionaram momentos únicos, como o trabalho com aqueles jovens da periferia e feijoadas como a de Dona Chica. É não tinha o que reclamar, talvez não lhe faltasse nada, a não ser aquele grande amor que um dia fugiu pelo vão dos seus dedos. Não estava pensando numa mulher, estava pensando em todas aquelas que, em maior ou menor grau, poderiam ter sido companheiras para a vida toda. Mas assim como um heterônimo de Fernando Pessoa, não sabia se sentia demais ou de menos. Na dúvida, na eterna incerteza não agiu. Deixou a vida passar. Distraído em seus pensamentos, quase não desceu na Sé. Só conseguiu, porque naquela hora o trem anda vazio sempre. Era como se o metrô, no início da tarde, vivesse um verdadeiro buraco negro de passageiros. Frequentado apenas por mães com seus filhos, donas de casa, aposentados, vendedores ambulantes e trabalhadores, que como ele, têm horários flexíveis. Resumindo. Entre duas e quatro da tarde, o metrô era frequentado por todo tipo de gente, excluindo, é claro, a população economicamente ativa com emprego formal. Pelo menos a grosso modo, concluía Antonio calado, enquanto esperava o outro trem com destino ao Paraíso. Dentro do trem, resolveu que desceria na Ana Rosa. Era sempre mais tranqüilo pegar o trem na Ana Rosa. Não havia aquela afobação costumeira da estação Paraíso, mesmo naquele horário. O vagão não estava cheio. Conseguiu um lugar pra sentar. Na Brigadeiro, o carro ficou quase vazio. Bem a sua frente, sentada no lado oposto do vagão, estava uma mulher jovem. Não dava pra ver o seu rosto – O seu cabelo preto e longo cobria o seu rosto, enfiado num jornal – mas certamente ela tinha menos de 30 anos, a julgar pelo que o seu corpo revelava. O caderno era o de classificados e ela carregava uma caneta vermelha na mão direita. Olhou-a de cima a baixo. Vestia-se como uma bailarina. Sim, ela deve ser bailarina. Contudo, seu jeito de cruzar as pernas revelava outra coisa. Antonio tinha uma teoria: só as atrizes são capazes de cruzar as pernas de um jeito enlouquecedor. Ela era uma atriz. Nenhuma outra mulher é capaz de cruzar as pernas daquele jeito, só uma atriz. Ficou olhando por mais um tempo. Viajou em seus pensamentos naquela tarde fria. Será ela a mulher da minha vida, aquele amor que ainda não vivi? Mas como. Nem a conhecia, sequer viu o seu rosto. Como ela poderia ser o seu grande amor? Tentou desviar o olhar e o pensamento. Impossível. Tudo o que queria naquele momento era arrumar um jeito de chegar até ela, descobrir o seu rosto e conhecer aquela mulher. Ao chegar à estação Sumaré, a luz do dia, apesar de nublado, iluminou o vagão. Ela, num instante mágico, levantou a cabeça para saber de onde vinha aquela luz. Ele, petrificado pela surpresa, só pode dizer: Elisa. Ela olhou na direção dele imediatamente.

– Não acredito! Antonio é você?

– Nem eu.

Com o coração quase saindo pela boca, não dissemos mais nada. Nos enlaçamos num longo abraço. O trem saiu e quase caímos. Sem se desgrudar sentou ao lado dela.

– O que você ta fazendo aqui? Você não estava….

– …..não tô mais. Cheguei faz um mês.

– Vai ficar?

Mostrou-me o jornal.

– Sim. Em São Paulo. Resolvi aceitar o conselho de um velho amigo que dizia que meu lugar era aqui, onde as coisas acontecem.

– Seja muito bem-vinda.

– Curti minha família esse mês que passou. Cheguei ontem e estou na casa de uma amiga lá na Praça da Árvore.

– Você tá indo pra onde agora?

– Ver apartamentos pra alugar. Disseram-me que a Vila Madalena é um lugar legal.

– Muito. Eu moro lá.

Riram como duas crianças. O trem chegou à estação final. Como dois adolescentes, subiram as escadas atropelando os degraus, quase correndo e de mãos dadas.

– Lembra daquela cena que tivemos que sair correndo feito dois loucos?

– Lembro sim, mas ando meio fora de forma.

