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O ENVELHECER – felicidade e amor incondicional

Como a natureza é sábia, além de bela! O ciclo primavera, verão, outono e inverno nos ensina que tudo nasce, cresce, floresce e/ou frutifica, perde o viço e morre.

Num fluxo incessante, tudo tem começo, meio e fim e, na natureza humana, o começo e o fim têm muito em comum.

Em linhas gerais, as crianças têm leveza, são engraçadas, gostam de brincar e de ver TV, são sensíveis, ficam com a cabecinha “no mundo da lua” e precisam de ajuda para realizar algumas tarefas. Com os idosos isso não é diferente, daí o grande encontro e grande química entre avós e netos que, para mim, representa um dos encontros mais poéticos de nossas vidas.

Ser avó (ou avô) é um dos maiores privilégios que podemos experimentar em nossa existência.

Eu não pactuo da ideia de estragar os netos, dando-lhes doces ou deixando-lhes fazer o que não podem fazer em casa. Se quero dar sorvete a eles, peço aos pais para abrirem a exceção para a vovó e está tudo certo.

Meus netos dizem que sou ‘maluquinha’ e eu adoro que essa seja a imagem e a lembrança que carreguem de mim, para a vida deles. Faço muita farra, jogo bola, falo ‘abobrinhas’, com muitas micagens, invento histórias e músicas sem pé nem cabeça, testando-lhes o intelecto, a criatividade e o senso de humor. Com isso, os faço compreender o significado de felicidade.

Os netos dão sentido ao envelhecimento. Nada é mais gratificante do que chegar à porta da casa deles e escutar um grito entusiasmado: VOVÓ!!! e sem refletir sobre sua idade, seu peso ou limitações, se arremessarem ao seu colo, num forte abraço. Com isso, eles me fazem compreender o significado de amor incondicional.

Tudo isso me permite concluir que envelhecer vale a pena.

Marisa da Camara – Bela Urbana, Administradora aposentada, que hoje atua em suas paixões: a escrita e a radiestesia. Crê nas energias da natureza e é amante da vida, dos seres humanos e ‘doidinha’ por seus 4 netos.

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Projeções para a velhice

Antes de mais nada um spoiler: “quase todo mundo vai ficar velho e morrer no final.” Quantas músicas do cancioneiro popular brasileiro tratam da velhice. A ideia de olhar a idade avançada como um peso é comum. Porém, a boa idade sempre vai trazer muitas superações e conquistas, bem como o entendimento de muitas abstrações aprendidas nas etapas mais jovens da vida.

Uma vez participei de uma enquete sobre envelhecimento e constatei que eu tinha uma admiração pela velhice. Uma curiosidade sobre como seria envelhecer. Acho interessante ambicionar a sabedoria serena de um preto velho.
Lembro do “Seo Antero”, um apelido que ganhei quando fui vocalista de uma banda de rock. Era por causa de um pullover que eu usava e ficava parecendo um velho, só faltava a boina, rsrs. O “Seo Antero” era o meu alter ego quando velho. Era uma projeção que os amigos da banda fizeram para quando eu fosse idoso. Um jovem com alma de velho. Entendi que deveria evitar subir no palco com aquele pullover, afinal, naquela época rock’n roll era música de jovem.

De acordo com o Seo Antero envelhecer é sério. Para ele envelhecer bem talvez fosse envelhecer com alma jovem. Jovem de alma? Se você tem que ficar jovem na alma é porque é melhor ser jovem. Entendo perfeitamente a força de expressão “velho com alma jovem”. Entretanto, penso que aí nessa locução “velho com alma jovem” reside uma problemática interessante.

Os velhos adquirem manias que, na idade em que estão podem transformar-se em T.O.C.’s, em tiques, em excessos, em hábitos, em virtudes etc.

Imagino o Seo Antero falando sobre seu estado de saúde:
“Hoje estou precisando de ajuda. Minhas artroses e hérnia de hiato estão dando trabalho. Muita tosse quando deito à noite. Continuo na mesma, mesmo tendo tomado um monte de remédios essa semana. Estou sem voz e dormi muito mal esses dias. As noites têm sido difíceis. Melhorei um pouco mas parece que as secreções estão se acumulando na garganta; não sei se na traqueia ou mais pra baixo. Será que são sequelas da COVID? Preciso ficar quieto em casa. Envelhecer não é gostoso. As dores começam a chegar para ficar e tem que ter muita paciência.”

