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Depois de várias tentativas…

** Por favor, não leia isto se for sensível a tópicos fortes!**

Setembro é o mês de prevenção ao suicídio.

Isto é difícil de partilhar mas pensei nisso durante muito tempo e acredito que partilhar pode ajudar alguém na mesma situação que já estive.

Minha mãe sofria de depressão crônica por anos. Houve álcool e abuso de drogas, mas eles não foram o principal problema. Esta era uma forma de ela se automedicar para lidar com problemas muito mais profundos.

Isto foi difícil, muito difícil, quando adolescente não tinha como lidar com questões tão complexas. Meu conhecimento foi limitado e todas as minhas tentativas de ajudar falharam. É muito comum que pessoas que sofrem de depressão afastem a ajuda. O abuso de substâncias que às vezes vem com ela, torna-a ainda mais difícil à medida que o comportamento deles se torna mais bizarro à medida que a doença progride.

Depois de várias tentativas minha mãe tirou a própria vida com sucesso em 2012.

Só posso falar através da minha experiência… esta é a parte que não vejo muitas pessoas a falar…

Não sei como é estar cronicamente deprimido, mas sei como é estar próximo de alguém severamente deprimido e/ou que se suicidou.

Houve uma pressão enorme de todos para sermos responsáveis pela vida da minha mãe. Ouvi tantas vezes ′′ela é tua mãe e tu precisas de cuidar dela “. Pouco eles sabiam o fardo que era carregar tamanha responsabilidade quando eu mesma estava a tornar-me adulta.

Isso afeta-te massivamente, faz-te sentir sem esperança. Você está em constante estado de ansiedade e se preocupa com ′′quando eles vão tentar suicídio novamente “. Isso faz você se sentir muito culpado. Culpado por não poder ajudar, culpado porque quer ser feliz e viver a sua vida.

Não sei quem precisa ouvir isto, mas se vives numa situação parecida, a culpa não é tua! A depressão é uma doença muito complexa e grave, e requer profissionais altamente qualificados para ajudar.

Amo minha mãe e tudo que eu queria é que ela fosse feliz e saudável. Infelizmente não há nada que eu pudesse ter feito diferente para mudar o curso da vida da minha mãe. Demorei anos de terapia para perceber isto.

Então, isto é para qualquer pessoa numa situação semelhante há que eu já estive… a culpa não é tua, não podes curá-los e está tudo bem que sejas feliz! Você não precisa sacrificar sua felicidade, ela não mudará nada.

Conselho deste velho macaco…

′′Aceite o que é e deixe questões complexas aos especialistas e tente não julgar (se há uma coisa que eu teria feito de forma diferente seria esta).

Ps: Não há problema em se afastar quando a sua própria saúde mental está em risco.

Letícia Chebabi – Bela Urbana. Mora na Austrália – Gold Coast por 13 anos aonde se tornou cidadã. Junto com seu marido tem uma clínica de fisioterapia e trabalham juntos, ele como físio e ela na área da administração. Ama o que faz, principalmente a área de educação física e acredita que exercícios de força são essenciais para uma vida saudável. O primeiro filho Ethan está com 6 meses e traz infinita alegria.

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Onde tudo começou – Setembro Amarelo

O suicídio é um fenômeno complexo, multidimensionado, abarcando desde fatores genéticos hereditários, como vemos na Depressão Endógena, sendo que os acontecimentos proximais ao fato constituem o chamado gatilhos.

Atravès da etimologia da palavra podemos perceber o quanto nos mobiliza afetivamente. Sui em latim significa si mesmo, próprio, e Cidius propõe exterminar, extirpar.

A partir desta definição vemos, como pontua Aaron Beck, Pai da Terapia Cognitiva e precursor dos atuais Centros de Valorização as Vida, que o intuito do suicida é se desfazer de um sofrimento intenso e interminável, que ele cunhou com o termo Psychache, dor emocional.

O potencial suicida apresenta um estreitamento cognitivo que propicia o que denominamos de visão em túnel. Esta distorção cognitiva faz com que ele não perceba outras possibilidades de resolução do conflito, reforçando o pensamento dicotômico, também chamado Tudo ou Nada. Nos relacionamentos abusivos, tóxicos vemos esta dinâmica quando a parte preterida impõe como condição da manutenção da vida, o retorno do amado.