Esbaforidos, estancaram na porta da estação. A chuva continuava forte lá fora. Se esconderam na marquise ao lado da porta. O espaço diminuto os obrigou a ficar bem próximos. Frente a frente, podiam sentir a respiração do outro e o hálito quente apaixonado que escapava dos lábios de ambos. Olharam-se em silêncio por quase um minuto. Eles sempre tinham o hábito de ficar olhando diretamente um no olho do outro. Isso desde quando se conheceram, anos atrás. Ela tremia. Um pouco de frio e um pouco talvez pelo nervoso sutil do encontro inesperado. Aquele não era um encontro qualquer. Era possível ser um desfecho ou o início de uma nova história. Seus olhos diziam isso e brilhavam como nunca.

– O que você vai fazer agora?

– Procurar apartamento com você.

Ela sorriu quase à toa e apertou a mão de Antonio.

– Você continua sorrindo com os olhos, disse Antonio.

– É você que sorri com os olhos. Olha aí.

Estavam tão próximos que um beijo seria inevitável. Sabiam que tinha chegado o momento. Sem dizer palavras concordaram em esperar. Queriam curtir um pouco mais o desejo incontrolável do real primeiro beijo. Antonio abriu o seu guarda-chuva, passou a mão pela cintura de Elisa e abraçados começaram a descer a rua desviando de algumas poças de água.

– Hoje tem a estréia de um amigo. Você quer ir comigo?

– Claro que eu quero.

– Onde é a rua do apartamento?

– Aspicuelta. É isso né?

– É sim. E eu moro na Girassol, que corta essa rua.

– Quem sabe não seremos vizinhos.

– Depois do teatro podemos jantar. O que você acha?

– Pode ser comida italiana? Tô com saudades de comer uma massa, beber um vinho.

– Ah! Amanhã tem a estréia de um grupo de adolescentes que eu dirijo lá na Zona Leste. Se você puder…..

– Puxa…. eu quero ir sim. Ai meus deus…já tô me convidando.

– Acho que tá na hora de eu trocar de guarda-chuva. Tô pensando em comprar um maior.

– Eu vou achar ótimo. Disse isso e aninhou sua cabeça no ombro de Antonio.

Viraram à direita. Estavam tão abraçados que pareciam ser um só.

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Gil Guzzo – Belo Urbano, é autor, ator, diretor e fotógrafo. Em teatro, participou de diversos festivais, entre eles, o Theater der Welt na Alemanha. Como diretor, foi premiado com o espetáculo Viandeiros, no 7º Fetacam. Vencedor do prêmio para produção de curta metragem do edital da Cinemateca Catarinense, por dois anos consecutivos (2011 e 2012), com os filmes Água Mornas e Taí…ó. Uma aventura na Lagoa, respectivamente. Em 15 anos como profissional, atuou em 16 peças, 3 longas-metragens, 6 novelas e mais de 70 filmes publicitários. Em 2014 finalizou seu quinto texto teatral e o primeiro livro de contos. É fundador e diretor artístico do Teatro do Desequilíbrio – Núcleo de Pesquisa e Produção Teatral Contemporânea. E o melhor de tudo: é o pai da Bia e do Antônio.

 

 

 

 

 

 

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E você, desiste?

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Gentileza? Existem mil posts sobre isso, basta dar uma busca na net e logo em seguida aparece uma lista gigante.
Mas e para você que esta lendo…eu nem o conheço, não tenho intimidade.
Será que o que eu disser, vai mesmo ter sentido pra você?

Depois de 45 anos crescendo em um lar muito gentil, depois de formar minha própria família e de trabalhar diariamente com este assunto nos últimos 4 anos…

Só sei dizer: SE QUER MUDAR ALGUMA COISA, COMEÇE NA SUA FAMÍLIA.
Foi assim que me aquietei, desisti de ficar convencendo as pessoas o tempo todo. Quem disse isso? Santa Madre Teresa de Calcutá.

Meus problemas diários? São vários e ainda bem que os tenho, assim aprendo a resolvê-los e aprendo com eles.

Sinceramente esta muito difícil hoje ensinar a gentileza “falando” com adolescentes. Acho que o melhor mesmo é nosso exemplo. Tenho certeza que ele sim, ele vale mais que mil palavras.

