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Último capítulo

“Não me convidaram

Pra esta festa pobre

Que os homens armaram

Pra me convencer

A pagar sem ver

Toda essa droga

Que já vem malhada

Antes de eu nascer”

Sábado, 06 de Janeiro de 1988.

Último capítulo de “Vale Tudo”, talvez a melhor novela de todos os tempos. O Brasil em frente aos televisores, quando as famílias assistiam TV juntas depois da janta, e, na ausência do controle remoto, as crianças eram escaladas pra mudar o canal nas brilhantes chaves seletoras, eu inclusive.

Não nessa noite! Ninguém nem ameace nem passar na frente da TV, quanto mais mudar o canal…

Eis que a impactante, dramática e moderna introdução de “Brasil” enche a sala e arranca aplausos e assobios da “platéia”. Vai começar!

De repente a voz. Aquela voz.

Uma interpretação transbordando energia, veneno, afinação, revolta, autoridade, sagacidade… humanidade.

Nos versos precisos de Cazuza, ela reclamava não termos sido convidados pra “festa pobre” da escolha do presidente sem a participação do povo.

Recém saídos do absurdo da Ditadura, o país quebrado e o presidente que queríamos, Tancredo, morto, exigíamos o básico do básico em uma democracia: Votar.

O Brasil unido pelo direito ao exercício da Democracia, quem diria…

E lá estava ela, atenta e forte.

A mesma voz que cantou as belezas tropicais com “sua voz enternecida”, e pedia atenção em um tempo escuro: “tudo é perigoso, tudo é divino, maravilhoso”.

Cantou o bem e o mal de cada um, literalmente. “Paixão e carnaval”.

“Cada uma sabe a dor e a delícia de ser o que é.”

“Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada.”

Eu tenho pra mim que essa geração absolutamente brilhante e livre, teve o talento de ouvir, talvez até mais que cantar.

Construíram uma obra desconcertante e inimaginável em um país onde arte, até hoje, pasmem, é considerada vagabundagem.

Inventaram algo que hoje chamamos de MPB, que o mundo reverencia e aplaude como uma das mais finas e complexas formas de música e expressão.

Anos depois, minha queridíssima amiga Eliete me convidou pra ver “Gal canta Jobim”. Eu, fã alucinado do Maestro Soberano, com que eu viria a ter a honra de conversar demoradamente anos depois (sei que não vem ao caso, mas não resisti à lembrança).

Foi uma das noites musicais mais deslumbrantes da minha vida, e virou um disco ao vivo que ouço até hoje com requintes de obsessão.

Gal se vai em um momento que me lembra um pouco aquela época. “Tente entender em que ano estamos…”

Agradeço ao Universo a honra de estar vivo ao mesmo tempo que ela e esses verdadeiros faróis de lucidez e integridade a nos oferecem reflexão e beleza, uma beleza profunda.

Na novela, a cena icônica do personagem de Reginaldo Farias, corrupto, fugindo do país de helicóptero e “dando uma banana” para o Brasil, tem mais uma vez a voz cortante dela colorindo o quadro que, de tão triste e tão real, chegava a provocar risos envergonhados.

E quem matou Odete Roitman, ora, ora, quem diria, já perigosa e doentia, foi a Cássia Kiss…

https://www.youtube.com/watch?v=ffYaokS6-as

Tico Vicente – Belo Urbano, diretor de filmes, ama gatos, leonino, se divide entre a mega metrópole São Paulo e sua chácara no interior. Festeiro, músico, vocalista da banda Ginger. Não se considera charmoso, mas sabemos que é sim 🙂
https://www.youtube.com/watch?v=ffYaokS6-as
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O “VAPOR BARATO” TÃO ESPECIAL DA GAL

