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O descanso não vem aos domingos

Quando é que o tempo para? Eu me pergunto dez vezes enquanto me visto para o trabalho.

O cansaço que eu sinto é de outras vidas e parece que eu o levarei comigo para outras mais.

Hoje é segunda-feira. Não adianta um domingo por semana. As pausas semanais são ilusões que nem começam, nem terminam, se emendam aos dias que chamam de úteis e a vida segue sem noticiário, porque o domingo é sagrado. Mas, cadê o descanso? Ele não vem aos domingos também.

A realidade é sedenta de minutos corridos, não dá tréguas nem para beber água, nem para olhar o céu, nem para disfarçar.

Eu acordo com o relógio atrasado, arrastado, me pedindo para cuidar da casa que nem amanheceu, nem viveu a noite.

Não converso mais com o espelho depois dos desaforos que ele vinha me dizendo e que eu retribuía sem nem sentir dó, nem querer mal. São as micro agressões perturbadoras do ego que eu evito alimentar.

Os instantes precisam de mim e eu nem posso desfrutar.

Todo dia a mesma coisa: correria e ofegância. Nada é capaz de me tirar do moinho de mim. Por fora pareço ventar, por dentro nem inspiro, nem respiro.

Quero ar, quero mar, quero par, quero lar… mas, não encontro brisa, nem onda, nem afago, nem travesseiro. Passo os dias ansiosa, tentando acreditar que uma hora alguém vai dizer bem alto que o tempo resolveu apreciar a paisagem e liberou geral para vadiar.

Pior é que esse desejo de não fazer nada vem embarcado em culpa e saudade. É tão difícil ter paz! Eu tenho sentido falta da angústia do tédio na minha infância, da aflição do ócio na maternidade, daquela gana terrível de não ter o que fazer na adolescência, do medo de perder tempo em pensamentos soltos e revoltos que um dia foram meus, nem são mais.

Quem pode suportar essa ideia de que o nada tenha seu valor? Eu não dou conta!

Mesmo exausta, sôfrega e abatida, recebo convites para tomar café, sorvete, vinho no meio da semana… e pedidos de ajuda no meio das noites chuvosas… e lembretes de eventos nos momentos mais inusitados. Tudo isso é motivo de orgulho para mim, pois ainda que eu me sinta cansada, aos olhos do meu mundo sou lembrada e sou salva da loucura de que o tempo nunca repara em mim.

Termino de me vestir sem resposta e apressada, acumulando mais cansaço à minha já lotada mala de lamentos inesgotáveis, ansiando por mais tempo e mais vigor.

Não hesito em suspirar para que a esperança não tenha tempo de fugir de mim.

Dany Cais – Bela Urbana, fonoaudióloga por formação, comunicóloga por vocação e gentóloga por paixão. Colecionadora de histórias, experimenta a vida cultivando hábitos simples, flores e amigos. Iinstagram @daniela.cais

 

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A casa que você vive

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Me propus nos últimos dias, seguir uma frase que li no livro Portas Abertas, que é:
‘ As palavras que você fala se tornam a casa em que você vive!’

Seguindo esse contexto, procurei em todos os momentos agradecer, e não falo de GRATIDÃO, essa palavra legal que o pessoal descolado prega mas que pouco se vê.
Diariamente passamos por diversas situações ao lidar com outras pessoas, seja no trânsito, na padaria, no hospital, enfim, várias pessoas, vários lugares e infelizmente o ser humano tem o terrível hábito de achar que a sociedade esta ali para lhe servir. Que têm OBRIGAÇÃO. Obrigação de o satisfazer, obrigação de não errar, obrigação de estar a disposição, obrigação de estar sempre bem, sorridente, feliz, para única e exclusivamente atender as necessidades de um outro ser humano que se sente superior.
‘As palavras que você fala se tornam a casa em que você vive!’
No exercício de agradecer diariamente, em TODOS os lugares que passei: farmácia, loja, mercado, clínica (etc), ao sair, dizia coisas como:
– Obrigada, um ótimo trabalho e uma excelente semana (ou final de semana)…
– Bom final de expediente e bom descanso…
– Muito obrigada pela paciência, pelo atendimento e até a próxima…

