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FOCO

Dizem que tem pessoas que tem foco no problema e tem outras que tem foco na solução. Penso que tem horas que o que falta mesmo é o foco.

Se falta o foco tudo desfoca. É preciso lentes novas para ver nítido. É preciso descobrir o grau. Não adianta qualquer lente.

O grau do problema. O grau da miopia. O grau seja lá do que for.

Saber ajuda a resolver. Saber ajuda a encontrar o foco.

Depois que achar o foco, aí sim, você decide: Foco no problema ou foco na solução?

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza. Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

 

 

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Advertência

Conter a intensidade pode causar danos físicos e psicológicos.

Pode ser tão difícil quanto resolver uma fórmula matemática.

É não viver nas extremidades.

É espremer o coração levemente para não despedaçar e sangrar.

Cris Saad – Bela Urbana, professora universitária, publicitária, fã do vento, da lua e do acaso. Apaixonada por música e dança, enfim apaixonada pela liberdade, pela loucura do movimento e o gozo do encontro.

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Fragmentos de um diário – 23

Na faculdade, na saída, L fez cara de coitada e disse que queria conversar comigo, mas quem falou tudo fui eu. Ela ficou com cara de tonta olhando para mim. O problema pra ela é o social, como é que ia ficar? Pode? Ficou fazendo gênero de sofrimento, detesto pessoa assim, sinceramente essa menina não merece a mínima, não merece de jeito nenhum minha amizade. To com raiva de toda essa falsidade. Passa, porque eu não sou de ficar com raiva de ninguém por muito tempo. “Chega de passar a mão na cabeça de quem te sacaneia”.

….

Fomos para a festa. Lá, muitas pessoas da classe e de fora, ignorei os ignorados, alguns paqueras, inclusive o M que conheci ontem, ele pegou meu telefone. Alguns correios-elegantes, gostei! Expliquei, ou melhor, respondi o correio para o Z, falando que eu gosto dele, mas que ele é só meu amigo. Fomos para outra festa, muita gente conhecida, festa na rua e dentro… vinho, não deu para resistir, bom, já foi o dia que eu tinha direito de beber, tava engraçado eu e  o F bebendo vinho de graça, numa festa esquisita, demos muitas risadas. Fiquei altamente tonta, levei  a G e fui pra casa, bateu bode, chorei. Cheguei em casa, guardei o carro, me tranquei no banheiro e chorei, me veio algumas pessoas na cabeça, fui dormir, chorei, altamente neném.

Ah, na primeira festa o A me deu um abraço e disse que tá com saudades de mim, deu saudades de mim também, de verdade.

8 de julho – Gisa Luiza – 20 anos

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde escreve contos, poesias e crônicas. Publicitária e empresária. Divide seu tempo entre suas agências Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, 3bis Promoções e Eventos e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :). A personagem Gisa Luiza do “Fragmentos de um diário” é uma homenagem a suas duas avós – Giselda e Ana Luiza

 

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AMOR ANTIGO

Estamos velhos, amigo.
Aquele nosso amor antigo
Dorme o sono bom do passado,
Perdeu a memória
E não se lembra mais de nós.
Aquele amor dos tempos idos
Não mais nos reconhece
E nem nós o reconhecemos mais.
Ainda assim lhe convido:
Caminha um pouco comigo, amigo.
Vamos dar as mãos e rir um pouco,
Desempoeirar algumas boas lembranças
E levar a saudade mansa
Pra tomar um pouquinho de sol…

Alda Nilma de Miranda – Bela Urbana, publicitária, autora da coleção infantil “Tem planta que virou bicho!” e mais 03 livros saindo do forno. Gosta de tudo que envolve tinta e papel: ler, desenhar e escrever, mas o que gosta mesmo é de inventar motivos para reunir gente querida. Afinal, tem coisa melhor que usar o tempo para estar com os amigos?

 

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SE EU TIVESSE CORAÇÃO

Tudo seria diferente se eu tivesse coração.

Eu teria me fartado de amar. Teria.

Se eu tivesse coração eu teria beijado a menina da sobrancelha grossa naquela avenida movimentada dos anos iniciais da vida adulta.

Teria, talvez, trocado aquele amor cheio de frescor por aquele que, na plenitude da espera, queria acontecer. Amor que ainda serpenteia no rio grande.

