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Cedo demais

Você me acordou cedo demais.

Calma, não quero levantar ainda. Está escuro, não ouço os pássaros ainda.

Espere mais um pouco. Vou fechar os olhos me cobrir de novo e depois você volta.

Agora sim, vou levantar.

Mas calma ai vou devagar.

Você esta vendo que o dia esta frio, mais lento hoje. Nao espere muito de mim.

Certo, já coloquei a roupa, vou como sempre, tomar um suco rápido e sair. Você vai ficar ai me olhando? Vem comigo, uma hora está bom. Passa rápido.

Não disse, voou. Agora fique calmo o banho nãoo demora, um café e seguimos.

O elevador chegou, você não vem? Anda logo precisamos correr pra pegar o metro. Pronto perdemos um. Agora esperar.

Chegamos, ela já está nos esperando. Entra logo temos muito o que fazer, vai demorar.

Acabou, vamos embora correndo, tenho fome. Almoçamos e deitamos um pouco.

Nossa, a sesta foi muito longa, você me enganou. Precisamos refazer os planos. Vai ser tudo corrido de novo, mercado, fármacia, olha o sinal, rápido!

Fechou!

Eu disse: rápido!

E esse porteiro parece surdo, nos esperando trancados do lado de fora.

Sobe, vamos! Deixa tudo ai preciso ligar para os filhos.

A tarde já foi. Agora a noite.

Você sempre ao meu lado me lembrando que está passando. Apenas passando. Eu e você. Você e eu!

Maria Nazareth Dias Coelho – Bela Urbana. Jornalista de formação. Mãe e avó. É chef de cozinha e faz diários, escreve crônicas. Divide seu tempo morando um pouco no Brasil e na Escócia. Viaja pra outros lugares quando consigo e sempre com pouca grana e caminhar e limpar os lugares e uma das suas missões.

 

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Esperar é caminhar

Há pouco tempo conheci o provérbio judaico “o homem faz planos e Deus dá risadas”. Na minha interpretação, acho que Deus dá gargalhadas!

Eu faço planos e traço minuciosamente o trajeto a ser percorrido. No entanto, a rota inicialmente traçada sofre alterações no decorrer da caminhada. São nesses momentos de mudanças que me deparo com as “gargalhadas divinas”.

Nasci e me criei na agitação de São Paulo. Depois dos trinta anos de idade, fui para o interior para acompanhar meu marido nas mudanças do trabalho. Morei em Bauru, morei em Campinas. Atualmente, voltei para São Paulo e estou penando para enfrentar o ritmo da minha cidade.

Eu já encarei a mudança de carreira profissional. Minha primeira formação é Administração. Por dez anos trabalhei ativamente em funções administrativas, mas minha grande paixão é ensinar. Então, quando tive uma oportunidade fiz o curso de Letras e depois de alguns anos comecei a dar aula, unindo minha paixão ao meu ganha-pão.

Desde pequena meu sonho é ser mãe. Segui o caminho conhecido tradicionalmente, que é namorar, noivar e casar. Estou casada há 13 anos, numa união cheia de paz e amor. Mas, os filhos como sonhados e planejados não vieram. Meu marido e eu fizemos tratamento de reprodução assistida e não deu certo. A vida é assim! Não temos controle sobre o fôlego da vida.

Meus planos foram desconstruídos e novas construções começaram a surgir. A vida apresentou o caminho da adoção. Começamos a jornada e estamos habilitados para recebermos nossos filhos. A qualquer momento o telefone vai tocar e a vida vai nos levar para outros caminhos. Enquanto esperamos, vivemos!

Eu poderia escrever muito e profundamente sobre cada etapa, mas por hoje só considero um provérbio bíblico que me acompanha “o homem faz planos, mas Deus dá a palavra final”. Continuo fazendo meus planos, com menos rigor, porque aprendi que a cada mudança eu me desenvolvo muito mais.

Viver exige escolhas e cada escolha apresenta um caminho que precisa ser trilhado. Esperar é caminhar.

Miriam Camelo de Assis – Bela Urbana, alguém sendo constantemente reformada pelas palavras. Formada em administração e letras. É professora de língua portuguesa por profissão e paixão. Ama artesanato e uma boa conversa.