Em 1999, conheci um rapaz muito especial, começamos a sair, nos conhecer melhor, após algumas semanas ele me convidou para viajar, o destino: Monte Verde, e eu encantada que estava com o desenrolar de nossos encontros fui, no caminho entre risos e conversas ouvi no rádio uma música que me chamou muito a atenção, escutava a inconfundível voz da Gal Costa, aquele timbre maravilhoso que só ela tinha, também foi nesse momento que ouvi Zeca Baleiro pela primeira vez, ele fazia uma participação especial nessa versão da música “Vapor Barato”, que letra, que interpretação, fiquei extasiada, senti uma emoção muito grande, olhava a paisagem maravilhosa, o Celso ali do meu lado, eu me apaixonando a cada dia mais por ele, a voz da Gal, a música soava triste, intensa, profunda de uma maneira incomum, meu coração se enterneceu, óbvio que continuei a conversa e dei total atenção ao meu querido futuro namorado e mais futuro ainda marido mas não conseguia parar de pensar naquela canção.

Quando voltei para Campinas, procurei informação sobre a letra e descobri com surpresa que a música já tinha sido gravada muitos anos antes pela Gal Costa mas, infelizmente eu só fui me abrir para a beleza e profundidade dela muitos anos depois, soube também que foi composta logo no inicio da Ditadura e por isso soa tão triste e sem esperança, quase um lamento, tenho que confessar que na primeira escuta só pensei em romance pois a música dizia “minha Honey baby! Baby! Com tal intensidade que somente a Gal poderia trazer, e eu feliz e envolvida que estava com o Celso só pensei no amor, amor esse que se transformou, cresceu e deu em casamento e filhos.

Obrigada Gal por sua passagem tão linda pela Terra, por essa memória tão doce que guardo de um tempo precioso da minha vida, sua arte mudou e enriqueceu a vida de muitos, seguramente engrandeceu a minha vida, me trouxe alento em momentos de tristeza e me presenteou com faíscas de amor em formato de memórias da minha história com meu hoje e espero sempre marido Celso.

Gosto de pensar que tem um céu dos meus cantores preferidos e agora Renato Russo, Cássia Eller, Elis Regina e o Paulinho do Roupa Nova entre outros te receberam com música da melhor qualidade. Vá em paz minha querida “Honey baby”.

https://www.letras.mus.br/gal-costa/vapor-barato-1/

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.
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FOLHETIM

Mudei-me para São Paulo em fevereiro/1979, aos 22 anos de idade.

O álbum Água Viva, de Gal Costa, recém lançado em 78, trazia a música Folhetim.

Àquela época, tudo o que meu corpo conhecia de sexo resumia-se nos ‘malhos’, com o namorado, dentro do carro…, os quais afloravam meus desejos e fantasias pela consumação do ato.

Enquanto eu me perdia na Marginal Pinheiros, frequentemente sem saber se estava indo ou voltando, a antiga fita cassete tocava Folhetim, de Gal Costa.

Em 1979 não havia rodízio de carros e ficávamos horas parados num trânsito insuportável, momento em que aproveitava para rebobinar a fita e ouvir Folhetim, repetidamente.

Refletia sobre aquela letra, que falava de uma só mulher, mas me mostrava a faceta de várias delas: A mulher que teoricamente eu nunca seria; a mulher que faz sexo por prazer; a que o faz por profissão; a que se vê sem opção; a que através dele exercita o seu poder… ou aquela… em quem o tesão exacerbado quer te tornar, vez ou outra… E acho que era para esta mulher que a música me transportava.

A voz de Gal, de agudo aveludado, atribuiu verdades a todas as frases proferidas. Ela emprestou corpo e alma à personagem da letra desta música, criada por Chico Buarque. Ela animou a “pedra falsa”, o “sonho de valsa” e o “corte de cetim”.

Em sua doce voz eu sentia o poder daquela mulher que dizia “meias verdades” para que ele sentisse que a possuía. Mais que isso, admirava, e talvez até invejava, a meiga franqueza e firmeza com que ela “virava a página de seu folhetim e o descartava”.

Esta música foi a grande marca da Gal Costa em minha vida. Até hoje, ao ouví-la, resgato essa mulher que habita meu íntimo sombrio.

A Gal jamais será uma página virada em meu Folhetim.

https://www.letras.com.br/gal-costa/folhetim

Marisa da Camara – Bela Urbana, Administradora aposentada, que hoje atua em suas paixões: a escrita e a radiestesia. Crê nas energias da natureza e é amante da vida, dos seres humanos e ‘doidinha’ por seus 4 netos.

