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Reflexão de criação – Canvas branco.

Parece não ter nada, mas pra quem trabalha com criação na verdade é aí, no canvas branco que temos tudo. O paradoxo diário entre o nada aparente e o tudo de possibilidades, ideias, objetivos, esforço, dedicação, inspiração, transpiração, exposição, alegria, medo, erros e acertos. Nasci querendo ser artista, e entre tintas e canetinhas fui parar em agência, webcompany, produtora, agência de novo… e o canvas branco sempre, sempre esteve e está por aí. Tem dias que esse tudo do nada dá uma ansiedade, outros momentos uma euforia, e as vezes dá medo também… seja pra fazer algo pessoal ou uma campanha… transformar as ideias que estão no ar ou em você em algo palpável e que se comunique com os outros é todo dia um desafio diferente… precisamos pegar um pouquinho de alma pra dar a liga e fazer a coisa aparecer nesse canvas… Portanto trabalhar com criação é estar sujeito a se sentir pessoalmente rejeitado a cada tudo não aceito… Mas o estranho mesmo, é que quem nasceu pra isso, não sabe viver de outra maneira, entre aceitações e rejeições, entre glórias e outras nem tanto, entre o amor e o ódio… entre o tudo e o nada nós nos tornamos o próprio canvas… e nele vamos desenhando nossa história.

Juh Leidl

 Juh Leidl – Bela urbana, artista, designer, publicitária e eterna amante da moda. Divide seu tempo entre as criações na Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br e exposições pelo mundo como membro da Ward-Nasse Gallery | SoHo – NY www.wardnasse.com/Juh_Leidl.php
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Me reinventar?

Já tinha quarenta e alguns anos quando me olhei no espelho um dia e vi uma Carla diferente. Não eram os cabelos brancos, o bigode chinês profundo ou a maturidade em todos os sentidos me batendo na cara. Era, sim, uma mulher com uma filha adulta de quase 20 anos de idade que tinha acabado de sair de casa, um casamento praticamente da mesma idade e um emprego recém-largado também batendo na casa dos vinte.

Me assustei. Mas como sou uma mulher de decisões rápidas, pensei logo nas minhas alternativas. Me entregar à Síndrome do Ninho Vazio, deixar a rotina engolir mais ainda o meu casamento, aprender a costurar pra fora (nunca daria certo…rs) ou me reinventar?

Adivinha? Sim, foi nessa de querer, de novo, descobrir o mundo e conhecer mais sobre a vida que fui parar em São Paulo em um curso de especialização em Marketing Digital. A escola ficava na Vila Madalena e eu fiquei completamente apaixonada pelo bairro. Pra começar os nomes das ruas: Harmonia, Purpurina, Simpatia – achei que todas eram a minha cara!

Um dia resolvi ficar em São Paulo. Mas aonde? Com a grana curta, não queria encarar um hotel. Eu queria mesmo era uma aventura, segundo o meu marido. E assim me hospedei pela primeira vez em um albergue.

Hoje eles têm outro nome, chique: hostel. O que escolhi, Giramondo Hostel (https://www.giramondohostel.com.br/) é um simpático e acolhedor sobrado na rua Girassol administrado pelo queridíssimo Sandro Souza (https://www.facebook.com/sandro.souza.7503). E que hoje bomba por causa do Jazz no Hostel, evento que reúne boa música e comida com preço para ninguém reclamar.

Foto post Carla B

Entrei disposta, mas cheia de preconceito. Pensei que os hóspedes eram todos mochileiros e que estavam por ali só de passagem. Quebrei a cara, logo de cara! Alguns são viajantes, outros acabaram de chegar para procurar emprego e uma nova casa. E a maioria, pelo menos no Giramondo, se hospeda lá porque trabalha em São Paulo durante a semana e no final dela volta para casa em outra cidade. E porque a maioria trabalha, o silêncio tem que reinar por ali depois de uma determinada hora. Outra lição aprendida, hostel tem regra em cada cômodo que você vai. E em três línguas para ninguém se fazer de desentendido.

