Posted on 2 Comments

QUEM NUNCA?

A flecha de Chronos aponta apenas para uma direção, e nos conduz ao novo.
Kairòs, por sua vez, quando se manifesta é incontrolável, e nos mantém presos e impelidos à repetição.
A interação de ambos nos leva ao movimento e à estabilidade.
O crescimento advém das experiências de perdas e ganhos decorrentes destes estados.

 

“Me senti um peixe fora d’água”. Quem nunca? Eu, muitas vezes.

Final da década de 70, cidade pequena do interior, adolescência repleta de primos e amigos desde sempre, frequentemente nos reuníamos na praça a noitinha. Vez ou outra, alguém aparecia com um violão, naturalmente se formava uma dupla (primeira e segunda voz) e por horas se entoava os sucessos das duplas sertanejas da época: João Mineiro e Marciano, Matogrosso e Matias, Milionário e José Rico e muitos outros. Eu, além de desafinado, nunca gostei de músicas sertanejas. Minhas músicas prediletas vinham das rádios que tocavam, exclusivamente, os grandes sucessos nos Estados Unidos. Nessa época, não só ouvia as bandas americanas e inglesas que haviam surgido nos últimos anos, como passava madrugadas com os dedos nas teclas REC e PAUSE, e o ouvido colado ao aparelho para disparar a gravação antes dos primeiros acordes, e interrompê-la antes dos comerciais. Eram raras as madrugadas que não dormia frustrado, por soltar REC atrasado e perder a introdução de uma música do Queen, Pink Floyd, ou Led Zeppelin, ou ainda, por não ter apertado PAUSE antes do comercial, no final de Hotel California, ou outra música que estava no auge no momento.

Na década de 80 entrei na universidade, fiz novas amizades e ampliei minhas preferências musicais para além do Rock, com MPB e Blues. Voltei a me sentir um peixe fora d’água em diversas outras situações. As vezes é difícil ser a gente mesmo, mas, voltando no tempo, quem nunca ouviu a famosa frase dita pelas nossas mães — “VOCÊ NÃO É TODO MUNDO”. Um balde de água fria para aquela empolgação de fazer algo interessante com a turma, claro! Mas, talvez, mesmo a contragosto, são através dessas privações que aprendemos a seguir nossos caminhos, a valorizar nossas escolhas, em detrimento dos olhares e aprovações dos outros. O tempo e a idade ajudam a perceber o quanto é interessante estar a margem, não “ter que” para certas coisas e situações que não passam de convenções culturais de uma época e/ou lugar.

Júlio da Silva Junior – Nasceu e cresceu no interior do Estado de São Paulo. Psicólogo, Terapeuta Familiar,  Psicanalista, Escritor e Viajante. Tem, na trajetória acadêmica e profissional, interesse particular pela cultura patriarcal sua história e desenvolvimento, tema que deu vida aos personagens de ERA UMA VEZ NO INTERIOR, ESTÓRIAS NÃO CONTADAS, seu primeiro livro. E na vida pessoal,  por outros lugares, países, povos, hábitos, costumes, línguas e comidas, tendo visitado, até o momento 46 países.
Posted on 12 Comments

A IDADE DA MULHER

AS 3 IDADES DA MULHER -KLIMT (2)

Era uma manhã de sábado! No caminho para a feira encontro uma conhecida que me diz: “De shorts??? Moderninha, hein?”

Como de costume, parei para pensar no que eu estava errando… Mas claro que o erro não era meu!

Na hora do almoço, a tia, no auge de seus 80 me diz: “Não queira ficar velha… É muito ruim!” e eu, horrorizada, respondo: “Se der tudo certo, ficarei velha sim, pois a única outra opção não me atrai muito…”

Então parei para refletir sobre idade, especialmente a idade da mulher!

Ainda tenho idade para andar de shorts? Calça jeans, saia curta?

Mantenho cabelo comprido, corto seguindo tendência ou acredito que cabelo curto rejuvenesce? Pinto? Estico? Assumo os grisalhos e ondulados? Plástica, botox, preenchimento, dietas?

Muitas dúvidas na vida de uma jovem de quase 52…

E como encarar o desafio no país líder de lipoaspiração e plástica? Onde silicone virou tão banal quanto colocar um brinco e é possível aplicar hidrogel logo ali na esquina?

Na verdade, simplicidade é a palavra-chave, pelo menos para mim.

