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A culpa é do tempo

Culpado pela saudade 

Culpado pela velhice

Culpado.

Pela demora e o pelo atraso,

Também pela pressa.

Culpado. 

A culpa pela chegada da morte,

A culpa pela história vivida,

A culpa pela palavra não dita.

A culpa pelo remorso é arrependimento.  

Não adianta relógio. 

Nem tecnologia. 

Quem manda na vida é o tempo.

E ele não livra ninguém.

Nem pobre e nem rico.

Nem criança e nem velho.

Nem bicho, muito menos gente!

Ele define a vida 

Com ele chega a morte. 

Ele é o condenado mas é quem condena.

O tempo. 

Todo tempo. 

Vera Lígia Bellinazzi Peres – Bela Urbana, casada, mãe da Bruna e do Matheus e avó do Léo, pedagoga, professora aposentada pela Prefeitura Municipal de Campinas, atualmente diretora da creche:  Centro Educacional e de Assistência Social, ” Coração de Maria “
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Aquarelas urbanas

Belas e urbanas

Urbanas aquarelas

Feitas de mulheres por mulheres e para mulheres

Que finalmente despontam

Como seres mitológicos 

Femininas e selvagens

Mulheres transformadas

E até mesmo eles, el@s i elxs

As rurais e as naturais

As terrestres e lunáticas

Blogueiras incansáveis

Idealistas implacáveis

Todas elas muito belas

Todas são Belas Urbanas

A mais bela: A Adriana!

Gisela Chebabi Abramides – Bela Urbana. Vive no bairro de ”La Floresta” (Barcelona) – Catalunha – Espanha. De todas as artes amante. Das ciências experimentais docente. Do Brasil, saudade permanente.
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Infinitos

Tenho me feito de infinito

Infinitos sonhos

Infinitas possibilidades

Infinitas vontades

Infinitas formas de amar

De infinitos e infinitos

Escrevo um novo parágrafo

e amplio meu coração

para uma nova ação

Penso que assim como o infinito….

tem poesia que não sei terminar.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa. 


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Sobre a série HISTÓRIAS DE AMOR

A série HISTÓRIAS DE AMOR foi uma dessas séries leves, gostosas e tão necessárias de serem ditas. Tivemos a estreia de colunistas novos, como a Shirley, que nos trouxe uma linda história inspiradora, de que em qualquer tempo pode haver um reencontro, como a dela, de um amor real, De J’teaime moi non plus à Amor I love you. O Alfredo abriu para todos os leitores seus guardados com Uma carta de Amor escrita numa Olivetti. Carta real. Será que foi entregue? Afinal, a carta está com ele, mas essa história quem sabe ele nos conta outra hora. E por falar em carta, a Liliane veio com Carta Aberta ao Amor, que delícia de texto! Já o Bernardo fez sua estreia com dois textos, em Dose Extra de Amor ele nos diz que “amor é todo dia, sem adiamentos”. Alguém duvida? Eu não. E ainda em Noite de Picadeiro que nos faz sentir na pele do protagonista com todas suas emoções. Uma boa turma nova que chegou aqui no Belas Urbanas, super bem-vindos.

Tivemos três #tbts, o da Claudia com sua poesia RETRATO e seu contar sobre a relação de uma taurina e um escorpiano. Aliás, o que é um retrato? Penso que é captar a poesia do dia a dia e apreciar. Por mais retratos então! Macarena também nos falou dos signos, Virgem e Peixes. Histórias verdadeiras, mesmo quando são passageiras, marcam nossas almas positivamente, bom seria se todas fossem assim. Será que podemos fazer do limão sempre a limonada? Eu não sei, mas ando aprendendo. Tove com seu Um conto moderno, mas ainda assim, encantado! mostra que a modernidade não é sinônimo de frieza e percebemos que contos reais são melhores que os de fada. Seu conto nos desperta aquela esperança de que tudo é possível em qualquer fase da vida, igual ao da Shirley. Sim, estamos todos ligados e nem sabemos, até nas histórias com similaridades.