A inspiração para a Campanha Setembro Amarelo, exemplifica muito bem esta dinâmica. Em 1994, Nick Mene, então com 17 anos de idade se mata dentro de seu Mustang Amarelo que havia reformado, após uma desilusão amorosa. Os pais Dale e Dalare Mene, no dia de seu funeral, distribuem cartões orientando acerca do ocorrido e expressando suas angústias. Junto ao cartão constava uma fita amarela como reconhecimento pela paixão do filho.

As relatar sobre este fato não tem como não me lembrar sobre o suicídio anômico, definido por Emile Durkheim, em 1896, no livro Suicídio, um estudo Sociologico, obra fundadora da Sociologia. Nel Durkheim que a perda dos vínculos sociais, de não se sentir pertencente a um grupo, na medida que as referencias impostas pela Familia, Estado e Igreja perderam o sentido, com o advento da Revolução Industrial, há o surgimento de um sentimento de vacuidade, podendo constituir gatilho ao ato suicida.

Com base no exposto acima, somado a idiossincrasia, a individualidade, precisamos desenvolver políticas públicas que despertem e atualizem o potencial dos cidadãos contribuindo assim para uma sociedade mais humana e igualitária.

E no tocante ao processo suicida, precisamos estar atentos a maneira como a pessoa se comporta e organiza seu dia a dia.

Levando-se em consideração que mais de 90% dos casos seriam evitáveis e são frutos de transtornos mentais, abordá-los, encaminhando-os a serviços especializados, não somente os evitaria como os ajudaria a dar um sentido a sua existência.

Assim, ao percebermos mudanças abruptas, com presença de labilidade do humor, irritabilidade mais acentuada e constante, desleixo no autocuidado, consumo mais excessivo de álcool e outras drogas, entre outros comportamentos discrepantes na maneira padrão de agir, faz-se necessário conversar orientando-lhe a partir de uma escuta empática e ativa, sem julgamentos, ofertar ajuda. Caso aceite, precisamos conduzi-la a um serviço especializado e não deixar que vá sozinha, pois nessa situação há uma ambivalência, existe uma grande possibilidade de não ir caso deixemos que vá por conta própria. E caso não aceite, recorrer a um aparelho da Saúde Mental como o CAPS, Centro de Atendimento Psicossocial, um espaço multidisciplinar para receber a orientação necessária e procurar estabelecer uma estratégia de resgate a esta pessoa comprometida mentalmente.

Estes procedimentos não são garantia de que a pessoa não execute o ato, mas são possibilidade para uma mudança.

José Eduardo Bertazzoli – Belo Urbano. Psicólogo Clínico, especialista em Dependência Química e Psicopatologia, atualmente trabalhando no Centro de Atenção Psicossocial, CAPS Álcool e Droga Reviver, do Serviço de Saúde Mental Dr. Cândido Ferreira. Amante de leitura, mitologia, poesia e esporte.. acredita na realização do potencial humano.
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O contrário de machismo é femismo e não feminismo

Muitas guerras começam por erros de comunicação. Fala-se uma coisa, mas o interlocutor entende outra e a guerra começa, mas em muitos casos por não saber o real significado das palavras.

A palavra feminismo causa isso, já senti muita vergonha alheia por várias pessoas aparentemente informadas e com boa cultura se posicionarem falando as maiores besteiras em relação ao significado.

Também já fui aconselhada a não me posicionar como feminista porque isso poderia atrapalhar meus projetos com boicote de clientes e anunciantes. Seria engraçado se fosse uma piada, mas isso é real, é o reflexo da falta de saber o sentido da palavra e por isso de uma mediocridade gigante. Toda vez que acontece isso, eu respiro fundo e explico, a maioria entende, se liberta do preconceito e muitos dizem “sou feminista”.

Então, vou fazer o mesmo aqui e explicar. Deixo claro que sou feminista sim e espero que você leitor(a) também seja, ou pelo menos passe a ser após entender a definição correta caso ainda não saiba. Homens podem ser feministas? Sim, porque ser feminista é algo independente do seu gênero, é uma causa que você abraça.

Feminismo é um movimento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos  e condições entre mulheres e homens, e luta contra a violência de gênero. Surgiu após a Revolução Francesa  que tinha como lema a “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, se fortaleceu na Inglaterra, durante o século XIX, e depois nos Estados Unidos, no começo do século XX.

