Hoje despertei reflexiva sobre a finitude da vida.
Não necessariamente da minha, mas de tudo o que há.
Fixo o olhar sobre um sofá que em família abastada já teria sido devorado por uma caçamba, mas por sua boa estrutura me empenho em dar-lhe novas cores e novas casas.
Observo em meu entorno cadeiras revestidas, poltronas em capas novas, o antigo carrinho de chá restaurado e tantas outras peças cheias de ‘vida’.
Certa vez, deixei escapar um pires de um lindo jogo de café, pintado à mão, que se espatifou no chão, reduzindo-se a minúsculos cacos. Uma fatalidade que chegou a ser-me dolorida.
Hoje peguei a manga de um vestido que reformei e, dela, fiz um joguinho das 5 Marias, para levá-lo à minha neta de 4 anos.
Vez ou outra deparo-me com um objeto ‘novo em folha’, contrapondo com os antigos e restaurados, e o associo aos bebês de filhos e sobrinhos que vão renovando a linhagem familiar, em meio a tios e avós.
Nesse estado reflexivo, observo que a finitude da vida está fortemente ligada à manutenção, renovação e cuidados. Exceto em casos de fatalidades, claro!
Tenho um bom zelo por minha vida e talvez isto explique o gosto por repaginar e reformar coisas.
Devolver vida e utilidade aos objetos é como olhar para o meu interior, me reconstruir e dar mais vida ao meu caminho.