A gentileza muda de jeito, cor e sabor em cada fase da vida da gente.
Hoje, a minha como pessoa continua brilhando, mas em alguns momentos do dia a dia, nas ruas, na escola, no trabalho e até em casa, a cor enfraquece um pouco…mas eu nunca desisto!
Faço minha parte!

Aliás, foi um prazer escrever pra você! Que tenha um ótimo 13 de novembro, dia internacional da gentileza …cheinho de gentileza!

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Roberta Corsi –  Bela Urbana, coordenadora do Movimento Gentileza Sim que tem como objetivo “unir pessoas que acreditam na gentileza” e incansavelmente positiva. Para conhecer o movimento acesse https://www.facebook.com/movimentogentilezasim 

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Maturidade… Somos só nós que mudamos?

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A chegada aos 50 anos muda a gente sim…. Traz reflexões que desde os 40 ficamos assim evitando como que pensando em fazer o tempo parar. Mas como dizia Cazuza, o tempo não pára! Não ♯ pára ♩ não…♫ não pára… ♬

Aí aos 50 a ficha cai e a gente pensa ‘OK, não tem mais jeito… e agora?’. Pode não ser a chegada aos 50, pode ser outro ponto da vida em que a tal maturidade chega… a chegada da menopausa, o casamento do último filho e o inevitável ninho vazio, ou qualquer outro evento que mostre que a partir dali, o rumo é outro, querendo ou não, numa fase da vida em que se pensa mais em estabilidade.

O ponto é que nessa fase não temos opção senão lidar com isso. E acreditem, não é tão simples. Mas aí fui percebendo e me questionando outra coisa… Como eu tratava as pessoas ‘mais velhas’ quando eu ‘era jovem’? E mais, como passei a tratar pessoas conforme elas foram envelhecendo? Bom, não sei se sou referência, pois como outros textos meus mostram, procuro tratar pessoas como pessoas, independente de rótulos.

Mas quantas vezes os filhos não passam a tratar seus pais de maneira diferente quando julgam que estão independentes e eles estão ‘velhos’. Passamos a tratar diferente nossos colegas de trabalho mais antigos, por acharmos que eles já não irão ‘render’ mais tanto. Desconfiamos de profissionais mais velhos por achar que estarão ainda presos a práticas antigas e não estarão atualizados.

A gente muda com a maturidade sim, mas é só a gente? Não, os ‘imaturos’ (já que eu sou a madura), mudam também! Mudam sua forma de tratar e conviver conosco. Pensam que agora estamos limitados, desatualizados e sem vitalidade. Mas não é assim.

Só que faz parte, e logo serão eles os maduros… e só aí eles entenderão, assim como os adolescentes só entendem seus pais quando têm seus próprios filhos… é o ciclo da vida e das mudanças que cada fase traz!
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Tove Dahlström – Bela Urbana, é mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.
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Se Desescondendo

 

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Ela e somente ela entendeu o significado daquilo tudo… lágrimas escorrendo pelo rosto e um sorriso esquisito nos lábios… fez um birote nos cabelos, amarrou – os com um nó, subiu no salto, batom vermelho nos lábios… Se olhou rapidamente no espelho… sorriu novamente esquisito: essa sou eu se desescondendo de mim… sim a palavra é essa mesma: desescondendo…

Olhou para o céu… Não estava o calor que tanto ama, mas Oxalá não chovia. Fez sua oração em silêncio.

Conferiu de novo o espelho e achou que tudo ok com o que viu… mas esses olhos vermelhos não combinam.

Ligou o som nas alturas e saiu dançando sozinha. Sem se importar com os vizinhos ou com os curiosos na rua…ficou exausta de tanto dançar… desceu do salto, tirou o batom, chacoalhou o cabelo… botou o pijama… olhou para o espelho… e dessa vez não viu um sorriso esquisito.

Viu somente e tão somente a ela. E há quanto tempo isso não acontecia. E há quanto tempo ela não se pertencia.

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Marina Prado – Bela Urbana, jornalista por formação, inquieta por natureza. 30 e poucos anos de risada e drama, como boa gemiana. Sobre ela só uma certeza: ou frio ou quente. Nunca morno!