 

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O tempo urge

” O tempo urge”, e assim falava o saudoso Professor Conde, durante as provas de matemática, colocando “pilha” em nós alunos na época do ginásio. Sim, na década de 80 quando cursei o ensino fundamental II, a nomenclatura do curso era ginásio.

E como o tempo urge, os nomes foram mudando como os costumes. Rock para os adolescentes de hoje é música de velho, é o que já escutei do meu filho, mas como música é algo atemporal, minha filha gosta de ouvir rock. E eu aprendo com eles músicas novas em outros diversos estilos. Boas e ruins como existiram em todas as décadas e em todas gerações. Música para a moçada consumir.

Moçada!?

Moçada também já não se fala mais. A palavra ficou na geração dos anos 80/90, assim como a palavra paquera. Pois é, paquera também não se fala mais….. aliás tenho a dúvida se só a palavra que não se fala mais ou se o ato de paquerar deixou de existir. Afinal, os namoros dos adolescentes de hoje são diferentes do que eram na minha geração. Se existe melhor ou pior, não sei dizer…. tudo está dentro de um tempo, do hoje. Acredito que o melhor, o que é bom e que nunca mudará, independente do ano, é se sentir bem, confortável e feliz dentro de um relacionamento.

Se algumas palavras morreram, nasceram outras, e ainda, algumas outras somente foram renomeadas para dar um ar de novidade, assim como alguns comportamentos, mas quem já viveu algumas décadas, sabe a diferença do que é uma nova embalagem para um produto já existente. Marketing meu amigo.

Aliás, como marketing é meu trabalho, posso dizer que muitas ferramentas foram inventadas desde minha formatura até hoje. O mundo digital não existia e hoje é tão presente que precisamos ficar muito mais atentos para saber o que é real de verdade. Fake news voa e nos assola sem piedade. “É preciso estar atento e forte” como já diz a música Divino Maravilhoso para não sermos engolidos vivos ou passarmos vergonha compartilhando falsidades.

É professor, o tempo urge mesmo, e cada vez me parece mais rápido. Sinto pressa. Sinto saudades. Sinto alegrias. Sinto medos. Sinto compaixão. Sinto amor.

Nessa jornada da vida, sou uma andarilha com o coração aberto. Nesses dois meses da série Envelhecer aqui no Belas Urbanas, aprendi muitas coisas com os textos escritos, dois meses intensos, onde tantas coisas aconteceram na minha vida e no mundo. O adeus à Rainha Elizabeth, um ícone de uma época, uma mulher a frente do seu tempo, que partiu aos 96 anos, mostrando de forma viva e atuante com seu exemplo que o etarismo é só mais um preconceito que precisa ser combatido.

Mas como o tempo urge e sempre continuará urgindo, a principal coisa que quero deixar aqui como mensagem, é que: A VIDA É HOJE!

– Adriana: presente!

Adriana Chebabi  – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre seu trabalho de comunicação e mkt e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa.

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O poder do amadurecer

Ultimamente vem ocorrendo muitas sincronicidades e uma delas foi a Adriana Chebabi falar que o tema da nova temporada do Belas Urbanas era envelhecer, e ter chegado a mim o maravilhoso livro, que foi indicado na mesma semana por duas pessoas, o Amadurecer Luminoso, do Norbert Glas. Este livro não é dirigido somente para as pessoas da terceira idade, mas sim para todas as pessoas de qualquer idade, pois uma coisa é certa….todos envelhecemos, já amadurecer não, pois depende de cada um fazer uma escolha.

Um dos ensinamentos trazidos neste livro é a atividade dos “sentidos” em nossos corpos físico e espiritual. E falo espiritual porque Norbert Glas coloca o seu olhar para os Doze Sentidos(sim, mais do que os cinco tradicionalmente conhecidos) trazido por Rudolf Steiner que desenvolveu a Antroposofia, que é a ciência do ser espiritual que somos.

