Posted on Leave a comment

O grão

Quem, de fato, somos?

De alguns meses para, nas conversas com amigos e pessoas conhecidas, fui me dando conta do quanto mais pessoas estão passando por período de transformação interna, por purificação involuntária que vai emergindo aquelas dores, perdas, conflitos, tristezas, medos que ficaram guardadas ou colocadas embaixo do tapete.

Numa noite que não me aguentava mais, sentindo as feridas emocionais e  me questionando o que poderia fazer de diferente, pedir ajuda para outras pessoas, outra terapias, enfim…..Nesta noite tive a intuição de abrir a página 368 do livro Yoshua, Palavra Nossa de Cada Dia, Vol. 14 com mensagens de Eurípedes Barsanulfo, Psicofonias Eliana dos Santos.

No dia seguinte li em um grupo de cura, e todos disseram que se sentiram acolhidos Em menos de três dias várias outras pessoas me falavam da mesma essência da mensagem de Barsanulfo. Muita sincronicidade.

Espero que esta mensagem toque o seu coração, o seu ser!

 

Grão

A nossa solidão, o nosso afastamento das realizações, em verdade é porque não queremos deixar que o grão morra. Nós precisamos aprender a perder um certo estado de coisas, perder nomes, ganhar outros nomes, não ficar tão prisioneiros do que somos, do que nos nominaram e disseram que somos.

Nós precisamos descobrir quem realmente somos, a nossa identidade espiritual, a nossa essência cósmica universalista, a nossa profunda liberdade. Esse é um dos quesitos, uma das consequências de espera: a liberdade!

Ó doce sabor! Doce sabor, o sabor da liberdade. Não nos vemos sendo tomados para si por nenhuma mão, nenhuma lógica, por nenhuma chantagem; somos seres de total e absoluta liberdade, estamos livres, somos livres.

Não encontraremos este estado d’alma, este estado do ser sem espera. O grão que morre e dá frutos e não fica só, em verdade espera, ele confia no que virá, confia que se transformará em haste verde, em caule, em tronco, folhagens, e flores e frutos. De alguma forma ele tem uma espera, ele é um expectador dele mesmo e exauriu o conhecimento enquanto semente.

Este é o final da nossa palavra, mas é importante a alma observar que essa angústia que sentimos de verdade é a tradução de um estado de coisas que já acabou, um estado de coisas que já não precisam mais existir, um estado de coisas que não é mais para ser. O grão precisa morrer para dar frutos. É quando nós esgotamos certas experiências e precisamos nos abrir para outros universos.

Wlamir Stervid – Trabalha como Coach Somático e desenvolvimento de Liderança. Um dos coautores do Livro Precisamos falar sobre relacionamentos abusivos aqui do Belas Urbanas e adora atividades com amigos e familiares na natureza como caminhada, pedalar, fogueira e por aí vai.
Posted on

Manifesto

PRIMEIRO, O PÃO. DEPOIS, O RESTO.

UM DIA DISSE MEU PAI:

“SEU CAMINHO É PELO CHÃO,

AQUI NÓS TEMOS CABRESTO.

MEU FILHO, CONQUISTE SEU PÃO

E SE ESQUEÇA DE TODO O RESTO”.

MAS, NÃO.

QUIS CONTRARIAR A RAZÃO,

INVENTAR UM CAMINHO A SEGUIR.

SEM ASAS, ME FIZ AVIÃO.

AOS POUCOS, COMECEI A CAIR.

PRIMEIRO,

COME-SE O PÃO,

BEBE-SE O VINHO… E A CERVEJA!

DESTRAVA-SE A COLUNA.

ALIVIA-SE A DOR.

PROTEGE-SE DO FRIO.

CONHECE-SE A EUROPA.

TIRAM-SE FOTOS

E AS EXIBEM PARA OS AMIGOS.

CORTA-SE O EXCESSO.

CORTA-SE O CABELO,

PINTAM-SE AS UNHAS.

ADQUIRE-SE CELULAR,

E DEPOIS OUTRO, MELHOR.

