Apontar um livro que tenha causado certo efeito em mim é algo difícil, pois sou uma leitora assídua desde muito nova, o que transforma o livro em minha energia vital, então, todos de alguma forma têm seu valor.
Mas vamos lá…
Richard Bach foi um autor importante na minha infância/adolescência, pois abriu um caminho diferente que me possibilitou um olhar questionador sobre a vida. Apaixonei-me por conceitos filosóficos! “Fernão Capelo Gaivota” e “Ilusões” são obras consagradas deste autor, e me tocaram profundamente.
“O Pequeno Príncipe”, “Capitães da Areia” e “Feliz Ano Velho” foram obras que me fizeram entender como, através da literatura, podemos absorver conteúdos, viajar por universos distintos e inimagináveis e ainda aprender a questionar e pensar possibilidades diversas.
Caminhando por trilhas impensáveis, “A Psicanálise dos Contos de Fada” trouxe-me uma visão aprofundada sobre a linguagem simbólica e motivações psicológicas inconscientes, o que também aprofundou ainda mais meu interesse por universos subjetivos e complexos, e daí por diante viajei no mundo de mistérios e suspenses com Agatha Christie, Edgar Allan Poe, Sidney Sheldon e, em outro gênero, Jane Austen (em especial “A Abadia de Northanger” publicado postumamente, que é uma comédia satírica que aborda questões humanas de maneira sutil).
Autores contemporâneos como Harlan Coben (meu preferido, tenho todos os livros dele!), ou como o italiano Giorgio Faletti (já falecido, uma pena!) em “Eu Mato”, entre outros do gênero thriller psicológico/suspense são meus livros de lazer, onde aguço minha capacidade de decifrar tramas e desvendar mistérios.
Mas não posso deixar de citar também livros que educam, tiram-nos da zona de conforto, possibilitam um crescer humano, pois abrem a mente para temas de imensa relevância, como “As mulheres que correm com Lobos”, de Clarissa Pinkola Estés, que mostra a força da mulher e a necessidade de quebra das imposições que aniquilaram sua autonomia e capacidade por décadas. E “Na minha pele”, de Lázaro Ramos, onde fica claro o desejo de um mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista não como uma ameaça, mas sim como algo positivo.
A dica mais preciosa é: Aventurem-se no universo literário… Vale muito a pena!
Hoje não vim com meus conselhos, fui convidada para escrever na série do Belas Urbanas, UM LIVRO QUE TE MARCOU, gostei muito do convite e vou ser bem direta aqui.
O livro que me marcou conheci através do meu avô J. que era também um alquimista, foi o livro NUMEROLOGIA – o poder secreto dos números de Mary Anderson.
Li o livro diversas vezes, sei tudo, é meu livro de consultas.
Mas como eu não resisto, vou dar um conselho, um básico e direto conselho. Leia para uma criança, conte histórias, desperte a sua curiosidade. Eu não seria a MADAME ZORAIDE que sabe tudo se não lesse.
Gratidão Vô!
PS.: Consulente, se não entendeu é porque não leu. Leia e abra a mente.
Entardecia em São Carlos na década de setenta, eu entretido com um desenho para a faculdade numa prancheta enquanto a avó da Teresa costurava ao lado. Habilidosa, há décadas se dedicava a fazer de um tudo com panos e linhas, trabalho que exige muito da visão.
Incomodada me disse precisar dos óculos ao entardecer e se pôs a esfregar polegar e indicador sobre as lentes na esperança de limpá-los, sem nenhum sucesso. Ofereci-me então para lavá-los. Suspirou aliviada, agradeceu carinhosamente e continuou na lida noturna.
Abandonei o hábito da juventude de lavar meus próprios óculos. Quem sabe foi a piora evidente da minha visão ou fui eu que desisti de enxergar os detalhes da realidade? Há um pouco de tudo, mas a idade nos impele a entender a vida para além dos sentidos físicos apurados.
Quantas vezes me deparo com alguma situação e percebo compreendê-la, vislumbra-la instintivamente. “Mas como você sabe disso?”, pergunta-me Teresa com seu sábio rigor científico. Sinceramente não sei, o tempo dirá se faz algum sentido.
