Posted on 1 Comment

E o Tempo levou….

Alô, acorda que falarei sobre viver viver e não fingir.

Passei a infância querendo os 18 anos, mas tive a melhor infância do mundo numa cidade onde a cadeia não tinha presos .
Entrei na vida adulta querendo uma boa universidade e um ótimo emprego.

Fiquei durante anos tentando me encontrar no tempo. Presenciei alegrias enormes e tragédias terríveis, gente procrastinando situações que as pertubam, mas que por motivos diversos adiam as decisões.

E no giro da vida continuei estudando, trabalhando, juntando dinheiro, para um dia chegar na aposentadoria.

Numa primavera florida, eu esperava uma flor, mas ganhei um jardim inteiro, um coração que me deu uma filha linda.

Mas na vida tem percalços e tive que lutar contra o passado, aceitar o presente e aprender a mudar o futuro. Procurei ajuda Divina e de profissionais mais preparados.

Finalmente Aposentei e agora tenho todo o tempo do mundo e o que faço ?

No fundo, depois de muito tempo, o que buscava era resgatar as lembranças boas, as amizades, a saúde que muitas vezes deixamos escapar.

Lembrar e viver do que era bom não deveria ser um sonho, deveria estar presente a vida toda.

Tempus fugit”: “o tempo voa, o tempo leva, o tempo acalma a alma, aproveita o tempo com coisas boas, ele não volta nunca mais. Ele É um tesouro de valor imensurável.

Tchau e até breve.

Antônio Pompílio Júnior – Graduado em Análise de sistemas pela PUC de Campinas . Pós-graduado em Gestão de Empresas pela UNICAMP e FGV. Adora esportes, viagens e depois de 40 anos de trabalhos em TI está aposentado curtindo a vida. “Aquele que não luta para o futuro que quer terá que aceitar o futuro que vier”.
Posted on

O PENSAR

O pensamento existe com grande pujança entre nós,

E isso nos acelera  as opiniões, os nossos questionamentos e todos ao nosso arredor facilitando sem que percebamos o  respirar da poluição, que geramos como as hélices de um moinho!

Temps de l’enfance

“si on pouvait retenir le temps et le garder pour toujours”

c’est un dicton nigérien, issu d’un peuple qui souffre, et qui vitre le temps, c’est à dire qui vit la vie offerte pour ce temps.

temps de l’enfance

temps d’innocence

temps de chérir

temps d’ expérience

temps, temps, temps

vie, vie, vie

illusions, fantaisies, rêveries,

vouloir, abuser, être et maîtriser

bref, c’et le temps

de vivre!

Tempo de infância

Ele nos persegue vida a fora.

E nós, impregnada por esse tempo vamos nos vendo, a cada dia mais impregnados por ser esse aloucado resistente e nosso amigo frentista, que existe, insiste e persiste em viver dentro de nós e a cada segundo o vemos lá dentro amortecido por nós mesmo!

A capacidade de reconhecer a criança dentro de nós, não é tão simples e nem tão fácil, e também não existe um fator determinante, pois cada um de nós engloba uma festividade de vida incomum!

Como é difícil interferirmos em nossas atitudes insanas!

E posso explicar simplesmente assim…

Um dia normal em uma avenida, um carro pede passagem, e buzina, buzina e ao passar por mim esse carro abestalhado encosta em minha janela e o motorista diz:

Sai da frente ô! tá nessa moleza vai lavar roupa, ao invés de estar no trânsito!

Ah! e eu respondo:

Desce do carro que eu vou te mostrar!

É nesse momento que a “inha” toma conta de mim!

A criança sobe de um lugar que eu nem imaginava que ela estivesse.

E eu brigo, eu grito eu berro!

E o outro só queria pedir passagem! Graças a deus, se… não!

E eu fico ali berrando as minhas inconsequentes charadas… até me conformar, e sentir que o outro estava melhor que eu, não chegou a expressar o seu “inho” de seu dentro…

Agora me contem, quantos acidentes desse tipo, você já presenciou ou soube?

As brigas de trânsito, embaladas por um fio tão meteórico, mas tão tenaz, que raramente vamos dispor da resposta, de quem começou?