Eu teria  dilacerado meu coração quando aquele que amava, por um instante, imaginei estar parado. O amor estancou. O coração não.

Não teria enviado tantas flores em dias felizes até que ela pedisse para parar. Foram-se os dias e as flores.

Se eu tivesse coração eu tivesse dito a ela que a desejava para além do vestido. Amor e desejo diluíram em caminhos opostos.

Talvez eu tivesse atravessado oceanos para dar aquele anel mesmo sem ela estar pronta pra ele. Anel e calor ficaram cegos no bolso.

Se eu tivesse coração?

Se eu tivesse coração eu me apaixonaria uma vez mais.

Gil Guzzo – Belo Urbano, é ator e fotógrafo. É um flaneur que faz da rua, das pessoas e da vida nas grandes cidades sua maior inspiração. Trabalha com fotografia de arte, documental e fotojornalismo. É fundador do [O]FOTOGRÁFICO (Coletivo de arte contemporânea que desenvolve projetos autorais e documentais de fotografia). E o melhor de tudo: é pai da Bia e do Antônio

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Conselhos da Madame Zoraide – 6

Olá consulentes.

Outro dia uma consulente me perguntou o que devia fazer com seu cabelo. Ela queria cortar, mudar, dizia que não aguentava mais, mas no dia que decidiu cortar, se olhou e achou seu cabelo lindo e por dias seguidos o cabelo reviveu, estava bonito, mas a vontade ainda batia no seu coração e ela não sabia o que fazer, porque gostava do que estava vendo.

Cara consulente isso parece simples, mas não é, e vou explicar o porquê. Tudo que está prestes a “deixar de ser” percebe e como um último suspiro junta todas suas forças e se revigora, o cabelo e qualquer coisa que tenha vida. Existe relatos de pessoas que estão terminais e dão uma melhora incrível como se estivessem curadas, mas em pouco tempo se vão, vamos dizer que é o último suspiro. Essa melhora é inconsciente para nossa consciência atual, mas ela existe, é uma conexão entre nossas mentes e na verdade entre tudo que está vivo. Esse vivo pode ser nós mesmos divididos em partes, como no caso aqui, o cabelo.

Deu para entender?

Esquece a ansiedade, esquece as modas, esquece os outros, esquece o tempo. Pensa se gosta do que vê no espelho. Perceba o que sente nesse dia. Então, se o cabelo acordar bonito, segue com ele, senão passa a tesoura, ou melhor, deixe alguém passar  e alguém que passe bem, afinal, a mudança sempre deve ser para melhor, esse é o foco.

Ah, se não ficar bom? Muda de novo.

Então o conselho de hoje  é UM DIA DE CADA VEZ, mas sempre com suspiros.

Até a próxima. Logo, logo tem mais.

Madame Zoraide – Bela Urbana, nascida no início da década de 80, vinda de Vênus. Começou atendendo pelo telefone, atingiu o sucesso absoluto, mas foi reprimida por forças maiores, tempos depois começou a fazer mapas astrais e estudar signos e numerologias, sempre soube tudo do presente, do passado, do futuro e dos cantos de qualquer lugar. É irônica, é sabida e é loira. Seu slogan é ” Madame Zoraide sabe tudo”. Tem um canal no Youtube: Madame Zoraide dicas e conselhos www.youtube.com/channel/UCxrDqIToNwKB_eHRMrJLN-Q.  Também atende pela sua página no facebook @madamezoraide. Se é um personagem? Só a criadora sabe 😉

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V E R D A D E

Será que a mentira é parecida com a verdade que, por sua vez pode ser subjetiva?

Acredito que não.

A mentira

Mesmo contada com poesia

Mesmo sendo dita com um “claro que sim”

Mesmo respondida com uma desculpa ou com uma repentina presença

Será uma mentira

A mentira pode vir acompanhada de entrega

Pode vir travestida de desejo

Mas será sempre o resultado das sobras de um banquete, ou seja, migalhas

Migalhas de sobrevida que criam as utópicas miragens das idealizações que se desfazem nos sapatos no tempo

A mentira será sempre a ausência de qualquer verdade

 

Jorge Luis de Souza – Belo Urbano, artista plástico, pedagogo e empresário. Como todo bom leonino é muito dedicado a tudo que faz. Não resiste a um chocolate. Ama escrever e ama sua família.