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RETRATO

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Ela é taurina e ele de escorpião

Brava e ele mandão

Ela acorda cedo e ele dorme tarde

Sua companhia é o gato e a dele o cachorro

Ela é punk rock, ele aprecia metal

Ele eterniza o que é importante na jornada, idealista ela investe na jornada

Arredio e inquieta

Juntos, tomam sorvete, conversam, ficam de mãos dadas

Juntos, vinho, queijo, filme e beijo

Juntos, ele toca, ela escuta… ela fala e ele pacientemente escuta

Juntos, dormem, acordam e namoram ou namoram, dormem e acordam

Juntos, alegram-se com o encontro

Maduros, apenas aceitam o presente!

Não por acaso eles se encontraram

Não por acaso eles estão juntos

Claudia Chebabi Andrade – Bela Urbana, pedagoga, bacharel em direito, especialista e psicopedagogia e gestão de projetos. Do signo de touro, caçula da família. Marca registrada: Sorriso largo e verdadeiro sempre :) 
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As vezes podia ser mais fácil

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Tem épocas que podiam ser mais fáceis. Podia ser mais fácil se não sentisse angustia, podia ser mais fácil se não ficasse ansiosa, podia ser mais fácil se não ficasse preocupada, podia ser mais fácil se o dinheiro sobrasse sempre, se a saúde não desse sinais de alerta, se as crianças entendessem tudo que você explica, se não nos deparássemos com pessoas irritadas por pouca coisa, se não existisse dúvidas, se não existisse solidão.

Podia ser mais fácil sim, mas não é assim. Tem gente que acredita em sina. Tem gente que acredita em reencarnação. Tem gente que acredita em carma. Tem gente que acredita em Deus. Tem gente que acredita que nada é por acaso.

Por que tanta fartura de um lado? Por que tanta miséria de outro?

Sim, poderia ser tudo mais fácil se tudo fosse igual, porque sem diferenças tudo seria mais linear, não existiria conflitos e todos teoricamente seriam felizes.

Afinal, é essa tal de felicidade que todos querem. Felicidade que alguns acham que conseguem comprar, mas felicidade mesmo não se compra, não se conquista, não é luta. Felicidade é a falta do vazio que habita nos seres humanos. As vezes esse vazio é tão grande que não encontra felicidade em nada e quem sente isso dessa forma fica doente, muitas vezes doente uma vida toda. Na busca, doente. Sem buscá-la, doente.

Erros de entendimento, deve ser isso a resposta quando temos tantos padrões pré estabelecidos sobre essa tal felicidade.

Podia tudo ser mais fácil para sermos mais felizes? Não acredito nisso. Cada um é cada um e o mistério é justamente esse. Talvez seja sorte ser feliz. Talvez sejam só as endorfinas. Talvez sejam os nossos recursos internos. Talvez seja o olhar para a vida. O olhar para si mesmo.

São tantas suposições, tantos senões, que na verdade não importa. O que de fato importa é descobrir qual é sua motivação nessa vida. Quem é você? O faz seus olhos brilharem?

Não importa mesmo se podia ser mais fácil, importa é como você lida com o que não é fácil. Lidar com essa teia de sentimentos e situações que a vida nos coloca. E antes de tudo e de mais nada, ser coerente com você mesmo.

Fácil ou não, a escolha é sua de querer olhar as flores pelo caminho. Esse é o segredo dessa tal felicidade, que habita dentro de todos nós. Então, se posso dar um conselho, quando tudo ficar muito difícil, respira fundo, faça uma prece e aprecie a vida. Especialmente a sua.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre suas agências Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br , 3bis Promoções e Eventos www.3bis.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

 

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Projeto de assessoria financeira – depoimento da consultora 2

10425465_10206927660015373_3670511374470991544_n foto post Renata M

Começo esse texto com um pedido de desculpas. Sim, eu fiquei de escrever uma vez por semana para relatar os sentimentos sobre esse processo  de consultoria de assessoria financeira, mas não foi possível. Culpa minha? Não. E isso não é uma desculpa, talvez uma justificativa e olhem que não gosto de justificativas, evito-as dar e não gosto de recebê-las, mas de fato a culpa não é minha e explico.

A assessoria não pode ser dada, simplesmente porque minha cliente, muito ocupada, foi mudando as datas em uma sequencia de várias semanas e com isso perdemos mais de 04 semanas sem nenhum encontro. Como é minha amiga, a liberdade tem dois lados, o bom, que você pode não ter formalidades, e o ruim, que você também não prioriza por excesso de liberdade e consequentemente o projeto foi ficando. Na última sexta tivemos uma conversa séria a respeito e coloquei que nada vai mudar se ela não mudar e colocar esse projeto como uma das suas prioridades. Ela me pediu desculpas, não tenho nada para desculpar, afinal o objetivo é dela e não meu.