Passar a ver a vida com mais paciência é uma vantagem de envelhecer. O difícil é manter a paciência, porque paciência também tem limites. Nesse e em muitos outros aspectos a relação entre envelhecimento e maturidade é forte. Desejo uma velhice com leveza. Mas ainda não encontrei o segredo para atingir essa meta. Se alguém souber me avisa!

Penso também que vamos caindo de moda e ficando ultrapassados. No processo de envelhecimento começamos a perceber a vida que era cheia de gente mais velha passa a ter mais gente jovem. Aos poucos, pessoas que considerávamos velhas, são quase da nossa idade ou mais jovens. Fica mais difícil identificar os mais velhos que nós e as idades vão se equalizando. Pessoas com sessenta anos que estão mais próximas da nossa idade.

Pensar na velhice como melhor idade é um desafio. Juntam muitas vibrações acumuladas ao longo da vida. Elas podem começar a doer. Então, é muito bom idealizar uma velhice tranquila. Um velho com alma de jovem é uma boa opção, mas não a única. É engraçado pensar que aos quarenta anos muita gente já se considera envelhecida. Quanta gente jovem na faixa dos quarenta! Aos ciqüenta nós ainda estamos em pleno jogo, aliás na flor da idade para pensar no passado, viver o presente e sonhar com o futuro.

João André Brito Garboggini – Belo Urbano. É publicitário, ator e diretor teatral e tem três filhos.
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Em Busca das Terras Abandonadas

Da estação de trem era possível ver as imensas colinas que pareciam encobrir a cidade com um manto verde de natureza e beleza. Afastado de tudo e de todos, o lugar parecia ter uma vida própria quase como se quisesse preservar algo que poderia ser perdido. Entre costumes tradicionais e um ensaio de civilização, a cidade só sentia medo de uma história que rondava os quarteirões. A bruxa das Terras Abandonadas, lugar que ninguém ousava ir, era uma entidade misteriosa que parecia sempre estar por perto, mas nunca se materializava. Diziam que ela pegava as pessoas às escondidas e roubavam seu coração, porém ninguém havia ainda confirmado essa história. Na verdade, a bruxa das Terras Abandonadas parecia ser mais uma lenda do que um mal para sociedade.

Como todo mistério da vida, a temida bruxa um dia chegou à pequena cidade disfarçada de uma senhora rica e elegante em seu belo vestido roxo. Quem a via, pensaria que era uma turista que visitava a cidade para fazer compras, mas suas intenções eram mais profundas do que comprar as roupas exclusivas do lugar. Sua função era mostrar um pouco da realidade que não se vivia ali.

Ao entrar na única chapelaria do lugar, a bruxa disfarçada encontra Sophie, uma jovem de 18 anos tímida e de pouca expressão. Ela seria sua vítima nesse momento lançando a ela um feitiço inquebrável da qual não poderia nem ao menos falar sobre ele, já que seus lábios seriam selados magicamente cada vez que tentasse. Sophie é transformada em uma mulher de 90 anos, de saúde fragilizada e que não teria como explicar a seus familiares o que tinha acontecido. A a bruxa das Terras Abandonadas a tinha encontrado apesar de todo o cuidado que tinha tido em não se expor demais. Nada havia adiantado. Fora pega e agora precisava deixar sua casa, o único lugar que tinha para viver, para sair rumo ao mundo na delicada condição de idosa.

A história de Sophie brilhantemente retratado no filme O Castelo Animado é uma metáfora de uma das condições mais caras à vida, porém das mais importantes em termos de conhecimento e consciência: a passagem do tempo e o envelhecer. De imediato, já destaco que todas as palavras que fazem parte desse vocabulário são lidas na sociedade como palavras negativas uma vez que o movimento para que se retarde o que se chama de velhice ganhou muita força nas últimas décadas. Dessa forma, vivemos no sentido de se evitar essa condição e deixamos de lado, portanto, uma série de conhecimentos essenciais a nós mesmos em nome do medo de uma suposta fragilidade da vida.

É curioso como eu aprendi a ter uma leitura negativa dessas palavras. Quando criança, lembro que sempre gostava de ficar perto das pessoas mais velhas ao invés de brincar com aqueles que tinham minha idade. Isso porque as pessoas adultas ou mesmo as idosas transmitiam a mim uma sensação de poder, de autonomia e de um exemplo a ser seguido, algo que as crianças não podiam me oferecer. Então aprendi por mim mesmo que as pessoas mais velhas deveriam ser meu norte, mas as experiências com o mundo alteraram essa percepção de forma tão doentia que hoje me esforço para resgatar um valor que deveria ser introjetado de forma natural.