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Brasil X Alemanha

Há três meses me mudei para a Alemanha. Deixei o Brasil pela segunda vez em busca da solução para os “meus problemas”, de um melhor futuro para os meus filhos, de um novo emprego, de mais segurança, menos medo, mais certezas. O Brasil não está fácil, afirmar isto é chover no molhado, eu sei, mas há alguns meses um pensamento tomou conta de mim. “Tenho 47 anos, no melhor dos casos estou partindo para a segunda metade da minha vida, será que aguento esperar as coisas melhorarem vivendo trancada em casa, no shopping, no carro, tentando recuperar um bom emprego como o que tinha antes da crise? E o meu sonho de viajar o mundo, que está parado por causa das crianças, do trabalho, de mil coisas que iam aparecendo e aparentavam ser o fundamental, a prioridade; esqueço e deixo no mundo das impossibilidades para todo o sempre?”

Na minha opinião nós mulheres que chegamos ou estamos vivendo os 40 anos, temos este impulso do “tudo ou nada”, do “agora ou nunca”, por puro medo da vida não ter valido a pena. Já vivemos um bocado e sentimos que não sabemos de nada, que muita coisa deixou de ser realizada e somos assombradas pelo fantasma do tempo, nos olhando cara a cara.

Me lembro de ter sentido este medo no início dos meus 20 anos. Foi esta mesma sensação de hoje, somada à uma completa falta de experiência de vida inerente à idade, que me fez largar meu primeiro emprego e ir embora para a Itália. Buscava uma vida que valesse a pena (novamente a mesma frase, o mesmo sentimento); foi “ele” que me fez arriscar, sair da zona de conforto.

Não pensei que mudaria novamente do Brasil, depois de sete anos na França, um na Itália, e um retorno ao Brasil em 2003, quando estava mais apaixonada do que nunca pela terrinha. O Brasil vivia uma falsa abundância, estávamos na boca da mídia internacional com uma profusão de empresas ampliando suas atuações no país. O meu emprego ia muito bem obrigada. Ainda não sabíamos que a conta do governo chegaria mais cedo ou mais tarde, e 2014 quebrou as pernas de muitos.

A decisão de deixar o país não foi fácil, foi bem dolorosa. O desemprego bateu à nossa porta, tínhamos que encontrar uma saída para manter a casa, os filhos em escola particular, empregada, carros, plano de saúde e uma pilha de contas.

Meu marido é alemão e sempre admirei a cultura, precisão e organização alemãs, à distância. Durante os 11 anos de casamento moramos no Brasil e a Alemanha ficava ali, no cantinho dos sonhos. Eu não sabia se queria realizar o feito de morar em um país tão “perfeito”. Sim a Alemanha é perfeita, e até a perfeição é chata e as vezes cansa.

Colocamos na balança a questão monetária, é claro, pois no Brasil gasta-se pelo menos duas vezes mais. Também pesou a qualidade de vida, segurança, boas escolas e universidades públicas. Apesar dos alemães pagarem 50% aproximadamente do salário em impostos você sente que valeu a pena.

Vendemos quase tudo e viemos. Tinha a minha dificuldade com a língua, o alemão não é nada fácil e eu sempre deixava de lado o aprendizado, nunca priorizei. A adaptação é muito mais difícil quando não se fala a língua local. Mas ainda assim resolvemos encarar.

Chegamos no final de julho deste ano e minha maior preocupação eram as crianças, que no final das contas foram a razão maior da nossa vinda. O ditado de que para criança tudo é mais fácil é totalmente verdadeiro na mudança de país. Os meus filhos de 8 e 13 anos estão nos primeiros meses de aula, que começaram em setembro. Aqui o calendário escolar se inicia no meio do ano. Estão refazendo a mesma série que no Brasil e voltaram um semestre. Devagarzinho as coisas estão entrando nos eixos com eles. Como diz a Caroline, uma grande amiga inglesa, criança tem a tecla da felicidade sempre ligada e isso é super valioso nestas horas.

Para a mãe, já são outros quinhentos. A Europa de luxo é para pouquíssimas pessoas e a vida aqui não é para os fracos, apesar de toda a estrutura. Uma mãe de classe média brasileira não está preparada para a vida em uma região do mundo que batalhou muito para dar dignidade para sua população, e onde cada um faz o seu e não existem “ajudantes, diaristas, secretárias do lar”.