Qual “inho ou inha” se distraiu?

É, o mundo provoca tempestades na criança durante o seu desenvolvimento, será que essa criança não adormece?

Não, ela nunca adormece!

Ela está dentro do nosso eu… então o “tempo” não nos permite morrer para a vida!

Ele resiste, existe, insiste, persiste em nós!

“que bom se pudéssemos segurar o tempo, de modo que pudéssemos guardá-lo para sempre” (Ditado nigeriano).

Este ditado é nigeriano, vem de um povo, que sofre, luta e que vive o tempo, isto é, que vive a vida que lhe é ofertada por esse tempo.

Nós adultos temos algumas vezes saudades de um passado da infância, como se só a nós pertencessem, nos esquecendo de que o passar dos anos sempre reflete aquilo que de alguma forma vivemos com o outro.

Falar do:

Tempo de infância!

Tempo de inocência!

Tempo de benquerença!

Tempo de vivência!

Tempo, tempo, tempo!

Vida, vida, vida!

Querer, abusar, ser, ter,

Enfim é um tempo,

Tempo de viver!

PS: Sobre o “inho ou inha” exemplos: joaninha, robertinho… e assim vai e essa é a “inha ou inho” que está dentro de nós!

(e não é loucura da joaninha)

Joana D’arc de Paula – Bela Urbana, educadora infantil aposentada depois de 42 anos seguidos em uma mesma escola, não consegue aposenta-se da do calor e a da textura do observar a natureza arredor. Neste vai e vem de melodias entre pautas e simetrias, seu único interesse é tocar com seus toques grafitados pela emoção.

 

 

 

 

Posted on 6 Comments

Tempo das almas felizes

Foi em um profundo relaxamento que tive o primeiro contato .

Lembro vaga mas profundamente do espaço de tempo em que minha alma é totalmente livre e feliz .

Não me refiro ao tempo no sentido literal, de passado, presente e futuro. E, sim, de um tempo simultâneo a este em que estou escrevendo este texto .

Neste tempo, há muitas outras almas igualmente livres.

O sentimento abundante e unânime é o amor.

O amor nos faz sentir acolhidos e especiais.

Há tanto amor nesse lugar que transborda alegria nas relações.

Lá não existe preocupação, nem medo. Não existe comparação e nem competição. Apenas liberdade.

Liberdade para ser o que a sua essência é.

E confiança de que todos naquele lugar possuem a mesma essência e estão conectados como se fossem um.

Foram poucas as vezes que tomei contato com este espaço de tempo mas foi o suficiente para ficar guardado no altar das minhas lembranças , como uma das melhores experiências que tive.

Neste tempo eu vôo. Sim! Eu sei voar como um foguete e mergulho nas nuvens, rodopiando no céu .

Este mundo físico é demasiado limitante para expressar em palavras como é o mundo das almas.

Meu desejo é que esta frequência de pura felicidade chegue até você através deste singelo texto .

Mas caso isso não aconteça , posso garantir que é bom saber que viemos de um lugar mágico, que coexiste com este espaço de tempo, e que, mesmo que você não saiba, às vezes, a nossa alma volta lá para se nutrir.

E o melhor de tudo, que me conforta muito, é que quando este tempo físico chegar ao “fim”, é para o tempo das almas felizes que vamos “voltar”.

Carolina Salek Fiad – É uma amante da vida e e se eu lema é: Leve a vida leve. Foi através do yoga que mergulhou no tempo das almas felizes.
Posted on 2 Comments

Entre o trabalho e a Vida: A urgência do Tempo

O tempo é um professor implacável e paciente. Ele ensina lições valiosas, especialmente para aqueles que não encontram tempo para viver com qualidade.

Olho para trás e vejo minhas filhas, que a tão pouco tempo se apoiavam nas minhas saias, hoje caminhando com suas próprias forças.

O trabalho, esse devorador insaciável do meu tempo, consome meus dias e noites. E eu, o que conquistei?

Lembro-me do cheiro de comida quentinha que enchia a casa, trazendo consigo uma sensação de aconchego e amor. Hoje, esse aroma é uma lembrança distante. Comer? Só se houver tempo.