Já a definição de machismo no dicionário é: opinião ou atitudes que discriminam ou recusam a ideia de igualdade dos direitos entre homens e mulheres. Característica, comportamento ou particularidade de macho; macheza. Demonstração exagerada de valentia. Excesso de orgulho do masculino; expressão intensa de virilidade; macheza.

A realidade é que uma pessoa machista (uma mulher também pode ser machista), é uma opressora que acredita que a mulher não deve ter os mesmos direitos de um homem ou ainda enxerga a mulher de forma inferior em diversos aspectos, ou seja, é um preconceito. O homem domina e a mulher é dominada.

Existe também o femismo, que poucos conhecem e por isso a confusão com a palavra feminismo. O femismo nada mais é do que o contrário do machismo. O femismo prega a superioridade da mulher sobre os homem. Pessoas femistas tem geralmente atitudes agressivas em relação aos homens, com constantes comentários que os desavorizam ou humilham. É preconceito também.

Bom, meu caro leitor, eu luto contra o machismo no meu dia a dia, não sou femista, sou feminista e acredito no lema da Revolução Francesa, Igualdade, Liberdade e Fraternidade como o único caminho que podemos trilhar para uma verdadeira revolução e evolução em nossas sociedades.

Faz sentido para você? Se sim, me de sua mão e vem comigo nessa jornada.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, fundadora do Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

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A SOCIEDADE E A BELEZA FEMININA

A história da humanidade não é algo único, cada região do planeta tem sua própria, e com isso seus próprios costumes e cultura, e essa diversidade cultural também vem com uma diversidade de o que é correto, bonito e aceitável socialmente. Com a evolução da história humana, vieram as mudanças nesses comportamentos morais de cada sociedade, assim, o que antes poderia ser aceito agora não é mais e vice-versa. A definição do que é belo e agradável aos olhos também mudou ao longo dos séculos, como o padrão de beleza feminina, que já sofreu muitas alterações desde a antiguidade com suas esculturas do corpo robusto com curvas, até a contemporaneidade, em que a magreza tomou conta dos discursos de beleza.

Mas quem define o belo? Pelos milhares de anos da história, o que sempre se manteve constante foi o conceito de apropriação do corpo feminino, de modo que qualquer pessoa se sente no direito de opinar e decidir o que a mulher deve fazer com o próprio corpo. Por isso que as mulheres são as que mais sofrem com o padrão de beleza, sendo mais cobradas de como seu corpo deveria ser para agradar outros ao seu redor. Assim, tem-se mais um exemplo de como a mulher ainda é vista como algo que serve para ser bonito, um objeto para a satisfação dos outros e que deve seguir os padrões impostos pelos homens, que hoje em dia focam em querer mulheres mais submissas, menores, e, como consequência, mais magras.

Esse glamour da magreza governou em revistas, filmes e nos últimos anos nas redes sociais, essas que são acessíveis por praticamente todo o planeta. Com o crescimento dessas mídias, veio o surgimento dos influenciadores, que são pessoas que utilizam de sua fama nas redes como um instrumento de persuasão das milhões de pessoas. Diversos influenciadores utilizam essa influência para alimentar mais os padrões de beleza sociais, muitos fazendo até propagandas diretas de cirurgias plásticas para encontrar o corpo perfeito. Essas ideias infectam a mente de muitas adolescentes e crianças que agora serão obcecadas para serem aceitas nos padrões de corpo, podendo levar à depressão, distúrbios alimentares e até suicídio.

Mesmo com a concepção de um corpo feminino perfeito hoje em dia sendo algo extremamente absurdo e inalcançável, a procura de se encaixar socialmente é mais forte e o desespero acaba por tomar a mente de quem não consegue esse feito. Nessa angústia, as cirurgias plásticas radicais e a depressão entre jovens estão cada vez mais fortes. As mulheres ainda têm um longo caminho para viver em uma sociedade livre de preconceito, mas precisa-se de uma união de todas e todos para continuar essa transformação.

Karen Rosas – Bela Urbana, garota estudante do ensino médio, 15 anos, simpática e curiosa, que adora uma boa discussão, expressar suas ideias e se envolver com o mundo e sua sociedade. Ama uma boa competição e jogar videogame, mas além de tudo cuidar de quem ama.
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A pornografia contemporânea como instrumento do machismo

A importância da sexualidade e do erotismo na civilização humana tem registros milenares. A sala secreta com os achados de Pompéia no museu arqueológico de Nápoles guarda obras eróticas da época de Cristo que a igreja do século XVIII tentou esconder. Mas essas obras em nada se assemelham aos conteúdos pornográficos contemporâneos.