Algumas vezes faz sim, mas nem sempre, nem sempre. Recordo-me do belo e devastador romance “Dom Casmurro”, magistral obra de Machado de Assis. Há pouco assisti novamente a adaptação “Capitu“ feita em 2008 para a TV na qual brilhou a linguagem teatral e foram utilizadas lentes distorcendo as imagens.
Assim, Bentinho envelhecido conta sua vida através das memórias desfocadas resgatando, com exageros, tanto a beleza e alegria de sua juventude assim como o abismo da sua certeza no qual foi lançado pelas próprias dúvidas quando adulto.
A traição deixou de ser uma hipótese para ele, passou a ser fato justificando seu cruel desprezo pela morte da esposa e do filho. A amargura destruiu qualquer amar.
Vejo, com preocupação, muitos assumindo papéis semelhantes em relação ao que enxergam na própria vida, na sociedade e no mundo. Após décadas de trabalho sentem-se traídos pelos outros, pelas instituições ou ideologias; imputando-lhes toda culpa pelo que vivem agora.
Argumentações racionais dificilmente os demovem. Infelizmente “Bentinho” não quer mais limpar suas lentes, doentiamente obcecado prefere se colocar como vítima e atribuir sua adolescência de plena felicidade, assim como a tristeza da sua maturidade apenas e tão somente aos olhos oblíquos e dissimulados de “Capitu”. É…, Machado de Assis era grande mesmo, se fosse medíocre teria nos oferecido certezas.
Refletir sobre um livro que tenha trazido um impacto mais profundo em minha vida me fez voltar no passado para resgatar um que li entre a infância e a adolescência e que me marcou já naquele momento, mas que a cada dia vem ganhando mais significado.
Um cenário de intolerância e insensatez me foi apresentado por Joaquim Manuel de Macedo em A Luneta Mágica, cuja história tem como protagonista o personagem de nome Simplício, que se auto define como míope física e moralmente.
Seu desejo é enxergar melhor e, para isso, consegue por meio de um armênio uma luneta com a qual pode ver perfeitamente. Porém, Simplício é orientado a não fixá-la por mais de três minutos, após o que passará a ver além da aparência e apenas o Mal dentro das pessoas.
Claro que Simplício não resiste a fixar sua luneta por um tempo maior, e começa a ver mais do que gostaria, o que o leva quase à loucura. Acaba, sem intenção, quebrando a luneta, e pede ao armênio que lhe forneça outra. O homem concorda, mas alerta que desta vez ele veria apenas o Bem, se fixasse a luneta por mais de três minutos. Como novamente não seguiu a orientação, acabou por ser envolvido e enganado. Por fim, e após muitas confusões, ele acaba ganhando a luneta do bom senso, e assim encontra uma maneira de viver bem com a sociedade.
Hoje testemunhamos posicionamentos radicais, com antagonismos criados entre grupos da sociedade, em que só se enxerga a bondade do lado que se defende e a maldade do lado oposto.
Parece que ponderação e bom senso estão muito distantes, porque nossa tendência é usar a Luneta do Bem ou a Luneta do Mal, sem relativizar a própria noção de certo e errado.
Espero que, assim como acontece no livro, possamos evoluir a ponto de enxergarmos o outro e a nós mesmos com bom senso, entendendo que a essência de cada um é muito mais complexa do que uma visão superficial pode provocar com a dualidade entre o bem e o mal.
Viemos ao mundo com uma capacidade inata de aprender a sonhar, com desejo impulsionado para a vida, para o mais, para melhor.
De acordo com nosso desenvolvimento e dependendo dos ambientes onde fomos inseridos, essa capacidade foi sendo castrada, domesticada.
E para nos manter pertencentes ao meio, fomos condicionados a buscar menos, com a história de que desejar, sonhar e realizar seus próprios sonhos é perigoso, coloca você em risco de exclusão, abandono e rejeição.
E para não viver essas dores, aceitamos os condicionamentos e aprendemos a nos contentar com o mínimo, por uma questão de sobrevivência.
Mas com Os Quatro Compromissos, é possível se dissociar dessa mentira que nos contaram..
1º Compromisso: Seja impecável com sua palavra
Use com sabedoria a sua palavra, fale apenas aquilo que acredita e coloque sua energia nisso. Não se envolva em fofocas, isso gera veneno emocional para si e para os outros.
