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Se conseguisse ver o seu destino

Tem caminhos que são meus e eu não abro mão, a frase de uma música que traz a reflexão, nenhum caminho é meu, eu, as vezes estou lá, tão distante de decidir onde irei chegar.

Tem caminhos que percorri e que pensei ser diferente, que no caminho me perdi, mas cheguei até aqui e se mudasse este caminho, onde estaria? Melhor ou pior? Talvez nem te conheceria.

Se o caminho não é seu, se temos que aceitar, nenhum caminho é errado, só basta caminhar, seguir em frente com um norte que determinamos, mas no coração da gente, saber que o resultado nunca poderá  ser diferente.

Não há tempo de voltar neste caminho, sigo sempre em frente, as vezes sinto um vazio, de quem caminha sozinho, mas tudo muda de repente, como se este caminho se formasse ponto a ponto na sua frente.

Vejo a grandeza do universo e tenho a certeza de que não estamos sozinhos caminhando neste grão de arroz que é a terra neste imenso vazio, percebo que meu tempo, nem começou, já se perdeu e hoje estou sozinho.

Ah… se houvesse certeza neste caminho, se conseguisse ver o seu destino, talvez não me sentisse tão perdido, talvez tivesse muito mais medo,  aprendi com o caminho que ler através do tempo mostra que não aprendi nada e que preciso ser coeso.

André Araújo – Belo Urbano. Homem em construção. Romântico por natureza e apaixonado por Belas Urbanas. Formado em Sistemas, mas que tem a poesia no coração e com um sorriso de menino. Sempre irá encher os olhos de água ao ver uma Bela mulher sorrindo.
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Crônica sobre os prédios do centro da cidade

Pedaço 1
Hoje eu tive um sonho. Era um pedaço de caminho nebuloso. Em meio à névoa, como num filme do Fellini, surgiu a imagem de um touro numa intensidade do presente. O presente é futuro. Sempre converso com pessoas que acham que o pretérito é mais que perfeito, mas o sonho sempre é imperfeito. Imagens esparsas vão se tornando nítidas conforme se desenrola nas telas da madrugada bem dormida.

Pedaço 2
Ao volante do meu carro pela rua que leva à cidade, ao sol e aos devaneios vejo um jabuti atropelado no meio da pista. Estaciono, defronte ao cinema central. Caminho até o jabuti para observar a maldade que atropela animais pelo caminho. O jabuti imaginado não passava de uma luva largada no meio do caminho assim… como as latas e outras embalagens atiradas pelas janelas dos automóveis que transitam por aquela via.
De volta ao volante do carro a caminho do centro da cidade vejo os muros cinzas dos condomínios fechados e os cartazes que vendem liberdade aos moradores que habitam ali. À esquerda os bois e vacas andam uniformemente, brancos e prontos para o abate.

Pedaço 3
Agora vou falar a sério; vou falar umas verdades dos prédios vazios no centro da cidade. Fui fazer uma caminhada pela região central da cidade. Um deserto incontornável atrás da “Última Crônica” do Fernando Sabino. Entrei em algumas livrarias e sebos procurando alguma leitura para além da minha zona de conforto: a representação da vida em movimento na época contemporânea. Em algumas das prateleiras percebi que os livros não se encontravam organizados pelos critérios tradicionais por temas e ordem alfabética de autores e nomes de livros, mas pela vizinhança, meio que se encostando um nos outros pela sincronia de sua diversidade. Não encontrei o livro de crônicas que procurava.
Depois, andei pela rua vazia, ao longo de um novo muro cinza. Na praça, as crianças jogavam bola. Sentei para descansar perto das dúvidas dos sem-teto que estavam almoçando linguiça, arroz e rúcula e descobri que eles se organizavam para saber aonde iriam passar a noite, sem atrapalhar o público.

Parte 4 ou (Guisado de considerações)
Unificar aspectos humanos em si, independentemente do instante de seu acontecimento. Mas se tudo era um sonho bom sobre o tempo que lento, não diz nada a ninguém, nem mais ilude a alma batida como as roupas que os moradores da rua lavam e estendem ali mesmo na grama da praça. Nada mais do que o ciclo dos dias em sua velocidade que roda nos raios da bicicleta e o sol que a segue mais uma vez completa seu arco e dá lugar a uma lua acompanhada de estrelas que mais uma vez vão se embora e vem o sol e vai-se embora.
Assim eu gostaria que fosse a crônica: um apanhado dos pedaços e anotações justapostes como num painel sobre o tempo presente. Caminhar por ruas e praças desconhecidas para ficar em silêncio e escutar o novo.

João André Brito Garboggini – Belo Urbano – é publicitário, ator e diretor teatral e tem três filhos.
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A vida e suas infinitas possibilidades

Já tive medo de ficar sozinha
Os fantasmas das experiências negativas do passado
Me faziam temer os padrões destrutivos

O medo se misturava ao desejo
Desejo por uma relação com conexão genuína
Meu coração ardia
Mas lá dormia a semente da esperança

Foram 10 anos de coração ressequido, ferido
O estado de alerta estabelecido
A fuga era certeira a qualquer possibilidade de interação

Nas fugas, me sentia perdida de mim, sem rumo na vida
Vida?
Que vida?