Nossa conversa foi muito boa, como somos amigas temos a tal liberdade, essa mesma liberdade foi fundamental para eu dizer o que penso e para dar uma “puxada de orelha” para que ela repense se de fato quer mudar algo. Qualquer mudança em nossas vidas primeiramente é determinada por nós mesmos e consequentemente com a mudança de nossos comportamentos, esse é o caminho.

Eu sei que muitos de você devem estar pensando que não é tão simples assim, porque existem imprevistos diversos, funções que nos ocupam muito tempo no dia a dia etc. Porém vou repetir aqui o que disse para ela. Eu disse que não era simples, aliás mudança não é simples, nenhuma delas, mas se é algo de fato é o que se quer, é necessário se comprometer consigo mesmo e colocar isso como uma das suas prioridades e  em ação no dia a dia. Não é necessário mudar totalmente sua rotina, mas é necessário disponibilizar um tempo para isso, pode ser 20 minutos por dia, ou pelo menos algum dia da semana para avaliar como foi a mesma e anotar todos os gastos, sem isso fica difícil mudar qualquer coisa.

Todas as mudanças exigem um mínimo de planejamento, quando falamos de uma situação financeira o planejamento não é tão mínimo assim. Bom, eu espero que o puxão de orelha tenha feito ela pensar. Vamos conversar novamente na sexta e vamos ver o que ela me dirá.

Para mim, a experiência de ser sua consultora tem sido válida, mesmo diante do não resultado dela, porque isso é uma forma de eu olhar também para meu lado financeiro pessoal, pois apesar de sempre saber lidar com as finanças, sempre fui impecável para a administração financeira das empresas, mas para a minha pessoal, estou meio relapsa nos últimos tempos e isso está trazendo de volta esse olhar para mim mesma e já tenho observados alguns pontos interessantes, mas essas lições eu conto outro dia.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre suas agências Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br e 3bis Promoções e Eventos www.3bis.com.br e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

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Outubro Rosa

Fiz a mamografia e já senti que a médica ficou encafifada. Uma semana depois, recebo o laudo sugerindo uma mamotomia (que é um exame que parece uma punção). Fiz este também, com muito medo e ainda ouvindo da enfermeira insensível que seria muito difícil fazê-lo em mim porque eu tinha uma mama muito pequena. Até hoje sinto orgulho de mim por ter conseguido, naquele momento tão adverso responder ironicamente: “Sinto muito por ter mamas tão pequenas, eu te garanto que eu também adoraria que elas fossem maiores!!”
Quando recebi o laudo, mais um baque: “CARCINOMA DUCTAL IN SITU”.

Achei que aquilo era meu atestado de morte!! Senti muito medo, chorei muito, mas também fui valente o quanto pude. Tive todo apoio e amor que eu precisei. Ao levar o exame para a mastologista, ouvi que eu tinha dado uma sorte imensa, que era só retirar aquele pedaço da minha mama e que, caso não descobrissem mais nada no pós-operatório, eu “só” teria que fazer radioterapia e tomar um medicamento por 5 anos.

Naquela hora, tudo era assustador! Como assim retirar um pedaço da mama? Como assim radioterapia?? Como assim um remédio com mil efeitos colaterais por 5 anos? Hoje, consigo pensar que passei por tudo isso de uma forma tranquila. Operei na quinta e na segunda estava trabalhando como se nada tivesse acontecido. Fiz as 30 sessões de radioterapia e há 6 meses estou tomando o remédio que não me trouxe quase nenhum dos muitos efeitos colaterais ameaçados na bula. Agora estou em acompanhamento, fazendo os exames de rotina pra garantir que continuo bem!! O que eu consigo pensar de tudo isso é o seguinte: Não achei justo eu ter esta doença, mas seria justo com alguém?? Claro que não!! Agradeço todos os dias por ter descoberto tudo em momento tão precoce. É muito assustador passar por isso, mas hoje as possibilidades de cura são muito, muito grandes!!

O amor recebido nesta hora também faz toda a diferença!!

Por isso, meninas de 40, façam o exame, ele pode sim salvar sua vida!!

