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Mosaico de dois

Amor quero você agora!
Vem dividir comigo esses devaneios tolos que estão a me torturar!
Quero te jogar nesse chao de amor! Onde desenhei ingenuamente corações nesse chão de giz!
E por um triz…
Me faço de louca
Beijo tua boca!
Pego meu batom e gasto em seu corpo nu!
E desço dessa solidão…
que me tortura!
Te jogo no chao e gozamos com mais um cigarro!
E o cheiro do sexo selvagem fica em meu quarto como uma lembrança tua!
Porque você …
Cruelmente… foi embora!
No mais… foi embora!
Ainda ouço, em meu coração machucado, você me chamando de linda morena e eu experimento de sua boca com sabor de caldo de cana caiana!
Inesquecível!
Vem me desfrutar… de novo, meu nego!
Vem nessa pele macia…
Vem me me desfrutar, meu lindo moreno dos olhos de jaboticaba!
Vem dividir sua saliva doce em meu corpo!

Este poema é um mosaico feito de versos emprestados — uma fusão entre Chão de Giz e Morena Tropicana. 
Uma homenagem aos autores dessas obras: Chão de Giz, de Zé Ramalho, e Morena Tropicana, com letra de Alceu Valença e melodia de Vicente Barreto.

Alê Torres – Atriz voltada para a comédia, mas sua paixão é cantar.  Também ama teatrar! Verbo inexistente… mas com um significado enorme! O palco a encanta! Ama flores, chocolate e o amarelo, acha singelo o cantar de um pássaro! Gosta de brincar com as palavras e transformar em versos e poemas! Quase morreu na pandemia, mas foi forte e sobreviveu, perdeu sua família, mas está aqui para contar sua história.

 

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O passado de minhas pernas

Nas rua do bairro em que nasci
minhas pernas curtas
corriam com meninos,
minhas pernas curtas
corriam na queimada,
minhas pernas curtas
saltavam os bancos,
minhas pernas curtas
eram corajosas, não sentiam dor.

Agora, anos depois, ando pela rua
minhas pernas adultas
andam devagar para não cair.
Não me atrevo a saltar
tenho inveja da criança que corria
alegremente dentro de mim.

Vera Franco – Amo arte e poesia. Faz parte dos coletivos Coletivo Literário Dandaras somos Poesia e o Coletivo de mulheres mães Vulcana. A arte tem lhe renovado muito.
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O grão

Quem, de fato, somos?

De alguns meses para, nas conversas com amigos e pessoas conhecidas, fui me dando conta do quanto mais pessoas estão passando por período de transformação interna, por purificação involuntária que vai emergindo aquelas dores, perdas, conflitos, tristezas, medos que ficaram guardadas ou colocadas embaixo do tapete.

Numa noite que não me aguentava mais, sentindo as feridas emocionais e  me questionando o que poderia fazer de diferente, pedir ajuda para outras pessoas, outra terapias, enfim…..Nesta noite tive a intuição de abrir a página 368 do livro Yoshua, Palavra Nossa de Cada Dia, Vol. 14 com mensagens de Eurípedes Barsanulfo, Psicofonias Eliana dos Santos.

No dia seguinte li em um grupo de cura, e todos disseram que se sentiram acolhidos Em menos de três dias várias outras pessoas me falavam da mesma essência da mensagem de Barsanulfo. Muita sincronicidade.

Espero que esta mensagem toque o seu coração, o seu ser!

 

Grão

A nossa solidão, o nosso afastamento das realizações, em verdade é porque não queremos deixar que o grão morra. Nós precisamos aprender a perder um certo estado de coisas, perder nomes, ganhar outros nomes, não ficar tão prisioneiros do que somos, do que nos nominaram e disseram que somos.

Nós precisamos descobrir quem realmente somos, a nossa identidade espiritual, a nossa essência cósmica universalista, a nossa profunda liberdade. Esse é um dos quesitos, uma das consequências de espera: a liberdade!

Ó doce sabor! Doce sabor, o sabor da liberdade. Não nos vemos sendo tomados para si por nenhuma mão, nenhuma lógica, por nenhuma chantagem; somos seres de total e absoluta liberdade, estamos livres, somos livres.

