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Tempo

Tempo
Que tempo?
Ele se dissolve como areia fina no vento.
Escorrega,
flutua,
voa como a flor-dente-de-leão ao assoprar.
Ontem, hoje, amanhã… ninguém sabe.
Tempo ninguém pega, mas que dá uma vontade de segurar,
apertar,
rebobinar,
pular,
lembrar e esquecer,
sorrir e chorar,
abrir os olhos ou fechar e gritar: volteeeee!

Octavio D’Avila- Formado em Psicologia, terapeuta Ayurvedico. Quando nasceu seu filho, nasceu dentro dele um escritor que descreve detalhes da vida, captura momentos preciosos, momentos que muitas vezes passam despercebidos.
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A esquina depressiva

Ao amanhecer geralmente penso como irei atravessar o dia, como se ele fosse exatamente uma rua disponível para mim, com todas as situações que se desmembram quando estamos caminhando em uma calçada. E o que não me impede de refletir trocando as palavras grafitadas por outras que recaiam sobre meu colocar.

Bem, estive fora de minha liturgia diária por vários motivos e vou salientar com palavras, exatamente como me senti. Não sou uma pessoa depressiva, mas sofro assim como o fosse. VAMOS FALAR DE AMOR E CAMINHAR COMIGO?

Amanhece e eu tomo rumo e venho para a calçada, que me aguardam vocês que aceitaram meu convite de viagem na esperança de me pontuar os limites de ultrapassagens. A calçada me parece longa e cheia de obstáculos, mas vamos indo e eis que a “ESQUINA” se aproxima e eu não sinto vontade de chegar até ela.

Temo e me acho sem forças, isso talvez seja o receio de transpor o novo que pode ser um abismo, um novo conhecer sempre nos afeta e nos trai as possibilidades de avançar para um novo caminho. E pode sem dúvida nos atrair para uma vida mais coerente… mais precisa e mais envolvente. E vocês que aceitaram esse momento de minha vivência precisam sentir o que sinto… Respirem e se deixem inebriar com a mensagem de que temos que usufruir de nossos passos marcados de forma fluente na calçada que transitamos. Vamos sentir os obstáculos como se fosse os mais intensos atributos que irão facilitar a nossa coragem, de nos dar maior prazer em conquistar novos horizontes.

Podem participar e falar de sua coragem perdida. É amigos, a depressão da calçada nos revela que as investidas para a sintonia com a “ESQUINA” de nossas vidas somente se revela comprometedora, quando nos arrependemos de termos amanhecido e viajado pela calçada ao encontro do desconhecido. Meus amigos vamos voltar? Por hoje chega esse arrombar de promessas. Amanhã em amanhecendo voltarei para a calçada prometida e com certeza alcançarei mais uma “ESQUINA” de minha vida!  “REFLITAM, PERCEBAM” as paulatinas e fortes conjecturas que permeiam o tilintar das campainhas que muitas vezes temos que pedir socorro.

E sentir a fé nada corrompida com o nosso devorador de sonhos, que se situa dentro de nossa mente carente. E que sem pensar transfere os nossos pensares para as sensações que investem na coligação com os nossos sentimentos! AVANTE… E podem se tranquilizar… TODOS NÓS TEMOS UMA CALÇADA PARTICULAR QUE LONGE DE MIM, PODE TER UMA ESQUINA DEPRESSIVA!

Joana d’Arc Neves de Paula – Educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.
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Chapéus

Primeiro foi o boné, verde-escuro, com a aba para frente. Enjoei, quis mudar, virei, aba para as costas.

Caminhei, cansei, hum, chapéu de palha, rústico… diferente, troquei. Mas, depois de um tempo, não combinava com a urbanidade que me rodeava e onde eu estava inserida. Passei para frente em um farol.

Um gorro de inverno, preto, para combinar com tudo, principalmente para me aquecer naquele show no estádio, na plateia, no chão. Show dançante tem que ser no chão. Me aqueceu… dancei…

Achei melhor algo meio alternativo para o verão, uma viseira. Tentei, mas não gosto de viseira. Deixei ali, na piscina, e caí fora.

Busquei um chapéu coco, esse lado teatral que vive em mim. Compartilhamos muitos momentos. Brincar de Charles Chaplin tupiniquim foi divertido um tempo, mas depois sentia necessidade de algo mais sério.

Me apaixonei por um panamá, tinha aquele charme irresistível. Paixão louca. Louca paixão. Não desgrudava dele, fiquei com ele muitos anos, mas o charme no uso direto foi indo embora. Eu nem percebi a decadência diária, só que um dia olhei e não dava mais para andar com ele. Me despedi e fui embora.

Um tempo com os cabelos ao vento, só sentindo o vento, na cidade, na praia e na montanha. E não é que lá, meus olhos brilharam por um chapéu cowboy? Aba larga… Copa alta… Quem diria que eu ia gostar? E olha que gostei.

Pois é, a vida é assim, cheia de chapéus. Troco quando quero, quando cansa, quando mudo o estilo, mas não mudo a essência. E o que vale é não se sabotar, e sim, experimentar.

Top, top, topo.

Adriana Chebabi – Sócia-fundadora e editora-chefe do Belas Urbanas. Publicitária. Roteirista. Escritora. Uma contadora de histórias. Curiosa por natureza.  Uma sonhadora que realiza.  Acredita que podemos melhorar o mundo. Talvez ingênua, talvez não. Desafios a instigam. Ama viajar, estar na natureza e experimentar novos sabores. É do signo de Leão, não tem mais certeza do ascendente, mas sabe que no horóscopo chinês é Macaco.