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Aí você deve estar pensando: nossa, que chatice. Cadê a graça então? Ela está dentro dos quartos e só quem morou numa república no tempo de estudante universitário sabe do que eu estou falando. É uma zona deliciosa. O quarto que fiquei tinha dois beliches, como era o meu no apartamento que dividi com algumas amigas logo que cheguei a Campinas. E a bagunça… até hoje eu fico boba em ver como quatro ou mais mulheres juntas conseguem trazer o caos para um lugar. Roupas penduradas em todo o canto, malas espalhadas pelo quarto, garrafas de água vazias aqui e ali, camas quase nunca arrumadas.

foto 9 Carla

E nessa de dividir espaços apertados e sem estrutura nenhuma para o mínimo de organização eu voltei a ter vinte e poucos anos. Conheci duas pessoas incríveis que hoje se tornaram minhas amigas, Patito e Poly.

foto post Carla B 08

E me lembrei de outras duas lindas mais incríveis ainda e que até hoje não tem dia que não me lembre delas. Kátia e Valéria, eu amo vocês. Vamos fazer uma noite de República, como antigamente? Só que dessa vez com espumante. Afinal de contas, nós crescemos. Poderosas, sempre fomos!

foto (5) Carla, Valeria e Turka

Carla Bravo – Jornalista, atriz, apresentadora, locutora, dubladora, roteirista, mestre de cerimônias, assessora de imprensa e tudo mais o que uma comunicadora sabe ser. Ah, otimista sempre. E sonhadora. 
 

 

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Se dê um tempo

Já ouviu falar em ano sabático? Se respondeu sim, por acaso pensou em ter um período de descanso só seu? Não estou falando em férias de trabalho, e sim, algo mais longo. Dar um tempo no trabalho e somente realizar outras coisas que te dêem também prazer, como viajar, se exercitar, estudar no seu próprio país ou apostar em um curso no exterior, ler alguns livros que estão há anos esperando na estante… ou simplesmente não fazer nada e descansar!

Você pode pensar: – Será que posso? Não vão me taxar de um monte de coisas ruins, como preguiçosa, folgada ou encostada por querer me dar esse tempo? A resposta você acaba de dar sem perceber. Você que deve decidir, pesando prós e contras.

Dá mesma forma que batalhamos para conseguirmos nos firmar em carreiras de sucesso, alcançar altos postos de trabalho, também devemos ser corajosas para decidir cuidarmos da mente, corpo e alma.

O primeiro passo é se programar. Esse é o melhor caminho para que possa desfrutar de forma tranquila seu ano sabático. Procurar saber se é possível se afastar da empresa por um determinado tempo sem remuneração e para isso é preciso que faça uma reserva financeira para que possa usufruir sem apertos os dias de auto conhecimento.

Caso fique receosa, procure deixar as portas abertas para voltar ao seu emprego! Em muitos casos esse pode ser um momento para refletir se o que faz é realmente o que quer continuar fazendo ou se quer dar uma reviravolta na sua vida profissional.

O melhor é se jogar. Sorrir para a vida que te abre as portas e criar suas próprias oportunidades de oferecer o melhor de você para você mesma. Viva cada segundo porque a vida passa rapidamente. Seja feliz.
foto-renata-divulgação-(b)-rssss - Renata

Renata Della Volpe – Jornalista e publicitária. Amante dos esportes ao ar livre, curte viajar e ler um bom livro. Viciada em séries de televisão. Adepta da filosofia faça aquilo que gosta e não terá de trabalhar um único dia na sua vida.

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Um destino mais que turístico

bandeira de Portugal

Portugal é, ou deveria ser, mais do que um destino turístico para os brasileiros. É o reencontro com uma parcela importante de nossa herança histórica e cultural, que nos ajuda a entender e aprender mais sobre nós mesmos e nosso próprio país.

Talvez seja devido a que moro fora do Brasil – na Dinamarca, um país geografica e culturamente bem distante da minha terra natal – o fato de me sentir tão em casa quando estou em Portugal. Estive lá quatro vezes, duas a passeio, e duas a trabalho; todas as vezes em Lisboa e arredores. E cada vez me identifico mais e me dá mais vontade de voltar, seja para os mesmos lugares, seja para outras partes ainda não visitadas.

Uma cidade predominantemente ensolarada, tendo o rio Tejo como espelho, Lisboa guarda pequenos tesouros entre suas ladeiras estreitas, em lojinhas de quinquilharias que parecem ter parado no tempo, nas casinhas amontoadas, com varais que dão para a rua, nos azulejos das fachadas… Cada cantinho tem algo de pitoresco e revelador das semelhanças entre eles e nós.

Isto sem falar das vistas maravilhosas que se tem, por exemplo, do Castelo de São Jorge ou dos miradouros no Bairro Alto e do Elevador de Santa Justa, além da simpática região ribeirinha, onde se encontram o monumento aos navegantes, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos, circuito obrigatório para qualquer visitante.