Marina conta Sobre um amor bom, e um bom amor nem sempre segue a regra do felizes para sempre, mas fica na alma e desperta aquele sorriso no rosto ao lembrarmos. Roberta com sua A linguagem do amor… nos faz refletir sobre o que leva as pessoas a se enamorar senão o próprio sentimento de amar. Lembrei uma música que diz: “toda forma de amor vale a pena e toda forma de amor vale amar”, abaixo aos preconceitos, deixe que cada um ame quem quiser. André faz uma declaração para Marina. Quem já recebeu uma declaração de amor? Quem ainda nunca fez uma declaração? Se não fez, está em tempo, faça! Mesmo que as mãos fiquem trêmulas, mesmo que o coração acelere. A vida é aqui e agora, não deixe passar. Não tenha vergonha de mostrar sua felicidade. Escrevi sobre Meu primeiro amor, e disse: “por que algumas vezes temos vergonha e queremos disfarçar nossa felicidade?“, deixo a pergunta aberta para vocês… preciso saber a resposta. Outro ponto muito bacana desse texto foi o retorno que os leitores deram de que a história resgatou uma conexão com suas próprias histórias.

Afinal, o que todos queremos saber Sobre um bom amor é o que significa isso. A Siomara, com toda sua delicadeza, trouxe claramente em sua poesia “para ser leve não precisava ser breve…” e que “para ser fogo não precisava ser doente”. Bingo! É isso. Faço a analogia com a música do Titãs “a gente quer comida, diversão e arte…”, nada menos que isso quando falamos de amor, de um bom amor. E por falar em comida, nos Conselhos da Madame Zoraide – 24 – Amor ela diz que o “amor é barriga“, essa Madame Z sai das explicações lógicas, mas fica claro seu ponto de vista quando diz: “O AMOR não se entende, só se sente, como a barriga”. Não tem como negar uma dor de barriga meus amigos!

E para fechar essa série temos a psicóloga Clarissa em seu texto Relacionamento Saudável e seus desafios que reflete sobre esse caminhar a dois, onde essa máxima que diz que opostos se atraem caem por terra. Opostos não duram, o que faz durar são olhares parecidos entre tantas outras boas coisas da vida. Vale a pena ler. Aliás, vale a pena ler todos, de preferência pela ordem de postagem, garanto que as leituras serão uma injeção de alegria nesse domingo.

Amor melhora tudo!

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

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Relacionamento Saudável e seus desafios

Neste texto, gostaria de levar você para uma análise das relações amorosas positivas, prazerosas e reais.

Será que isso é possível?

Vamos refletir: duas pessoas, com histórias de vidas diferentes, com valores próximos e nem sempre tão parecidos, que se encontram e precisam se dar bem, se respeitar e manter aquecidos os sentimentos.

Será que isso ainda é possível?

O desafio foi lançado e os casamentos continuam em alta.

Qual o sentido disso?

Enfim, nós, seres humanos, somos ensinados e incentivados à convivência social, desenvolvendo habilidades e nos mantendo em contato com as pessoas e, consequentemente, isso reflete no quanto ficamos realizados, quando temos alguém para dividir as histórias.

Não defendo que a felicidade está nas relações amorosas, entendo que cada um tem as suas decisões. Se quiser ficar só e essa for uma escolha, não uma condição ou uma falta de opção, está tudo bem. A autossuficiência e o favoritismo também é algo para se pensar e respeitar.

Nos países orientais, essa situação tem se tornado cada vez mais comum e usual. O importante é estar bem consigo mesmo e estar leve com as decisões/escolhas.

Aqui, conversaremos sobre as relações e como nos mantermos saudáveis.

Itens primordiais em uma relação saudável:

  1. Diálogo;
  2. Entender que o casal tem o mesmo objetivo;
  3. Entender como cada um responde (se comporta) para a vida;
  4. Entender como cada um lida com os sentimentos;
  5. Exercer a empatia; e,
  6. Exercer a paciência.

Relacionar-se é um autoconhecimento mútuo, é estar disponível para a construção; o que é bom para mim, não necessariamente é importante para o outro, sendo que isso não quer dizer que há mais ou menos amor envolvido na relação.

O amor está nos pequenos detalhes, nas pequenas atenções, no carinho, na companhia, na amizade, na convivência não competitiva, sendo que a união de referidos detalhes, dentre outros, torna o amor grandioso.

            Mas, o que seria essa convivência não competitiva?

            Em um texto, de autoria do Rubens Alves, chamado “Tênis x Frescobol”, fica claro o sentido de convivência não competitiva, sendo que é utilizada a metáfora a respeito do sentido desses dois esportes.

Existem casais que são como o jogo de tênis, competitivos, que precisam destruir e ou diminuir o outro para se sentir importantes; são relacionamentos que competem por questões financeiras, trabalhos mais imprescindíveis, que disputam por atenção exclusiva dos filhos, amigos, familiares, enfim, relacionamento altamente destrutivo.

