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A vida cansa

Eu estou cansado, mas gosto quando sou anestesiado, mais um episódio do novo seriado, sobre um cara cansado que gosta de seriados. É triste esperar a morte chegar, sem algo que me faça perceber que a vida vai acabar.

As vírgulas estão no lugar errado? Já não me importo, tudo é passado, nada é pra sempre. O fim vai chegar, Deus há de se vingar, Deus precisa me ensinar a não falar o nome de Deus em vão.

Perdão!

Vão embora antes que eu comece a despejar as minhas mágoas imaginárias, nascidas de diálogos da temporada passada do seriado sobre um cara cansado. Eu tô cansado pra caralho, me sinto repetitivo, introspectivo, é sempre terça-feira, seja domingo ou segunda, tudo acontece, nada muda.

Muda de canal? Eu me sinto tão mal, com essas cenas irreais, eu já vi esse final, parece que eu sou o ator principal, esperando a morte, vivendo num espiral, o traje é casual, o trabalho é formal, o cansaço descomunal.

Ninguém sabe como me sinto, mas a minha dor é tão igual a de outros bilhões de atores principais, esperando o fim de suas vidas banais, nos achando reis, mas não somos nada mais que poeira interestelar, numa pequena esfera, vagando perdida no ínfimo e íntimo sistema solar.

Não cabe a mim julgar, mas será que minhas palavras podem viajar pelo infinito e alcançar o coração solitário de algum outro ser cansado do outro lado da imensidão que brilha na tela do seu celular?

Lucas Alberti Amaral – Belo urbanonascido em 08/11/87. Publicitário, tem uma página onde espalha pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias  www.facebook.com/quaseinedito  (curte lá!). Não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião, lua em Gêmeos com ascendente em Peixes e Netuno na casa 10. Por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.