A reação de uma forma geral é a mais absurda. Elas ficam ASSUSTADAS, gaguejam, não sabem o que responder, ficam com cara de espanto, mas ao final, sempre retribuem a gentileza.
Nesses dias, penso que tantos pregam o bem, e não o vivem, falam de coisas boas e não compartilham, falam sobre divindades e religiões e não fazem absolutamente nada de bom pro mundo, para os que estão ao seu lado. Presenciei até uma mulher discutindo com o caixa de uma loja e dizendo:
– Você está tentando me desestabilizar mas meu Deus é mais forte e não vai deixar, passe logo essa compra que quero ir embora… (oi?)

A prática da gentileza já existia nos meus dias, mas o habito leva quase que a uma obrigatoriedade (pessoal) e acredite, o mundo responde, a toda e qualquer gentileza.

‘As palavras que você fala se tornam a casa em que você vive, portanto escolha onde você quer morar!’

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karla Ferreira – Escorpiana, de personalidade forte, não gosta de nada que não seja intenso, tem preguiça de pessoas insossas. Para ela cada dia é uma batalha, vive profundamente e tem horror ao tédio.

 

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Conselhos do Kiabo – 3

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Nunca sorria demais. Esse mal comum hoje em dia é uma mal sem procedentes. Que coisa horrível ficar mostrando para qualquer um parte tão íntima quanto os dentes. Sempre que sorrir, sorria no máximo 2 cm de abertura, o resto esconda. Não mostre de forma alguma. Se guarde para uma ocasião, onde seja necessário sorrir muito. Entendeu a ocasião?

 Até a próxima, Kiabo.

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Jeff Keese – é arquiteto, produtor de exposições de arte, e durante 7 anos foi consultor do mapa das artes de São Paulo. O Kiabo é um personagem que criou na adolescência para dar conselhos para as mulheres, por isso os conselhos do Kiabo estão sendo divulgados no Belas Urbanas.

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Fragmentos de um diário 2

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“…. mas nesse últimos dias ando repensando e revendo certas coisas e venho concluindo algumas coisas importantes. Mudar não é fácil, mudar comportamentos é mais difícil ainda, mas o primeiríssimo passo é percebermos que precisamos mudar, melhorar. Penso individualmente o quanto preciso melhorar, controlar minha ansiedade, meu lado impaciente que gera momentos desgastantes, sorrir mais, enfim, aprender mais, melhorar, crescer e ter sempre meus objetivos de vida de acordo com minha vida. Isso que escrevo não é nada negativo, pelo contrário, é primeiro passo, é uma auto-análise de como ainda posso melhorar.

Que bom que posso e que podemos sempre melhorar, que bom poder enxergar isso e mais ainda, ter a chance de fazer acontecer. Porém, mudar comportamentos é difícil, comportamento coletivo, mais difícil ainda. O que quero escrevendo isso é que todos percebam o seu papel, que todos estejam de acordo com seu objetivo de vida, que todos estejam sempre pré-dispostos a melhorarem e com isso fazer as coisas melhores. É questão de postura de vida, do acreditamos ser certo ou errado.

Precisamos estar mais pré-dispostos ao sim. Que tal tentarmos antes de dizer não. Que tal avaliarmos se não damos conta antes de dizer não. Posturas positivas e negativas. Aonde quero estar? Aonde queremos estar?…”

01 de março – Giza Luiza – 30 anos

10959308_10203700598545176_5268303932415920241_n Dri perfil

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. 

 

 

 

 

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LULUZICES

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Não quero causar impacto, nem tampouco sensação! Mas nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.

Que bom que tudo muda o tempo todo no mundo!

Nós somos medo e desejo! É natural que seja assim, tanto pra você quanto pra mim…

A vida é mesmo assim: dia e noite, não e sim… Pode ser que o barco vire, mas também pode ser que não! Só que dessa história ninguém sabe o fim! E continuamos num indo e vindo infinito…

Mas enquanto isso, não nos custa insistir na questão de não deixar o desejo se extinguir!!

Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo. Acho que é bobagem a mania de fingir negando a intenção.

 

Pra que tanta complicação se é tão fácil de entender! Me dê a mão e vem ser a minha estrela!

Eu me recuso a admitir que amar é sofrer.

Me dá um beijo então, e veja que a vida passa lentamente, e a gente vai tão de repente que não sente saudades do que já passou…

Tolice é viver a vida assim, sem aventura… se é loucura, então melhor não ter razão…

 

Eu gosto tanto de você!

Já que consideramos justa toda forma de amor, quando um certo alguém desperta o sentimento é melhor não resistir e se entregar!

Pode estar certo que eu não vou me dar ao luxo de te perder! Porque o teu amor me cura de uma loucura qualquer. Deixo assim ficar subentendido… Eu quero crer no amor numa boa!

Isso é só uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer!

Só vamos então deixar combinado: aqui é a vida real! É muito mais do que um sonho…

Todo mundo sonha em ter uma vida boa! Há tanta vida lá fora…

Se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer! Por que tudo passa, tudo sempre passará…

Não me faça esperar, há uma certa urgência…

Hoje o tempo voa, escorre pelas mãos! E como não há tempo que volte, vamos viver tudo que há pra viver! Vamos nos permitir…

Só ouço o som da minha própria voz a repetir: SOS, solidão!

Use a sua habilidade pra dizer mais sim do que não… Tudo o que cala fala mais alto ao coração.

Já que estou em tuas mãos, faz como entenderes. Mas eu não vou me dar ao luxo de te perder!

Eu não sei viver sem ter carinho, eu não sei viver triste e sozinho, eu não sei viver preso ou fugindo, é minha (única) condição (para ser feliz!). Se isso for algum defeito, por mim tudo bem!

Tem certas coisas que eu não sei dizer…Silenciosamente eu te falo com paixão…

Assim caminha a humanidade! Voltemos à estaca zero. Fica tudo igual… Normal!

Meu coração canta feliz!

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Denise Alcântara -Socióloga e professora, pessoa livre nas ideias, no pensamento e nas atitudes. Minhas inquietações me mobilizam e motivam o meu aprendizado constante.

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QUEIJO OU BEIJO?

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Queijo ou beijo?

Beijo ou queijo?

Dou um beijo ou como um queijo?

 

Queijo ralado,

queijo mussarela,

queijo gorgonzola.

Beijo no rosto,

beijo na testa,

beijo na boca.

 

Queijo com presunto

Beijo com abraço

Queijo do Alemão

Beijo do Negão

 

Queijo comprado pode

Beijo roubado também

Beijo comprado não pode

Queijo roubado também não

 

Queijo é saboroso.

Beijo é amoroso.

Doce de queijo é bom.

Beijo doce também é bom.

 

E agora?

Dou um beijo ou como um queijo?

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Adriana Chebabi (aqui desenhada pelos olhos de sua filha Carol) – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Entre um queijo e um beijo, prefere o beijo 🙂

 

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O que nos prende na rotina é a fé

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Não tive muito tempo pra pensar no meu dia de hoje. Agora nesse transito me sobram alguns minutos de silêncio comigo mesma e resolvi dedicá-los a isso.

A nossa vida é muito frágil. Por pouco o que nos prende na rotina é a fé.

Fé no sentido mais amplo… Não só a tônica religiosa, mas muito mais a psíquica.

Nos vemos vivos por acreditar em tantas coisas que os pequenos abalos se diluem entre as mais diversas crenças.

Hoje eu descobri que a minha fé é mais elástica que o meu tempo. Porque o tempo emoldura o que a fé transborda.

Talvez o meu tempo seja breve pro mundo do jeito que eu vejo. Mas a minha crença no mundo é maior que o tempo que ele me dará dentro dele.

Hoje vivi mais um dia, pelo tempo, pela fé e por tudo que eu diariamente guardo em mim.

