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Acordei, outubro rosa!

Hoje acordei um pouco desatenta, com a cabeça pesada e uma vontade de não fazer nada. Levantei-me assim mesmo, escovei os dentes, tomei banho e passei meu creme. Não estava feliz como nos outros dias. Algo em mim doía, um aperto no coração, uma agonia.

Coloquei um vestido simples, afinal, estava indo ao médico para saber o que realmente estava acontecendo.

Entrei na clínica e vi vários rostos de mulheres. Algumas sozinhas, outras acompanhadas, todas com a mesma expressão de preocupação. Eu, sozinha, sentei no canto do sofá. Era uma sala comum de consultório, e não havia muito o que dizer. Sentada ali, com uma revista de fofocas nas mãos, vi chamarem a primeira paciente. Alguns minutos depois, ela saiu. Seus olhos estavam marejados; visivelmente, o diagnóstico não havia sido bom. Foi até a recepção para marcar o tratamento. Que dor, que lamento.

Meu coração apertou de tal forma que achei que iria desmaiar. Assim foi com a segunda paciente. A terceira saiu sem remarcar nada. A quarta mal conseguia andar. Meu coração batia tão forte que comecei a pensar em tudo o que não fiz. Pensei que não me casei, que escolhi a carreira ao invés de ter filhos. Pensei nas besteiras que priorizei, e agora, ali estava eu, uma mulher jovem, com tanto medo.

Foi então que, de súbito, ouvi meu nome. Coração na mão, mãos geladas, achei que iria desmaiar. Levantei-me e entrei na sala. Atrás da escrivaninha, uma mulher de branco, com seus 50 anos, me cumprimentou com um olhar tranquilo.

Sentada, ainda apavorada, comecei a falar: “Foi tomando banho, doutora, que toquei meu seio esquerdo e senti um caroço. Dói um pouco, fiquei com medo e preferi vir aqui ver o que era.”
“Claro”, respondeu a médica. “Abra o vestido, vamos examinar.”
Minhas mãos trêmulas mal conseguiam obedecer. Meu coração palpitante doía, e minha cabeça parecia prestes a explodir. A médica, gentilmente, começou a examinar. Apertou minha mama esquerda com delicadeza, depois a direita, e então pediu que eu me vestisse.

Sentada à minha frente, disse que não deveria me preocupar. “É apenas um nódulo de gordura que precisaremos retirar.”

Senti um alívio imediato, e ela continuou explicando: “Se autoexaminar e tirar todas as dúvidas é a melhor coisa que você pode fazer. Muitas pessoas são negligentes. Não fazem o autoexame e, quando descobrem, têm um problema maior para resolver.”

Ela continuou: “Não é brincadeira o que sentimos ao receber uma notícia dessas. Parece que nossa vida desmorona, destrói nossos sonhos, acaba com a alegria. Mas o câncer de mama não é o fim. O autoexame pode te ajudar a prevenir. Não seja negligente, não se permita sofrer. Esteja no grupo que busca o problema para resolver.”

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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Setembro Amarelo

Em cima da penteadeira, um bilhete com uma fita amarela.
Amareladas estão as páginas do diário, pouco escritas por ela.
Um sentimento de vazio por não saber o que conversar.
Enrolada na coberta, sentindo um pouco de frio, que logo iria passar.

Ela tentou falar com a irmã, que, ocupada, não pôde retornar.
Tentou também falar com o namorado, que, sem tempo, não quis conversar.
Ela mesma achava besteira; o que doía nela era, talvez, coisa da sua cabeça.
Pensamentos estranhos, uma grande vontade de resetar o jogo.

Afinal, não havia final feliz para aquela história.
Poucos sentiriam sua falta, e ela poderia recomeçar.
Será que existe recomeço? Será que há outro lugar?
Que diferença faz, se aqui também não está bom?