Quando ingressei na realidade da vida, de forma forçada eu diria, as pessoas pareciam ter um senso sobre ser velho que desfigurava de tudo o que pensava. De repente, o discurso das pessoas chegava até mim afirmando que ter 30 anos era ser velho e a experiência de vida acumulada das pessoas era insignificante para o mundo “maravilhoso” que temos agora. “Tanta tecnologia e ainda havia pessoas que não tinha se adaptado a isso. Pobre delas. Que fiquem em casa se não são capazes de estarem no mundo da forma como nós estamos. Que gente chata e imprestável que atrapalha o andamento das coisas e ainda exigem direitos”. Tantas foram as atrocidades que ouvi que eu também, sem perceber, comecei a temer essa condição e me pautava nos “modelos” tidos como referência. O mais triste disso tudo é que mesmo depois de entender a maldade desses ditos padrões, nunca consegui me libertar completamente deles. Isso porque a subversão da ordem natural da essência humana foi violada de maneira tão agressiva que me adoeceu permanentemente e, portanto, não tenho mais como voltar a uma condição natural de aceitar a vida e suas nuances. Triste realidade ser atacado por valores que nem são meus em nome de não sei exatamente o quê. Acho que é para nos tirar a paz, a alegria da vida e a sabedoria de vivê-la não na felicidade, mas de maneira mais relaxada. Com tantas sombras rondando nossas próprias vidas, venho me perguntado se, de verdade, temos o direito de envelhecer.

Para os mais pragmáticos e politizados, adianto que não estou falando de empregabilidade, saúde da terceira idade ou previdência. Admito a importância de todas essas questões, mas acredito que para podermos falar sobre elas, precisamos antes refletir sobre pontos ainda mais importantes que diz respeito sobre estarmos nessa vida e o quanto podemos fazer por ela. Tenho assistido de perto algumas transformações que considero bizarras, mas que é visto pelo mundo como um novo valor a ser seguido que é a imagem da juventude não como sinônimo de beleza e vigor, mas de sabedoria e exemplo.

Quando era adolescente, sempre me imaginava que quando fosse mais velho queria ser um exemplo de conhecimento e sabedoria de vida. Torcia para que as pessoas buscassem em mim tudo o que havia aprendido para que parte desse conhecimento não se perdesse, mas impressionantemente na profissão de professor vejo o inverso disso com as pessoas mais jovens ignorando o que tenho a dizer. Sai a imagem da maturidade fortemente ligada à sabedoria e à competência para dar lugar à imagem de um rapaz de 22 anos de barba rala e mochila nas costas almejando ser o próximo CEO milionário. Que sentido faz isso? Ninguém deseja mais trilhar o caminho do conhecimento e quando o faz é de forma superficial e fútil. Consomem somente o que lhe convém e formam sua opinião não por aqueles que passaram por esse caminho, mas por um vazio de conteúdo que não vem de nenhuma fonte e tecem um modelo de sociedade fadada ao fracasso. Para mim, fracasso é não viver a trajetória da vida. É não perceber quanta coisa interessante pode ser aprendida no caminho se nos permitirmos viver. Admito que, assim como muitos, está difícil de livrar dessa doença já que ela se enraíza profundamente impedindo de nos exercer.

Há muitos anos atrás, fiquei sabendo da morte de uma amiga de infância que sofreu um acidente de carro quando tinha 21 anos. Todos no veículo sobreviveram menos ela. O mais triste desse episódio é que dia antes, ela havia dito que preferia morrer do que se casar com o noivo, pois seria infeliz a partir daquele momento. Ela morreu justamente no carro de seu noivo quando ele estava na direção. A Suellen perdeu a chance de viver a progressão da vida, de conhecer as emoções, de simbolizar suas existências e suas perdas e não alcançou a potência da vida em seu máximo. Mesmo assim, aqueles que têm essa oportunidade a desprezam por acharem vulgar demais, depreciativa demais, falha demais.

