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A vida é muito curta para ser pequena

– Oi, tudo bem?

– Tudo. E com você?

– Onde você mora?

Típico diálogo desses aplicativos de relacionamento. Às vezes, evoluía. Muitas outras, não.

Separar com mais de 44 anos depois de uma relação estável não é fácil para as mulheres, suponho. E não foi fácil recomeçar do zero para mim. Onde encontrar pessoas interessantes? Aonde ir? O que fazer depois de ficar casada por tempos? Entrar em aplicativos de namoro?

A pandemia veio e os planos de viagem, zoação caíram por terra. O que fazer? Me recolhi. Juntei os cacos, voltei a ser só, mas não solitária. Comecei a me olhar com outros olhos, olhos de esperança.

Hoje, aos 47 anos, envelhecer me assusta um pouco. O climatério bateu à porta. Não. Entrou como um tsunami sem avisar, porque sempre pensei que a menopausa acontecesse depois dos 50 ou mais. Me senti velha, acabada, jogada às traças. Uma sensação de impotência diante da vida.

Mas. Contudo. Todavia. Hoje, me sinto mais mulher. Mais atraente. Mais disposta ao novo. O diálogo ou projeto de diálogo do “Oi, tudo bem” faz com que eu me sinta viva. Capaz de dizer: “sim”, “nunca”, “quem sabe”, “será?” para as opções que aparecem. Opções estas, muitas e muitas vezes, que me levam a pensar na dinâmica da vida. Dos encontros. Dos desencontros. Nos possíveis amores. No sexo. Na aventura. No amor.

Tenho uma máxima que aplico agora: a vida é muito curta para ser pequena. E, por isso, tento não pensar em envelhecimento como sentença de ser sem graça. Nada! Agora, como dona do meu nariz, procuro me reinventar a cada clique ou diálogo ou semi diálogo. Porque os dispostos sempre se encontraram e se encontrarão!

Luciana Rossi Gardim – Bela Urbana. Pprofessora de Língua Portuguesa. Curiosa demais para ficar parada esperando a vida passar, porque a vida é muito curta para ser pequena.

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