“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração”, e quem irá me dizer que não?
Dos limões que a vida me deu posso dizer que fiz uma limonada e diga-se de passagem, limonada essa daquelas bem azeda e ruim de tomar.
Nunca fui de fazer planos mas os poucos que fiz nunca saíram da maneira como planejei e talvez seja por isso que as frustrações ainda machucam mas já não me ferem mais.
Acredito que quando decidimos compartilhar a vida com alguém temos a responsabilidade meio a meio de fazer aquele investimento fluir com sucesso. Porém, quando o investimento é feito sempre somente por uma das partes a chance disso terminar das piores maneiras é grande.
Por isso decidi encerrar um dos ciclos, se não o mais, desgastante da minha vida.
E neste caso a situação se assemelha à uma vítima que precisa escapar do cativeiro, mas que sente pena do seu sequestrador.
A Arlequina iria se despedir do Coringa.
Eu precisava sair e você me dava todas as razões possíveis para ficar. Era como se eu tivesse despertado de um sono profundo e muito pesado. De repente tudo estava muito claro e o fim já não era mais uma pergunta.
O fim era uma resposta.
As suas tentativas incansáveis de me fazer repensar só me deram mais certeza de estar no caminho certo.
O choro, a manipulação, as palavras chaves e as suas inúmeras hipóteses sobre o que aconteceriam se eu decidisse terminar me fizeram dar o primeiro passo para não poder mais voltar.
Você me fez perder noites de sono, me fez perder amigos, dinheiro, saúde e por último minha casa.
O preço de tanta compaixão foi pago com muitas lágrimas de ódio por ter perdido cada móvel que eu demorei muito para conquistar.
Judas é íntimo e nunca um estranho não é mesmo?
Por diversas vezes você me fez acreditar estar perdendo minha sanidade.
Foi cruel.
Você me separou de você.
O juramento se cumpriu.
Recomeçar do zero pode parecer uma tortura, quase todos nós temos medo do novo e está tudo bem.
Descobri que mesmo quando é tirado o chão de nossos pés ainda nos restam asas para voar. É assustador perder bens, pessoas e sentimentos porém é assustadoramente maravilhoso perder o chão, ganhar o céu e se descobrir como uma águia.
O fim que eu renunciei por várias vezes me mostrou diversas possibilidades de aprendizado.
Não tenho culpa por ter feito o meu melhor.
Não tenho culpa de ter agido com meu coração.
Eu me amo.
Eu me curo.
Eu me cuido.
E se nesse novo processo aparecer uma companhia vai ser super legal dividir a caminhada pois agora eu também sei voar.
Fim.