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Renata Lavras Maruca – Mulher, mãe, publicitária e cronistas nas horas de desespero. Especialista em marketing de conteúdo digital. Observadora do universo humano e suas correlações” intermundos”(reais e virtuais). Viciada em doces, gordinha por opção e encantada pela sedução inteligente. Prefere sempre vestir em palavras escritas tudo aquilo que reflete ou carece de análise. Resumindo: Complicada e perfeitinha

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Fragmentos de um diário

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…é esse lance de você se ver sozinho, se encontrar, saber o que você quer ou não, e ter consciência de que ninguém é bengala de ninguém. Você não pode esperar que as pessoas vão estar sempre do seu lado e saber quando você está bem ou mal. Você não pode ficar contando com as pessoas, porque não é sempre que elas estarão no mesmo clima pra te ajudar, sempre que puderem e perceberem e, é lógico, se gostarem de você, irão te ajudar, mas não dá pra ficar contando com isso sempre, por isso é melhor nunca contar, conte sempre com você, não fique esperando que vai aparecer alguém e te salvar dos seus problemas, e se aparecer é algo a mais e não apenas um complemento.

30 de julho – Gisa Luiza – 18 anos

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 Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. 

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Conselhos do Kiabo

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Belas Urbanas do Brasil! Cuidado, muito cuidado com os sapatinhos que usam.

O pé é pois, um centro importante. Qualquer coisa afeta o pé, afeta você, e por isso cuidado ao escolher o seu próximo pisante. De preferência a um bem arejado, pois “boy” nenhum aprecia os pés da amada com cheiro inodoro, não é mesmo?

Até a próxima,

Kiabo.

jeff

 Jeff Keese – é arquiteto, produtor de exposições de arte, e durante 7 anos foi consultor do mapa das artes de São Paulo. O Kiabo é um personagem que criou na adolescência para dar conselhos para as mulheres, por isso os conselhos do Kiabo estão sendo divulgados no Belas Urbanas.

 

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Renato Russo

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Renato Russo faria 55 anos dia 27 desse mês, ainda seria “jovem”, mas já se faz quase 19 anos que ele morreu. Muito jovem, por sinal.

Suas músicas embalaram minha adolescência. Na minha época de adolescente, ensino médio se chamava colegial e nossas agendas eram diários que marcavam não só as provas e aulas do dia, mas eram repletas de espaços musicais, onde escrevíamos pedaços de letras de músicas, “quem me dera ao menos uma vez acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes” ou então, “mas nos deram espelhos e vimos o mundo doente” ou ainda, ”será só imaginação? será que nada vai acontecer? será que é tudo isso em vão? será que vamos conseguir vencer?”, as letras do Legião estavam sempre impressas na minha agenda e das minhas amigas.

Renato Russo e sua Legião não embalaram só minha adolescência, mas todos os anos seguintes “sentia mesmo que era mesmo diferente, sentia que aquilo ali não era o seu lugar, ele queria sair para ver o mar…” já me senti assim também, quem não?  Até hoje as músicas do Legião tocam na minha trilha de preferidas “quem inventou o amor, me diga por favor”.

“Que pais é esse?” virou um clássico regravado por muitos, está na trilha sonora de novelas atuais e infelizmente atual mesmo depois de algumas décadas da sua composição, isso nos faz mais do que nunca pensar “que pais é esse?”, e Geração Coca-Cola “suas crianças derrubando reis, fazer comédia no cinema com as suas leis”, familiar não?

Será que Renato Russo estava tão à frente do seu tempo ou as coisas não mudaram muito desde então? A pergunta não quer calar.

O fato que é Renato Russo nos deixou um acervo rico, músicas que continuam a tocar, que falam de amor, da sociedade, que fazem críticas e que nos tocam.

Minha dica para a semana é ouvir Legião Urbana DOIS. Escolho uma música desse disco para compartilhar com vocês no meu “espaço musical” hoje virtual,  um trecho de  Daniel na Cova dos Leões onde ele fala de amor de uma forma nada óbvia.

“Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco”.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Adora ouvir e cantar as músicas do Legião Urbana 🙂