Por sua vez, existem casais, que são como o frescobol, um jogo totalmente cooperativo, em que o parceiro se atenta e joga a melhor bola para o outro, para que esse jogo continue gostoso para ambos; esse tipo de relacionamento agrega valor, se completando com coerência e crescimento junto!

Além disso, outra demanda importante para se manter saudável: entender qual é o tempo de elaboração do sentimento alheio, porque o certo para mim não é necessariamente correto para o outro.

            Ainda, “combinados” são regras importantíssimas para a convivência saudável, sendo importante para que o casal possa cumprir suas tarefas sem grandes sacrifícios.

Por exemplo, se um acha importante resolver uma situação problema naquele exato momento e o outro ainda não elaborou, porque seu sentimento ainda “grita” pelo ocorrido, não é hora de se sentar e conversar.

            Os ânimos precisam estar controlados para que o diálogo flua e a conversa ocorra de maneira amena.

            Diante da situação aversiva, se você contar até 10, tomar uma água, um banho quente, provavelmente a sua resposta não será a mesma. A resposta imediata, geralmente, tende a ser agressiva/reativa e você terá muito mais trabalho para consertar isso depois.

Diante das discussões, foque nos argumentos e na razão pela qual teve início o desentendimento; se você tiver um descontrole diante da situação, o (a) seu (sua) parceiro (a) focará no comportamento exacerbado e o conteúdo, que muitas vezes era coerente, se perde diante do exagero do seu comportamento.

            Autocontrole, paciência e empatia são qualidades essenciais para o casal se acertarem diante das diferenças sendo que está tudo bem ter diferenças, já que tudo isso faz parte das relações, sendo que lidar com isso significa agregar valores valiosos para a convivência.

            Quando identificamos os defeitos, a paixão está cada vez mais distante e isso significa que estamos saindo do novo, do frio na barriga, da insegurança, o que mostra que estamos caminhando para a estabilidade, a segurança e a confiança, que é justamente o amor.

            Importante destacar que uma relação de paz não significa uma relação morna, sem amor. Ao contrário, esse sentimento seguro e retilíneo é a melhor sensação que podemos atingir em uma relação.

            Quem quer viver com adrenalina, com emoções muito afloradas, não está pronto para vivenciar o amor e está tudo bem. Como defendo sempre, que o certo para um, não é a razão para o outro. Tem pessoas que gostam da montanha russa e tem pessoas que gostam do Desfile com os personagens “Pixar”.  E esse o é encanto das convivências.

            E mais um ponto para reflexão, pensando sobre as diferenças: os opostos se atraem?

            Penso que na Lei da Física, isso é algo fidedigno, contudo, nas relações amorosas, essa frase não é tão verdadeira assim.

Em uma consulta clínica recebi esse questionamento de uma cliente de 42 anos, casada há 10 anos “…. até então pensava que as nossas diferenças, me encantava, porém, cada vez mais me sinto irritada com o comportamento do meu marido, por que isso ocorre?”

            Quanto mais parecido for com o (a) parceiro(a), menos diferenças enfrentará, desde que os objetivos no relacionamento caminhem juntos.

Imagina você, caseira, com trabalho estável, que no máximo gosta de caminhar na Lagoa do Taquaral (Campinas-SP), conhece uma pessoa que é do rafting, que ama esportes radicais, adrenalina e moto esportiva.

Você consegue imaginar dando certo esse relacionamento?

            Não podemos ser generalistas, entendo que pode dar certo e muito certo; todavia, será necessário um exercício constante de cedências, compreensão e paciência.

            Quando há um casal que gosta das mesmas coisas, a situação está um pouco mais “pronta”, mas, mesmo assim, o primordial para que essa convivência não se acabe são os dois continuarem sendo reforçadores para ambos.

            Um grande erro nas relações é pensar que o outro o completa, que isso é uma tarefa essencial do casamento, esse pensamento é distorcido. Alguns termos, como: “achei a tampa da minha panela”, “encontrei a minha alma gêmea”, “é a manteiga do meu pão”, “é a cama e o colchão”, “você é a metade do meu coração”; são frases fadadas ao grande fracasso do casamento. Ora, se não somos inteiros, ou seja, metade, é fato que não teremos função alguma em nossas vidas.