A milionária indústria pornográfica contemporânea é centrada e feita para os homens.

É absolutamente válido quando o casal, consensualmente deseja fazer um sexo pornográfico. Existem momentos para tudo. Mas há que se dizer que a mulher também quer gozar olhando nos olhos. A mulher gosta de aconchego, de carinho e de suavidade.

Será que os homens já se viram engasgados com um pênis, tossindo, lacrimejando e quase vomitando? Será que se sentiriam excitados com essa cena?

A idade média em que o jovem começa a ter contato com a pornografia na internet é de 11 anos (Dr. Gail Dines, “How Porn has hijacked our sexuality”. Boston. Beacon Press, 2010). É quando a idéia da submissão do feminino começa a ser implantada e quando o futuro machista começa a ser criado.

E esse prejuízo é vasto. Criam-se mulheres oprimidas e homens apavorados com a possibilidade de brochar. Mulheres lutando para achar seu lugar na sociedade e homens frustrados por nunca encontrar a mulher ideal, aquela que se subjuga e realiza todos os seus desejos, como as encantadoras e exuberantes mulheres dos filmes pornográficos. Tão felizes em ser subjugadas, violentadas e humilhadas.

Quem ganha com isso?

Noemia Watanabe – Bela Urbana, mãe da Larissa e química por formação. Há tempos não trabalha mais com química e hoje começa aos poucos se encantar com a alquimia da culinária. Dedica-se às relações comerciais em meios empresariais, mas sonha um dia atuar diretamente com público. Não é escritora nem filósofa. Apenas gosta de contemplar os surpreendentes caminhos da vida.
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A indústria pornô do lado de fora

Uma vez eu li sobre atrizes pornô que relataram uma série de cenas lamentáveis que passavam por de trás das câmeras nos filmes que atuavam. Não estou falando de clichê Emanuelle, estou falando desses filmes que você vê até o que não precisa. A indústria pornô tem crescido em  disparada pós pandemia. As pessoas buscam os sites de forma ativa e por isso eles têm crescido de forma gritante ao ponto de mudarem a forma de um ser humano se relacionar com o outro.

Ao longo de anos a busca por mulheres submissas é algo que predomina nas plataformas. A galera da ala masculina se interessa muito em saber o quanto você mulher aguenta para satisfazer ele, macho. Não é a toa que a maioria dos jovens transam e se decepcionam pois acham que vão encontrar a Mia Khalifa e se deparam com a Sandy. (brincadeiras à parte), atrizes como essa que citei no começo, são só algumas que tem tido a coragem de se expor e escancarar os bastidores. 

Não há tesão. Há dinheiro, há muitos hematomas e nada, nada mesmo de glamour. Mesmo assim o público sádico e masculino que alimenta essas empresas são os mesmos que riem de uma atriz quando ela está vestida e relatando algo sério. 

Lembram da vez em que a própria Mia disse ter gravado cenas em que precisava de muito preparo físico pois antes da transa fake já havia sentido muita dor para conseguir levar o take até o fim? Isso já foi o suficiente para ela ser alvo de chacota entre homens, porém para uma mulher isso é assustador pois se assemelha ao estupro. Isso é real e muito sério.

Mas vejo uma ponta de luz em um futuro melhor ao saber que essas mesmas mulheres inspiram e dão forças para que outras se levantem e se mostrem mulheres comuns e normais também. É preciso força, apoio e paciência. O movimento é lento mas nunca ineficaz. Parece que estamos no caminho.

Gi Gonçalves – Bela Urbana, mãe, mulher e profissional. Acredita na igualdade social e luta por um mundo onde as mulheres conheçam o seu próprio valor. 
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É preciso ser AntiMachista

Segue abaixo trecho extraído do Livro “Pombagira, A deusa – Mulher Igual a Você”. do autor Alexandre Cumino.

Em uma sociedade Machista, não basta não ser machista, é preciso ser AntiMachista”
(Frase adapitada da frase de Angela Davis, segue frase original
‘Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’).

