Me-no-pau-sa (substantivo feminino) – def. – interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, devido à cessação da secreção hormonal dos ovários.
Simples, não? Nada disso, por que facilitar se podemos complicar, uma vez que a sociedade e principalmente as mulheres associa menopausa à velhice, data de validade, invisibilidade?
E lá vou eu com os meus 52 anos e vivendo o climatério (anos anteriores à última menstruação) bombardeada pelas redes sociais e um milhão de filtros do Instagram, dancinhas de TikTok em um mundo basicamente machista, onde mulheres sempre foram objeto de agrado dos homens, contar a minha experiência. Não deixa de ser uma verdadeira guerra psicológica!
Eu já moro na Alemanha há 5 anos e foi bem na minha mudança para cá que senti o climatério começar.
Primeira parada – Ginecologista.
Minha consulta, onde eu falava inglês e ela falava algo que se parecia com inglês-alemão, foi no mínimo curiosa.
Ginecologista: idade?
Eu: 47
Gin: Você é jovem, ainda não deve estar fazendo mamografia.
Pausa para explicar (aqui a mamografia se inicia com 50 anos, a não ser que tenha histórico familiar).
Eu: Já faço mamografia há mais de 10 anos.
Gin: Warum? Por quê? E mexeu a cabeça em desaprovação….
Eu: Doutora quando devo iniciar reposição hormonal?
Gin: Se estiver se sentindo bem, apenas cansada e com calores, nunca!
Ela me examinou, fez os exames de rotina e disse, se eu não te ligar em 15 dias é que seus exames estão ótimos. Até o ano que vem.
Não me contive e perguntei. Como devo lidar com o climatério? E ela me respondeu, faça muitas caminhadas, se alimente bem, beba muita água e se tiver dores de cabeça tome ibuprofeno, o resto vai passar.
E fui embora correndo pesquisar o que fazer, pois achava impossível ser tão simples…
Descobri então que uma em cada vinte mulheres (2022) faz reposição hormonal na Alemanha contra uma em cada três (2002), e que este número vem caindo. Pesquisando ainda mais sobre o tema descobri que a maioria das mulheres prefere usar plantas medicinais para minimizar os efeitos das alterações hormonais. Tenho uma lista delas. Elas aceitam a menopausa e passam por ela, simples assim.
Mas voltando ao tema desta série sobre envelhecimento, percebo que a alemã é muito mais relaxada no quesito aparência e isso lhe faz um bem enorme ao longo da vida.
Elas são muito mais livres que as brasileiras quando se vestem, cortam o cabelo, lidam com seus corpos e suas formas, uma vez que não se preocupam em agradar ao outro e sim à elas mesmas; e isso é cultural. A Alemanha tem uma sociedade menos machista na qual a mulher tem controle sobre seu papel. A sua importância não é medida pela juventude, magreza e beleza, e sim pelo que você tem a oferecer à sociedade, seus valores, ideias e seu posicionamento. E isso é muito confortante quando o corpo começa a mudar e as rugas começam a aparecer. E tá tudo bem!
Para mim isso foi um baita aprendizado, vindo de uma sociedade machista sul-americana, onde somos educadas para agradar aos homens e sermos jovens eternamente.
Essa lavagem cerebral custa a ser desfeita e fico feliz que estejamos falando mais e mais sobre envelhecer e o papel da mulher neste processo. Vejo cada vez mais mulheres tendo controle sobre seus corpos, desejos e sonhos.
Hoje em meio às mudanças hormonais e as minhas rugas posso dizer com franqueza que me sinto bonita e cheia de sonhos. Sou mais dona de mim, vivo mais intensamente, escolho melhor e tenho muito a contribuir.
Sou mais feliz hoje do que quando tinha 20, 30 ou 40 anos. Os perrengues vão e vem, mas lido melhor com eles.
Não escondo a minha idade, até porque ela me define sim, por tudo que vivi e me tornei, mas ela não me limita!