Não encontraremos este estado d’alma, este estado do ser sem espera. O grão que morre e dá frutos e não fica só, em verdade espera, ele confia no que virá, confia que se transformará em haste verde, em caule, em tronco, folhagens, e flores e frutos. De alguma forma ele tem uma espera, ele é um expectador dele mesmo e exauriu o conhecimento enquanto semente.

Este é o final da nossa palavra, mas é importante a alma observar que essa angústia que sentimos de verdade é a tradução de um estado de coisas que já acabou, um estado de coisas que já não precisam mais existir, um estado de coisas que não é mais para ser. O grão precisa morrer para dar frutos. É quando nós esgotamos certas experiências e precisamos nos abrir para outros universos.

Wlamir Stervid – Trabalha como Coach Somático e desenvolvimento de Liderança. Um dos coautores do Livro Precisamos falar sobre relacionamentos abusivos aqui do Belas Urbanas e adora atividades com amigos e familiares na natureza como caminhada, pedalar, fogueira e por aí vai.
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Um caminho chamado existência

Em certo instante, tomada por um” sei lá”, deixei-me conduzir até um parque da cidade que há anos permanecia esquecido em minha memória. Caminhei devagar, permitindo que o olhar se demorasse em cada detalhe, até que me sentei em um banco silencioso. Então, um raio de sol, ao atravessar delicadamente as frestas entre as árvores, revelou-me um lago recém-descoberto aos meus olhos. Sobre suas águas, cisnes deslizavam em serenidade, deixando atrás de si pequenas ondas que faziam vibrar a própria vida.

O movimento da vida me conduziu a um passeio pelo parque. Caminhei lentamente, deixando que meus sentidos acolhessem o sopro do vento e o calor do sol. Subi, então, um morro coberto de verde, e lá do alto um novo parque se desvelou diante de meus olhos, como se sempre tivesse estado ali à minha espera. Como não o percebera antes?”

Uma brisa suave veio ao meu encontro, como mãos invisíveis a acariciar meus cabelos soltos, que dançavam livres ao sabor do vento. Baixei os olhos ao chão e senti que algo ainda me separava da inteireza daquele instante. Então, me recordei da passagem bíblica, quando Moisés diante da sarça ardente fica surpreendido pelo fogo que não a consumia, reconhecendo a sacralidade do lugar e, em reverência, descalçou os pés para tocar a terra com a nudez da alma.
Assim também me perguntei: não seria aquele chão, diante de mim, igualmente sagrado?”.

Assim aconteceu comigo: descalcei os sapatos e senti o contato direto da pele com a terra. Não havia mais separação — eu estava mergulhada no cenário. Diante de mim, novas perspectivas da vida se desvelavam como um horizonte nascente. Tudo parecia girar reacomodando-se em novas configurações; o tempo se dissolveu. Eu estava solta, finalmente livre para ser, e simplesmente ser.

Naquele lugar, escuto o canto dos pássaros, o sopro do vento, as batidas do meu próprio coração. Uma sinfonia se compõe, e sou atravessada por memórias de uma vida que se inicia e reinicia infinitas vezes, em múltiplas possibilidades. Ao olhar do alto da minha trajetória posso compreender que tudo foi necessário para que avançasse até aqui.

Passado, presente e futuro se enlaçam, e sinto-me conduzida de volta à fonte primeira da vida, sempre ali, silenciosa, aguardando a hora de transbordar. Meu solo, agora fértil, deseja espalhar sementes por outros campos — ainda que o impossível se insinue. Afinal, quem ousaria negar que, até nas fendas do chão mais árido, flores podem nascer?

Envolvida pela experiência, deixei o parque tomada por uma alegria serena, como se o mundo tivesse alargado seus horizontes. Agora compreendo: o caminhar caminha, e só se revela a mim quando volto os olhos e descubro as pegadas deixadas na areia. Para onde sigo, não sei. Apenas me abandono a essa luz que brota do meu próprio ser e, como um farol íntimo, aponta para o sol.

Envolvida pela experiencia saiu do parque com um sentimento de alegria, pois agora sei que o caminhar caminha e apenas posso percebê-lo, quando olho para trás e vejo as pegadas na área. Para onde vou não sei apenas sigo essa luz que de mim emana apontando para o sol.