Não repetirei a ideia do senso comum em dizer que o mundo está passando por uma inversão de valores, até porque não acho que isso esteja acontecendo. Isso já aconteceu. Por isso, não me resta muito a não ser buscar um pouco de vida em valores mais sólidos, mas de maneira particular, em silêncio. A essência da vida reside no silencio que se esconde para que somente aqueles que a procurarem irão achar. A vida não deseja mais ser encontrada, pois também precisa se preservar e manter seu ciclo de naturalidade, o que inclui a maturidade em todos os seus sentidos.

Consegue então entender por que citei uma parte da história do filme O Castelo Animado? Pense bem! A bruxa das Terras Abandonadas era vista como um ser maligno que prejudicava as pessoas. Ela sempre aparecia às espreitas para aqueles que a queriam encontrar. Entende a relação? A tal bruxa é na verdade uma representação da vida que nunca se mostra verdadeiramente e com destreza às pessoas que a desejam. Sophie tinha um grande coração e uma beleza imensa como pessoa que a vida/bruxa não pode deixar de ignorar. Entretanto, ela precisou viver a maturidade com todas suas dificuldades para compreender a finitude de uma existência. Chamo esse movimento da bruxa de oportunidade. Oportunidade de viver a realidade, de ver e chegar aonde a maiorias das pessoas não chegam, de sentir a liberdade e de quase atingir a plenitude.

Como um aspirante a escritor e um eterno fã de histórias, não queria neste texto ter o descuido de repetir as mesmas asneiras que dizem por aí da “melhor idade”. Tentando viver um pouco da minha própria maturidade, diria que, ao escrever essa reflexão, pela primeira vez na vida fiquei vontade de encontrar uma bruxa, pois entendi como são sábias e poderosas apesar de tanto serem representadas pelas imagens de velhas ranzinzas.

Bruxas, por favor, ouçam meu pedido e apareçam para mim. Aqui se encontra um alguém que deseja a vida que vocês oferecem. Prometo que a partir de agora, terei a decência de saber enxergar os detalhes onde vocês aparecem para um dia ser tocado pela mágica e naturalidade que muitos não desejam mais.

Renan Gaudencio Vale -Belo Urbano. Professor, linguista, mestre em semântica e psicanalista, e interessa pela linguagem e pela mente humana como uma forma de entender ao mundo e a si mesmo.

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Cabelos livres

Nasci careca e assim fiquei por mais de dois anos, quase três. Minha mãe colocava um pinguinho de cola branca na lateral da minha cabeça pelada para grudar um lacinho e me firmar como menina. A cola saia na água quente do banho, mas a graça do método faz rir até hoje.

Quando criança, os cabelos pretos e crespos eram indomáveis, difíceis de lidar em tempos onde eram limitados os condicionadores e nem imaginávamos a existência de leave-in, tal qual a contemporaneidade nos trouxe.

Adolescer significou queda e mudanças drásticas no formato do cabelo, que tornaram-se cacheados, mas ainda assim davam trabalho aos olhos dos outros, pois no emprego era obrigatório fazer escova para deixá-los lisos ou prendê-los, ainda que fosse em uma loja com estilo alternativo de shopping center. As hipocrisias do mercado versus a realidade de trabalhadora.

Recusava-me a deixá-los lisos, de certo modo afetava o meu modo de ser e pensar. Parece que, nas poucas vezes em que fazia escova, eu perdia algo da minha essência. Queria que meus cabelos fossem como eram, extensões do meu pensamento cacheado, livre e em busca de vento. Passei, portanto, muito tempo com eles presos, acusados de serem fora do padrão de mercado. Onde eu queria originalidade, pregava-se a repressão.

Mas eu tinha um bom modelo de liberdade para seguir: minha mãe teve os primeiros cabelos brancos aos 16 anos e nunca o pintara, ao contrário do padrão feminino que se impôs por muito tempo às mulheres. Lindíssima, conquistou aceitação e os cabelos lisos foram sendo prateados ao longo da vida, com mais admiração do que recusas.

Aos dezenove anos, começaram os meus e decidi seguir o mesmo percurso. A cada fio branco que aparecia, incorporava-o aos meus fio escuros e fazia com que se sentissem parceiros na minha estética.

Vi nos rostos das pessoas muitos sustos, incômodos e também admiração. Tão nova, por que não pinta? Porque não quero. Nossa, quanto cabelo branco! E logo terei mais, é de família. Menina, assim você vai perder o marido! Se ele está comigo por causa dos cabelos, melhor perder mesmo. Onde você fez luzes? Nunca pintei meu cabelo. Que lindo, queria tanto ter coragem! Entendo, não deve ser fácil largar a tintura.