Em nossa jornada da vida, naturalmente a maioria de nós é dragado pelo mundo exterior da materialidade e praticidade e entramos numa rotina estonteante de trabalho para ganhar dinheiro para proporcionar o melhor para nós e os nossos familiares, os boletos não param de chegar. E também faz parte do viver o namorar/casar e separar, maternidade e paternidade, conquistas e perdas, sucessos e fracassos, alegrias e tristezas e vivemos a vida que vivemos pelos hábitos que criamos por nossas interpretações que fazemos por tudo que nos chega por meio dos nossos sentidos.

A maneira de viver se transforma quando muda a relação entre o corpo e a alma. Podemos simplesmente vivermos apegados ao passado e à materialidade e bloquear as possibilidades de futuro ou podemos escolher trabalhar o mundo interior, o poder da espiritualização das forças inerentes da nossa alma pela atividade dos nossos sentidos e com isso abrir possibilidades de futuro.

Com a espiritualização dos sentidos encontraremos o poder sensorial no âmbito da nossa vitalidade e experimentaremos um certo rejuvenescimento. Primeiramente precisamos distinguir o órgão do “poder” dos sentidos, por exemplo, o olho vê e o poder enxerga, o ouvido ouve e o poder escuta. Este poder se torna ativo e pode ser captada para uma atividade de outra ordem.

Por exemplo, o sentido vital transmite informações sobre o estado do nosso corpo, bem-estar ou mal-estar e quanto mais idade tem, mais intensamente são sentidos os processos corpóreos e mais os estados de humor variam. Um problema digestivo pode levar ao desânimo, uma dor de cabeça comprometer o bem-estar geral, uma fadiga reduz o interesse às coisas que se dá valor e a atenção volta para si mesmo que acaba se isolando e muitos jogos de cena começam para chamar a atenção dos familiares. Para não ficarmos presos às sensações e variações do humor, que muitas vezes recorremos a medicamentos ou outros vícios, mas que geram um bem-estar passageiro, podemos apoderar deste sentido cultivando a virtude da serenidade e equanimidade, conquistando um equilíbrio de humor e físico.

O sentido do movimento. O quanto nos sentimos livres quando nos movimentamos para lá e para cá, fazemos o que e como queremos? A nossa individualidade é dada por este sentido em nosso corpo. Muitas vezes nos movimentamos pela força da juventude, praticamos maratonas profissional, esportiva e sexual. Se ficar preso às sensações deste sentido, pode-se sentir infeliz ao se aposentar ou perder mobilidade. Muito do nosso movimento é para atender as expectativas dos outros e do mundo. Nos tornamos poderosos ao evoluir para uma liberdade do movimento moral e espiritual. Adquirimos uma força interior quando começamos a escutar o coração, vivermos os nossos sonhos e seguimos o nosso destino de alma.

No sentido da visão, podem observar, são raras as pessoas que não precisam de óculos. O cristalino quando levemente achatado ou arredondado, conforme olhamos respectivamente de perto ou de longe, trabalha a satisfação do olho. Num amplo sentido e do ponto de vista da alma é a própria imagem de satisfação e paz. Quando alguma ameaça chega até nós, de perto ou de longe, e não falo somente o da violência física, mas qualquer coisa que faça perdermos a satisfação e a paz. A vida em sua totalidade deveria trazer contentamento, incluindo também as perdas. Podemos nos apoderar do poder da visão ao olhar além da superficialidade e estética, olhar para a essência de cada ser e olhar o mundo interior, o nosso lado luz e sombra, transmutar as questões emocionais não resolvidas, a nossa criança ferida, ver a nossa própria beleza e grandeza para ver a beleza e grandeza nos outros.

O poder do sentido da palavra é irmos além da palavra somente falada, mas no sentido emocional e espiritual da linguagem. Através da palavra demonstramos quem somos, o que acreditamos, o que nos motiva, o que sentimos, o que queremos e através das conversas criamos o mundo que queremos viver. A palavra tem poder e o quanto poderoso é dizermos um sim para o que nos satisfaz ou um não para respeitarmos os nossos limites. Dizer um não sei ou pedir ajuda e jogarmos fora a capa do super-homem ou mulher maravilha. Pedir perdão a si mesmo e a todos que causamos alguma dor nos liberta do passado, recuperamos a nossa paz e entusiasmo por um futuro melhor.