Maria das Graças Guedes de Carvalho – Psicologa. Ama a vida e suas dádivas como ser mãe, cuidar de pessoas e visitar o mar.
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Ando assim…

Ando assim

Um pouco desleixada

Muitas vezes desarrumada

Descabelada? Sempre

Ando assim

Impaciente

Principalmente para discussões

Onde falta razão

E sobram egos

Ando assim

Faminta

De generosidade

De transparência

E ando tanto assim

Que já nem sei como é assado

Se ficou queimado

Se dá para servir

Se está gostoso

Sei que assim, sigo

Assim, respiro fundo

Assim, rezo

E assim, apesar do sim ou do não

Sigo firme.

Adriana Chebabi – Sócia-fundadora e editora-chefe do Belas Urbanas. Publicitária. Roteirista. Escritora. Uma contadora de histórias. Curiosa por natureza.  Uma sonhadora que realiza.  Acredita que podemos melhorar o mundo. Talvez ingênua, talvez não. Desafios a instigam. Ama viajar, estar na natureza e experimentar novos sabores. É do signo de Leão, não tem mais certeza do ascendente, mas sabe que no horóscopo chinês é Macaco.
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PAI

Ser
Ser o Super herói
O espelho
O brilho nos olhos
O sorriso
O orgulho
O novo
Ser a referência
Ou ser
O exemplo
A força
A criatividade
Ser o protetor
Professor
Amigo
Escritor
Fotógrafo
Apoio
Ser o abraço apertado
O médico
O cúmplice
O ombro amigo
Ser Pai herói
Botânico
Veterinário
Músico
Ser cobertor,
colchão, guardanapo e muitas  vezes travesseiro
Ser sem saber o certo e o incerto.
Mas acima de tudo estar presente em cada momento desta caminhada do meu filho,
Sendo Pai,
o Ser que sou.

Octavio D’Avila- Formado em Psicologia, terapeuta Ayurvedico. Quando nasceu seu filho, nasceu dentro dele um escritor que descreve detalhes da vida, captura momentos preciosos, momentos que muitas vezes passam despercebidos.
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As minhas dores

Movimento tão simples como sentar e levantar começa a se tornar pesado para idosos e principalmente pra quem tem mais de 1,92m. Os joelhos parecem que trava e querem ficar sentados ou em pé.

A academia diária é a forma mais simples de melhorar isso, fazendo musculação e séries de levantar e sentar. Tenha paciência.

Mas a dor principal está na saúde mental para aceitar as mudanças e fazer o futuro que você quer. Isso não é só para idosos é para vida toda deste a infância.

As minhas dores me ajudaram a crescer, rever o passado, viver o presente e fazer o futuro.

Na semana dos pais talvez uma dor minha foi nunca ter jogado futebol ao lado do meu pai, mas ele rolou a bola pra eu fazer os gols da minha vida.

Feliz dias dos pais!

Antônio Pompílio Júnior – Graduado em Análise de sistemas pela PUC de Campinas . Pós-graduado em Gestão de Empresas pela UNICAMP e FGV. Adora esportes, viagens e depois de 40 anos de trabalhos em TI está aposentado curtindo a vida. “Aquele que não luta para o futuro que quer terá que aceitar o futuro que vier”.
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Tempo

Tempo
Que tempo?
Ele se dissolve como areia fina no vento.
Escorrega,
flutua,
voa como a flor-dente-de-leão ao assoprar.
Ontem, hoje, amanhã… ninguém sabe.
Tempo ninguém pega, mas que dá uma vontade de segurar,
apertar,
rebobinar,
pular,
lembrar e esquecer,
sorrir e chorar,
abrir os olhos ou fechar e gritar: volteeeee!

Octavio D’Avila- Formado em Psicologia, terapeuta Ayurvedico. Quando nasceu seu filho, nasceu dentro dele um escritor que descreve detalhes da vida, captura momentos preciosos, momentos que muitas vezes passam despercebidos.
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A esquina depressiva

Ao amanhecer geralmente penso como irei atravessar o dia, como se ele fosse exatamente uma rua disponível para mim, com todas as situações que se desmembram quando estamos caminhando em uma calçada. E o que não me impede de refletir trocando as palavras grafitadas por outras que recaiam sobre meu colocar.

Bem, estive fora de minha liturgia diária por vários motivos e vou salientar com palavras, exatamente como me senti. Não sou uma pessoa depressiva, mas sofro assim como o fosse. VAMOS FALAR DE AMOR E CAMINHAR COMIGO?