E as comidinhas, então? A variedade de pratos com peixes e frutos do mar, a infinidade de docinhos regionais com os nomes mais inusitados, como lampreia de ovos, cavacas das Caldas, fofos de Belas, trouxas da Malveira, queijadas de Sintra, os famosos pastéis de Belém, ou ainda os tradicionais caldo verde e pão com chouriço, são “de comer e chorar por mais”, para usar uma expressão bem portuguesa.

Aliás, para quem gosta de idiomas, decifrar a língua portuguesa deles é uma atração à parte.

Embora seja possível entender quase tudo, há sempre umas palavrinhas ou expressões desconhecidas, ou que soam engracadas para os ouvidos brasileiros, como ‘pequeno almoço’ para café-da-manhã; ‘pastilha elástica’ para goma de mascar, ‘comboio’ para trem, ‘telemóvel’ para celular, ‘equipa’ para time, e por aí vai… Uma vez, numas das minhas viagens de trabalho, uma colega portuguesa me contou que seu filho tinha ‘magoado’ o pé, jogando futebol. E na mesma ocasião, ela me comentou que tinha visto um ‘carro a arder’ no trecho da rodovia por onde passávamos naquele momento. Convenhamos, um carro ‘a arder’ soa muito mais poético que um carro ‘pegando fogo’; é como se tivesse sido extraído de um livro de Eça de Queirós.

Falar no autor de Os Maias me fez pensar em Sintra, onde a trama do romance foi parcialmente ambientada. Patrimônio cultural da humanidade pela Unesco, Sintra é um destino imperdível, situado numa região montanhosa nos arredores de Lisboa, com paisagens belíssimas. Entre seus vários edifícios monumentais está o Palácio da Pena, “o mais completo e notável exemplar da arquitetura portuguesa do Romantismo,” segundo um site de turismo português.

Então, depois de visitar Sintra, vale a pena rodar mais um pouquinho, direção sul, e ir até o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa continental. Dali, pode-se admirar o Atlântico e vislumbrar a posição geográfica privilegiada de Portugal, de braços abertos para o mar, o único caminho possível para a expansão do pequeno país na época dos descobrimentos, quando sua história de grandeza foi escrita, mudando também os rumos da nossa história para sempre.

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Miriam Moraes Bengtsson – É formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP e possui mestrado em Comunicação e Inglês pela Universidade de Roskilde, na Dinamarca. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação. Natural de Garca, SP, vive atualmente em Copenhague, Dinamarca, com marido e dois filhos, e trabalha com comunicação digital e branding em empresa da área farmacêutica. Em seu tempo livre, gosta de praticar esportes, viajar e estar com família e amigos. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de viagem.
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A árvore, o tempo e ela.

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No meio da correria daquele dia, ela sempre estava correndo, contando o tempo para não perdê-lo. Sempre pensando no depois, se preocupava com tudo, para não faltar para ninguém que amava, mas naquele dia resolveu mudar o caminho…

O caminho no meio da tarde corrida.

Ela evitava passar por ali, a dor ainda era grande, mesmo depois de alguns anos. Fugia daquele percurso, mas ontem não, entrou naquela rua, parou na frente da casa que não existia mais – ela já sabia –, mas desta vez estava sem os portões.

Olhou o terreno de dentro do seu carro, caía uma chuva fina e o dia estava cinza. A árvore continuava firme, linda, no fundo do terreno.

Tão contida era ela, mas ali não se conteve, saiu do carro, pediu para o moço que limpava o terreno do lado – que agora eram um só – se podia ir até a árvore.

Andou devagar, o salto afundava na lama, aquela cena era incomum, ela sabia, cenas únicas, vividas em câmera lenta. Ela era a protagonista e naquele momento não quis saber do próximo instante, esqueceu de contar o tempo, esqueceu do que iria preparar para o jantar, dos óculos que tinha que levar para arrumar, do horário que marcou com a gerente. Só fez o trajeto devagar, sabia que era raro.

Chegou na árvore que continuava viva, rica, nascendo frutos. Encostou sua mão, fez uma prece. Chorou, de saudade, de emoção, nostálgica de algo que não existe mais. A árvore permaneceu, continuava forte. Os frutos estavam brotando, que emoção ver aquilo. Arrancou um galho, foi embora devagar, iria plantar.

O chuvisco bem fraquinho continuava, o moço, intrigado, perguntou:

– Acerola?

Ela olhou com lágrimas que teimavam em cair e só conseguiu dizer:

– Obrigada.

Entrou no seu carro, colocou o galho no banco do passageiro, respirou fundo, ligou o para-brisa.

