Se essa casa fosse minha provavelmente teria um livro ao lado da cadeira na entrada. Talvez tivesse também uma escrivaninha, onde sobre toda a bagunça do dia a dia, teria rascunho das minhas poesias.
Ah! Se essa casa fosse minha, a xícara de café teria fumaça saindo, um aroma de livro velho misturado com poeira e um ar de quem vive sorrindo.
O que mais teria?
Teria música espalhada pelos cantos, cantos de vários poetas que escreveram sua voz no tempo, e de tempos em tempos, derramariam sobre a tarde que se esvai levando levemente o dia;
Teria também um gato para trazer harmonia, que no final do dia, iria deitar no meu colo enquanto eu lia;
Teria um incenso queimando lavanda, encontrando cheiro e alegria, durante a chuva, tudo misturado, o gato, os livros, a textura da música e a poesia;
Teria lembranças na parede representadas por fotografias minhas, dos amigos, das viagens de outros dias;
Teria uma bela cozinha…. e tempos em tempos, com a casa cheia, alguém cozinharia, cantaria e falaria alto, durante a noite e durante o dia;
Teria coração aberto, gritos de crianças em alegria, sonho de vô, ver sua casa cheia, todo dia!
André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
Em fevereiro de 2020, logo no início da Pandemia, eu estava vivendo um relacionamento que já dava sinais de desgastes e já estava pensando em ir embora, uma coisa que marcou esta época foi um artigo que eu havia lido que falava de uma cafeteira, que a realização de uma pessoa estava em uma boa cafeteira.
Em meados de março de 2020 eu acabei me divorciando e indo morar em um apartamento na cidade vizinha, como sempre, sai deste relacionamento sem nada. No apartamento uma cama de segunda mão, uma TV, um sofá de segunda mão, uma geladeira e um fogão, mas ainda faltava a cafeteira, no meio daquele turbilhão de problemas, divórcio, contas para pagar de todos os tipos, reestruturar toda a minha vida e eu pensando na cafeteira como bote salva-vidas.
Fui a loja, tinha idealizado a cafeteira ideal, não queria que fosse de cápsula, não tinha poesia neste tipo, queria que fosse de café expresso, aço escovado, daquelas que vemos em padarias antigas, mas, o ideal nem sempre tem o custo ideal, ao ver o valor da cafeteira que gostaria de ter, dei uma recuada. Talvez o meu bote salva-vidas não precise de ar condicionado!
Busquei, busquei e busquei e achei uma cafeteira, elétrica, que você coloca o pó, a água e em pouco tempo o café fica pronto, mas não me atentei que a cafeteira era 220V e meu apartamento 110V, o café demora uma eternidade para ficar pronto e quando está pronto não está tão quente quanto deveria… mas lá está a cafeteira.
O tempo passou, já estamos em 2022, encontrei um novo amor, meu apartamento esta completo, já tenho mesa e tudo mais que é preciso ter em um apartamento. Ao sair de casa hoje pela manhã, final de 2022, olhei para minha cafeteira, a mesma que comprei lá atrás, me lembrei da idealização que fiz sobre ela e percebi que havia interpretado o texto de forma errada, não era sobre a cafeteira e sim sobre o processo de ter um espaço para construir seus sonhos, o cheiro do café pela manhã é a poesia que se espera no decorrer do dia.
Ainda tenho o sonho da cafeteira ideal, aquela de aço escovado, dos bares antigos de São Paulo, mas enquanto isso, a minha velha cafeteira ainda perfuma todas as minhas manhãs.
André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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