            Além disso, responsabilizar o outro pela sua felicidade também é algo a se repensar com urgência, pois, primeiramente, temos que buscar o nosso autoconhecimento para entendermos o que nos deixa feliz e infeliz, ficando claro que essa missão é de cada um. Se estou feliz, exalo isso. Se estou contente, automaticamente serei agradável e leve para o outro.

            É nossa tarefa tirar a responsabilidade do outro de me fazer feliz, eu posso escolher ser feliz independentemente do que o outro faz; quando chegamos nessa conclusão, é libertador!

            Importante termos em mente que devemos caminhar juntos e paralelo a(o) parceiro(a), sendo que ao atravessarmos o caminho do outro estamos interferindo em sua essência e invadindo a história do nosso (a) parceiro(a).

Uma “fórmula” fácil para ajudar a entender melhor tudo isso: pense sempre na soma 1 + 1 = 3, sendo que SUA História de vida + História de vida do(a) PARCEIRO(A) + a História de vida do CASAL = 3.

            Por exemplo, (i) os amigos: é importante que cada um mantenha as amizades consideradas “individuais” e as amizades que foram construídas diante do namoro/casamento; (ii) costumes das famílias: é importante o respeito mútuo de cada tradição familiar, porém com o casamento, os envolvidos precisam se voltar para o novo núcleo familiar, se dedicando e se somando diante dessa nova convivência.

Ainda, temos que aprender a respeitar o passado de cada um, pois se você ficar preso(a) a isso, se renderá a uma experiência que, se recorrente, se tornará depressiva. No mesmo sentido, se ficarmos aflitos com o futuro, antecipando as situações que não aconteceram, fantasiando catástrofes, com certeza estaremos expostos a uma crise ansiosa.

Importante também pontuar que tudo a que nos dedicamos, quer seja pouco ou muito, temos que repensar para entender e analisar o contexto que nos tem levado a isso. Por exemplo, uma pessoa que ama receber flores e que o(a) parceiro(a) discrimina esse valor, semana sim e a outra comprando flores para impressionar, com certeza, será chamado(a) a atenção pelo excesso do comportamento.

E o que nos dedicamos dentro do pouco, pode se tornar nada, sendo que essa extinção de dedicação poderá ser alvo do fim da relação.

De toda forma, importante que não nos sintamos fracassados(as); se você não tem conseguido se manter em uma relação saudável, você não é o único(a) responsável por isso. Para que uma relação aconteça, eu preciso do outro. Outro ponto a se ressaltar, se os objetivos do casal não forem mais o mesmo, o mais saudável é sair dessa relação.

Conforme evoluímos em nossas relações, nosso repertório comportamental vai selecionando estímulos dos ambientes aos quais nos relacionamos e para quais ficam-se sensíveis, sendo que relacionar-se é complexo e, por isso, precisamos nos autoconhecer.

E uma das maneiras para o autoconhecimento se dá pela terapia, a qual se mostra imprescindível para que esse processo de aprendizagem aconteça de maneira natural, processual, permanente e equilibrada.

Clarissa Saito Lopes – Bela Urbana. Psicóloga e Especialista Comportamental e Clínica há 18 anos. Casada há 14 anos, mãe do Heitor, 06 anos.
“Amo cuidar das pessoas, ter a convivência com os meus familiares, ter o privilégio de ser mãe e estar em um casamento em que ambos são reforçadores positivos e efetivos.”
Contatos: (19) 99112-0055 (WhatsApp), E-mail: clarissafyds@gmail.com
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Dose Extra de Amor

Junho traz seu doze novamente. Diferente dos outros onze do ano, nele tem, como sempre vem, dose extra e escancarada de casais absolvidos do silêncio da rotina, e que parecem reencontrar, nesse dia, o fogo de suas paixões adormecidas, e a voz própria das declarações. O amor vencendo mais um dia.

Dia de ver amores escorrendo pela tela, derretidos, daquela que acaba de encontrar quem já não pode perder, nem tampouco desencantar, e daquele que jamais esqueceu quem o faz lembrar da ordem exata das cores no arco-íris. Afinal, vê todos os dias a cada vez que acorda com ela nos braços, raiado. Um dia adocicado na medida.

Um dia de não dosar fotos, e de não dizer das brigas sem espaço ou vez. Na voz, apenas os poemas de amor e “era uma vez”, dos inéditos, saídos de algum canto onde guardamos a chave da felicidade, aos usados, batidos, gastos, mas igualmente perfeitos, feito roupa preferida, lavada e passada pra enfeitar quem a gente quer ver sempre quentinho… Um dia de esquentar as coisas, com o devido requinte.