A casa, antes um refúgio limpo e organizado, agora é um campo de batalha contra a desordem. Faxina? Só quando sobra um momento. Roupas lavadas? Se der tempo.

E o trabalho continua, insaciável, consumindo cada segundo, cada minuto. As desculpas para procrastinar são muitas, mas o resultado é sempre o mesmo: menos tempo para o que realmente importa.

As saídas com minhas filhas? Antes frequentes, agora são raras. Eu, sem tempo. Elas, sem tempo. O risco de não aproveitar esses momentos é grande, e o arrependimento pode ser um companheiro constante.

Peço mais tempo, imploro por ele, mas o tempo não se dobra à nossa vontade.E então, percebo que é preciso mudar.

O tempo, com sua pedagogia silenciosa, me mostra que é necessário priorizar.

O trabalho é importante, mas não pode ser tudo. A vida não pode ser deixada para depois, para “quando houver tempo”.

Preciso reencontrar o equilíbrio, redescobrir o prazer das pequenas coisas. Sentir novamente o cheiro de comida caseira, ouvir a risada de minhas filhas, aproveitar cada momento.

O tempo é precioso e, uma vez passado, não retorna. Que essa narrativa seja um lembrete de que o tempo é um bem valioso. Que possamos aprender a usá-lo de maneira sábia, equilibrando nossas responsabilidades e prazeres, para que, ao olhar para trás, possamos ver não apenas conquistas, mas também momentos vividos com qualidade e amor.

Maria Teresa Cruz de Moraes – Bela Urbana, negra, divorciada, mãe de duas filhas moças, totalmente apaixonada por elas, seu maior orgulho. Pedagoga, psicopedagoga, especialista em alfabetização e coordenação pedagógica. Ama estudar. Está sempre envolvida em algum grupo de estudo que discuta sobre práticas escolares e tudo que acontece no chão da escola. Ah, é ariana.

 

Posted on 4 Comments

O tempo e a dopamina

De acordo a Revista Superinteressante, dopamina é um neurotransmissor que
causa sensação de bem-estar, e ela também é capaz de influenciar na nossa
percepção do tempo, isso ocorre em parte pelo funcionamento do sistema
límbico (área do cérebro responsável pelas emoções) assim quando
atendemos a um desejo, liberamos dopamina e quando temos alto níveis de
dopamina no organismo, geralmente achamos que o tempo passa mais rápido,
por isso temos aquela sensação de que uma semana antes das férias o tempo
demora mais para passar e que quando viajamos e estamos nos divertindo os
dias voam.

Recentemente, completei 53 anos e minhas memórias e a minha sensação do
meu tempo vivido até hoje se fizeram presentes, no transcorrer do dia do meu
aniversário, entre minhas atividades rotineiras, minha mente divagava para
tudo o que vivi, minhas conquistas, alegrias, projetos realizados, viagens que
fiz e em tudo o que quis, as pessoas que fizeram e fazem parte da minha
história e também nas coisas que não funcionaram exatamente como planejei
assim como nas ramificações e teias dessas vivências todas, ter chegado até
esse hoje me enche de alegria e gratidão, por outro lado sinto uma mescla de
expectativas que geram esperança, medo e angústia pelo devir, e entendo que
esse sentimento faz parte do viver, essa dualidade que ao longo da jornada e
dos anos experimentamos constantemente, me acalmo e sigo.

Ao fechar um e iniciar outro ciclo de vida, tenho plena consciência que o tempo
passou mais rápido do que eu jamais imaginei, ninguém controla o tempo e
nem sequer posso ter certeza de quantos ciclos ainda me restam, sei que
posso escolher como viver cada minuto que eu recebo a cada dia que abro os
olhos pela manhã, e por isso decidi que farei esforços conscientes para criar
experiências que possam aumentar meus níveis de dopamina, quero poder ter
sempre que possível essa percepção de que o tempo está passando muito
rápido e assim fazer melhores escolhas.

Para terminar, compartilho um lindo poema de Carlos Drummond de Andrade,
já que a expressão artística e criativa estimula a dopamina.

“O tempo passa? Não passa”
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz

a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.
E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama
escutou o apelo da eternidade.