Acelerou para o banco, tinha que pegar seu novo cartão, de novo voltou a pensar no que fazer para o jantar e em tudo que ainda tinha que fazer, mas o salto alto com terra denunciava algo sui generis.

Entendeu o tempo de uma forma muito clara, e ali, naquele instante, com aquela consciência, cara a cara com o singular, descobriu e entendeu o que significa quando dizem que novos dias nascem.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.

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NOME DE COR DE ESMALTE

Cara, eu me irrito muito com esse assunto, não que eu deveria, aloca, né?
É sério, nome de cor de esmalte é uma coisa muito surreal. Eu não entendo porra nenhuma, “azulejo português”, as mulheres já falam “é azul” e elas falam como se fosse óbvio, como se fizesse sentido, mas fazer sentido e ser mulher, é algo que também não condiz muito, mas isso é assunto pra uma próxima “opportunity” (palavra essa que já daria um bom nome para esmalte).
– “Opportunity” o esmalte da mulher moderna, (insira aqui a cor verdadeira).

Eu tenho a impressão de que quem cria os nomes, tá tirando um barato com a nossa cara, mas o pior, ou o melhor, não sei, é que as mulheres sabem qual é a cor, qual a tonalidade o porquê foi chamado assim, talvez por isso só homens sejam daltônicos. Eu me sinto, o cara mais babaca do mundo.

Um dia minha namorada estava fazendo a unha e disse: – Amor, me passa o esmalte aí.

Eu: – Qual Amor?

Ela: – O rosa? (tinham 3 esmaltes do meu lado, os 3 eram “rosa”)!
Eu: – Qual rosa, Amor? O claro, o mais claro ou o rosa?
Ela:– É o rosa bracelete! 
Rosa bracelete? EU TIVE QUE LER A PORRA DO ROTULO. Era tudo rosa. Às vezes eu acho que ela faz de propósito, tipo: “hoje ele vai ver, vou fazer ele de idiota só com cores de esmalte muahahahah”.

Sério mano, tem um esmalte que chama: “entardecer” jura? Entardecer? Isso não é cor, porra! Tipo o entardecer em Osasco é cinza! Em um lugar mais “normal” é laranja, talvez! A gente não sabe a cor do entardecer, essa porra depende de Deus! Ninguém chega numa loja de carro e fala: “Por favor, eu quero um Gol, ar, direção e na cor entardecer!” Essa merda não existe, é vermelho, é laranja, azul!

Gabriela, mano, eles dão nome de gente para esmalte, tem um que se chama Gabriela! Gabriela é uma pessoa, irmão, não é cor não! É de um ser humano que estamos falando, ok? A Gabriela não pode ser da cor que ela quiser? O sistema vai ficar oprimindo a gente assim? Teremos que ser vermelho? Mas até que nesse caso eles poderiam segmentar mercado, por exemplo:

– Quero um esmalte Gabriela Asiática, opa esse é amarelo e mais barato, veio da china, talvez seu dedo caia, mas nesse caso a gente pode passar um Gabriela Afeganistão, o que acha? Esse é vermelho sangue e o vidrinho é menor, porque aqui, às vezes o pessoal acaba perdendo uma mão, um dedinho, sabe como é!

– Ah, mas vem com uma bolsa dinamite de brinde que SUPER combina com seus olhos!

– A-M-E-I-! A-M-I-G-A. Me diz, dinamite é uma cor nova?

– Não QUERIDA é a bomba mesmo.

– Que isso amiga, um isqueiro?

Imagina na loja?

– Por favor, me vê um Gabriela Osasco, é esse meio encardido, sabe? parece fumaça!

– A gente ia chamar de Vermelho Câncer, mas o pessoal do Marketing não gostou muito da ideia!

 Vou comentar sobre alguns nomes que pesquisei:

“Ha ha ha”, esse é a prova que eles estão rindo da SUA cara.

“Deixa beijar”, sem comentários.

“Capadócia”, aula de geografia nessa porra, agora?

E o mais sem noção que eu já vi “Azulcrination” ah meu, vai procurar um emprego de verdade, ler um edital de concurso, carpir um terreno…

Eu acho que criar os nomes de esmalte é tipo um estágio pra um dia se tornar o cara que elabora o nome das Operações Especiais da Policia Federal, tipo: “Operação Anaconda”, Operação Praga do Egito (também conhecida como Operação Gafanhoto). Como eles chegam a esses nomes?

– Vamos pensar, vamos pensar, que tal “Manjar de Tapioca”?

– Porra esse é bom, hein? Mas, acho que fica melhor pra esmalte, anota ai que eu vou mandar pro pessoal da Risquè!