A todo momento, a vida é um convite para um relacionamento novo consigo mesmo, com o outro, com o mundo. Certamente não permaneceremos eternamente jovens, mas podemos escolher amadurecer desde jovem para a nossa alma estar eternamente viva.

Wlamir Stervid ou Boy (para aqueles que o conhecem pelo apelido) – Belo urbano, apaixonado pela sua família, por gente e natureza. Sua chácara é seu recanto. Devido ao seu processo de transformação, trabalha com desenvolvimento humano, é Coach Ontológico e idealizador do Homens de Propósito, um movimento entre homens para o autodesenvolvimento e transformação do masculino.
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Alguns conselhos sobre envelhecer para as mulheres

O envelhecer é inevitável, então aceite.
Aproveite os privilégios e benefícios que a idade nos traz, como por exemplo:
As vagas de carros para idosos, meia entrada para todos os espetáculos, seja teatro, cinema e outros.

Procure um grupo de mulheres, que a faça sentir-se acolhida e as acolha também.
Procure não falar de doenças (é difícil, mas tente)!
Não se torne uma idosa rabugenta, triste, amarga e rancorosa!
Pratique o perdão, fará melhor a você do que ao perdoado!
Não ache que a idade lhe permite dizer o que pensa totalmente sem filtro, isso é falta de educação!
Facilite a vida de quem convive com você, seja leve!
Procure também, não ser repetitiva, isso é muito desagradável, eu sei por experiência que não é de propósito, esquecemos mesmo, então antes que lhe digam que você já falou, pergunte se já contou que perdeu o carro no estacionamento do shopping, as cirurgias que fez (lembre-se, doença não), de quantas vezes perde os óculos por dia, as chaves do carro, o celular e que é viúva!
Faça um trabalho voluntário, a maior beneficiada será você!
Seja útil sempre que possível, você consegue e pode! Fica a dica!
Seja independente, acostume-se com a idéia que poderá chegar o momento que você será sua única companhia, então seja a melhor!
Olhe-se no espelho, aprecie o que vê e orgulhe-se, se veja, se toque e perceba quanta vida há em você!
Cada ruga ou marca de expressão trazida pelo tempo, tem uma história vivida e sorria lembrando das coisas boas que viveu.
Mostre e diga ao espelho, que ele não sabe nada sobre você e do que você ainda pode fazer, assim você estará selando a paz com seu espelho e serão grandes amigos e cúmplices!
Portanto, dance, cante, pinte, escreva, estude trabalhe, ocupe sua mente!
Ou simplesmente não faça nada, e está tudo bem!
Você é dona do seu tempo!
Jogue todas as regras sobre o que uma idosa, pode ou não fazer na lata do lixo…. Mas sem perder o bom senso e a dignidade!
Aprecie um bom vinho, adquira o hábito de tomar um cálice de Vinho do Porto, após o jantar (café excita e dá insônia)!
Viaje, vá há uma cafeteria sozinha mesmo, veja um filme, uma série recomendada pelas amigas mais antenadas, ouça música (excelente terapia)!
Tenha pensamentos positivos, exercite-se, alongue-se, tenha uma alimentação saudável, qualidade de vida, leva a longevidade!
Se atualize, aceite as mudanças, interaja com os jovens, converse com seus filhos e netos sem pudores ou críticas, comprenda-os, escute-os, se perguntada dê sua opinião, com certeza a troca será prazerosa para ambos!
Na atual fase da vida, já vimos e vivenciamos de tudo um pouco e queremos muito mais, com muita alegria e sorrisos fartos!
Amigos e amores, vão e vem, alguns são pra toda vida, outros foram missões ou aprendizado, mas cada um um deles deixaram suas marcas que estarão sempre guardadas em nosso coração!