Em cima da mesa, um bilhete com uma fita amarela que ela não abriu.
Um diário com páginas amareladas, que ela mal escreveu.
Ao lado da cama, um frasco de remédios, vazio.
Olhos fechados, cabelo arrumado, ela dormiu.

Não vai acordar mais… O que será que tinha para dizer?
Não vai me procurar, nenhum tempo do mundo vai resolver.
O bilhete com a fita amarela foi aberto só depois.
Lá dizia: “Nos procure, estamos aqui para ajudar.” Será mesmo?

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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O Tempo

Em tempo, percebi o tempo que passava diante de mim.
Percebi as rugas no espelho que insistiam em aparecer.
Percebi os cabelos brancos, a barba branca e tudo mais que podia acontecer.
Mas percebi também uma certa ponderação, não conformismo, apenas a visão de que as coisas são como são.

Ah, sim, percebi as crianças virarem jovens e depois adultos,
Com suas ideias e impostas convicções, cheias de certeza e de razão.
Percebi as crenças que eu tinha sendo desfeitas, uma a uma, como as folhas que caem de uma árvore.
Percebi uma presença se fortalecer como nunca, algo que não poderia ser explicado, somente sentido, que se denomina fé.

Vi rostos lindos, marcados por rugas, desencarnarem,
E vi belos anjos darem sorrisos aos olhos cansados de tanto chorar.
Vi, neste curto espaço, vitórias que foram comemoradas com lágrimas nos olhos.
Mas vi também derrotas que foram amargadas em silêncio, sem ninguém saber.
Percebi que este silêncio está escondido pela argamassa do tempo, mas ainda está lá,
Que, hora ou outra, a infiltração da memória insiste em demonstrar.

Tem coisas que o tempo me mostrou que acreditei que não iriam acontecer.
Achei que jamais veria a beleza humana nas atitudes que tornariam o mundo melhor,
Mas vi homens entregarem suas vidas em mãos unidas para ajudar o próximo.
Achei que jamais veria a compaixão, ajudar ao próximo sem a certeza de likes,
Mas vi muitos anônimos serem fortes em suas certezas, mostrando uma beleza espetacular.
Achei que jamais veria o amor indicar o caminho para as dúvidas de solidão,
Mas vi homens ajoelhados em frente às crianças, que davam suas orientações sobre o sentido da vida.

O mestre tempo me mostrou que existe uma bondade inerente dentro de cada um de nós,
E que mesmo os mais distantes podem provar do seu mel.
Olhei de forma profunda o mundo ao nosso redor e percebi que podemos nos basear nos que são bons de coração,
E entender que a maldade sempre existirá, mas que não precisamos fazer parte dela.
Imaginei-me perto demais do Criador, acreditando na criatura,
Olhando tudo ao redor e pensando que somos um segundo no universo infinito de possibilidades.
Este brilho finito deve nos fazer olhar cada sorriso como único,
Pois, indiscutivelmente, o tempo também irá levá-lo.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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Como seria Namorar com você?

Seria leve como a brisa suave que balança a folha,
Que faz escorrer o orvalho da manhã.
Perdido, sem preocupação do tempo que já passou
Ou das horas que estão por vir.
Apreciando um único momento de beleza,
Observando o dia, a pureza do sorriso da criança,
Que ecoa esperança em seu olhar.

Seria leve como o respirar,
Com o rosto ainda molhado de tanto chorar,
Sem motivo, sem razão, apenas deixando fluir
O que tem no coração.
Seria brando como a brisa que toca
Este rosto ainda molhado, chorado, chorando,
Com um sorriso insano de quem não quer sorrir.
Seria um conto de palavras sem sentido
De alguém que sente muito,
Mas que não quer mais sentir.

Torto como se perder no tempo no mesmo momento,
Com a mente devaneando de orgulho e lágrimas,
Mas que ali, naquele instante,
Não se lamenta ou reclama,
Talvez, não só talvez, clama por amor.