Um dia de lembrar que não há dia, nem doze, nem dose, nem posse, nem fase. Amor é todo dia, sem adiamentos… Amar é vestir, todo dia, a felicidade que a gente descobre no outro, e emprestar, de si, a liberdade de repetir essa escolha, de novo, amanhã.

Bernardo Fernandes – Belo Urbano. Um gêmio canceriano, e um ingênuo de 35 anos, nesse contínuo processo insano de se descobrir. Achou na Comunicação uma paixão e uma labuta, e vive nessa luta de existir além do resistir, fazendo diferente e diferença… Ser feliz de propósito, sabe? Sem se distrair desse propósito. E vai assim, escrevendo o que a alma escolhe dizer, tocando o que a viola resolve contar, fazendo festas com cachorros e amigos perdidos, e brincando de volei, de pique, e de ser feliz na aventura da sua viagem. Vai uma carona?
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Sobre um bom amor

Era leve

e para ser leve não precisava ser breve.

Era quente, pegava fogo, ardente

e para ser fogo não precisava ser doente.

Era cheio de preliminares

começando pelo bom dia!

E tinha cheiro de rosa atrevida…

aquele cheiro de dedos entrelaçados e das bocas lambidas.

Era flor

esculpida nos detalhes minúsculos das verdades diárias.

Flor de livres gestos, admiração e cuidado,

aquele cuidado noturno de desejar bons sonhos

e poder recordar da leveza das palavras.

Não era tudo ou nada…

Não era sal e nem dor.

E tinha aquele gosto de saudade boa…

porque era amor.

Siomara Carlson – Bela urbana. Arte Educadora e Assistente Social. Pós-graduada em Arteterapia e Políticas Públicas. Ama cachorros, poesia e chocolate. @poesia.de.si
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Noite de Picadeiro

A noite vinha chegando sem muito floreio… Obscura e incerta, como de costume, e apagando luzes e temperaturas com menos eficiência que o normal, mas firme nesse propósito de séculos. Eu jamais diria que não havia, ali, naquele dia comum, uma noite trivial se aproximando… Eu sempre fui meio desligado, e fosse como fosse, o que eu poderia imaginar que aquela noite me daria? Não havia mesmo muita expectativa, sabe? Um salto no inesperado. E saltei.

Até que chegou, no susto, mais cedo do que eu esperava, a tal anoitecida, o que me fez acelerar um pouco meu ritual de banho e camarim. Eu investia algum tempo nisso, confesso. Na falta de beleza genética, sempre compensei com estilo, remendando aqui e ali as fantasias da vez. Um bom palhaço entende a importância de sua pintura de guerra, e era noite de picadeiro. Rir no final era fundamental.

Com algum suspense suspenso no ar, e a tal da ansiedade que eu ocultava por baixo do perfume, sempre que era dia de festa, saí de casa rumo ao clube onde eu praticava vôlei. E aqui cabe um pouco mais de história… Vôlei havia entrado tarde na minha vida, depois de muitas outras experiências menos interessantes com esportes diversos, de futebol à ginástica olímpica, que embora eu até gostasse, pareciam nunca gostar de mim de volta. Era bom finalmente ter um que me aceitava, acolhia e divertia. E foi dele a culpa que me levou à festa que nos aguarda, e que eu guardo na superfície da memória há tantos anos, revisitando sempre, como faço agora.

A aniversariante era minha amiga de vôlei, assim como dos outros amigos com quem marquei de encontrar na porta do clube, para irmos juntos para a festa dela. Tudo entre amigos faz mais sentido, né? E a mera caminhada de quarteirões virou coleção de risadas que ecoam ainda hoje em mim, feito a mais linda moldura que antecede a mais perfeita obra de arte. Indo, sem saber, descobrir o colorido da vida, fui, ainda por cima, bem acompanhado. Tem sortes que a gente precisa mesmo emoldurar.

E chegamos… Festa de quintal de casa, com decoração despretensiosa, ali apenas para ilustrar um pouco do que acontecia de mais importante: as interações. E como sempre acontecia nas chegadas, liguei meu radar para entender melhor o lugar, as pessoas que eu conhecia, as que eu não conhecia, banheiro, comida e “espelhos”. Espelhos, entendam, eram aqueles caras descolados que serviam de inspiração para meus desajeitados passos de dança… Eu era um pot-pourri de passos surrupiados discretamente, mas nunca colocados em prática como deveriam. Mas era festa, e ser feliz sem muitos cuidados era obrigatório.