 

 

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Saudade da ausência futura

O marido de Laura viajou e ela ficou na cidade que mora com a filha adolescente, Liz, que em apenas alguns meses iria viajar e permanecer distante por um ano, a filha, de 16 anos se alegrou com a possibilidade de compartilhar a cama com a mãe por alguns dias e Laura se encheu de ternura por Liz ainda gostar de dormir com ela, esses momentos eram inestimáveis, as risadas, as conversas antes do sono, Laura ainda vive o luto da infância da filha que se foi, a adolescência traz muitas mudanças e mãe e filha sempre se deram muito bem, mas conforme Liz foi se tornando mais velha vieram os conflitos, os mal humores, as palavras atravessadas, a rebeldia, o relacionamento delas nem sempre era tranquilo e Laura tinha consciência que eram mudanças inerentes à essa fase da vida de Liz, nem por isso menos desafiadoras.

Em um desses dias Laura pediu para a filha arrumar a cama, Liz não gostou, respondeu rispidamente que não iria arrumar e que isso não era importante para ela, não queria perder tempo com isso, se para dormir com ela era o preço que teria que pagar, voltaria para seu próprio quarto, pegou seu travesseiro e edredom e revirando os olhos e pisando forte no chão, saiu batendo a porta do quarto de Laura, a mãe  tentou conversar, não compreendeu a ira da filha, Liz não quis conversa, Laura disse: “não vou aceitar que volte”, pronto, ponto final, não dormiriam mais juntas.

Laura sentiu uma dor quase física e chorou, chorou copiosamente como se alguém tivesse morrido, a filha estranhou essa reação tão intensa da mãe por uma simples discussão das muitas que tinham rotineiramente, a mãe seguiu chorando por muito tempo, horas depois Liz se aproximou de Laura e pediu desculpas, explicou que estava ocupada com seus afazeres e o pedido  para arrumar a cama veio em hora errada, se incomodou, e do alto de sua rebeldia adolescente veio a negativa, perguntou para a mãe como poderiam fazer as pazes e tentar resolver o drama, e por fim voltaram a dormir juntas e felizes na cama de Laura, Liz levou o edredom e travesseiro de volta, se abraçaram e se perdoaram.

Mais tarde em suas reflexões, Laura ainda comovida com a briga, a tristeza, a mágoa, o choro, a intensidade dos próprios sentimentos tentava entender e processar toda a “novela” que vivera, perguntava-se se a menopausa teria a sua participação em tudo isso, talvez sim, talvez ter ficado sozinha na cidade sem o marido, talvez um dia difícil e cheio de responsabilidades e desafios, talvez os pais envelhecendo e a vida que de constante, só mesmo a mudança, talvez a antecipação da saudade, essa que doía mais que tudo da ausência que sentiria de Liz em breve, muito breve.

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.

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Máscaras

Quem sou eu escondido neste sorriso, brincadeiras e animação?
É fácil ver o quanto quebrado está meu coração, ansioso e perdido. Escondido na brincadeira junto da cerveja, a carapaça perfeita.
Você que vê de fora esquece que outrora já sorri, não como sorrio agora.
Uma trinca tão trincada que desmembra quem entra, retorce quem ousa tentar torcer .

Ser em si e de mim, dolorido, caro pelo amor genuíno, prisão de dor sem sentido. Leve certeza de que não tem conserto para os erros e medos que doem.
Ainda existo? Calado e sem gritos, que vontade confusa de chorar, cortar até exaurir o que existe dentro de mim.
Que sonho, os olhos inchados de lágrimas e o coração liberto dos medos que me envolvem.
“Ela se jogou da janela do quinto andar, nada fácil de entender”, será?
Para quem sente o vazio consumir o seu ser sabe o desafio de esconder o que tem dentro de si. Para suportar o que há em você.

Ser fundação que suporte a sua dor sem se importar com a minha. Ansiedade que não termina, que consome e domina, dor que não termina.
Escolhe permanecer dentro de quem sabe escrever o que não sabe explicar.

Não são versos perfeitos, são lágrimas que destruíram o que se tinha dentro de si.

Não são poesias, são cartas de pedidos de ajuda que envolvem o que não sei dizer.

Não sei por que sinto e não sei se tem cura, bendito câncer que, descoberto, consome e some com você e com ele.

Aqui não, não tem quimio, não tem ressonância que encontre a frequência da ansiedade.

Que destrua com dor tudo que tem dentro de você.
É mentira, não vai passar, não passou. As drogas não quiseram resolver, o álcool não resolveu, o trabalho não resolveu. Ninguém resolveu porque não pode ser resolvido. Maldito brilho no olhar, fundação de areia movediça.

Engolindo bem mais do que deveria, doendo mais. Mais questões sem resposta postas às mesas que compõem os talheres e pratos prontos para servir uma bela montagem de mentiras sociais.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.

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Mistérios e encantos

Hoje vi o Mar e me encantei novamente com suas ondulações radiantes, sua capacidade de refletir a luz do sol e se mostrar tão belo, límpido, tão espelhado!

Há detalhes escondidos por entre as pedras que resistem nas suas orlas! Vidas que persistem em seu entorno! Pequenos lugares propícios, esconderijos de vidas marinhas!

Mais além, há uma imensidão azulada, que tomou a forma do Céu e guarda nas profundezas escuras o segredo da Vida,

O eterno movimento dos contrastes.

Luz e sombra, calor e frio. Concentrar-se em seus antros inimagináveis e esparramar suas espumas na superfície.

Às vezes plácido movimento, outras vezes, furiosas tempestades, mas sempre entregando a Beleza que recolhe do seu interior!

Ana Paixão – Bela Urbana, filosofa, pedagoga, palestrante e educadora que trabalha com treinamentos há mais de 10 anos