Não este amor impuro e terreno,
Que se entrega aos desejos, sem controle do ser,
Que se perde em suor, que toma forma e argumento,
Que acelera a cada momento,
Até ele mesmo explodir em emoção,
Calando e ficando o vazio,
Que não foi preenchido pela saga humana.

O amor real, que vem de dentro,
Que é constante e sereno,
Que acalma o coração e alimenta a alma.
Que faz cada momento ser único e pleno,
Que transforma a vida e ilumina os dias,
Com a leveza de um sorriso,
A pureza de um olhar,
E a serenidade de um amor que nunca se apagara.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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Feridas

 

Não busco entender esta dor, que latejante permanece por décadas.
Como um espinho que espia a nossa vida, querendo sempre atormentar.
Um nó estranho que aperta e machuca, que vira e mexe torce tanto que faz meu olho lacrimejar.

Não consigo entender este vazio, que há depois da curva que não se pode ver.
Certezas ínfimas me faz seguir, vontades gigantes me faz querer, quer parar, querer desistir.
Não tem busca, não tem jornada do herói, o conto é uma farsa, apenas o espinho que dói.
Uma construção de mentiras, que percebo tão fortemente que a mente ainda espera acreditar, mas não dá.

Busco superar esta dor, sozinho como vim a este mundo, mudo porque ninguém quer o lamento, somente o sorriso em fotos tiradas por IA.
Às vezes tenho vontade de pedir colo, sem ninguém perguntar o porquê, sem ninguém perguntar como, apenas acariciar meus cabelos e de alguma forma me fazer adormecer.
Muitas vezes gostaria de um abraço, que arrancasse tudo que sinto, um cinto que amarrasse tudo que tenho e jogasse fora, em uma trouxa de esperanças e venenos.

Às vezes respiro fundo não querendo decepcionar, não querendo ser o pior, não querendo ser visto, julgado ou oprimido, apenas tentar existir.
Com tantos pensamentos que não cessam, não param, não param de me atacar, não param de me atingir, como mosquitos na beira do rio, os pensamentos não param de vir.
Tento me concentrar, tento não reagir, tento não me importar, tento não chorar, não consigo sequer sorrir, uma luta que não tem fim, diferente da louça que me ponho a lavar, que em pouco tempo eu consigo ajustar, dentro de mim a pia está tão suja, tão vazia, tão sem vida.
Talvez não tenha sentido as minhas palavras, como também não tem sentido um filme de Miguel Falabella, talvez não tenha concordância meus pensamentos como não tem harmonia no bom senso.

Talvez, somente talvez eu só queira espiar o outro lado, entender se há realmente um hospital para curar todas estas feridas, quem fez estas feridas, que me diga o porquê que estas feridas estão lá.
Talvez, um lar que me mostre o que houve comigo, por que a amnésia me faz sangrar tanto, por que em cada canto que olho vejo sorrisos, e embalado pelos risos me ponho a chorar.
Quase como um segundo vício, que se apaixona pela dor e não consegue soltar, como o gato que lambe a lima e sente o gosto do seu sangue e não para de experimentar.

Quantas cordas jogadas com intuito de me salvar, já perceberam meu pranto salgado, meu coração rasgado, dolorido, machucado, não conseguem entender, como pode estar triste, você tem o que quiser, o Instagram está aí transformando vidas, transformando vidas com IA, montando mentiras que você só precisa escolher acreditar.
Tanta besteira junta, tanta dor conjunta, tanto medo oprimido, tanto desejo por um comprimido, que me faça esquecer, que não sei escrever, que eu não sei as concordâncias das palavras, que nem isso eu sei fazer direito.
O que entregarei para o Mundo se não uma poesia de lamento que o júbilo irá apagar, que não será lida, não será contada, somente esquecida, somente jogada.

Como traços de uma história sem fim, um ciclo que não termina, me calo,
esquecendo quem sou, querendo esquecer quem fui e por que estou aqui,
se não para parar ou quem sabe desistir.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.

