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Manifesto

PRIMEIRO, O PÃO. DEPOIS, O RESTO.

UM DIA DISSE MEU PAI:

“SEU CAMINHO É PELO CHÃO,

AQUI NÓS TEMOS CABRESTO.

MEU FILHO, CONQUISTE SEU PÃO

E SE ESQUEÇA DE TODO O RESTO”.

MAS, NÃO.

QUIS CONTRARIAR A RAZÃO,

INVENTAR UM CAMINHO A SEGUIR.

SEM ASAS, ME FIZ AVIÃO.

AOS POUCOS, COMECEI A CAIR.

PRIMEIRO,

COME-SE O PÃO,

BEBE-SE O VINHO… E A CERVEJA!

DESTRAVA-SE A COLUNA.

ALIVIA-SE A DOR.

PROTEGE-SE DO FRIO.

CONHECE-SE A EUROPA.

TIRAM-SE FOTOS

E AS EXIBEM PARA OS AMIGOS.

CORTA-SE O EXCESSO.

CORTA-SE O CABELO,

PINTAM-SE AS UNHAS.

ADQUIRE-SE CELULAR,

E DEPOIS OUTRO, MELHOR.

COLECIONAM-SE CANUDOS.

ESCOLHE-SE A CAPA DE UM LIVRO,

PARA OSTENTÁ-LO NA ESTANTE,

E PARA SERVIR DE POST.

GANHA-SE DINHEIRO,

COMPRAM-SE IMÓVEIS,

TROCA-SE DE CARRO,

CONQUISTA-SE STATUS,

E OFERECEM-SE FESTAS.

CUIDA-SE DOS FILHOS,

MIMAM-SE OS NETOS.

VAI-SE AO FUTEBOL E AO SAMBA.

VAI-SE À IGREJA, PERMUTAR COM DEUS,

E AO PAI-DE-SANTO (PARA GARANTIR).

VAI-SE AO ANALISTA,

AO MASSAGISTA,

AO PAISAGISTA, ESTETICISTA, OFTALMOLOGISTA…

IMPOSSÍVEL CONCLUIR A LISTA!

VAI-SE AO PSIQUIATRA, QUANDO TEM VAGA.

E, LÁ, GARANTE-O, COM SOBRA, O SEU GANHA-PÃO.

ADOTA-SE MAIS UM GATO,

LEVA-SE O CACHORRO PRA PASSEAR…

VERIFICA-SE O TEMPO, A DISPOSIÇÃO, A FINAL DO BIG BROTHER E AS POSTAGENS INTERESSANTES, SUBMERSAS NUM MAR DE TOLICES.

AÍ, SIM!

DEPOIS, E SÓ DEPOIS,

APRECIA-SE O INTOCÁVEL.

EIS A VERDADE BRUTAL. EIS A DEMANDA CARNAL.

POR TANTOS E TANTOS ANOS, PASSEI POR

ENSAIOS LONGOS.

POLTRONAS VAZIAS.

CENÁRIOS NO LOMBO.

DORES DORSAIS.

CONTAS QUE NÃO FECHAM.

DIRETORES INAPTOS HISTÉRICOS.

ATORES COM SEDE DE APLAUSO.

ATRIZES QUE FOGEM DE ENSAIO.

VAIDADES INCONTROLÁVEIS.

TOLOS QUE DIZEM AMAR

A ARTE QUE NUNCA FAZEM.

APRENDIZES QUE LOGO LHE ESQUECEM.

INSCRITOS QUE DESAPARECEM.

JOVENS QUE PEDEM DESCONTO.

EMPRESAS QUE PEDEM DE GRAÇA.

PLATEIAS QUE PEDEM RISADAS.

COLEGAS ROGANDO PRAGAS.

E EXPLORADORES DE PLANTÃO.

HORAS E HORAS DE PREPARO

PARA QUEM LHE DEIXA NA MÃO.

AFINAL DE CONTAS… PRIMEIRO, O PÃO!

EIS A VERDADE, AFINAL! EIS O QUE HOJE É NORMAL:

QUANDO SE SOBRA A VERSÃO

DE UM CENÁRIO SOMBRIO E FUNESTO,

TODOS GARANTEM O SEU PÃO.

NINGUÉM SE LEMBRA DO RESTO.