Aproveite a vida com carinho, sabedoria, autoestima e muita gratidão!
Ame-se, só assim poderá dar amor!
Procure deixar marcas e saudades por onde andar!
Mulher não tem idade, ela sempre terá cheiro de rosas e fêmea!
Afinal, você não veio aqui para ser mero coadjuvante da sua história, e sim a Estrela!

P.S. Eu não sou louca, ou sou? Aí já é outra história,

Heloísa Tavares – Bela Urbana, atualmente residente em Vinhedo, divorciada, mãe de três filhos. Empresária aposentada, Conselheira Municipal Dos Direitos da Mulher em Vinhedo, é terapeuta holistica, um grande hobby é a leitura.

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De repente um novo amor na maturidade

Escrevo, agora, outubro 2001, na estação Perrache de Lyon, com a ansiedade de uma adolescente. Na espera de embarcar num trem para Florença. Esta é a segunda vez que faço esse trajeto, e agora para realizar um sonho. Algo a mais que me fez desejar tanto e me esforçar para vir morar e estudar, aos 50 anos, na Europa, ou seja, a possibilidade de conhece-lo melhor e, quem sabe, passar alguns dias com ele. Queria confirmar aquela sensação do primeiro encontro em janeiro de que seria uma pessoa ideal para mim. Seu convite foi para passar uma semana e comemorar seu aniversário, e eu, louca, nem bem cheguei na França já fui aceitando. Algo me diz que tem que ser assim (anotações do meu diário).

E assim foi o início… Quinze anos intensos. Muita parceria e felicidade.

Refletindo sobre o tema envelhecer, em 2022, revelo um pouco da minha história. Na juventude, jamais imaginaria a possibilidade de me apaixonar assim de novo nessa fase da vida nem sobre o modo como tudo aconteceu. As surpresas me animam, e sempre me permiti ser livre para percebê-las. Quando menos esperava, sozinha no Uffizzi, em Florença, um italiano bonito chega ao meu lado, e diz gentilmente: posso accompagnarti? Como negar?

A emoção das obras dos pintores florentinos e dos cantinhos mágicos da cidade são fonte de magia e clima de romance que eu já havia assistido em muitos filmes, como “Uma janela para o amor”. Acho que é normal ficarmos propensos a sentir algo forte naquela cidade. Isso fez acender uma luzinha propícia para aceitar a possibilidade. Foi lindo, mas, tendo ido para um Congresso, não tivemos muito tempo para encontros e tive que partir após dois dias.

Na época, não havia ainda tantas facilidades de internet. Mas a gente se falava por telefone quase todos os dias. Porém, havia muitas barreiras pra uma continuação do relacionamento. Entretanto, quando o universo conspira a favor, tudo pode acontecer. Muitas barreiras inesperadamente foram sumindo, ideias novas e licença do trabalho por um ano e meio. Penso hoje na coragem que tive de me mudar para Toscana em 2003. A licença, porém, tinha um
limite, assim, meu amado deu um jeito, pedindo transferência, e me acompanhando no retorno. Felizmente, conseguiu ficar até 2015.

Um período de convivência lindo e emocionante; muitas viagens, troca de conhecimento, e tantos momentos de união e alegria; muita sincronia, adivinhações um do outro, como se já tivéssemos vivido algo parecido antes deste tempo.

Na memória, hoje, só recordações maravilhosas desse período que voou. O término foi tranquilo, sem mágoas, tinha que ser desse modo. Penso: a maturidade nos faz saber aceitar bem separações e entender o momento certo de mudar de novo. Nossa certeza é que esse amor perdurará para a eternidade. Consideramos ter sido algo especial para a evolução da nossa existência espiritual. Questões de vidas passadas? Talvez.

Conforme meu querido poeta, Vinicius: “que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Um amor infinito pode acontecer em qualquer fase da vida, mesmo por volta dos 50, 60, ou até mais. Nunca devemos achar impossível, mesmo no entardecer da vida que é sempre surpreendente.