 

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Sonhos esmagados pela dor

Chegou calada na escola, fazia tempo que não se via o seu sorriso.
No canto da boca ensaiava um riso, mas a memória tirava o ensaio e trazia carregada uma lágrima.
Não interagia, fingia, temia, chorava escondida esperando ninguém ver, mas os olhos inchados denunciavam o que ela queria esconder.
Mas não importava, a vida continuava sem ela, continuavam as risadas e as resenhas, continuava a dor que ninguém sabia e que ela procurava esconder.

Em casa, o quarto impecável, as roupas dobradas e arrumadas cor por cor, a dor expressa em uma organização que não tem valor.
Nas noites o medo reinava, o ranger dos tacos ou a porta que se abria e tudo recomeçava novamente, ele não tinha dó.
Entrava sorrateiro, calado, colocava a mão nos cabelos dela e fazia ela tremer de medo, as lágrimas corriam caladas no canto do rosto, desgosto, esgotamento, não estava certo, se a vida era assim, não queria mais viver.
Na manhã a apatia, a mãe que fingia não saber, o cinismo de que nada tinha acontecido estampado nos olhos de quem vê e a pergunta que cravava a raiva em seu peito, “está tudo bem com você?”

Mais um dia, tudo igual, as resenhas, a escola e a dor que parecia permanente, a mente já cansada, dormente, triste, insolente, demente, escrota, pungente, morte indefinida, distante de ser gente, destrói a vida.
Tantos sonhos esmagados pela dor que não tem tamanho, não tenho esconderijo onde ele não possa me ver, não tenho mais sonhos, desisti de crescer.
Nos cadernos as notas que caíam, no comportamento a dor que não sumia escondia cada vez mais a beleza que era destruída nas noites que não dormia.
Encontrada por quem espreita, o giz que desfaz a dor, cai como uma luva, tudo fica colorido, ela tem mais força, nada mais é impossível.

E mais giz e mais força, agora não fazia diferença se a crença de quem estava à volta era duvidosa do que sentia, sentia que tinha encontrado um novo quarto na mente que o escroto pungente não poderia entrar.
Mas não bastava essa fortaleza, tenha que ter certeza de que ele irá desaparecer, desaparecer para o mundo, desaparecer para você.
Pega o cachorro do amigo que entrega o giz, vai para casa aprender a desaprender, giz, cachorro, choro e certeza, já sabe o que vai fazer.
A noite chega, o giz acaba, o cachorro na mão e a certeza, hoje isso termina, não vai mais ter volta, a porta abre silenciosamente e fecha, a tranca indica privacidade, um estampido forte e um pequeno sussurro, um cheiro de ferro no ar, um minuto de silêncio, e agora é minha vez, antes do bater na porta, outro estampido, tudo termina de vez.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.

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Se conseguisse ver o seu destino

Tem caminhos que são meus e eu não abro mão, a frase de uma música que traz a reflexão, nenhum caminho é meu, eu, as vezes estou lá, tão distante de decidir onde irei chegar.

Tem caminhos que percorri e que pensei ser diferente, que no caminho me perdi, mas cheguei até aqui e se mudasse este caminho, onde estaria? Melhor ou pior? Talvez nem te conheceria.

Se o caminho não é seu, se temos que aceitar, nenhum caminho é errado, só basta caminhar, seguir em frente com um norte que determinamos, mas no coração da gente, saber que o resultado nunca poderá  ser diferente.

Não há tempo de voltar neste caminho, sigo sempre em frente, as vezes sinto um vazio, de quem caminha sozinho, mas tudo muda de repente, como se este caminho se formasse ponto a ponto na sua frente.

Vejo a grandeza do universo e tenho a certeza de que não estamos sozinhos caminhando neste grão de arroz que é a terra neste imenso vazio, percebo que meu tempo, nem começou, já se perdeu e hoje estou sozinho.