Não, sério. Eu imagino, os caras fazendo uma reunião só para decidir o nome das operações, enquanto isso, os policiais com as armas na mão, na porta da casa dos FDP pronto pra invadir falando assim:

– Chefe, tamô aqui já, pode entrar?

– Não segura ai, porra! Precisa definir o nome da Operação ainda, a gente tá entre Anaconda e Jararaca, melhor Anaconda porque se não minha sogra vai achar que é indireta pra ela, INVADE ESSA PORRA QUE EU VOU CHAMAR A IMPRENSA PRA FALAR DA OPERAÇÃO ANACONDA!

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Lucas Alberti Amaral – nascido em novembro de 1987, vem há 27 anos distribuindo muito mau humor, tentando matar a fome e fazendo comentários desnecessários sobre tudo.

Formado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela METROCAMP, trabalha na área há 5 anos, tem um blog onde espalha ideias e pensamentos materializados em textos curtos e tentativas de poesias, acesse e confira: https://quaseinedito.wordpress.com/. Concilia a dura missão de morar em Campinas – SP (cidade onde nasceu) e trabalhar em Barueri-SP, não acredita em horóscopo, mas é de Escorpião com ascendente em Sagitário e lua de Saturno em Leão e por fim odeia falar de si mesmo na terceira pessoa.​

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A IDADE DA MULHER

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Era uma manhã de sábado! No caminho para a feira encontro uma conhecida que me diz: “De shorts??? Moderninha, hein?”

Como de costume, parei para pensar no que eu estava errando… Mas claro que o erro não era meu!

Na hora do almoço, a tia, no auge de seus 80 me diz: “Não queira ficar velha… É muito ruim!” e eu, horrorizada, respondo: “Se der tudo certo, ficarei velha sim, pois a única outra opção não me atrai muito…”

Então parei para refletir sobre idade, especialmente a idade da mulher!

Ainda tenho idade para andar de shorts? Calça jeans, saia curta?

Mantenho cabelo comprido, corto seguindo tendência ou acredito que cabelo curto rejuvenesce? Pinto? Estico? Assumo os grisalhos e ondulados? Plástica, botox, preenchimento, dietas?

Muitas dúvidas na vida de uma jovem de quase 52…

E como encarar o desafio no país líder de lipoaspiração e plástica? Onde silicone virou tão banal quanto colocar um brinco e é possível aplicar hidrogel logo ali na esquina?

Na verdade, simplicidade é a palavra-chave, pelo menos para mim.

Quero esclarecer que sou extremamente vaidosa e não tenho por hábito sair sem uma boa maquiagem e um cabelo arrumado.

Desde a mais tenra idade aprendi a investir em qualidade de vida para investir no visual… Investir em uma boa alimentação, equilibrada, com direito a excessos, para não deixar de ser divertido. Investir em protetor solar e cremes, não os mais caros, nem os últimos lançamentos, apenas manter a pele hidratada e bem cuidada. Investir em água – recentemente comprei um filtro de barro, daqueles de antigamente, bem baratinho, e descobri que a água fica com gosto e frescor divinos. Investir em exercícios físicos, não ficar parada… Investir em sonhos!

Mudar de ideia e opinião! Mudar até de carreira, se for o caso! Quantas vezes for necessário! Parafraseando Raul: Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter opinião formada sobre tudo!

Ter bom humor é fundamental! Assim como se adaptar fisicamente aos desafios que surgem…

Quando ouço “Mas você não parece ter a idade que tem!” é claro que fico envaidecida, mas me pergunto, qual é a minha idade?

Vivi a experiência dolorosa e doce de me tornar madura, criei filhos maravilhosos, perdi entes queridos, arregacei as mangas quando a situação exigia, e agora, quando a vida está me dando a oportunidade de curtir marido e arte, posso dizer que “na minha época…” ainda é um tempo presente…

Pretendo continuar vestindo shorts e calça jeans enquanto eu e meu espelho gostarmos, não para me sentir mais jovem, apenas para ser eu mesma, sem idade definida, Forever Young!

FOTO PERFIL Synnove

Synnöve Dahlström Hilkner É artista visual, cartunista e ilustradora. Formada em Comunicação Social/Publicidade e Propaganda pela PUCCAMP. Desde 1992, atua nas áreas de marketing e comunicação, tendo trabalhado também como tradutora e professora de inglês, com ênfase em Negócios. Nascida na Finlândia, mora no Brasil desde os 7 anos e vive atualmente em Campinas com o marido, com quem tem uma empresa de construção civil. Tem 3 filhos e 2 netas. Desde 2011 dedica-se às artes e afins em tempo quase integral – pois é preciso trabalhar para pagar as custas de ser artista – participando de exposições individuais e coletivas, além de salões de humor, especialmente o Salão de Humor de Piracicaba, também faz ilustrações para livros.É do signo de Touro e no horóscopo chinês é do signo do Coelho. Contribui para o Belas Urbanas com suas experiências de vida.
 