Nestes tempos do agora, deixei de ser um ponto fora da curva e hoje estou na moda. As pessoas ainda comentam, mas é muito mais elogio do que estranhamento. Agora, quem estranha sou eu ao ver tantas pessoas platinando o cabelo, mas é um estranhamento bom. Vejo tons de azul, vermelho, verde… meninas e meninos. Noutro dia, uma senhorinha com cabelos laranja e tatuagens. Que a gente possa ser e ter a cor que quiser.

Sigamos e vejamos para onde o vento nos leva. Para ser livre, é preciso coragem… até nas pontas dos cabelos.

Gaby Coppola – Bela Urbana. Professora de muitas idades, doutora e pesquisadora, apaixonada por gente, progressista, urbana e dorminhoca.

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Envelhecer é uma ação pessoal

Para me dar ao luxo aos 7.4 aninhos de idade vivida, recolho-me ao dito popular: ninguém é (in) substituível!

Pois é, seguindo a minha teoria, valho-me de que essa frase dada como poética, nos assegura que somos sim, alguém com tantos fatores que se substituem à olho nú!

Haja vista a modalidade desse século XXI denominada “harmonização” que está sendo feita e quiçá refeita, para nos garantir a troca de pele no sentido mais amplo defronte de nosso espelho pessoal, alimentado pelo social!

E esse programa de substituição tem a validez que podemos carregar.

Essa ação nos dias de hoje para mim não tem a ver com envelhecimento, e sim, com a autoestima programamada por algumas dantescas ações sociais!

E ao nos afirmarmos nesse estica e puxa, infla e desinfla, põe e tira, rasga e costura, fica um sou mas, quem não é!

E claro que quando sentimos que houve acertos, pois estamos criando tribos univitelinas e o espelho nos caracterizam como seres da mesma espécie, em gênero, número e grau!

Ora essa!

Difícil de entender a ideia dessa almejada harmonia, caracterização única que vem substituir a pele numa razão social magnânima!

Envelhecer é uma ação pessoal…

Que hoje está sendo diagnosticada por atitutdes sociais implantadas pela lavagem cerebral, que tem especulação por espelhos sensacionalistas dispostos em nossa vida virtual, mais do que a vitalidade que nos cabe, como ação genética personalizada.

Bem, qual a idade para envelhecer?

Ou qual o momento em que sentimos o envelhecimento?

Ora vida!

Ora morte!

Envelhecemos quando nos sentimos sem forças para ter curiosidade pelo mundo ao redor.

Envelhecemos quando necessitamos nos esforçar para raciocinar diante do sou, mas quem não é.

Envelhecemos quando deixamos de quitar as prestações de nosso espelho pessoal, para nos prestar às dívidas de espelhos sociais.

Envelhecemos desde que nascemos…

Pensem um minuto sobre fazer aniversário?

Parabens pra você nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!

VIVA!

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.

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Enquanto há vida, há tempo

Quantas vezes você disse essa frase?

“Já estou velha para isso”

Ela normalmente aparece nos recomeços.

Nos ciclos que chegam ao fim.

Nas rupturas.

Tem uma razão para essa frase existir.

Você quer saber qual é?

A resistência.

A resistência, gera sofrimento, que gera dor.

E para não sofrer, você dá uma bela desculpa:

“Já estou velha para isso”

“Não tenho mais idade para aquilo”

A vida é feita de dois movimentos: Expansão e Contração.

Mas deixa eu te contar um segredo: “Os dois doem”

O que nos cabe, é decidir qual dor sentir.

Dor da expansão:

Escolhendo e experimentando a diversidade da vida.

Aprendendo a nos relacionar com aquilo que é, sem resistir, entendendo que tudo tem começo, meio e fim.

Vivendo com qualidade de presença e intensidade de vida a cada despertar.

Com visão de futuro, aquele que você desejar.

Ou

Dor da contração:

Preferindo não escolher para agradar os outros, numa busca exaustiva de aceitação e aprovação.

Se relacionando na defensiva, atacando, para se proteger da dor que veio do passado.

Vivendo o apego e a ilusão infantil de que o fim é o pior para qualquer situação ou relação.

A vida é breve, e quero te convidar a trocar seu mantra:

“Não tenho mais idade para isso”, por:

“Enquanto há vida, há tempo”.

Para isso vou propor um exercício, você topa?

Pegue um papel e caneta.