Ah… se houvesse certeza neste caminho, se conseguisse ver o seu destino, talvez não me sentisse tão perdido, talvez tivesse muito mais medo,  aprendi com o caminho que ler através do tempo mostra que não aprendi nada e que preciso ser coeso.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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Se essa casa fosse minha

Se essa casa fosse minha provavelmente teria um livro ao lado da cadeira na entrada. Talvez tivesse também uma escrivaninha, onde sobre toda a bagunça do dia a dia, teria rascunho das minhas poesias.

Ah! Se essa casa fosse minha, a xícara de café teria fumaça saindo, um aroma de livro velho misturado com poeira e um ar de quem vive sorrindo.

O que mais teria?

Teria música espalhada pelos cantos, cantos de vários poetas que escreveram sua voz no tempo, e de tempos em tempos, derramariam sobre a tarde que se esvai levando levemente o dia;

Teria também um gato para trazer harmonia, que no final do dia, iria deitar no meu colo enquanto eu lia;

Teria um incenso queimando lavanda, encontrando cheiro e alegria, durante a chuva, tudo misturado, o gato, os livros, a textura da música e a poesia;

Teria lembranças na parede representadas por fotografias minhas, dos amigos, das viagens de outros dias;

Teria uma bela cozinha…. e tempos em tempos, com a casa cheia, alguém cozinharia, cantaria e falaria alto, durante a noite e durante o dia;

Teria coração aberto, gritos de crianças em alegria, sonho de vô, ver sua casa cheia, todo dia!

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.

 

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A Cafeteira

Em fevereiro de 2020, logo no início da Pandemia, eu estava vivendo um relacionamento que já dava sinais de desgastes e já estava pensando em ir embora, uma coisa que marcou esta época foi um artigo que eu havia lido que falava de uma cafeteira, que a realização de uma pessoa estava em uma boa cafeteira.

Em meados de março de 2020 eu acabei me divorciando e indo morar em um apartamento na cidade vizinha, como sempre, sai deste relacionamento sem nada. No apartamento uma cama de segunda mão, uma TV, um sofá de segunda mão, uma geladeira e um fogão, mas ainda faltava a cafeteira, no meio daquele turbilhão de problemas, divórcio, contas para pagar de todos os tipos, reestruturar toda a minha vida e eu pensando na cafeteira como bote salva-vidas.

Fui a loja, tinha idealizado a cafeteira ideal, não queria que fosse de cápsula, não tinha poesia neste tipo, queria que fosse de café expresso, aço escovado, daquelas que vemos em padarias antigas, mas, o ideal nem sempre tem o custo ideal, ao ver o valor da cafeteira que gostaria de ter, dei uma recuada. Talvez o meu bote salva-vidas não precise de ar condicionado!

Busquei, busquei e busquei e achei uma cafeteira, elétrica, que você coloca o pó, a água e em pouco tempo o café fica pronto, mas não me atentei que a cafeteira era 220V e meu apartamento 110V, o café demora uma eternidade para ficar pronto e quando está pronto não está tão quente quanto deveria… mas lá está a cafeteira.

O tempo passou, já estamos em 2022, encontrei um novo amor, meu apartamento esta completo, já tenho mesa e tudo mais que é preciso ter em um apartamento. Ao sair de casa hoje pela manhã, final de 2022, olhei para minha cafeteira, a mesma que comprei lá atrás, me lembrei da idealização que fiz sobre ela e percebi que havia interpretado o texto de forma errada, não era sobre a cafeteira e sim sobre o processo de ter um espaço para construir seus sonhos, o cheiro do café pela manhã é a poesia que se espera no decorrer do dia.

Ainda tenho o sonho da cafeteira ideal, aquela de aço escovado, dos bares antigos de São Paulo, mas enquanto isso, a minha velha cafeteira ainda perfuma todas as minhas manhãs.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.