OBS.: O quadro acima: As 3 idades da mulher/ de Klimt.
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“Niquelando Maçanetas”: Além do termo: “Animação”

Este texto não cumpre a função de resenhar um filme em específico. Na verdade, este texto irá cumprir uma tarefa que, na maioria das vezes, é extremamente difícil e fatigante: defender as chamadas “animações”.

Dentro da universidade, já me peguei discutindo muitas vezes acerca do local que a Psicologia abrigaria dentro da genealogia dos cursos. As engenharias estão de um lado, as humanas de outra, também existem as biológicas, as artísticas… Mas onde está a Psicologia? Depois de muito discutir, cheguei à conclusão de que o curso mais próximo à Psicologia é o Cinema. Cinema podendo ser inclusive utilizado aqui com o significado original da palavra: local de entretenimento, onde as pessoas se reúnem para experimentar as mais diversas emoções assistindo a filmes de ação, comédia, drama e… Animação.

Os filmes, apesar de ficcionais, são criados por pessoas reais e que viveram em contextos reais. Se o grande objetivo da Psicologia é entender a mente humana, então ela vem aqui ser uma ciência auxiliar na busca da compreensão do que há verdadeiramente por trás dos chamados “filmes de animação”. Ou seja: o que os criadores do filme querem realmente dizer ao colocarem esse filme nos cinemas e quais os valores que eles querem passar ao público.

É aqui que começa a tão falada “defesa da animação”. Em primeiro lugar, “animação” é um termo genérico que define TODAS as animações. Porém, existem animações de todos os tipos: comédia, drama, ação, aventura… O próprio termo contribui para certo preconceito para com as animações de maneira geral. Realmente, a maioria das animações envolve três gêneros principais: a comédia, a aventura e o drama. E é por abrigarem esses três gêneros que a grande maioria das animações faz as pessoas experimentarem um misto de emoções diferente do que elas sentem em outros filmes. Em um mesmo filme a pessoa ri, chora, fica tensa com o destino que um dos personagens terá, torce pelo herói. Torcemos por personagens que nem ao menos existem.

Mas então, onde fica a “defesa da animação”? Ora, o preconceito com a animação vem desde cedo, visto que junto da definição de “animação” vem também “isso é coisa de criança”, “já passei da idade”, “isso é muito infantil”. Então vamos a alguns fatos:

            – “O Rei Leão” arrecadou quase um bilhão de dólares nos cinemas mundiais, contando a história de um pequeno príncipe leão que teve o pai assassinado pelo próprio tio e teve de fugir do reino para não ser culpado pelo assassinato do próprio pai.

            – “Procurando Nemo” é um filme sobre um pai que tem a esposa e todos os filhos mortos por um serial killer, menos um: o próprio Nemo, que nasce deficiente e é seqüestrado. Seu pai então decide viajar pelo oceano em busca do próprio filho.

            – “Detona Ralph” é um filme no qual podemos ver a segregação contra aqueles que são considerados “vilões”. Temos a história de Ralph que, ao sentir-se desprezado por todos sai em busca do seu sonho, que na verdade sempre foi o sonho de ser reconhecido como alguém especial.      

            – “Wall-E” traz reflexões incríveis sobre como estamos agindo com relação à nossa verdadeira casa – o Planeta Terra – pela perspectiva de um pequeno robô, que parece ser o mais humano dos personagens presentes no filme.

E estes são só alguns exemplos de filmes – todos da Walt Disney – que mostram que os motes desses tão “infantis” filmes de animação, não são tão infantis assim. Isso porque as crianças não vão sozinhas ao cinema: os produtores dos filmes precisam fazer com que eles sejam atrativos para adultos também. E é aqui que as animações deixam de ser apenas “infantis” para tornarem-se filmes que podem ser apreciados igualmente por todas as idades. Elas trazem valores carismáticos enraizados na história de personagens irreais, mas que parecem tão humanos quanto ou mais do que os próprios humanos. Os valores podem ser absorvidos facilmente pelas crianças, enquanto uma análise mais profunda fica no papel dos próprios adultos.