Hoje não damos conta do que é o machismo, pelo fato de que já estamos muito acostumados com a visão distorcida sobre a Mulher. A mulher não é frágil, a sociedade a torna assim para ela não ter força diante do homem, cozinha e lavanderia são lugares de homens e mulheres; cuidar dos filhos é responsabilidade do pai e da mãe, se uma mulher é livre afetivamente, ela tem o mesmo valor de outra que escolhe a castidade; virgindade não é sinônimo de caráter, muito menos de dignidade ou qualquer outro valor. O rito do casamento é um ritual de posse em que, no modelo tradicional católico, o pai, proprietario, da filha, a entrega para o noivo, seu novo proprietario, e a partir daí a sociedade considera que ambos têm obrigações um para com o outro, de casal.

Na memória da sociedade, a mulher continua tendo a carga maior de obrigações, e pesa sobre ela o olhar do falso moralismo e hipocresia social. Se essa mulher escolhe uma vida de solteira, é dito “ficou para titia”.

Todos já ouviram as frases e expressões: loira burra, mulher é falsa, mulher não tem amiga, tem mulher que dá motivo para apanhar, se acabou depois dos filhos, já sabe cozinhar já pode casar, trocou uma de 40 por duas de 20, mulher que bebe não presta, só engravida quem quer. E também adjetivos do mundo animal: ESSA MULHER É UMA VACA, GALINHA, POTRANCA, CAVALA, CADELA ETC.

Precisa dizer mais? Feminismo é a consciência de todos esses machismos, de origem patriarcal, chamados de sexismo. Quando não temos a percepção somos machistas, mesmo passivos.

Agredir fisicamente é um extremo, há sutilezas perversas na sociedade, que passam despercebidas principalmente para quem não é mulher, gay, lesbica, trans, negro, indio ou nordestino na região Sul do Pais.


Meus comentários: Entender o universo feminino é entender a si mesmo, indiferente o Gênero, não observar as pequenas sutilezas de maldade já inseridas no contexto social é também fazer parte desta maldade.
Precisamos mudar os pequenos hábitos para ter grandes resultados, nenhum tipo de segregação, seja por qual motivo for pode ser considerada positiva, nossa obrigação social é educar nosso filho e reaprender veementemente os membros de nossa sociedade que praticam tais atos.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração. 46 anos de idade, com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela Mulher sorrindo.
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Machismo

Acho que todos nós enfrentamos o machismo em alguma época de nossas vidas.

Às vezes em casa, com truculências machistas de pais e irmãos…

Mas vamos falar aqui de machismo entre namorado e namorada, entre marido e mulher, que vem recrudescendo mais e mais nesta época de pandemia, com o isolamento social e o desemprego. O feminicídio tem sido tema de reportagens policiais, em volume nunca visto!

O machismo é um sentimento pegajoso, que impregna uma relação perigosamente, demonstrando baixa autoestima e medo.

O homem, nesta situação, com medo de perder a namorada/esposa, estabelece regras, fiscalizando as roupas que vestem, determinando que se aumente o comprimento, proibindo calças compridas coladas, roupas justas. Também remove o blush, o batom, proíbe a pintura de olhos, coisas que são muito caras às mulheres, que são vaidosas. Elas se arrumam para eles. Mas o ciúme e a covardia falam mais alto, o medo e a falta de segurança criam os nós quase impossíveis de se desatar.

A maioria de nós, mulheres, teve namorados doces, agradáveis, boas praças, que pouco a pouco modificaram seus comportamentos e se tornaram ácidos, descontrolados, perigosos. Muitas mulheres começaram a apanhar, a partir daí, machismo perigoso, descontrolado. Muitas mulheres observaram pouco esta transformação, que não ocorre da noite para o dia, mas o que ocorre é o sentimento de posse, de propriedade, que não combina com o amor e com a plenitude da relação conjugal…

E ela passa a ser vítima, tanto de agressões físicas, como de receber ordens absurdas de não trabalhar, de não sair de casa, sem nada para comer em casa, com crianças pequenas dependendo do casal. Também o homem se sente acuado, desempregado, sem projetos  de vida, avolumando o seu ódio contra si mesmo, que não tem como reverter a situação, e passando necessidades.

Qualquer coisa, por menor que seja, acende a fogueira do desamor, do desamparo, e culpar a mulher é o menor caminho a percorrer. Bebedeiras são acompanhadas de surras violentas, contra a mulher, que tem medo de denunciar, pois o machismo é brutal e a retaliação é uma sentença de morte.

É o fundo do poço, não respeita classes sociais, não respeita religião, não respeita nada à sua frente.

