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Falo do eu que é hoje…

Guardo aqui dentro todo mundo que já fui.
Entre as farpas.. Entre os medos..
Entremeados, todos, entre as vidas que acolhi, e “mortes” que escolhi me dar.
Somos, nesse lapso, o que a soma conseguiu resolver de nós.
E tudo bem não aceitar.
Só não muda nada.
Nem o tempo.

Sem qualquer equilíbrio, empilho tudo em frente ao espelho..
É manhã de quarta-feira.
Já foram tantas.. Já fomos tantos..
Já fui tanto.
O que ele não reflete, vidrado, me mostra o que perdi, enquanto me esquadrinha a verdade cruel do tempo: vencer, as vezes, é extinguir.

Falo do eu que é hoje.. Dos que não são.. De validade.. Tudo.
Vitória ou derrocada?
É um momento de pouca paixão, sobretudo autoral.
Mas todo respeito.

E ali, de volta, é esse próprio tempo quem me responde o aceno, rindo dos 2 pêlos brancos acesos no canto direito do bigode ainda preto, e da testa invadindo o telhado castanho mais desavergonhadamente pelo flanco esquerdo.
Já entendi.. Por igual, nem a velhice.
O caminho é mesmo muito mais tortuoso do que supôs minha inocência superada.

Ainda ali, retardado o tempo, me viu tentar, desesperadamente, não ceder aos caprichos de outros eus.
Outras eras, de outros “eras”.
Deixar me calçar os pés doloridos o que menos correu atrás de sonhos nossos, ou vestir meu sorriso desbotado o mais melancólico de nós.. Lágrimas, estranhamente mais livres, proibidas para o que mais conquistou, e até o silêncio, entalado, mudou-se de cada um que em mim foi grito, e canto, e voz.
Não hoje. Não, tempo.
Já conheço bem uma porção de equívocos para saber os que mais combinam com o meu dia.
Intercalar-me é tão certo quanto errar, só tenho prefirido inaugurar lambanças inéditas.

Olho o relógio aceso no celular a me dizer que é tarde para um tanto de vidas, e deixo a culpa bater a porta, guardando em casa meu cachorro e o tempo que não temos. Tudo embaralhado nas voltas da chave que não suspende o sonho.
Que não acende suspiros..
A rotina é feito doce diet para quem não pode o normal mas quer, e a gente segue fazendo o melhor que pode para iludir os prazeres e controlar as “glicoses”.
Meu tempo, meus temperos, né?
Ou o destempero total.

Na esquina da vida, entre a espera de ser e de vencer, vem o menino que queria ser feliz e, de um jeito meio destrambelhado, conseguiu, um pouco, em cada um que teve sua vez.
Não sem perder.. Não sem pesar..
Não sempre.. Mas muito.
E de verdade.
E se havia mesmo tão mais para ser menos, convém lembrar, em tempo, que há sorte, até mesmo, onde ainda não há gratidão.
Mas há tempo pra gente descobrir que aquilo que nos tornamos é vitória.
Dá tempo.

Escrito pelo pior poeta de nós todos, e que não faz a menor ideia do que está dizendo.

Bernardo Fernandes –  Um gêmeo canceriano, e um ingênuo que já passou dos 35 anos, nesse contínuo processo insano de se descobrir. Achou na Comunicação uma paixão e uma labuta, e vive nessa luta de existir além do resistir, fazendo diferente e diferença… Ser feliz de propósito, sabe? Sem se distrair desse propósito. E vai assim, escrevendo o que a alma escolhe dizer, tocando o que a viola resolve contar, fazendo festas com cachorros e amigos perdidos, e brincando de volei, de pique, e de ser feliz na aventura da sua viagem. Vai uma carona?

 

 

 

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