Ela tinha cabelos longos e grisalhos. Andava com dificuldade. Acordávamos cedo para acender o fogão à lenha. Eu ía à horta para trazer salsinha, cebola, cenoura, tomate… com meus quatro anos admirava cada movimento seu. Ela cortava o tomate e me dava um pedacinho na boca. Me pedia então para trazer mais lenha. Eu a rodeava por toda a manhã. Hora do almoço, muitos vinham e voltavam. Permanecíamos só nós duas. Cuidávamos de colocar tudo no lugar. E então eu a ajudava a preparar o jantar. À tardinha, com tudo pronto, após o banho, nos sentávamos, admirando violetas e comendo mingau de polvilho e maracujá. No dia seguinte do meu aniversário de cinco anos, ela partiu. Penso hoje que com ela aprendi as coisas mais importantes da vida. Acorde cedo, preste atenção ao que está fazendo, faça devagar. Preste atenção a quem está ao seu lado. Silencie sua mente. Observe. Não precisa aparecer. A faculdade da vida.
Dedicado à minha querida “abuelita” (avó): Mercedes.