CANSADO DAS COISAS QUE “SÃO”,

NA GOELA, ESSE BOLO INDIGESTO,

AINDA NÃO ENCONTREI MEU PÃO,

MAS NUNCA DESISTIREI DO RESTO,

POIS É NA ENTRESSAFRA DO GRÃO,

QUE ATUA O EU-MANIFESTO.

QUEM SABE EM OUTRA ESTAÇÃO,

NUM MODO DE VIDA MODESTO,

À REGRA SE JUNTE A EXCEÇÃO

E O PÃO SE MISTURE COM O RESTO?

Por enquanto, assim é. Assim será. E desistir não é opção.

Edigar Contar – Belo Urbano, 53 anos, 36 deles dedicados às Artes Cênicas. Fundador da CPA, Contar Produções Artísticas, um espaço reservado à sensibilidade e ao desenvolvimento da linguagem artística.

 

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Mareamar

O mar e o amar
O mar e o caminhar
O mar e o despentear
Amo, caminho e me encanto no mar.
Cabelo ao vento, areia, pedras, conchas me encontro com o mar e o amar.
Brisa, sal, pôr do sol e o mar, desencanto se vai, sobra o acalmar.
Como amar se não se amar?
O mar segue a ensinar, no movimentar das ondas
às vezes suave, às vezes feroz, as lições do amar.
Do amanhecer ao pôr do sol há beleza no mar, quero ver beleza
nas luzes e sombras do amar, que tudo é mar, amor e amar.

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.

 

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FELICIDADE

É estar de bem, é estar de mal.

Brincar, brigar, chorar, amar

Rir de mansinho, quietinha

E gargalhar algo, mas bem espontâneo

É um sim a tudo,

Um sim ao não.

É a descoberta dos limites

É o querer mais, sempre mais

É poder ser contudo simplesmente você.

E descobrir do nada um mundo

E brincar com o sério, com o mais absurdo e triste sério.

Felicidade é simples, é de verdade, é todo dia.

É apenas uma questão de vontade.

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

Foto Adriana: Gilguzzo/Ofotografico.

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C

Caos cansa

Crianças causam

Calamidade cansa

Críticas causam

Correria cansa

Comidas causam

Cretinos cansam

Cumplicidade, cultura, cooperação, calma, cobertor, cores, corais. Cadê?

Coração continua

Coração corrói

Coração coragem

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

Foto Adriana: Gilguzzo/Ofotografico.

 

 

 

 

 

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Algemas

Se bebo

É porque não quero ver 6, mas 12

Onde 6 são bons e 6 são maus

São 12 no total

São 24 no total

Preciso multiplicar os bons e bebo mais,

Pra cada vez aparecerem mais

E eu acreditar que um dia vençam os maus e venham me salvar

 

Bebo porque preciso beber

E ninguém pode entender

Bebo porque me sinto forte

Porque fico bravo

E só assim consigo ser bravo

 

Não quero que me desculpem por nada

Não entendo onde pode estar errado

Não entendo poque querem que me sinta culpado

Não sou culpado de nada

Sempre fui a solução de vários problemas

Mas quando eu canso dos problemas

Eu bebo porque preciso beber

Preciso me sentir forte

Não que eu não seja

Mas me entenda

Eu preciso

 

Preciso sentir quando passo pelo corredor

Que meus pés pisam em nuvens

Preciso sentir que empurro as paredes com meu corpo

Eles pensam que cambaleio por falta de direção

Não cambaleio, encontro as paredes de propósito

Pra jogá-las longe de mim

Preciso delas longe de mim

Pra sentir meu caminho mais largo, meu horizonte mais livre

 

Preciso beber para embaçar a vista

Berrar, mesmo que seja com a pessoa errada

Preciso beber para minhas mãos pararem de tremer

Meus olhos enxergarem o que só eu quero ver

 

Preciso beber cada vez mais

Pra tirar o chumbo dos meus pés

E as algemas de minhas mãos

Preciso beber

Pra voar.

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde faz curadoria dos textos e também escreve. Publicitária. Curiosa por natureza.  Divide seu tempo entre as consultorias de comunicação e marketing e as diversas funções que toda mulher contemporânea tem que conciliar, especialmente quando tem filhos. É do signo de Leão, ascendente em Virgem e no horóscopo chinês Macaco. Isso explica muita coisa :)

Foto Adriana: Gilguzzo/Ofotografico.

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QUEIJO OU BEIJO?

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Queijo ou beijo?

Beijo ou queijo?