2º Compromisso: Não leve nada para o lado pessoal
“Aprenda a se tornar imune às opiniões alheias.”
“Quando alguém fala de você, está na realidade expondo a si mesmo.” (Don Miguel Ruiz).
3º Compromisso: Não tire conclusões
Clareza na comunicação e transparência nas relações, essas são as chaves para esse compromisso ser cumprido.
Observe os fatos, isolando as emoções, porque isso é o que difere os pontos de vistas e que os tornam pessoais.
4º Compromisso: Sempre dê o melhor de si
Nem mais, nem menos, apenas o melhor em toda e qualquer situação que estiver envolvido.
Pergunte-se: “Esse é o melhor que eu posso fazer dentro das minhas condições?”
Comprometidos com essas práticas, é possível aumentar nosso poder pessoal e nos tornar livres, para desejar, sonhar e realizar aquilo que verdadeiramente faz sentido para nós..
Esse livro me desafiou a fazer planos para o próximo ano com base nesses Quatro Compromissos.
Foi em um carnaval que o conheci, passei os quatro dias no sofá com ele. No sofá da sala, sofá cama por sinal. Não é o que deve estar pensando caro leitor. Eu explico. Na véspera, em uma festinha de carvanal na casa de amigos da escola do meu filho Pedro, ele com seus três aninhos, torci meu pé na hora de ir embora em cima do salto alto. A casa era longe da minha e ainda tinha que buscar os outros dois filhos, cada um em um local. Fui firme segurando o choro de tanta dor. Minha noite foi um horror e no dia seguinte, o médico me imobilizou, além de ter que tomar todos anti-inflamátorios necessários.
Bom, meus filhos tiveram um carnaval com o pai e eu fiquei bem acompanhada com O CAÇADOR DE PIPAS.
Que livro é esse? Senti tantas emoções! Conheci Cabul dos anos 70, os dois meninos Amir e Hassan, a força do amor desses amigos, que também eram meio-irmãos… mas isso só soube no decorrer da história. Das diferenças das classes sociais, da decadência do Afeganistão e todas as violências… e das competições de pipas, que me levaram também para a minha infância…. eu nunca consegui empinar uma pipa, nunca soube colocá-la no alto, já meu irmão era ótimo nisso.
Senti tantas emoções com aquele livro, com aquela história tão redonda, tão bem escrita, tão profunda. Chorei profundamente em alguns momentos, me encantei com belezas em outros. Devorei o livro nos quatro dias que fiquei naquele sofá com o pé imobilizado.
Quando terminei, minha sensação era de plenitude. Sentia uma tristeza por me despedir, a história estava tão impressa em mim que foi difícil me desligar, mas ao mesmo tempo, tinha a consciência que tinha chegado ao fim como deveria ser, sem ter que tirar e nem colocar nada a mais. Que história!
Tenho vários livros que gostei muito, alguns me marcaram profundamente, mas O Caçador de Pipas me despertou algo além da história. Primeiro pelo impacto que senti. Segundo, porque quis saber mais sobre o autor, Khaled Hosseini, tive e ainda tenho vontade de conversar com ele sobre seu processo criativo. Terceiro, me despertou o desejo de escrever uma história e publicar um livro, mas naquele momento não me vi capaz, porém uma semente foi plantada em mim.
De lá para cá, voltei a escrever mais, me atrevi nos contos, quem sabe uma hora venha a escrever uma bela história que vire um livro. Quem sabe alguma de um carnaval no sofá? E quem sabe ainda, alguém, um dia, se inspire pela minha história…
Despertando para somar lembranças… nessa página de meninas “arretadas”… por natureza. Eis que, vibro minha leituras de mulher para mulher.
Pergunta básica: Estarmos BELAS hoje, nos faz melhor do que estiveram outras mulheres ontem?
Resposta básica: Vasculhando minha estante, qual para muitos jovens seres possa ser (cringe)… É preciso usar a inteligência mental usando a visada inteligência artificial… ela possui vantagens sobre conhecimentos necessários, a respeito de belas mulheres que nos antecederam.
É vibrante.
É estimulante.