Trace uma linha no centro da folha, é a linha do tempo.

Coloque o passado na ponta do lado esquerdo, presente no meio e o futuro na outra extremidade da linha do lado direito.

Anote sua idade atual no presente.

Imagine que você possa escolher com quantos anos quer morrer, anote essa idade no futuro.

Faça a conta de quantos anos faltam para sua partida dessa janela de tempo, chamada vida.

Agora se pergunte:

“Eu quero repetir os mesmos anos que vivi até aqui pelo resto dos meus dias?”

“O que eu quero viver, experimentar e desfrutar nos próximos anos?”

Desejo que viva cada dia daqui até seu fim, com a intensidade de vida que você merece.

O tempo é curto e não para a cada segundo.

Mas enquanto há vida, há tempo.

Luana Levy – Bela urbana, analista corporal e comportamental. Sua paixão é poder contribuir para evolução da nossa espécie através do seu trabalho, sendo facilitadora do processo evolutivo interno, auxiliando pessoas a encontrarem soluções para seus conflitos de forma mais harmoniosa possível, respeitando seu funcionamento natural. E assim viverem em paz consigo e com o ambiente a sua volta.
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Inevitável

O tempo passa…somos poeira no rastro do tempo que se foi …

Olhando no espelho as vezes me pergunto quem é essa que me olha de volta? Não me reconheço nesse rosto marcado por linhas de expressão, nesse corpo que começa a mostrar os resultados dos anos…

Minhas vontades, senhoras de si, continuam me cutucando a todos os momentos, acho que dou conta de tudo, mas hoje, não mais …

Os passos mais lentos, a vista que insiste nas lentes, mas o cérebro, latente continua a mil.

Envelhecer não é uma luta, mas uma dança do tempo em que fui e o que serei.

Muitas vezes me pego negociando comigo mesma o entendimento das pequenas mudanças que o tempo cobra, mas me sinto plena e feliz com as possibilidades, pois envelhecer faz parte da vida e a outra opção eu não quero encarar no momento.

Felizes de nós que estamos tendo a experiência da vida.

Adriana Rebouças – Bela Urbana, formada em Publicidade. Cursou gastronomia no IGA – São José dos Campos. Publicitária de formação e Chef por paixão. Sócia do restaurante EnRaizAr em São José do Campos – SP.

Foto Adriana: Taine Cardoso Fotografia
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Envelhe-Ser

Já parou e pensou no seu envelhecimento? Como será se você alcançar 80 – 90 anos?

Devido ao aumento da longevidade e predomínio de mulheres idosas penso que eu tenho chances de chegar até lá….

Mas será possível viver com saúde??

Saúde para idosos não significa ausência de doenças.

Utiliza-se o conceito de envelhecimento bem sucedido. Este se relaciona a preservação da autonomia e independência, fatores estes associados, entre outros, à qualidade de vida.

No entanto em algum momento da vida vamos depender de alguém. Em algum momento vamos adoecer ou envelhecer o suficiente pra precisarmos de ajuda em alguma atividade. Seja ela uma ajuda nas finanças ou até na atividade básica de tomar banho.

Só a minoria das pessoas morre subitamente e não passa por isso!

Deixando de lado eufemismos como “melhor idade”… o envelhecimento está associado a perdas em diferentes campos e intensidades individuais. Além da perda da independência, refiro-me a perda da vitalidade do corpo jovem, a morte de entes queridos, e a perda do papel profissional ou familiar, por exemplo.

A maneira como iremos encará-las e como nos permitiremos ser cuidados são essenciais.

Mas o que esperar da sociedade em geral e dos nossos cuidadores? Esperamos ser bem cuidados e respeitados pelos outros, certo?

Que tal também não sermos infantilizados, termos nossas histórias de vida valorizadas e desejos ouvidos, além de termos nossa independência e autonomia promovidas mesmo que em pequenas coisas?

Envelhe-Ser.

Sim, seremos nós em breve. Vamos refletir sobre nossos conceitos, sobre nossa vida e tratar os idosos como gostaríamos de Ser?

Vera Regina Bellinazzi – Bela Urbana. Campineira, médica geriatra e paliativista. Adora receber um sorriso de quem está cuidando. Curte sua família e vivencia o desafio de ter 2 adolescentes em casa. Gosta de plantas, flores, e de dançar. Acredita na meditação como a melhor forma de auto-conhecimento e conexão com Deus.