Eu já estava nessa, de ser feliz e livre entre amigos e risos na pista de dança, há um tempo já quando ela chegou… Não sei dizer o motivo real de tê-la visto entrando, de longe, tão rápido. Talvez meu radar ainda estivesse ligado, procurando algum salgadinho diferente dos que eu já tinha provado, ou o rodopio copiado do garoto de topete maneiro tenha me deixado de cara com ela… Não sei. Acho que tudo isso… Ou talvez nada disso fosse mesmo preciso, já que eu não era o único sob os efeitos da hipnose. Mas quis acreditar que ela era meu feitiço particular.

Não foi a primeira vez que a vi. Na estreia, alguns anos antes, a conheci como amiga da minha cunhada e, portanto, presa a ser apenas isso, embora houvesse já algum desconforto nessa limitação. Ela foi sempre dessas pessoas que roubam o fôlego da gente, sabe? Quando a vi pela primeira vez acho que desaprendi a respirar, e agora ali, naquela festa de quintal, zonzo por rodopios nada dominados, senti voltar com tudo o poder da inspiração.

Caramba! e agora? Pernas bambas mesmo, que deixavam aquela cópia fajuta de coreografias alheias ainda mais descabida… Será que ela lembrava de mim? Será que ela tinha me visto? E será que eu estava dando pinta demais daquele interesse incubado por tanto tempo e tantos “não possos”? Me vi um enorme e desajeitado ponto de interrogação, com a sensação de que estava piscando florescente, e ainda por cima fora do ritmo da música que tocava. O que estava acontecendo?

Olhando daqui do futuro, penso que eu havia acabado de receber o golpe… Cambaleando ainda do choque com aquela paixão gigante que despencou sei lá de onde, e foi tomando todo o quintal, desrespeitando qualquer limite que via pela frente. E de repente, era só eu, ela e os escombros daquela paixão, espalhados por todo lado, saindo sem controle de mim. De uma coisa eu sabia… Era impossível esconder aquele troço. E eu também não queria esconder.

Ok, ok. Eu estava entre amigos, e ficava sempre mais a vontade nesses casos… Havia meu figurino de festa, elaborado com dedicação para superar a natureza, e havia aquela composição de estilos, remixados com a trilha sonora que tocava, mas por baixo daquilo tudo, eu era um cara tímido pra essas coisas. Ótimo nas palavras que ziguezagueavam atrás dos olhos, mas super enrolado na hora de fazê-las sair. O coração começava a descompassar, e junto dele, as poucas que saiam pareciam não saber mesmo o que dizer. E por acaso, naquela simples ocasião, parecia que toda a minha vida estava em jogo… E, de novo aqui do futuro, sei que estava mesmo.

Fiquei então ali… No esconderijo da roda de amigos, criando coragem como quem cultiva o mais complexo dos grãos… Arando aquele terreno de poucos metros que nos separava, e que parecia tão maior e mais arisco. Lava imaginária, creio ter visto até. E dali, do outro lado da pista, ficava lançando olhares como quem pede socorro, em SOS, esperando alguma fisgada de coragem. Nunca soube pescar.

Mas, como tudo entre amigos faz mesmo mais sentido… Numa jogada inesperada, e na mais incrível levantada que já recebi na partida de vôlei da minha vida, a aniversariante veio até mim, vencendo aquele terreno ilusoriamente flamejante, e perguntou o que eu achava da garota fulana, justamente aquela que havia me sequestrado da festa e da razão. Oi? Lembro de ser pego mesmo desprevenido… Acho que engasguei… Certeza que gaguejei… Mas consegui formular algo que foi suficiente pra declarar meu total interesse. E completei com “por que?”. Eu precisava saber porque… E mais, o porque tinha que me levar até os lábios dela.

A resposta veio. E sei lá pra onde me levou naquele instante. Minha amiga de vôlei, que era já tão mais que isso, disse que ela, a feiticeira, havia perguntado de mim… Em algum momento dos poucos que a perdi de vista. Por que? Estaria interessada também? Curiosa? Eu estava encarando além do saudável? Tudo isso passou feito um calhambeque numa rua de paralelepípedo, trepidando em minha total incredulidade. Era, enfim, uma coragem fisgada.