É essa senhora Marina Colasanti… hoje com 84 primaveras, foi uma das belas dos anos 80. Tendo em conta que sempre… a sua autoestima nos foi presenteada… desde 1968, carregada de nosso tempo vivendis… para o novo modus vivendis, que o “BELAS URBANAS” como outras BELAS, até hoje continuam jogando no campo… saindo da arquibancada que sempre ficou atrás das grades…. das telas de arames (farpados) ora essa!
O sumário desse meu livro 1° EDIÇÃO 1981 – Livro “MULHER DAQUI PRA FRENTE”, ao ler, vocês ficarão emocioandos… e tem um que nos fala com palavras gritantes… página 81 – MEU MARIDO NÃO DEIXA!
BELAS URBANAS… e tem outro na página 55 – que nos mostram o revezamento estrutural que grafita sobre: MULHERES ASSASSINADAS!
Pesquisem sobre essa ardente escritora… que com argumentos fatais (expressão) nos faz pensar que… o tão espevitado e sarcástico cringe da energia, que nos ofertam hoje os roteiros midiáticos sobre palavras…
No fundo do baú, tem muito mais do que grafitam muitas vãs filosofias.
Boa leitura para todos vocês! E também reafirmo com as palavras do meu pai… Joaninha, um barco só chega no cais, se cuidarmos do remos e não propriamente das remadas. Até (e não é loucura da Joaninha!
Vindo de uma família de leitores, cresci com livros em qualquer espaço onde eles coubessem.
Estantes e prateleiras cheias de livros para aumentar e saciar curiosidades.
Mas foi um dia, revirando uma estante na casa da minha avó que eu encontrei o primeiro livro que eu iria ler mais de uma vez.
Nesse dia, jovenzinha eu, apenas 12 ou 13 anos, achei um livro atrás da coleção de discos de vinil do Beethoven, meu avô amava música clássica.
Meu avô já havia nos deixado, então, nunca tive a chance de perguntar de onde esse livro veio.
O livro se chama Désirée e a escritora se chama Annemarie Selinko. Tinha rabiscos de criança do lado de dentro da capa, um desenho de um gatinho, mas nem minha mãe ou meus tios lembravam de ter visto ou rabiscado esse livro. O livro era uma edição dos anos 50, todo amarelado, cheirava velho e poeira.
Eu lembro minha avó dizendo que esse livro não era para mim, eu era muito jovem para apreciar o conteúdo. Na verdade, acho que ela disse isso só para fazer meu lado turrão aflorar e teimar em ler o livro.
Eu já era apaixonada por histórias, sempre fui, desde aquela primeira aula na escola primária.
O livro é grande, centenas de páginas, comecei a ler e me encantei. Me apaixonei pela história, demorou para eu ler. Quando passei da metade do livro, descobri que haviam duas páginas em branco, erro de impressão.
E agora? Desastre? Bom, continuei lendo, encantada com a história de amor entrelaçadas com guerras, tristezas e reviravoltas… terminei o livro e aquelas páginas em branco não saíram da minha cabeça, mas como a gente cresce, eu acabei colocando as páginas lá no fundo do baú.
Até que um dia minha mãe me comprou uma versão nova do livro, um presente, eu já tinha mais de 25 anos, as páginas estavam lá…
Não havia como só ler duas páginas, então resolvi ler o livro todo novamente e dessa vez a história foi por inteira.
O livro que eu achei na casa dos meus avós eu acabei perdendo, mas o que minha mãe me deu tem um gatinho na capa do lado de dentro desenhado pelo meu filho.
Um livro que me marcou muito, foi o livro Crer ou não crer de Leandro Karnal e Padre Fábio de Melo.
É uma lição de vida, de democracia, de respeito à opinião do próximo. De uma inteligência e sabedoria ímpar, esses dois homens debatem sobre religião, e com suas ideias e pensamentos se entrelaçam numa harmonia que muitos de nós deveríamos, nesta sociedade intransigente e intolerante aprender, refletir e botar em prática.
São nas diferenças que somos todos iguais. Heligare é a palavra de ordem.
Fiquei alguns dias pensando em qual livro sugerir e resgatar minhas mais profundas lembranças. Depois entendi que, o que quero compartilhar, não é apenas um livro marcante, mas um livro de cabeceira. Foi um presente de uma amiga muito amada, que tem um olhar muito amplo e afetuoso para a vida e amigos. Muitos anos se passaram desde que o li pela primeira vez. Depois foram mais quatro vezes.