Flailda Brito Garboggini – Bela Urbana, aquariana. Formação e magistério em marketing e publicidade na PUC-Campinas. Doutora em comunicação e semiótica. Dois filhos e quatro netos. Hobbies: música, leitura e cinema. Paulistana por nascimento, campineira de coração.
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A vida é muito curta para ser pequena

– Oi, tudo bem?

– Tudo. E com você?

– Onde você mora?

Típico diálogo desses aplicativos de relacionamento. Às vezes, evoluía. Muitas outras, não.

Separar com mais de 44 anos depois de uma relação estável não é fácil para as mulheres, suponho. E não foi fácil recomeçar do zero para mim. Onde encontrar pessoas interessantes? Aonde ir? O que fazer depois de ficar casada por tempos? Entrar em aplicativos de namoro?

A pandemia veio e os planos de viagem, zoação caíram por terra. O que fazer? Me recolhi. Juntei os cacos, voltei a ser só, mas não solitária. Comecei a me olhar com outros olhos, olhos de esperança.

Hoje, aos 47 anos, envelhecer me assusta um pouco. O climatério bateu à porta. Não. Entrou como um tsunami sem avisar, porque sempre pensei que a menopausa acontecesse depois dos 50 ou mais. Me senti velha, acabada, jogada às traças. Uma sensação de impotência diante da vida.

Mas. Contudo. Todavia. Hoje, me sinto mais mulher. Mais atraente. Mais disposta ao novo. O diálogo ou projeto de diálogo do “Oi, tudo bem” faz com que eu me sinta viva. Capaz de dizer: “sim”, “nunca”, “quem sabe”, “será?” para as opções que aparecem. Opções estas, muitas e muitas vezes, que me levam a pensar na dinâmica da vida. Dos encontros. Dos desencontros. Nos possíveis amores. No sexo. Na aventura. No amor.

Tenho uma máxima que aplico agora: a vida é muito curta para ser pequena. E, por isso, tento não pensar em envelhecimento como sentença de ser sem graça. Nada! Agora, como dona do meu nariz, procuro me reinventar a cada clique ou diálogo ou semi diálogo. Porque os dispostos sempre se encontraram e se encontrarão!

Luciana Rossi Gardim – Bela Urbana. Pprofessora de Língua Portuguesa. Curiosa demais para ficar parada esperando a vida passar, porque a vida é muito curta para ser pequena.

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De repente 50!

Parece nome de filme, não é mesmo? Pois é… Qualquer semelhança, não é mera coincidência. Foi assim comigo e é assim com tantas mulheres que atendo. Quando nos damos conta, acontece!

E agora, como será? O que esperar depois dos 50?

Mais cabelos brancos, mais sinais do tempo, mais exames, mais maturidade e, certamente, mais histórias pra contar. Uma bagagem grande para quem tem mais passado do que futuro (no meu caso) é claro!

Parece triste pensar no tempo, principalmente pelo fato de vivermos sob a olhar de uma sociedade que valoriza a juventude, a produção em série, a reprodução e o piloto automático como a única forma de ser feliz. Tolinhos!

O que essas pessoas que nos olham com a projeção do fim não sabem, é que agora o peso dessa bagagem, curiosamente, é mais leve. A maturidade nos traz a possibilidade de apertar o botão do “fo..a-se” sem culpa. E isso é libertador!

Nessa altura da vida, falar sobre os amores vividos, as aventuras, sobre o prazer e sobre os sonhos, são combustíveis para nossa alma.

Sim, eu falei de sonhos! Esses não podem morrer, pois quando isso acontece, perdemos a libido pela vida e nos tornamos tristes, amargas, sem brilho, doentes e velhas.

Agora, quando damos asas aos sonhos sem medo de ser feliz, o tesão pela vida continua vivo, pois nossa capacidade produtiva e criativa está pulsante em nós. A alegria de viver o presente com presença, curtindo cada momento é um privilégio dessa fase. É claro que estou falando de uma parcela da população que não tem mais que se preocupar com as condições básicas da vida.

