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Nós conseguimos!

Eu me chamo Pâmela Cristina Caris, nasci no ano de 1990.

Falar sobre relacionamentos abusivos é de fato um lugar de dor.

No ano precisamente de 2022 me reconheci como uma mulher negra e olhei para mim com olhos de amor. Por que me ensinaram a não me aceitar?!

Na vida adulta eu aprendi, a duras penas, a me reconhecer. Falo sobre a dificuldade de reconhecimento por vivermos ainda neste século em um país com grandes e imponentes traços de colonização.

Meu primeiro relacionamento abusivo foi com minha mãe (sei que ouvimos falar muito sobre repetição de padrão, mas este aqui não é o caso); meu primeiro abuso sexual foi aos 5 anos de idade com meu avô.

Minha mãe se mudava muito de casa e de relacionamento como se troca de roupa. Meu segundo abuso sexual foi também com meu avô, neste caso, com o pai da minha mãe, e esta fazia vistas grossas para a situação, pois éramos muito pobres e passávamos fome (este avô pedia esmolas na rua e trazia alimentos em troca de passar as mãos nas minhas partes genitais).

Aos 12 anos sofri um estupro, uma longa história; casei-me nova, aos 16 anos, pois minha mãe me expulsou de casa na primeira oportunidade (era menos uma boca para comer), resultando em um casamento frustrado e adquirindo mais traumas.

Lembro-me que, certa vez, meu pai me disse que eu seria igual a minha mãe, mas eu orava e, dentro de mim, sabia que eu seria diferente, que eu seria uma mãe amorosa, que jamais iria bater nos meus filhos de fio ou pau, que jamais bateria a cabeça deles na parede, que eles teriam um teto para viver e um lar, que, de fato, sempre foi o que sonhei.

Penso hoje ainda nas várias Pâmelas (crianças) que ainda passam por essa situação.

Eu estou aqui. Eu sou um milagre e vivo de milagres.

Hoje eu olho para minha criança interior e a abraço: “Eu estou aqui e vou cuidar de você, minha menina — a menina que ainda habita aqui neste corpo, alma e coração — e eu posso dizer a você, minha pequena criança, que nós conseguimos!

Pâmela Caris – Bela Urbana, mãe, esposa e empreendedora, uma “MULHER” e toda mulher sabe a “FORÇA” e “POTÊNCIA” que é.

 

 

6 opiniões sobre “Nós conseguimos!

  1. Relato muito triste. Chocante e revoltante pensar que as pessoas da própria família, como que avôs ou pais e padrastos abusam de netas, fazem tão mal à meninas. Com muito meninos isso acontece também. Tudo pela falta de formação, base orientação, carências no geral. Temos que falar. Mas será que justamente essas pessoas ouvem ou leem o que se fala aqui e em muitos outros lugares onde se procura esclarecer e denunciar?

  2. Quanta história e quanta dor, em tão poucas linhas!
    Impossível conter as lágrimas e os pensamentos, que foram do nojo e raiva, desses homens, à admiração, pela mulher que você se tornou.
    Que sua forte luz cegue os olhos dos abusadores e seja proteção para outras “Pâmelas”! 🙏🏼🙌🏼

    1. Amém, Gratidão 🤲🏽

  3. Muito triste por tudo que passou, mas ao mesmo tempo feliz pela mulher que se tornou, pela superação e inspiração para todas.
    Gratidão por compartilhar e tenho certeza que ajudará muitas que passaram ou passam por isso.

    1. Gratidão mi, você é uma benção

  4. Muito triste por você ter passado por isso, mas ao mesmo tempo feliz pela mulher que se tornou,. Você é inspiração, motivação para todas
    Gratidão por compartilhar sua história e tenho certeza que ajudará muitas mulheres que passaram ou passam por isso.

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