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Vivemos numa sociedade estupradora… e precisamos falar sobre isso!

O homem é apenas o perpetrador voluntário de inúmeros abusos e estupros, mas a nossa sociedade como um todo, é estupradora!

Com o mais recente caso de estupro de repercussão nacional, o do ex-anestesista que dopava e estuprava mulheres no momento do parto, não pude deixar de pensar nessa rede de proteção que os homens tem, para se sentirem a vontade para cometer esse tipo de atrocidade.

O criminoso contava com a leniência de seus pares, suposta falta de provas, o acobertamento por parte do hospital e a intimidação a quem ameaçasse denunciá-lo, e após a repercussão, com um sistema judiciário que protege os homens quando se trata de crimes contra as mulheres.

Não fosse um grupo de enfermeiras (que a sociedade chamaria de histéricas!) ele seguiria cometendo seus crimes como se aquele comportamento fosse natural.

E assim, está provado mais uma vez que as mulheres nunca estão a salvo, nem mesmo em ambientes em que deveriam estar seguras, rodeadas de profissionais que estão ali para garantir sua saúde. Porque em pleno 2022, vivemos numa sociedade estupradora!

Estamos falando de uma sociedade que ainda enxerga o homem como superior pela força física (claro, ainda estamos nos tempos das cavernas, isso é muito importante) e que assim pode subjugar os ‘inferiores’, entre eles as mulheres. E ainda o enxerga assim, porque vivemos um cenário político advindo de um cenário religioso que está há milênios confirmando essa superioridade.

A mulher é um ser inferior, sujeita a ser posse do homem, ou seja, o homem estupra porque ele tem ‘direito’ a que essa mulher satisfaça seus desejos. Um homem que abusa, estupra, mantém em cárcere privado e mata, muitas vezes nem tem noção de que está errado, de que está cometendo um crime. Estamos falando de homens que não tiveram qualquer acesso à educação familiar, muito menos formal.

Mas quando nos deparamos com um estuprador com nível superior da área da saúde, que tem por profissão o cuidado com seu semelhante, a revolta é muito maior. Não tem a justificativa da ignorância! 

Mas voltando ao título, quem são afinal os estupradores dessa nossa sociedade? Obviamente os homens! Mas por todos os motivos citados acima, as mulheres são estupradas diariamente por:

  • Juízes e advogados, que fazem de tudo para denegrir a imagem da vítima culpando-a (ela pediu, ela mereceu), para acobertar e obter o perdão aos seus clientes.
  • Policiais e delegacias totalmente despreparados para lidar com casos de violência contra a mulher de modo geral, desestimulando que ela denuncie e dê andamento às denúncias, porque elas serão achincalhadas no processo.
  • Médicos, além dos que cometem o ato em si, que tratam as mulheres como seres ‘histéricos’, cheias de problemas pelo simples fato de serem mulheres, que não as orientam em relação ao seu corpo, e quando se deparam com casos de estupro minimizam e a culpabilizam. Exceto quando resulta em gravidez, aí elas entram na categoria da santidade da maternidade e são obrigadas a amar aquela consequência (mas isso é assunto de outro artigo).
  • Administrações hospitalares que abafam os casos (acredite, tem muito assédio sexual e estupros dentro dos hospitais) para defender a boa imagem de suas instituições, às custas de enfermeiras e pacientes abusadas e trabalhando no seu limite.
  • Escolas que não educam para a igualdade, que não orientam meninas (e meninos também, porque não?) a não se calarem diante de abusos, que acobertam os abusadores para proteger o bom nome de suas instituições.
  • Empresas, que também acobertam casos de assédio, abuso e até de estupros, para proteger seus executivos, pois o principal é o resultado que ele gera, não importa quantas vítimas deixe pelo caminho. Também vimos um caso recentemente. Cada assédio não punido é um estupro potencial.

Preciso falar da igreja? Acho que esse assunto já se esgotou, mas houve (talvez ainda haja) uma cultura de estupro de crianças por décadas, também devidamente acobertada pela santa instituição.

Igreja essa, significativamente responsável pela sociedade ocidental cristã como a conhecemos, e infelizmente entremeada às instituições políticas, criando uma rede poderosa de proteção ao ser superior, o homem. Doutrinando inclusive mulheres para serem submissas e criarem seus filhos para serem superiores, e suas filhas para serem servientes. Quantas mulheres não acobertam seus filhos estupradores, quantas irmãs não protegem seus irmãos estupradores?

Muitos estudos já foram feitos, mas ter que conviver com esses comportamentos pré-históricos em pleno 2022 é que coloca em dúvida a evolução da humanidade e sua real capacidade de raciocínio, que afinal é o que nos diferencia das outras espécies.

Resumindo, não evoluímos em nada, e ainda institucionalizamos os piores comportamentos pré-históricos.

Quando iremos evoluir de fato?

Tove Dahlström – Bela Urbana, mãe, avó, namorada, ex-mulher, ex-namorada, sogra, e administradora de empresas que atua como coordenadora de marketing numa empresa de embalagens. Finlandesa, morando no Brasil desde criança, é uma menina Dahlström… o que dispensa maiores explicações. Na profissão, tem paixão pelo mundo das embalagens e dos cosméticos, e além da curiosidade sobre mercado, tendencias de consumo, etc., enfrenta os desafios mais clichês do mundo corporativo, mas só quem está passando entende.

 
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