Dou um beijo ou como um queijo?

 

Queijo ralado,

queijo mussarela,

queijo gorgonzola.

Beijo no rosto,

beijo na testa,

beijo na boca.

 

Queijo com presunto

Beijo com abraço

Queijo do Alemão

Beijo do Negão

 

Queijo comprado pode

Beijo roubado também

Beijo comprado não pode

Queijo roubado também não

 

Queijo é saboroso.

Beijo é amoroso.

Doce de queijo é bom.

Beijo doce também é bom.

 

E agora?

Dou um beijo ou como um queijo?

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Adriana Chebabi (aqui desenhada pelos olhos de sua filha Carol) – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Entre um queijo e um beijo, prefere o beijo 🙂

 

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SEGUNDA FEIRA

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Toda segunda promete.

Promete mais que qualquer outro dia.

Promete não só o dia. Promete pela semana toda.

Toda segunda é assim, mas é melhor quando o final de semana foi divertido e bem vivido.

Segunda renova os desejos, de que o trabalho seja próspero, de que a prova seja boa, de que a aliança seja aceita, de que as notícias sejam positivas, de que os sonhos se concretizem.

Segunda é um dia novinho. Folha branca, alma nova, esperança.

Toda segunda é dia de NASCER de novo.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Gosta das segundas e de todos os outros dias da semana 🙂

 

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Dentro do meu espaço tinha o tempo…

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Dentro do meu espaço tinha o tempo.
Partes de mim que espalhei pelo mundo, parte dos mundos que guardei em mim.

Dentro do meu espaço tinha o tempo.
Tempo de verdes montanhas, cheiro do mato molhado, noites com brisa quente…eu sou do mundo, sobrevivente.

Dentro do meu espaço tinha o tempo.
Levem meus encantos, cubram-se com luzes…sou um punhado de lembranças boas depois de um dia de chuva.

Dentro do meu tempo … Dentro do meu espaço…
Me recebo num olhar de acalento, cabendo mais em mim do que caberia no mundo…feliz.

10958210_10205888085426658_4684666609892689174_n - Renata Lavras Maruca

 

Renata Lavras Maruca Mulher, mãe, publicitária e cronistas nas horas de desespero. Especialista em marketing de conteúdo digital. Observadora do universo humano e suas correlações” intermundos” (reais e virtuais). Viciada em doces, gordinha por opção e encantada pela sedução inteligente. Prefere sempre vestir em palavras escritas tudo aquilo que reflete ou carece de análise. Resumindo: Complicada e perfeitinha
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COITADINHA E A JANELA DA VIZINHA

shutterstock_155363555 - mulher e janela

Coitadinha tinha uma janela

marrom

A tinta não durava

descascava

Tinta de má qualidade

baratinha

 

Coitadinha se achava esperta

Adorava coisas baratinhas

Comprava MUITO

coisas baratinhas

INÚTEIS

feias

quinquilharias, muitas

mas, esperta que se achava,

baratinhas.

 

A tinta da janela descascava

A tinta do cabelo desbotava

A roupa não tinha caída

Os livros não importavam

 

Coitadinha tinha

03 “amigas”

01 “marido”

01 vizinha – sem aspas

 

A janela da VIZINHA não descascava

A janela da vizinha vivia ABERTA

A JANELA da vizinha era amarela

A janela da vizinha era maior que a dela

 

Coitadinha fofocava

Olhava a janela da vizinha

e fofocava

e procurava

lascas que não encontrava

 

Coitadinha se incomodava

Coitadinha sozinha chorava

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Está feliz com suas janelas 🙂

 

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BELAS URBANAS

SER OU NÃO SER?

É CLARO QUE SOU

No calor do dia

Na brisa da noite

No almoço do meio dia

No carro

Com os filhos

No trabalho

Com os pais

No almoço do domingo

De biquíni no clube

De chapéu na praia

Na balada

No jantar a dois

No meu aniversário

No seu aniversário

Com as amigas

Com os amigos

Triste

Feliz

Comendo pão na padaria

Tomando cafezinho

No escuro do cinema

No meio do quarto

Na sala

No verão

No chão

Na contramão

Quando choro

Suando a camisa

Deitada no sofá

Esperando

No parto

Na saída

Quando abraço

No expresso que passa

Eu me apresso

Me enxergo

Me expresso

Todo dia e cada dia de uma forma.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.