O que se desenrolou desse momento em diante é difícil de descrever. Acho que por haver, não sei, alguma coisa de magia mesmo, dessas névoas de encantamento sobrevoando aquela cena de encontro. Nos aproximamos, os dois, vencendo uma distância que nem parecia mais real… Ela vindo mergulhada no sorriso mais lindo que já vi até hoje, e eu indo por já não poder mesmo segurar aquele impulso de ir, até ela, pra ela. Cataclisma. A pele dela, imantada, exercia uma atração impossível… E resistir seria imperdoável.

Já próximos, enlaçado pelo perfume dela, descobri ali meu aroma preferido. Engraçado como há coisas que marcam, feito ferro incandescente… Fecho hoje meus olhos, cansado pelo tempo, e sinto ainda aquele perfume, cravado em mim, permanente. E agora um na órbita do outro, mudamos a trajetória indo juntos para fora daquele quintal. Outra dessas coisas que não consigo explicar. Simplesmente fomos, com uma certeza impossível de que era o que o outro também queria. Rua vazia… Sozinhos abarrotados de tanto o que dizer e fazer… E a noite, ali perdida, sem saber para onde olhar.

Nao sei mais o que esperam de mim nesse relato… Esperam que eu conte como foi o beijo? O que eu disse? E o que ela falou? Não posso. Não há nas palavras que eu conheço alguma combinação que consiga traduzir aquela paixão. Antíteses… Um tanto de incêndio, com uma dose de céu… Perdido completamente naquele lábio que parecia meu, ganhado, absorvido… Embaralhando desejos, sonhos, mãos e gostos, como se não houvesse mesmo amanhã. E hoje, alguns amanhãs depois, sei que não haveria mesmo nenhum que pudesse ser maior que aquele instante.

Tudo parece ir e voltar daquele ponto. A vida, o volei, os amigos e antigas namoradas, a rua e a noite me levando como se me devolvessem àquele beijo, que volto também, com a vida em curso hoje, sempre que preciso me refazer, respirar, e me reencontrar. Origens…

De volta àquela festa, da amiga do volei…
De volta àquela rua, vazia e tão perfeitamente à espera de nós dois…
De volta, ao começo de absolutamente tudo.

Paixões como essa são feito estrelas, que estendem seu brilho no manto da nossa história e seguem iluminando e atraindo passe o tempo que passar.

E hoje?
Hoje essa estrela dá novos sinais, novos horizontes, de novas chances e novos encontros.

Reencontros…
E reencantamentos.

A noite vem aí, obscura e incerta, como já conheço, e agora aprendi a não deixar na mão do universo o desfecho do meu espetáculo. É noite de picadeiro, e rir no final é fundamental.

Bernardo Fernandes – Belo Urbano. Um gêmio canceriano, e um ingênuo de 35 anos, nesse contínuo processo insano de se descobrir. Achou na Comunicação uma paixão e uma labuta, e vive nessa luta de existir além do resistir, fazendo diferente e diferença… Ser feliz de propósito, sabe? Sem se distrair desse propósito. E vai assim, escrevendo o que a alma escolhe dizer, tocando o que a viola resolve contar, fazendo festas com cachorros e amigos perdidos, e brincando de volei, de pique, e de ser feliz na aventura da sua viagem. Vai uma carona?

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Meu primeiro amor

Meu primeiro amor tinha o cabelo castanho lisinho, olhos castanhos e era um pouquinho maior que eu. Provavelmente devia ser alguns meses mais velho, já que eu era uma das mais novas daquela classe. Eu amava! Sentia uma emoção que nem sei descrever, mas lembro sim que a sentia.

Uma vez ouvi algum adulto, uma mulher, que falou para mim: – Criança não ama! – eu fiquei muito brava e me lembro de protestar: – EU AMO! – disse em alto e bom som. – Amo sim, e amo o Rogério!

Não me lembro quem era a adulta, talvez minha mãe, talvez minha tia Marta… Eu era bem pequena, tinha só quatro anos. Sim, você entendeu bem, tinha quatro aninhos! Estudava no jardim da infância e minha professora, que eu achava linda, se chamava Regina. Para seus alunos, Tia Regina.

Tia Regina me deu uma grande alegria. Os pares da festa junina para a dança da quadrilha eram escolhidos por ela. Quem vocês acham que ela escolheu para ser o meu par? Ninguém menos que o Rogério. Meu coração pulou de alegria, e me lembro da emoção e também de querer disfarçar que estava tão feliz. Fico hoje me perguntando, por que algumas vezes temos vergonha e queremos disfarçar nossa felicidade?