Quero esclarecer que sou extremamente vaidosa e não tenho por hábito sair sem uma boa maquiagem e um cabelo arrumado.

Desde a mais tenra idade aprendi a investir em qualidade de vida para investir no visual… Investir em uma boa alimentação, equilibrada, com direito a excessos, para não deixar de ser divertido. Investir em protetor solar e cremes, não os mais caros, nem os últimos lançamentos, apenas manter a pele hidratada e bem cuidada. Investir em água – recentemente comprei um filtro de barro, daqueles de antigamente, bem baratinho, e descobri que a água fica com gosto e frescor divinos. Investir em exercícios físicos, não ficar parada… Investir em sonhos!

Mudar de ideia e opinião! Mudar até de carreira, se for o caso! Quantas vezes for necessário! Parafraseando Raul: Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter opinião formada sobre tudo!

Ter bom humor é fundamental! Assim como se adaptar fisicamente aos desafios que surgem…

Quando ouço “Mas você não parece ter a idade que tem!” é claro que fico envaidecida, mas me pergunto, qual é a minha idade?

Vivi a experiência dolorosa e doce de me tornar madura, criei filhos maravilhosos, perdi entes queridos, arregacei as mangas quando a situação exigia, e agora, quando a vida está me dando a oportunidade de curtir marido e arte, posso dizer que “na minha época…” ainda é um tempo presente…

Pretendo continuar vestindo shorts e calça jeans enquanto eu e meu espelho gostarmos, não para me sentir mais jovem, apenas para ser eu mesma, sem idade definida, Forever Young!

FOTO PERFIL Synnove

Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês, com ênfase em Negócios. Nascida na Finlândia, mora no Brasil desde os 7 anos e vive atualmente em Campinas com o marido, com quem tem uma empresa de construção civil. Tem 3 filhos e 2 netas. Desde 2011 dedica-se às artes e afins em tempo quase integral – pois é preciso trabalhar para pagar as custas de ser artista – participando de exposições individuais e coletivas, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros.É do signo de Touro e no horóscopo chinês é do signo do Coelho. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de vida.
 
OBS.: O quadro acima: As 3 idades da mulher/ de Klimt.
Posted on 1 Comment

Superar a barreira da acomodação

Fazer academia e dieta me pareceu uma boa ideia, mas para isso eu deveria superar a barreira da acomodação e deixar o “estilo gordo de ser” para trás.

Meus exames mostram, na atual e tenra idade de 42 anos, um colesterol um pouco alto e a possibilidade de convencer os outros índices do meu corpo a acompanhar sua viagem rumo ao topo. Sinal de alerta, bronca do médico e a principal preocupação: Sou jovem, ainda não me casei e nem tenho filhos. Preciso mudar.

Fiz minha inscrição em uma academia e, apesar de já ter sido muita coisa – faixa preta de karatê, nadador, atleta, sarado, bonitão, etc – eu sou o próprio tio sedentário e em forma de coxinha recheada de queijo com frango..huumm..e acompanhada de uma cerveja gelada, uma pimenta e……não, calma, foco..vamos voltar a academia. Bom, feita a matrícula era hora de passar pela humilhante avaliação.

Aqui cabe uma observação. Se você está, assim como eu, há muito tempo sem praticar qualquer atividade física que não seja abrir a geladeira, jogar bolinha para o cão correr, e não você, usar as pernas para sentar e levantar do sofá e para ir pagar e receber o entregador de pizza na porta de casa, então você vai ser massacrado sem piedade e nem dó na avaliação.

Bom, descobri que o peso na balança é pura mentira. O que vale é a tal “taxa de gordura” e a minha está em 32%, ou seja, 32% dos meus quilos são de pura pururuca e panceta, e por falar em panceta, a minha barriga já foi promovida a pança há muito tempo.

O resultado da avaliação foi que eu sou obeso classe II,  que flexibilidade já não me pertence mais e que se eu tiver que correr atrás de uma criança de 2 anos por mais de 20 metros posso ter um infarto. Começo a treinar semana que vem e contarei para vocês o meu progresso.

foto Daniel

Daniel Ribeiro – tem 42 anos é publicitário há 22 anos, trabalha na Modo Comunicação e Marketing,  é  faixa preta de Karatê, ex-nadador e ex-magro. Escritor nas horas vagas, empreendedor e focado em seu maior projeto, voltar a ser magro.