Para falar de um exemplo meu: até os meus 17 anos eu também tinha um enorme preconceito para com qualquer filme de animação. Isso é decorrente da adolescência: a fase da vida em que as pessoas não gostam de ser chamadas de “crianças”, valorizam a “ordem social” imposta nos grupos da escola ou do condomínio e relevam, muitas vezes, as ordens dos pais ou de superiores. Isso é próprio da adolescência. Mas o que seria um adolescente senão uma criança tentando adormecer-se?

Foi apenas quando eu entrei para a faculdade e comecei a estudar e a entender as animações a fundo que eu descobri o quão belas elas podem ser. Quando se entende o verdadeiro mote, os verdadeiros valores por trás da animação, é que se compreende seu verdadeiro valor. E aí não há preconceito que barre o sonho.

É claro que isso pode ser transportado para a televisão de maneira não tão nítida: há alguns desenhos que simplesmente foram feitos pelo puro entretenimento, outros foram feitos para “educar”. De uma forma ou de outra, na televisão também podemos encontrar bons exemplos de animações que nos prendem, nos fazem gargalhar, porém nos fazem chorar também.

Diogo PB (2)

 

Diogo Della Volpe – Estudante do segundo ano de Psicologia na PUC-Campinas, 19 anos, amante de mangás e animações. Espera sempre que a vida ganhe um pouco mais de cor e aprecia a arte da criação

 

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CONFISSÕES “DA ÚLTIMA BOLACHA DO PACOTE”

Sim, sou a última bolacha do pacote e preciso urgente fazer minhas confissões, estou cansada de ser tão malvista, preciso me confessar, todos confessam, tem confissão para tudo. Confissões de adolescente, de mulheres de 30, de homens, tem até confissão de órgão íntimo, então nada mais justo que eu – a última bolacha do pacote – me confessar.

Sim, preciso urgente fazer essas minhas confissões, afinal a minha imagem, essa que está na boca do povo, não é justa, ninguém está vendo meu lado.

Confesso que, por causa de toda essa falação, fui fazer análise. A fama por um lado é boa, mas ser taxada de forma tão antipática me incomoda profundamente. Confesso que estou tentando entender de onde esse boato surgiu, mas não achei explicação para isso.

Vou compartilhar meu doce coração com vocês. Sim, sou a última bolacha do pacote, é certo que sou gostosa, chego a dar água na boca de alguns, tenho recheio, aliás, tenho dois, morango e chocolate. Melhor ainda, sou waffer, não é pouco, não, não sou qualquer uma, sinceramente sou uma delícia, mas é só dessa forma que os outros me veem, ninguém vê meu lado sensível, ninguém vê o conteúdo do meu recheio, todo este meu sofrimento. Incomodo porque sou gostosa?

Sim, eu sofro, e aposto que ninguém imagina o porquê. Alguém se atreve? Sofro porque sobrei. Sobrei, sou a última. Estou sozinha e não sei para onde vou, minhas colegas, todas elas já foram para sua nova vida, já se renovaram, transmutaram, já experimentaram a delícia de serem saboreadas até o fim, mas eu não, ainda continuo por aqui, somente sendo desejada.

Pode ser que ninguém me queira e que eu vá parar em um lixo qualquer. Discuto muito isso na análise, meu analista me incentiva a ter o foco mais voltado para minhas qualidades, para eu ser autossuficiente e esquecer esta necessidade urgente que sinto de ser saboreada, pois ninguém quer uma bolacha, por mais gostosa que seja, desesperada. Meu Deus, o que faço então? Finjo? Porque confesso que ainda não aprendi essa lição e espero urgentemente ser devorada.

A questão de ser a última bolacha do pacote nunca foi fácil, fui a primeira a ser embalada, só tive uma vizinha a vida inteira e – pior – era chatésima, se achava a mais gostosa do pacote. Exatamente vivendo como eu, só a primeira bolacha, mas nunca conseguimos ser próximas e falar dos assuntos em comum, porém a situação dela ainda era melhor, foi embora logo, foi a primeira, penso que deve ser uma grande sensação ser a primeira… E as outras? Todas tinham mais companhia que eu, sempre duas vizinhas… Quantas vezes chorei olhando para a minha embalagem, só isso me sobrava.

Essa fama que roda o país me deixa péssima, mas confesso aqui, bem baixinho, que também me ajuda no ego ferido, de alguma forma parece que sou eu que não quero nada e prefiro continuar nessa situação, escolhendo quem vai me levar, mas a verdade não é essa, confesso aqui agora, abertamente, para vocês, não é nada disso.