Antes de apagar o abajur, se minha mente está tentando apressar meus planos, sempre o resgato, abro em qualquer página, folheio e dali meu coração inquieto se acalma.
Para vivenciar e ampliar a experiência pessoal e as dificuldades em outros âmbitos da vida, a autora usa da Gestalt-terapia, do estilo de vida Zen e índios americanos. Explana com maestria a questão do tempo, do quão somos escravos de nossas mentes apressadas e quantas coisas colocamos à frente de nossos maiores prazeres.
No mundo atual, o mais difícil é ganharmos do tempo que achamos que não temos. Do tempo que fazemos e do que perdemos ao não sabê-lo administrar. Por muitas vezes, colocamos nossos desejos à frente e, ao querer fazer valer somente a nossa vontade e não entender ou compartilhar a do outro, acabamos criando conflitos. Porque acabamos vivendo aquilo que nos ensinaram. É como levar velhos costumes e padrões de nossos pais aos filhos e netos e por aí vai. Parece que virouum costume generalizado os conflitos gerados pelo ego. O ego determina as vivencias diárias do ser humano. Ou seja, te toma O tempo. O ego levanta muros e distâncias. Não tem como equilibra-lo sem praticar a humildade onde reconhecemos que o outro não tem o mesmo tempo que o seu. E vice-versa. Temos que praticar a nobreza de espírito para o respeito adentrar e o amor também. Mas o que é o amor? Daí fica para outro assunto. Quero isso, aquilo. Tem que ser assim, senão não rola.
A vida real é assim. Mas será que basta conceitos e coisas que nos falaram como a vida deve ser? Claro que não! Não rola mesmo! Somos feitos de saberes, aprendizados e de muitas vivências. Mas não podemos achar que o que temos pra nós são as certezas para o outro de um caminho melhor. Daí a expectativa morre na praia. Ou melhor, no rio!
Reside aqui, nessa pluralidade de vozes, as problematizações conceituais que envolvem presente, passado e futuro. E aí, volto à questão do tempo.
Somos engolidos por ele. Você tem pouco tempo ou a sua vida escorre pelas águas de um rio sem menos aproveitar a paisagem? Em épocas de águas turbulentas, o tempo corre. Porém, se apenas soubermos remar no compasso certo, encontraremos a calmaria em águas cristalinas.
O texto abaixo é um pequeno trecho dessa obra. Tire uns minutos para refletir. É preciso conhecer sua vida. Mas dialogar com ela é essencial. Boa leitura.
Não apresse o Rio, ele corre sozinho, por Barry Stevens.
O rio corre sozinho, vai seguindo seu caminho. Não necessita ser empurrado. Para um pouquinho no remanso. Apressa-se nas cachoeiras. Desliza de mansinho nas baixadas. Precipita-se nas cascatas. Mas, no meio de tudo isso vai seguindo seu caminho. Sabe que há um ponto de chegada. Sabe que seu destino é para a frente. O rio não sabe recuar. Seu caminho é seguir em frente. É vitorioso, abraçando outros rios, vai chegando no mar. O mar é sua realização. É chegar ao ponto final. É ter feito a caminhada. É ter realizado totalmente seu destino. A vida da gente deve ser levada do jeito do rio. Deixar que corra como deve correr. Sem apressar e sem represar. Sem ter medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras. Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada. A vida é como o rio. Por que apressar? Por que correr se não há necessidade? Por que empurrar a vida? Por que chegar antes de se partir? Toda natureza não tem pressa. Vai seguindo seu caminho. Assim também é a árvore, assim são os animais. Tudo o que é apressado perde o gosto e o sentido. A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto. Tudo tem seu ritmo. Tudo tem seu tempo. E então, por que apressar a vida da gente? Desejo ser um rio. Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios. Livre da poluição alheias e das minhas. Rio original, limpo e livre. Rio que escolheu seu próprio caminho. Rio que sabe que tem um ponto de chegada. Sabe que o tempo não interessa. Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar. Importante é chegar ao mar. Importante é dizer “cheguei”. E porque cheguei, estou realizado. A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho. Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha Deixe-a seguir seu caminho normal. Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá.
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