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Leitor voraz da Folha

Leitor voraz da Folha,

Aguardava sentado na varanda,

Enquanto folhas despencavam,

Ele olhava e admirava, de antemão,

Folhas farfalhando pelo chão.

No entanto,  esperava a Folha,

Cuja notícia diária analisava,

Pensava, discutia e comentava,

Assim foram anos e décadas,

Analisando seu Palmeiras,

Gambás, odiando a vida inteira.

Hoje, vejo uma, duas, três, várias,

Folhas caídas ao chão da varanda,

Farfalham o papel da Folha,

Com outras  despencadas,

Pela ação dos ventos,

Das árvores arrancadas.

Ele deixou de esperar,

Folhas, estão a se amontoar,

Lhe falta agora e não por hora,

Mas, para sempre a visão,

De longe tudo vê,

A Folha não mais lê.

Continua vivo, feliz e ouvindo,

Com a dificuldade da idade,

Enxergando onde a vista alcança,

Porém, para leitura próxima,

A perda sem solução ou esperança.

Fez noventa e um,

Família presente,

Velas a apagar,

Ele impávido,

Discursou sobre a vida,

Diante de pessoas queridas,

Não reclamando de nada,

Agradecendo a Deus,

A saúde ofertada.

Passei pela varanda,

Depois da festa terminada,

As Folhas se entreolharam,

Imaginando que eu fosse lê-las,

As ignorei por muitos motivos,

Por enquanto e felizmente,

A visão me acompanha,

Com a qual posso

A Folha,  ignorá-la,

Ao contrário das folhas

De todas as arvores,

De belezas intermináveis,

Como verdades inenarráveis.

L.C. Bocatto– Belo Urbano. Diretor do Instituto IFEM – Instituto da Família Empresária. Criador da Ferramenta de Análise Científica Individual e Familiar. Formações – Mestre em Comunicação e Mercado, MBA em Controladoria, Contador, Psicanalista Terapeuta com foco em famílias e indivíduo com problemas Econômicos (perda de riquezas) e Financeiros (saldos negativos de caixa)
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Fragmentos de um diário – 35 – Envelheço

Sinto-me sensível nos últimos tempos. Tempos estranhos esses! Mas qual tempo não será estranho?

Envelheço sem grandes vaidades, talvez algo em meu olhar ainda me veja com um certo brilho juvenil… estranho pensar sobre isso, afinal, tenho quase 53 anos… mas é assim que me sinto!

Gosto dos meus fios de cabelos prata misturados com os pretos, de longe ainda vejo a maior parte que emoldura meu rosto escuros. Muitas pessoas a minha volta se incomodam, me falam que é feio, que ainda sou jovem para deixar os cabelos assim. Sou o que sou e acho, pelo menos por hoje, bonito estar assim.

Esse conceito de jovem é estranho também, como esses tempos… Essa conversa de que os 50 são os novos 30, acho uma tremenda bobagem, acho conversa de gente que tem medo de assumir o passar do tempo. Os 50 de hoje são um pouco diferentes dos 50 de décadas passadas, mas porque a sociedade mudou e nós cinquentões estamos inseridos nesta sociedade de hoje e não de décadas passadas, mas, até aí, querer dizer que somos os novos 30 é algo muito simplista para mim.

Outro dia uma endócrino disse que meus ovários estão “falindo”… achei um pouco indelicada sua colocação e fiquei sem dizer nada. A menopausa é isso, mudanças no corpo, mas falir é a palavra ideal para uma médica usar? Olhei para ela, não deve ter chegado aos 40 anos ainda, e pensei que 15 anos passam voando, hoje sei disso, e sei também das saudades que sinto dos meus filhos pequenos e da sensação que passou rápido demais a ponto de ter um gosto de quero mais, mas sei que esse quero mais não é possível. Tenho uma tia que me falava, quando meus filhos eram pequenos, que passava rápido demais, mas só temos de fato a real noção de algo quando passamos por ele e hoje eu entendo claramente o que ela dizia.

Agora tenho que buscar a comida que encomendei, acordar os filhos, mas ando tão sensível… talvez sejam os hormônios, talvez seja mais alguma coisa que está falindo, ou talvez seja só eu mesma como uma fênix renascendo.

Giza Luiza – 52 anos – 13 de julho

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do Projeto Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa . 

A personagem Giza Luiza do “Fragmentos de um diário” é uma homenagem a suas duas avós – Giselda e Ana Luiza