Amanhece e eu tomo rumo e venho para a calçada, que me aguardam vocês que aceitaram meu convite de viagem na esperança de me pontuar os limites de ultrapassagens. A calçada me parece longa e cheia de obstáculos, mas vamos indo e eis que a “ESQUINA” se aproxima e eu não sinto vontade de chegar até ela.

Temo e me acho sem forças, isso talvez seja o receio de transpor o novo que pode ser um abismo, um novo conhecer sempre nos afeta e nos trai as possibilidades de avançar para um novo caminho. E pode sem dúvida nos atrair para uma vida mais coerente… mais precisa e mais envolvente. E vocês que aceitaram esse momento de minha vivência precisam sentir o que sinto… Respirem e se deixem inebriar com a mensagem de que temos que usufruir de nossos passos marcados de forma fluente na calçada que transitamos. Vamos sentir os obstáculos como se fosse os mais intensos atributos que irão facilitar a nossa coragem, de nos dar maior prazer em conquistar novos horizontes.

Podem participar e falar de sua coragem perdida. É amigos, a depressão da calçada nos revela que as investidas para a sintonia com a “ESQUINA” de nossas vidas somente se revela comprometedora, quando nos arrependemos de termos amanhecido e viajado pela calçada ao encontro do desconhecido. Meus amigos vamos voltar? Por hoje chega esse arrombar de promessas. Amanhã em amanhecendo voltarei para a calçada prometida e com certeza alcançarei mais uma “ESQUINA” de minha vida!  “REFLITAM, PERCEBAM” as paulatinas e fortes conjecturas que permeiam o tilintar das campainhas que muitas vezes temos que pedir socorro.

E sentir a fé nada corrompida com o nosso devorador de sonhos, que se situa dentro de nossa mente carente. E que sem pensar transfere os nossos pensares para as sensações que investem na coligação com os nossos sentimentos! AVANTE… E podem se tranquilizar… TODOS NÓS TEMOS UMA CALÇADA PARTICULAR QUE LONGE DE MIM, PODE TER UMA ESQUINA DEPRESSIVA!

Joana d’Arc Neves de Paula – Educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
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Chapéus

Primeiro foi o boné, verde-escuro, com a aba para frente. Enjoei, quis mudar, virei, aba para as costas.

Caminhei, cansei, hum, chapéu de palha, rústico… diferente, troquei. Mas, depois de um tempo, não combinava com a urbanidade que me rodeava e onde eu estava inserida. Passei para frente em um farol.

Um gorro de inverno, preto, para combinar com tudo, principalmente para me aquecer naquele show no estádio, na plateia, no chão. Show dançante tem que ser no chão. Me aqueceu… dancei…

Achei melhor algo meio alternativo para o verão, uma viseira. Tentei, mas não gosto de viseira. Deixei ali, na piscina, e caí fora.

Busquei um chapéu coco, esse lado teatral que vive em mim. Compartilhamos muitos momentos. Brincar de Charles Chaplin tupiniquim foi divertido um tempo, mas depois sentia necessidade de algo mais sério.

Me apaixonei por um panamá, tinha aquele charme irresistível. Paixão louca. Louca paixão. Não desgrudava dele, fiquei com ele muitos anos, mas o charme no uso direto foi indo embora. Eu nem percebi a decadência diária, só que um dia olhei e não dava mais para andar com ele. Me despedi e fui embora.

Um tempo com os cabelos ao vento, só sentindo o vento, na cidade, na praia e na montanha. E não é que lá, meus olhos brilharam por um chapéu cowboy? Aba larga… Copa alta… Quem diria que eu ia gostar? E olha que gostei.

Pois é, a vida é assim, cheia de chapéus. Troco quando quero, quando cansa, quando mudo o estilo, mas não mudo a essência. E o que vale é não se sabotar, e sim, experimentar.

Top, top, topo.

Adriana Chebabi – Sócia-fundadora e editora-chefe do Belas Urbanas. Publicitária. Roteirista. Escritora. Uma contadora de histórias. Curiosa por natureza.  Uma sonhadora que realiza.  Acredita que podemos melhorar o mundo. Talvez ingênua, talvez não. Desafios a instigam. Ama viajar, estar na natureza e experimentar novos sabores. É do signo de Leão, não tem mais certeza do ascendente, mas sabe que no horóscopo chinês é Macaco.