COLECIONAM-SE CANUDOS.

ESCOLHE-SE A CAPA DE UM LIVRO,

PARA OSTENTÁ-LO NA ESTANTE,

E PARA SERVIR DE POST.

GANHA-SE DINHEIRO,

COMPRAM-SE IMÓVEIS,

TROCA-SE DE CARRO,

CONQUISTA-SE STATUS,

E OFERECEM-SE FESTAS.

CUIDA-SE DOS FILHOS,

MIMAM-SE OS NETOS.

VAI-SE AO FUTEBOL E AO SAMBA.

VAI-SE À IGREJA, PERMUTAR COM DEUS,

E AO PAI-DE-SANTO (PARA GARANTIR).

VAI-SE AO ANALISTA,

AO MASSAGISTA,

AO PAISAGISTA, ESTETICISTA, OFTALMOLOGISTA…

IMPOSSÍVEL CONCLUIR A LISTA!

VAI-SE AO PSIQUIATRA, QUANDO TEM VAGA.

E, LÁ, GARANTE-O, COM SOBRA, O SEU GANHA-PÃO.

ADOTA-SE MAIS UM GATO,

LEVA-SE O CACHORRO PRA PASSEAR…

VERIFICA-SE O TEMPO, A DISPOSIÇÃO, A FINAL DO BIG BROTHER E AS POSTAGENS INTERESSANTES, SUBMERSAS NUM MAR DE TOLICES.

AÍ, SIM!

DEPOIS, E SÓ DEPOIS,

APRECIA-SE O INTOCÁVEL.

EIS A VERDADE BRUTAL. EIS A DEMANDA CARNAL.

POR TANTOS E TANTOS ANOS, PASSEI POR

ENSAIOS LONGOS.

POLTRONAS VAZIAS.

CENÁRIOS NO LOMBO.

DORES DORSAIS.

CONTAS QUE NÃO FECHAM.

DIRETORES INAPTOS HISTÉRICOS.

ATORES COM SEDE DE APLAUSO.

ATRIZES QUE FOGEM DE ENSAIO.

VAIDADES INCONTROLÁVEIS.

TOLOS QUE DIZEM AMAR

A ARTE QUE NUNCA FAZEM.

APRENDIZES QUE LOGO LHE ESQUECEM.

INSCRITOS QUE DESAPARECEM.

JOVENS QUE PEDEM DESCONTO.

EMPRESAS QUE PEDEM DE GRAÇA.

PLATEIAS QUE PEDEM RISADAS.

COLEGAS ROGANDO PRAGAS.

E EXPLORADORES DE PLANTÃO.

HORAS E HORAS DE PREPARO

PARA QUEM LHE DEIXA NA MÃO.

AFINAL DE CONTAS… PRIMEIRO, O PÃO!

EIS A VERDADE, AFINAL! EIS O QUE HOJE É NORMAL:

QUANDO SE SOBRA A VERSÃO

DE UM CENÁRIO SOMBRIO E FUNESTO,

TODOS GARANTEM O SEU PÃO.

NINGUÉM SE LEMBRA DO RESTO.

CANSADO DAS COISAS QUE “SÃO”,

NA GOELA, ESSE BOLO INDIGESTO,

AINDA NÃO ENCONTREI MEU PÃO,

MAS NUNCA DESISTIREI DO RESTO,

POIS É NA ENTRESSAFRA DO GRÃO,

QUE ATUA O EU-MANIFESTO.

QUEM SABE EM OUTRA ESTAÇÃO,

NUM MODO DE VIDA MODESTO,

À REGRA SE JUNTE A EXCEÇÃO

E O PÃO SE MISTURE COM O RESTO?

Por enquanto, assim é. Assim será. E desistir não é opção.

Edigar Contar – Belo Urbano, 53 anos, 36 deles dedicados às Artes Cênicas. Fundador da CPA, Contar Produções Artísticas, um espaço reservado à sensibilidade e ao desenvolvimento da linguagem artística.