Como eu me lembro de tudo isso? Eu simplesmente me lembro… E, mesmo hoje (melhor nem contar quantos anos já se passaram daquele junho, algumas décadas), ao lembrar, consigo recordar da emoção sentida.

Dançamos aquela quadrilha e foi lindo! Aliás, essa foi até hoje a quadrilha que mais gostei de dançar na minha vida.

Dizem que somos feitos de emoção. Eu acredito nisso. Acho que emoção nos molda. As boas nos moldam para sermos mais doces, para algo interno que nos resgata e conforta nos momentos difíceis da vida. Até hoje eu discordo da adulta que me disse que criança não ama. Eu sei hoje que ela se referia a um amor romântico, mas mesmo assim, eu discordo mesmo, porque eu amava o Rogério, do meu jeitinho, de uma menininha de quatro aninhos, da forma mais pura e autêntica que é o amor. Simplesmente o querer bem, o encantamento e a vontade de estar do lado.

Saí da escola no ano seguinte, como eu disse, era das mais novas e a lei tinha mudado. No outro ano, quando voltei, nunca mais o vi. Acho que mudou de escola.

Se sofri por que amava? Não. Se fiquei pensando no Rogério? Não. Eu brincava, e brincava muito, e isso também era feito de amor.

Brinco com essa história a vida inteira. Outro dia peguei as fotos da quadrilha e mostrei para meus filhos. Eles riram, e ficamos perguntando na mesa: – Cadê o Rogério? Inventamos mil destinos para ele e jantamos dando boas risadas.

Desejo do fundo do meu coração que o Rogério tenha sido um menino feliz, assim como eu fui, e desejo que onde quer que esteja, que esteja bem.

Como disse Drummond: “Amar se aprende amando”.

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

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A linguagem do amor…

Estes dias estava estudando com meu filho os temas de redação para vestibular. Um deles era a linguagem neutra. Eu nem sabia o que era e quando fui buscar no dicionário é basicamente a utilização de uma terceira letra (E) para se referir a todos, sem particularizar gênero com a letra A para feminino e O para masculino. No início achei absurdo, afinal, mais uma diferenciação? Este povo está maluco? Onde isso vai parar?

Foi aí que comecei a pensar no assunto e quando chega o dia dos namorados, reflito sobre o que leva as pessoas a se enamorar é o amor…ah, aí sim, cabe uma observação.

Quando queremos amar, será mesmo que queremos ter filhos? Será que amar só pode ser entre homem e mulher? Será que amar significa sexo? Sexo significa “penetração”? Nossa….tenho dois filhos adolescentes e nem sei o que vai ser nesta área da vida deles, mas muitas pessoas têm conceitos muito fechados para o AMOR.

Claro que temos vários tipos de amor… amor de mãe, de filho, de avó… mas o amor de namorado? Este também, no meu ponto de vista poderia ser mais livre…. já que acredito que amor para namorar é:

  • Estar junto
  • Trocar carícias
  • Ajudar um ao outro
  • Conviver bem
  • Construir coisas juntos
  • Sonhar juntos
  • Viver juntos…
    Para fazer tudo isso acima e curtir o dia dos namorados, só posso ser homem e mulher? Não pode existir AMOR de outra forma? É isso mesmo? O que vale a pena são os gêneros criados pelos homens? Acho que a palavra gênero, não deveria nem existir. Ela deveria ser trocada por “humanos”. Somos humanos, e como humanos devemos AMAR. Esta é a razão do porque estamos aqui. Amar, ser simples, gentil e evoluírmos.
    Sou casada à 25 anos, tenho uma família linda e escolhi um SER HUMANO maravilhoso para me acompanhar nessa caminhada. Qual o gênero que ele é? Hoje eu digo… isto não faz a menor diferença!

AME ACIMA DE TUDO! ENCONTRE ALGUÉM PARA DIVIDIR SUA VIDA, PRA SONHAR E SER FELIZ!

Roberta Corsi – Bela Urbana. Fundadora e coordenadora do Movimento Gentileza Sim, que tem por objetivo “unir pessoas que acreditam na gentileza” e incansavelmente positiva. Mãe da Gabi e do Gui. Gosta muito de reunir a família ao redor de uma boa mesa.