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Nadia Vilela – Bela Urbana, fonoaudióloga que fala pelos cotovelos, mas aprendeu também a ouvir!!! Mãe de dois adolescentes lindos por dentro e por fora. Tem sempre um sorriso sobrando no rosto e a certeza de que não veio pro mundo a passeio!

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A OPÇÃO É SUA!

 

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Mudanças acontecem na vida das pessoas. Muitas são procuradas, buscadas, desejadas, outras vem sem pedir licença e temos que nos adaptar, e um fato é certo: toda mudança gera estresse, estresse esse causado pela necessidade de adaptação a uma nova realidade.

Quer coisa melhor que um filho há muito desejado? Mas…. gera estresse. Tudo, absolutamente tudo, muda com esse acontecimento. E pra sempre! Horários, hábitos, sono, etc. É delicioso, mas a adaptação gera uma série de dificuldades.

E passamos por isso a vida toda e nos adaptamos sempre, desde as coisas mais simples até as mais impactantes. Todos nós invariavelmente passaremos por mudanças.

E aí vem o curioso… Tem gente que recomeça uma nova vida  com energia e disposição mesmo após mudanças radicais, como uma guerra, uma catástrofe e tem gente que reclama até da mudança do tempo!

A diferença entre essas pessoas é que enquanto umas escolhem se adaptar e voltarem a ser felizes o mais rápido possível, as outras… bem, preferem reclamar, porque a felicidade depende do clima, da vizinhança, do barulho, da estrada, enfim, do outro.

E é aí que eu quero chegar: A OPÇÃO É SUA!

Quer reclamar, reclame, mas a chuva não vai deixar de cair, o vento não vai parar de soprar, o vizinho continuará a tocar funk, a estrada continuará poeirenta. OK, vizinho tocando funk é forçar a amizade… tem que reclamar mesmo!

Mas… Eu escolho ser feliz. Me adaptar e seguir em frente. Minha primeira grande mudança foi aos 4 anos de idade e desde essa época, mudança é a única coisa constante na minha vida! Tão constante que muito tempo parada me faz buscar o que mudar!

Mesmo com 18 anos de empresa, dentro dela mudei de área tantas vezes que parece que foram empresas diferentes. E cada mudança dessas me traz novos desafios e principalmente, aprendizados! Adoro aprender coisas novas, então, a cada mudança, voluntária ou não, sempre busco nela o aprendizado que vai me trazer.

Eu opto por aprender! E você, o que a palavra mudança provoca em você?

Foto TOVE

Tove Dahlström – Belas Urbana, é mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.

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NÃO PODE!

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Não pode ser gay, mas se for tem que ser discreto, se for só dentro do quarto.

Na rua não, mas se for, não pode andar de mão dada! Não pode ser preto, mas se for tem que ser pobre, não pode ser rico, mas se for, tem que ser jogador de futebol ou cantor de pagode. Mais que isso não pode!

Não pode ser mulher, mas se for tem que ser submissa, obedecer ao marido, se for mulher tem que apanhar calada. (Isso quieta e amargurada). Se não for assim, não pode!

Não pode ser gordo, mas se for tem que aceitar as piadas, se for tem que idolatrar gente magra.

Se não aguentar as “brincadeiras” ai é melhor emagrecer, se não… Não pode!

Mas e você?! Ah você pode, você pode tudo, é o dono do mundo, o pequeno príncipe! E quem contrariar vossa majestade é “héterofóbico”, pratica o racismo reverso, é “feminazi” ou não entendeu a piada!

Piada? Piada é a tua cara, tua fala, toda a tua laia, hipócrita e canalha que a tua máscara caia, que todos nós possamos olhar no espelho com orgulho de sermos nós mesmos. Sem precisar dar satisfação por conta do gênero, cor, peso ou da sexualidade.

Que sejamos do nosso jeito e livres de preconceitos, sem culpas, seja no corpo, na alma ou no coração!

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Lucas Alberti Amaral – Belo urbanonascido em 08/11/87, vem há 28 anos distribuindo muito mau humor e tentando matar a fome. Publicitário, trabalha na área há 7 anos, tem uma página onde espalha pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias www.facebook.com/quaseinedito (curte lá!). Não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião, lua em Gêmeos com ascendente em Peixes e Netuno na casa 10. Por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.