Leia mais em: https://super.abril.com.br/comportamento/por-que-o-tempo-
pode-passar-devagar

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.
Posted on 2 Comments

El Tiempo de lo Sagrado

El Tiempo, enigma de la vida, nos inspira y nos hace pensar en los ciclos de la naturaleza como si nuestros sueños bailaran ante las luces de una hoguera crepitante en una noche de luna brillante.

Es muy difícil definir algo sobre el tiempo, al mismo tiempo que no conocemos su verdad de manera concreta. Tenemos el impulso de vivir sin pensar en cronologías, sin darnos cuenta que el pasado, el presente y el futuro son solo los recuerdos que logramos registrar y conservar cuando el Señor del Tiempo nos envolvió en sus manos.

Desde que llegamos al mundo hemos sentido tu presencia, tu tacto, tu evidencia. Se nota a nuestro alrededor a medida que crecemos, al mismo tiempo que nuestro cuerpo cambia, todo lo que conocemos también cambia.

Sin embargo, no nos damos cuenta de que la vida continúa en sus ciclos encantadores o no tan encantadores y estos cambios nos parecen naturales siempre que nuestra percepción de los cambios no sea tan aguda debido a la costumbre y la falta de atención. También aprendemos a centrarnos en las tareas cotidianas, que consumen tiempo, y muchas veces nos sentimos obligados a apresurarnos para terminar rápido, con la ilusión de que así tendremos más tiempo libre para hacer lo que queremos.

Hasta que un día nos encontramos ante algunos asombro de la consciencia, que finalmente se da cuenta de que el tiempo ha pasado. Cuando nos miramos al espejo y vemos algunas arrugas o imperfecciones que no habíamos notado, o nos damos cuenta de que nuestro cuerpo no responde inmediatamente a las órdenes habituales, o incluso cuando algún dolor empieza a visitarnos de forma más constante.

No hace falta que pase el tiempo para darnos cuenta de lo importante que es la calidad de nuestra presencia en todo lo que hacemos. Así, la vida puede convertirse en poesía sagrada cuando nos dedicamos a cada momento como si fuera una ofrenda.

Me gustaría terminar citando a Rumi, un poeta islámico persa del siglo XIII, que nos inspira a ver la vida como una oportunidad para acceder a lo sagrado cuando ponemos amor en todo lo que hacemos.

“Deja que la belleza que amas, sea lo que haces”. Rumi

Ana Paixão – Bela Urbana, filosofa, pedagoga, palestrante e educadora que trabalha com treinamentos há mais de 10 anos

 

Posted on 8 Comments

É tempo de se viver

O relógio nos diz sobre o tempo cronológico medido por horas, dias, meses e anos. Desejo falar sobre um outro tempo, o qual podemos viajar através das memórias, pois elas nos remetem há momentos desde a infância até os dias atuais.

Neste tempo a vida pode passar como um filme e pode-se revisitar momentos de dor e alegria em alguns minutos ou horas. Quando isso ocorre fico a pensar que a vida tem a ver com intensidade e eternidade.

Ao observar a natureza notamos que a semente de uma árvore, contém em si todo o potencial necessário para que se desenvolva e torne-se uma linda árvore, todavia a árvore ao morrer deixará sementes. Fico a imaginar o movimento da vida como as ondas do mar que avançam para retornar, retornam para avançar.

Na dança da vida as vezes erramos o passo, outra vezes perdemos o ritmo e o rebolado, mas tudo faz parte do aprendizado de dançar a dois. Ao acertar o passo podemos bailar, assim como um casal de amantes com a leveza e sintonia. É sobre esse instante que pode dar sentido a uma vida que chamo de eternidade.

No filme “PERFUME DE MULHER”, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: “Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos…” Responde ele: “Mas em um momento se vive uma vida” conduzindo-a num passo de tango.

É sobre esse instante o qual pode dar sentido a uma vida que chamo de eternidade. Estar no fluxo da eternidade tem a ver com reconhecer a singularidade que cada um de nós somos no universo e no tempo. Logo cada um de nós expressa a diversidade da beleza que compõem a vida. Ao experimentarmos essa dimensão, tudo vai fazendo sentido e, passamos a nos implicar com cada decisão tomada durante a vida. É possível reconhecer que para cada decisão havia uma necessidade a ser atendida ou experimentada, a fim de se tornar que se é.