Este é um retrato muito rápido da sociedade doente, não só da pandemia, mas da  proximidade maior do casal e filhos, que só se viam à noite ou em fins de semana, obrigados a conviverem muitas vezes a família toda, com resultados dolorosos para todos os atores da relação humana, nessa difícil fase que passamos.

Assim, mulher, tome as rédeas de sua vida, evite ser mais uma vitima fatal!

Bem por isso, DENUNCIE!

Marilda Izique Chebabi – Bela Urbana. Desembargadora Federal do Trabalho, aposentada, e há 20 anos advogando. Ministrou aulas de Direito e Processo do Trabalho, na Unip, e na pós graduação em Direito Empresarial,  da Unisal. Foi docente da Escola Superior da Magistratura do Trabalho. Participou de dezenas de Congressos de Direito do Trabalho, como palestrante e mediadora. Participou de várias bancas de concurso público para a Magistratura do Trabalho e ainda mãe de 04 filhos homens.
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Filho Bastardo do Patriarcado

Brancos, heterossexuais e machistas, sorrateiros e tão contentes,
vêm e vão disseminando seus preconceitos.
Alheios a todos e a tudo, são os reis do mundo!

Vivemos num pais que culpa mulheres pelos estupros?
Pedófilos virtuais sequestram crianças reais e postam nas redes sociais,
como vocês dormem em paz?
Pequenas meninas se exibindo e rebolando a mando dos próprios pais.
Cada like vale a pena? Ao menos separe uma grana para a psicóloga (você vai precisar)
Eu me distancio disso tudo, não me culpem por querer fugir da realidade, pode dizer que é uma crise de bipolaridade.

Aqui tem pra todos os desgostos, encontramos também homofóbicos, transfóbicos e racistas!
Eu não consigo lidar, não dá pra mensurar a maldade nem a insanidade dessa raça de víboras como já diria João Batista.
Me ajuda, João! Eu sou reflexo do machismo antigo, filho do patriarcado ou é simplesmente a minha falta de tato? (talvez os 3 de uma só vez).

Eles falam e eu me entedio, ouço e observo, mas não absorvo.
Talvez por isso, facilmente me irrite, pode ser, até porque, parece um rito.
Idiotas reunidos, bebendo o próprio mijo, exalando masculinidade, sem deixar de se preocupar com a vaidade. Passam a noite vomitando constantemente seus conceitos inconstantes de egoísmos reprimidos. Eu me sinto perdido, procurando abrigo, longe do seu machismo, distante dos seus preconceitos eleitos por antepassados tão antiquados quanto aquele quadro que pede intervenção militar já! É hora de mudar, de acordar, vamos recordar a história ou esquecer tudo que já conquistamos até agora?

Vocês são piadas para a minha assepsia, eu não me lavo com o lodo que escorre da pia.
A cada dia que passa, passo o dia em lentos passos, procurando espaço pra respirar neste crepúsculo de aço! Sou um filósofo raso, buscando novidades em velhos ditados, me contradigo e repito, transito entre o medo de morrer e a eterna vontade de começar a viver.
Nunca tivemos boas referências para admirar, mas isso não é desculpa!
A culpa é só minha e eu coloco em quem quiser, provavelmente será em uma mulher.
É mais fácil de acreditarem, é mais fácil de me deixarem em paz.
Eu já não tenho mais esperanças, talvez você que me lê possa nos ajudar.

Eu vejo no futuro o mundo colapsar
mas, não acredito que algo vá mudar.
Desculpe o pessimismo, não me culpem por fugir da realidade,
eu sou reflexo do machismo antigo,
filho do patriarcado ou é simplesmente a minha falta de tato, já sei
pode dizer que é uma crise de bipolaridade.

Lucas Alberti Amaral – Belo urbanonascido em 08/11/87. Publicitário, tem uma página onde espalha pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias  www.facebook.com/quaseinedito  (curte lá!). Não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião, lua em Gêmeos com ascendente em Peixes e Netuno na casa 10. Por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.