Pareço inatingível porque sei que sou “bonita e gostosa” e meu lema é “sei que você me olha e me quer”. Meu analista diz que tenho que parar de me inspirar na letra das Frenéticas, mas ele não entende que frenética estou eu, que preciso urgente de uma boca loca que me queira devorar, cansei de ter somente que me achar.

Confesso, por fim, e no mais alto e bom som, cansei de ser metida, preciso mesmo é ser comida.

Então serei direta. Que tal você aí? Não quer experimentar?

Da gostosa e última bolacha de waffer recheada de morango e chocolate do pacote.

 

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todos os contos do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.

Desenho bolacha: Synnöve Dahlström Hilkner

 

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Para ler e refletir

Em tempos de intolerância como os vividos e vistos nos dias de hoje, especialmente nas redes sociais, minha dica de leitura é o “Diário de Anne Frank”.

O livro é uma história verídica escrito pela jovem judia Anne Frank no período de 12/06/1942 até 01/08/1944 de dentro do esconderijo, um sótão de uma casa/escritório em Amsterdã. Anne Frank ficou escondida nesse “anexo secreto” como chamavam o esconderijo juntamente com sua família (irmã, Mãe e Pai), a família Van Pels (o casal Auguste e Hermann e o filho Peter) e também o dentista Fritz Pfeffer. Contaram com a ajuda externa de algumas pessoas entre elas Miep Gies e Bep Vos Kuijl, duas secretárias da empresa que estava instalada no prédio,  sem as ajudas de pessoas externas teria sido impossível sobreviver por esse período escondidos.

Anne começou a escrever o diário com 13 anos, passou anos preciosos das novas descobertas da adolescência presa no esconderijo, com medo. O livro relata o seu dia a dia neste local, a visão de Anne em relação a guerra, as dificuldades que cresciam com o passar do tempo dentro do esconderijo, a forma que cada um lidava com essa situação limite e as comemorações com as notícias positivas vindas de fora. Ela também descreve seus conflitos internos, a dificuldade de conversar com mãe, a admiração pelo pai e o encantamento e amizade por Peter, o jovem que também estava escondido e que era da sua idade.

Li o livro duas vezes, na primeira eu tinha a idade de Anne e me colocava muitas vezes no seu lugar,  isso me causava uma grande tristeza ao imaginar a situação de estar presa  em anos tão maravilhosos da juventude, mas me consolova um pouco com seu “romance com Peter”. Me perguntava: Por que essa guerra?

Quanto li pela segunda vez, foi a há dois anos atrás, já adulta, madura, mãe, inclusive de um filho adolescente. Nesse momento o foco do meu olhar foi maior, desde a percepção de como Anne Frank escrevia bem, tinha clareza de ideias e me parecia uma menina muito mais madura do que as meninas de hoje com essa idade. Chorei em alguns momentos, especialmente quando ela relatava sobre seus sonhos de um futuro que não aconteceu, por saber que nunca aconteceu, me doeu profundamente. Outra questão que me chamou  a atenção, foi o comportamento das pessoas de dentro do esconderijo com posturas mesquinhas, escondendo comida dos demais, sem querer dividir e com a postura inversa, a generosidade das pessoas que os ajudaram de fora do esconderijo, colocando literalmente suas vidas em risco.

A edição definitiva possui fotos e textos inédidos, foi a segunda versão que li e é essa que indico por ser mais completa, contém 30% a mais de material que a primeira versão.

Enfim, uma questão ainda permanece sem resposta para mim. Por que as guerras? Por que tanta intolerância? A humanidade ainda precisa evoluir muito para conseguir resolver seus conflitos sem tanto sofrimento. O “Diario de Anne Frank” na minha opinião é uma leitura fundamental para qualquer pessoa em qualquer idade, pois nos da um “chacoalhão” sobre essa questão, nos faz refletir sobre a tolerância e a intolerância e suas consequencias individuais e na sociedade. Passaram-se mais de setenta anos do início da segunda Guerra Mundial, mas sinto que as sociedades estão muito aquém de serem HUMANAS.

Vale a reflexão e vale trazer essa questão para nosso comportamento diário. Afinal, intolerância, leva a radicalismos, que leva a guerras, que leva vidas…

Título: original: The diary of a young girl

Autora: Anne Frank

Tradução: Ivanir Alves Calado

Páginas: 349

35 edição – integral e revista. Única edição autorizada por Otto H. Frank e Mirjam Pressler

Editora Record Ltda.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi  – Bela urbana, idealizadora desse projeto, publicitária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www. modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.