Movida por esse sentimento de eternidade, ao completar 60 anos, revisitei lugares onde morei especialmente da adolescência para frente, uma vez que a infância se passara em outra cidade. Foi uma experiência incrível; reviver as memórias de um tempo passado entrelaçado ao momento atual e, me reconciliar com todas as aquelas versões de mim, que me habitaram desde sempre. Reconhecer que sou somatória de todas elas, me preencheu de uma alegria, a qual fora bem descrita por Caetano, na música, Dom de Iludir: Cada um sabe a dor e a delícia. De ser quem se é.

Para terminar a minha reflexão te pergunto: E você já fez essa viagem no tempo? Sinta-se convidado.

Maria das Graças Guedes de Carvalho – Bela Urbana. Psicologa clinica. Ama a vida e suas dádivas como ser mãe, cuidar de pessoas e visitar o mar.
Posted on 6 Comments

O tempo e a memória: registros e interpretações!

Hoje encontrei fotos que tirei quando fazia ensaios fotográficos no Rio de Janeiro. Como o tempo passou e de lá pra cá muitas transformações, conexões, estudos, treinamentos construídos e realizados, trabalhos corporativos, relacionamentos, afastamentos e reconexões. Fiquei refletindo em como a construção de nossa história pessoal em nossa memória não é algo linear com uma lógica ascendente e previsível, apesar de ter uma lógica e fazer todo o sentido, parece que o tempo, como dimensão psicológica, passa de forma diferente para cada pessoa, e às vezes uma pessoa pode guardar na memória uma infinidade de caminhos lógicos para o mesmo processo vivido. Podemos escolher dentro de todas as possibilidades que nossa mente apresenta quais nuances e cores recolher de nossa história?

Quando estudei a matéria de Filosofia da história percebi algo parecido em relação a história da humanidade, onde pude entender que nossa trajetória humana guarda uma memória ancestral que pode ser contada a partir de variados enfoques, mesmo que o caminho percorrido tenha sido um só considerando apenas a lógica dos fatos, com ciclos de início e fim para grandes civilizações, mas deixando registros e evidências recolhidos e preservados. Se a narrativa apresentada ou escolhida já tem um enfoque que depende de diversos fatores, onde encontrar a memória ancestral que nos indique para onde estamos indo, que caminhos já percorremos e o que precisamos fazer para melhorar nosso futuro como grupo humano?

Essas questões me fazem buscar cada vez mais nos antigos ensinamentos das tradições que a filosofia me presenteou. Quando observamos a natureza com cuidado, podemos perceber a integração da vida que se reflete na percepção de unidade. Ao caminhar por uma trilha encontramos pedras, plantas, animais, e muita diversidade, mas nunca tive sensação de que algo estivesse isolado, na verdade, tudo parecia estar em comunhão.

Muitos sábios e filósofos apresentaram essa questão da unidade presente na multiplicidade. Desde os pré-socráticos dos séculos antes de Cristo até filósofos modernos, a busca da sabedoria esteve pautada na busca da Causa primeira, fundamento metafísico que por evidência lógica permeava toda a multiplicidade da natureza.

Os filósofos pré-socráticos chamavam a Natureza de Physis, e por isso foram chamados de físicos por Aristóteles, filósofo grego que se dedicou bastante em nos falar desses sábios da Grécia clássica. Se hoje não temos como ler seus textos completos, por causa da ignorância histórica que destrói o que não compreende, podemos ainda acessar seus ensinamentos através do olhar de Aristóteles. Esses sábios antigos tinham uma forma de ver a Natureza como algo completo, e mesmo escolhessem abordar um enfoque da natureza não deixavam de ter como fundamento sua totalidade, asim como percebiam que havia uma direção ou finalidade que se evidenciava na harmonia existente nas relações entre as diversas partes integradas na Natureza.