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Abusos, machismo, experiência e saberes de uma mulher preta

Dezembro de 1980, com uma ordem judicial em mãos, me despedi da casa e da vida que eu tinha até então. Estava com 14 anos de idade quando pedi essa ordem para me proteger do lar abusivo que eu vivenciava, da parte da minha mãe, que era uma pessoa muito severa, tinha muita violência psicológica e física desde os 5 anos de idade e de abuso do meu pai, dos 8 anos e meio até os 13. Hoje, com 55 anos, eu olho para tudo isso e penso que o machismo, todo tipo de machismo, vem com uma sequência de abuso e o abuso vem com uma sequência de machismo. Se tratando de homem eu não vejo uma maneira de separar uma coisa da outra, porque o machista quer impor e a partir do momento que você quer impor algo, você já está abusando. Agradeço muito essa oportunidade que BELAS URBANAS abriu para a minha fala e gostaria, não de falar desse passado necessariamente, mas sim partilhar como essas experiências desafiadoras tornaram quem eu sou hoje.

Aos 14 anos, eu disse para mim mesma: eu não quero essa vida, eu não mereço, vou fazer minhas escolhas e para fazer isso, eu tenho que me afastar de tudo e de toda essa realidade, mesmo sendo o meu lar, minha família e meus pais.

Foi o que eu tive que fazer, parar os estudos, mudar de cidade e trabalhar para o meu sustento. Casei muito cedo porque eu queria a emancipação, foi a maneira que eu encontrei de me sentir segura tendo a certidão de casamento e também sendo mãe. Fui mãe aos 17 anos da minha primeira filha, eu desde lá, sempre mantive a determinação de trabalhar, ter a minha renda, a minha independência financeira. Trabalhei em várias áreas, se contasse daria um livro (pretendo escrever um dia, minha biografia sobre essa história que é muito, muito longa).

Quando meu primeiro casamento chegou ao final, por abuso e por machismo, não dava mais pra continuar, foi ele quem saiu de casa e eu, com minha independência financeira, mantive a minha vida. Ter a facilidade de me adaptar a equipes de trabalho e à grupos contribui para enfrentar meus medos, acreditando que eu podia seguir em frente.

Tive o segundo relacionamento, esse um pouco diferente, ele morava com a mãe na semana e no final de semana comigo. Tive meu segundo filho e depois de um tempo, por machismo e infidelidade, esse relacionamento também acabou. Eu estava com meus dois filhos, na nossa casa, tinha as minhas coisas, meus empregos e até voltei a estudar!

De todos os desafios que foram vários e muitos sérios, mantendo minha dignidade, eu fiz minhas escolhas, estando e sendo quem eu quisesse ser. Criei meus filhos (hoje adultos, formados e casados), priorizando a igualdade, sempre fizeram de tudo em casa. Aos finais de semana todo mundo trabalhava, colaborava com os afazeres do dia a dia e aprendiam também a cuidar de suas coisas e isso foi naturalmente, eu achava que era muito importante seguir meu coração. Hoje vejo meu filho dividir todo o trabalho de casa com a esposa, que no meu olhar é a prática daquilo que ensinei: a igualdade. Assim como percebo essa qualidade na relação da minha filha com seu companheiro.

Busquei transmitir tanto para o menino quanto para menina que somos iguais, que devemos ter respeito a todos independente de gênero, que somos responsáveis pelos nossos atos e que a nossa felicidade está em nossas mãos, não está nas mãos do outro.

Hoje me sinto em um relacionamento saudável buscando equilíbrio e igualdade em todos os sentidos, me aposentei, continuo trabalhando, mas agora trabalho naquilo que me libertou, que tanto me ensinou, que tanto me abriu os olhos para o meu caminhar: as terapias integrativas e a constelação familiar. Quero levar para todos, principalmente para as mulheres, como profissão e como voluntariado (já iniciei atuando no grupo de mulheres pela justiça) minhas experiências e saberes. O mais grandioso e mais plausível disso tudo é que eu sou uma mulher preta aprendendo, desaprendendo, para reaprender… ressignificando.

Elizabeth de Farias– Bela Urbana. Facilitadora de Constelação Familiar e terapias integrativas. Os saberes da sistêmica e das integrativas me transformaram para o melhor que eu posso ser e estar. Contribuir na vida das pessoas , com meu melhor e facilitar em seus processos no caminho da expansão da consciência, se fortalecendo resolvendo seus conflitos e traumas. Amo astrologia e tudo o que se revela no dia do nosso nascimento, sou geminiana…rsrs Dando um bom lugar aos aprendizados e aberta aos ensinamentos que estão por vir…A serviço da vida!

Amor e carinho a minha companheira que registrou essa foto em nosso jardim e contribuiu com o texto acima, gratidão Carolina Teixeira Martins por estamos juntas nessa existência.