Costumo falar para meu marido que estou passando por vários MBAs em paralelo: prendas do lar, culinária, professora, mediadora, tradutora, técnica em sustentabilidade, sem esquecer do Alemão, esta língua que me faz ganhar vários cabelos brancos, e que finalmente acho que vou deixar, pois aqui as mulheres são práticas e verdadeiras. Bonito de ver.

Ainda é cedo para saber se foi uma boa escolha, pois o Brasil, apesar dos enormes problemas, é a minha terra e a dos meus filhos. Eu tenho uma enorme esperança nos brasileiros e amo meu país. Sei que vou voltar para ficar, só não sei quando.

Como falei lá em cima, em alguns momentos da minha vida senti este impulso que me fez balançar as estruturas. Acho que todas as mulheres na minha idade tem isto. O trabalho e a inquietação por um lado e a responsabilidade com a família de outro. Parece que já fizemos muito, investimos na carreira e tentamos no meio disto tudo criar nossos filhos, e ainda assim bate um vazio. E agora?

Pela minha experiência e tendo feito isso outra vez, o que mais ganhei quando saí da rota de vôo não foi conhecer pessoas, ver o outro lado do mundo, aprender uma nova língua, entender e viver uma nova cultura, para minha surpresa este crescimento estava diretamente relacionado com o que eu deixei de ver.

Quando se sai do próprio país é como se vivêssemos um longo período de silêncio, pois as vozes não são conhecidas, e elas nos fazem escutar a nossa própria.

Tenho plena certeza que estes tem sido os momentos de maior encontro comigo mesma, quando nem tudo está favorável e preciso resgatar o que de melhor tenho, mesmo o que já me esqueci e que ainda faz parte de mim. São montanhas de coisas e conhecimento que estão escondidos no passado e são exatamente eles que me ajudam a passar por longos períodos de readaptação.

Talvez esteja sendo muito simplista, mas viemos sozinhos para este mundo e o melhor que temos a fazer é nos lançarmos em experiências profundas e solitárias que nos transformem e preparem para outras vidas, ou simplesmente para a próxima etapa.

O zona de conforto é atraente, mas não é transformadora. No meu caso o “meu país” é o que chamo de zona de conforto, mas poderia ser um emprego, um casamento, um relacionamento desgastado.

Será que precisaria ir embora ou mudar meu jeito de viver, ficar e lutar durante a tempestade? Acredito que as duas opções são verdadeiras, e podem ser transformadoras na mesma intensidade. Tanto faz, desde que o desconforto seja combatido e as vozes estranhas estejam gritando tão alto que nos façam olhar para dentro nós.

Aparentemente nossas maiores inimigas, a inquietação e a adversidade, são na verdade grandes amigas e podem ser a chave para nos sentirmos cada vez mais vivas, logo após é lógico de uma boa manicure!

Silvia Lima – Bela Urbana, publicitária, leonina, mãe do Gabriel e Lucas. Atua na área de moda internacional com foco em sustentabilidade. Mora em Stuttgart, adora uma viagem, só ou bem acompanhada, regada a muito vinho. Acredita no casamento, desde que não seja sempre com o mesmo marido, já que está no terceiro, que foi coletando mundo afora! É uma das sócias da Kbsa Inovação Responsável, que ajuda empresas de moda brasileiras a atuarem no mercado internacional por meio da sustentabilidade. www.kbsa.com.br

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Eixo

Beijo seu queixo

estreito

esqueço

Me queixo

Me deixo

Te deixo

Meu eixo ta fora do teu

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz a curadoria e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza. Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing. e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

 

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De janela para janela

Romeu e Julieta que nada… Você está tentando dormir e começa a ouvir um diálogo entre prédios… De janela para janela…

Hey, como você chama?
Maria Luiza!
E você?
Paulo Henrique…
Paulo Henrique do que?
Me procura no Facebook…

Porque no mundo real é só atravessar a rua…

Michelle Felippe – Bela Urbana, professora por convicção e teimosa. Apaixonada por doces, cinema, poesia urbana e astrologia. Acredita que ainda vai aprender a levar a vida com a mesma leveza e impetuosidade das crianças.