Para esses sábios essa harmonia presente na multiplicidade da Natureza só era possível por que havia uma Causa primeira de onde todas as dualidades surgiam e para onde retornavam. Portanto outro princípio importante para os filósofos pré-socráticos era que a Causa e a Finalidade eram uma mesma coisa. Por isso muitos estudiosos destes sábios falam do eterno retorno. O que posso explicar mais a frente. Isso que era causa e retorno de tudo que é múltiplo que muitas vezes é chamado por vários nomes na história da filosofia e na história humana: Thales de Mileto dizia que era a Àgua que dava origem e vivificava toda a natureza; Anaxímenes afirmava que era o Ar como alento divino; Anaximandro atribuía a causa da vida ao Ápeiron; interpretado como o “infinito”; Pitágoras apresentava o Número como princípio de toda a multiplicidade; Parmênides chamava esse princípio de Ente; Empédocles considerava a mistura dos elementos terra, água, ar e fogo; Demócrito considerava o Átomo a partícula última que não se divide; Heráclito dizia que o princípio de todas as coisas era o fogo. Muitos comentadores acreditam que Heráclito desconsiderava o elemento metafísico da Natureza, porque seu enfoque principal era sobre o Devir, ou seja, o movimento que transforma todas as coisas que podemos ver através da alternância dos contrários. Heráclito também afirmava que no fundo dessa aparente guerra dos contrários havia harmonia, que vem do Logos, a lei universal da Natureza.

A questão é que cada filósofo da história da filosofia clássica se dedicou a dar um enfoque diferente ao fundamento metafísico que era causa e finalidade de toda a manifestação, “as coisas aparecem e desaparecem”; “do Ápeiron surge a primeira dualidade que dará origem à multiplicidade”; “Todas as coisas surgem em desequilíbrio e buscam se equilibrar” “Voltar ao seu equilíbrio é voltar à Causa primeira”.

Mas afinal o que seria essa causa primeira para os filósofos pré-socráticos?

Ana Paixão – Bela Urbana, filosofa, pedagoga, palestrante e educadora que trabalha com treinamentos há mais de 10 anos
Posted on 4 Comments

A ruptura do laço abusado e abusador exige amor

Você já viu um cacto?
Já tocou nele?

Imagine que a relação abusiva é o cacto e você está abraçada nele.
A dor é tanta que com o passar do tempo você nem sente mais, já está anestesiada.

Algo acontece, uma nova agressão, uma nova violação, um novo xingamento, grosseria, empurrão, e volta doer.

Você sente a intensidade da dor e diz, agora chega.
A decisão alivia a tensão.

Quando você começa a soltar o cacto, dói, dói num tanto, que muitas vezes, você prefere abraçar de volta, porque com essa dor você sabe lidar.

Outras tantas tentativas feitas.
Enfim, os espinhos na pele, alma e coração.

Tirá-los vai fazer parte da sua vida agora, a dor é inevitável.
Inclusive aquela de não saber o que tem para além do cacto.

O que vai ser da minha vida sem essa dor?

Joe Dispenza diz: “Se você não consegue prever um sentimento de uma experiência na vida, você vai resistir em vivê-la.”

Justamente porque a dor do cacto anestesia o corpo, a alma e o coração.

Sentir a brisa da liberdade, me deu leveza na alma e acendeu uma chama no meu coração.
Me motivou a romper, seguir e viver nova relação, seguindo esses passos:

1º Passo: Amor Próprio

A primeira relação de amor mais importante é com você.
Nutrida pelo respeito e admiração pela sua jornada.
Nada, absolutamente nada te falta
Se ame na totalidade.

Esse é o passo fundamental, sem ele nada se sustenta.
Essa é uma das razões porque pessoas abusadas reatam o laço, não houve a manutenção do Amor Próprio.

2º Passo: Aceitar

Amar sua história, e tudo que dela faz parte.
Dar direito de pertencer a tudo que foi, como foi e é, nada podes fazer com o passado.
Você é quem é hoje porque tens a força e sabedoria desses aprendizados.

3º Passo: Desapegar

O desapego é um processo de identificar, acolher e sentir todas emoções que vibram soterradas no seu corpo.
Responsabilize-se por elas.