E por falar em tesão, é uma bobagem das mentes ignorantes e preconceituosas, acreditar que com a menopausa e a idade, a mulher perde o tesão e o desejo de fazer amor gostoso. Aliás depois dos 50 a intimidade é mais gostosa porque a preocupação com a performance na cama já não é mais um problema como para as meninas de 30. É evidente que muitas “cinquentonas” ainda estão presas a essas neuras juvenis. Mas…. Espero que elas se libertem.

Precisamos amadurecer com saúde e qualidade de vida para que nossa sexualidade se mantenha plena. E quando falo de saúde, me refiro à saúde física, mental, emocional e espiritual. E quando o assunto é a cama, estar bem emocionalmente, é fundamental para viver o desejo e o prazer.

Uma mulher fisicamente bem cuidada, linda e bem sucedida, mas imatura, com sua criança ferida, sua energia feminina desequilibrada e autoestima baixa, pode ter 20, 30, 40, 50, 60 anos, não importa a idade, certamente tem muitos problemas com o sexo.

Em contrapartida, uma mulher de 50 ou mais, com tudo isso bem equilibrado, terá desejo e prazer garantidos.

Pela minha experiência de vida e de consultório, não é a idade que determina se a mulher é boa de cama e sim suas condições físicas e emocionais. Quando ela está disponível e disposta a resolver algumas limitações fisiológicas e anatômicas próprias da idade, ela está pronta para viver sua sexualidade livre de qualquer julgamento. E diga-se de passagem, hoje temos muitos recursos que garantem a saúde genital e sexual feminina.

É muito importante entendermos que o sexo ao longo da vida vai ganhando outras configurações e que precisamos aprender coisas novas. Tem muitas formas que a maioria nem imagina…

E, para além de tantas possibilidades, não podemos esquecer que nosso clitórix está sempre lá e que quanto mais o estimulamos, mais ele nos proporciona orgasmos maravilhosos. E para ele, não há limite de idade! U huuu! Resumindo: A mulher madura, que conhece seu corpo e reconhece seu potencial, não está mais preocupada com as posições do Kama Sutra, ela sabe como ter prazer sem fazer muito esforço. Ela simplesmente, relaxa e goza!

Joana Moraes – Bela Urbana, Palestrante, Terapeuta Especialista em Sexualidade, Coach de Relacionamento Consultora de Educação Sexual e Familiar. Apaixonada pelo pôr do sol, pela lua cheia e pela vida. Mãe, amiga e mulher.


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Um outro olhar sobre envelhecer

Enquanto insisto em pintar a raiz branca dos meus cabelos, penso se isso seria uma negação em aceitar  meu envelhecer. Essa tem sido a tônica de discussões intermináveis no Universo cinquenta mais. Sim, existe um Universo de Mulheres Maravilhosas contornando muito bem o envelhecer. 

Existe um envelhecer feliz. Sou dessas. Não deixo a peteca cair. Pinto os cabelos sim, pratico exercícios sim, faço reposição hormonal sim. Cuido da alimentação com uma dose de exagero. Evito o que inflama, incha, me tira energia.

Sim, envelhecer é recalcular  rotas. Se conhecer. Saber o que te faz bem e o que deve evitar. De pessoas, lugares , comidas a sentimentos. Envelhecer é se resetar, ou seja, se redefinir. Você realínha tudo que aprendeu.  Você segue mais leve, vai curando dores, apagando mágoas, eliminando pesos que não te pertencem, vai desapegando.

Simplesmente tenho percebido que envelhecer é um  renascimento.  Filhos criados, você renasce. Fecha ciclos, renasce. Você renasce porque é outra. Menos ansiosa, mais sábia. Menos material, mais espiritual. Menos crítica, mais paciente. Menos ausente, mais presente, mais inteira. Abrace a vida, saboreie a vida.

Acho que envelhecer é um presente. Você recebe e agradece. Se você olhar o envelhecer por esse ângulo ele pode te surpreender. Estou tentando.

Daniela Martini Naufel – Bela Urbana. Formada em Direito pela PUCC, Oficial de Promotoria do Ministério Público há 29 anos. Alma de artista,
apaixonada por Artes, fotografia e pela escrita. Mãe do.Davi, Vinicius e Raul .