Deixamos de ser obcecados por quem nos nega amor, quando nos damos amor.
O processo de reconciliação começa de dentro para fora.
Depois com seu corpo, alma e coração.

Luana Carla Levy  – Bela urbana, analista corporal e comportamental. Sua paixão é poder contribuir para evolução da nossa espécie através do seu trabalho, sendo facilitadora do processo evolutivo interno, auxiliando pessoas a encontrarem soluções para seus conflitos de forma mais harmoniosa possível, respeitando seu funcionamento natural. E assim viverem em paz consigo e com o ambiente a sua volta.
Posted on

Sugestões de como ajudar vítimas de abuso

Nos intrincados e sombrios caminhos que levam a um relacionamento abusivo,
infelizmente há várias vítimas, a pessoa diretamente envolvida e outras, que podem
ser: amigos e familiares, se trata de um ciclo de violência, que pode reverberar, se
propagar, os formatos são variados, nem sempre o abuso é aquele caracterizado por
uma violência explícita, pode ser que a pessoa nunca tenha sido agredida fisicamente,
porém ouve ofensas constantes, é humilhada, tratada com desdém, desacreditada, há
muitas maneiras desse abuso acontecer.

Hoje quero escrever sobre como aqueles que são testemunhas desses abusos,
podem se sentir impotentes diante do sofrimento de alguém amado que vive uma
relação abusiva, às vezes essa circunstância se prolonga por anos e a pergunta óbvia
é como ajudar essa pessoa a sair da situação, se o caso é uma ameaça eminente ou
uma briga séria ou ainda uma agressão violenta, a atitude a se tomar é ligar para a
polícia ou no caso de ser menor de idade, o Conselho tutelar, existe também em
Campinas-SP, o Centro de Referência e Apoio à Mulher (Ceamo) que é um espaço de
responsabilidade da Prefeitura, destinado a prestar acolhimento e atendimento
humanizado às mulheres em situação de violência, proporcionando atendimento
psicológico e social e orientação e encaminhamentos jurídicos necessários à
superação da situação de violência, contribuindo para o fortalecimento da mulher; é
importante saber que essas opções existem, entretanto nem sempre são opções que
as mulheres buscam, muitas vezes a família esconde os abusos, vão vivendo naquela
relação tóxica, os filhos tem vergonha, os mais próximos convivem e não sabem como
ajudar, eu sei as atitudes que não ajudam: dar conselhos, julgar, dizer que tudo vai
passar, falar palavras vazias, quando alguém está sofrendo por uma situação de
abuso, ela sabe muito bem o que deveria fazer, ela simplesmente não tem forças para
fazer, e infelizmente muitas das vezes acredita firmemente que a outra pessoa vai
mudar, portanto em determinadas circunstâncias talvez o que mais ajude é ouvir,
oferecer um chá, um café, uma água, ser um bom amigo, estar presente e mais
importante: não demonstrar pena, a pessoa já está suficientemente fragilizada, não
precisa se sentir mais humilhada, a pessoa que observa ou vive num contexto aonde o
abuso acontece, também carregará as sequelas dessas situações e vai ter que cuidar
de si, de seu emocional para não se envolver e tomar as dores da pessoa, muitas
vezes tudo o que se pode fazer é ter paciência, é preciso entender mesmo que doa
muito que cada um é responsável por sua vida e é preciso que se aceite a ajuda, caso
contrário chegará como intromissão e pode trazer consequências ainda mais
desagradáveis. Para ajudar alguém de verdade é preciso criar um laço de amizade,
criar uma conexão, ser humilde para observar quando intervir e quando apenas estar
presente oferecendo uma escuta amorosa e atenta, entender que nem sempre a
pessoa quer ou está preparada para uma solução, às vezes ela quer apenas
desabafar e ainda não está pronta para enfrentar mudanças.

Eliane Ibrahim – Bela Urbana, administradora, professora de Inglês, mãe de duas, esposa, feminista, ama cozinhar, ler, viajar e conversar longamente e profundamente sobre a vida com os amigos do peito, apaixonada pela “Disciplina Positiva” na educação das crianças, praticante e entusiasta da Comunicação não-violenta (CNV) e do perdão.