Eu sobrevivia acompanhada de um vazio na alma
De mãos dadas a solidão
Nada, absolutamente nada, me preenchia.
A tristeza me invadia e nada florescia.

Aquele coração ressequido tinha sede
Uma sede insaciável de mudança,
E nas andanças, mudei

Mudei 5 vezes de casa, 2 vezes de cidade, 3 vezes de trabalho;
Nenhum lugar me cabia
Nenhum lugar me preenchia
Meu lugar no mundo, parecia que não existia

Nessas andanças, entendi que a principal mudança seria interna.
Me abri, me permiti.
Vivi uma reforma profundamente íntima.

Onde no processo de arar meu coração,
Encontrei também sementes de tesão
O tesão de viver e florescer

Os primeiros brotos foram da esperança
Aquela semente que dormia.
A primeira e mais bela flor, foi a do desejo

Foi regando os anseios de uma nova vida,
Que a vida se manifestou e fluiu através de mim

Nesse tempo de arar, regar e cuidar dessa terra chamada coração,
Encontrei alguém a quem dar as mãos
Decidimos juntos cuidar desse jardim da vida compartilhada

Onde semeamos amor, parceria, lealdade e proteção.
Hoje floresce respeito, aceitação, compaixão e perdão.
Unidos damos manutenção a cada coração

A vida é permanente, é terra fértil.
Seus caminhos são em círculos.
Cada um tem em si as sementes das infinitas possibilidades.

O que tens plantado nos caminhos da vida?

Luana Carla Levy  – Bela urbana, analista corporal e comportamental. Sua paixão é poder contribuir para evolução da nossa espécie através do seu trabalho, sendo facilitadora do processo evolutivo interno, auxiliando pessoas a encontrarem soluções para seus conflitos de forma mais harmoniosa possível, respeitando seu funcionamento natural. E assim viverem em paz consigo e com o ambiente a sua volta.
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A palavra da vez é Rizoma

Substantivo masculino. 1. MORFOLOGIA BOTÂNICA: caule subterrâneo e rico em reservas, comum em plantas vivazes, caracterizado pela presença de escamas e gemas, capaz de emitir ramos folíferos, floríferos e raízes; 2. FIGURADO: base sólida que legitima ou autoriza alguma coisa; fundamento, raiz.

Essa é a resposta que o Google trás quando perguntado. Essa palavra, de dois significados possíveis, dentro da acepção digital desse oráculo, é usada por muitos dentro do campo filosófico dos botecos como algo que lembra a forma da raiz (cheia de ramificações e distribuições ao redor do solo) e, por isso serve de metáfora a vários sentidos possíveis de reflexão.

A vida não tem uma linearidade. Não é reta, previsível ou facilmente plano-execução. Ela tem seus percalços, que por nós são desviados. Nossa vida, e nossa história, são cheias de ramificações, seja por mudanças simples de rotas ou por desvios em eventuais problemas, dilemas, dialéticas. A vida é, portanto, um rizoma.

O Google, como vimos, apresenta duas possibilidades de interpretação para essa palavra: Raiz rica em reservas e comum às plantas muito vivas, ou base sólida, legitimadora. A vida, por ser cheia de desvios de rota, vai criando no solo de nossa história um conjunto de caminhos por onde busca seu alimento e se abastece de nutrientes. A vida, portanto, a cada desvio de rota, consolida mais nossa estrutura, nossa firmeza. A vida, como rizoma, é rica.

Por muito tempo, pensei que os desvios de rota em meus sonhos seriam fraquezas. Por muito tempo, esses desvios criavam em mim uma sensação de fracasso. Desde que entendi essa palavrinha, tenho me botado a pensar: o que me fez desviar de uma rota senão a necessidade de encontrar soluções para problemas da própria rota, me tornando capaz de continuar. Seria isso menos legítimo? Talvez não.

Renunciar à história de nossas vidas, dentro dessa pequena reflexão, é renunciar a beleza da flor que, sustentada por mil platôs de caminhos desviados por debaixo da terra, encontra alimento para alcançar os céus. Imaginei minha flor vermelha, pois ela se tornou amarela. Encontrou outros nutrientes e se fez assim, bela. Não pela beleza que quis, mas pela beleza que a vida, em seus descaminhos proporcionou.

Que meu olhar veja na flor de cada um, não a beleza que ele aparenta ter desenvolvido, mas os nutrientes escondidos de uma vida de raízes lutadoras e vencedoras. Que assim seja.

Crido Santos – Belo urbano, designer e professor. Acredita que o saber e o sorriso são como um mel mágico que se multiplica ao se dividir, que adoça os sentidos e a vida. Adora a liberdade, a amizade, a gentileza, as viagens, os sabores, a música e o novo. Autor do blog Os Piores Poemas do Mundo e co-autor do livro O Corrosivo Coletivo.
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Uma Jornada de Descobertas e Transformações

A vida é uma fascinante jornada, recheada de altos e baixos, oportunidades e desafios . A cada passo dado, nos deparamos com uma infinidade de caminhos a seguir, caminhos que se entrelaçam em uma complexa teia de escolhas e experiências, moldando quem somos e influenciando nosso destino. Devemos abraçar as transformações que encontramos ao longo desta rica peregrinação.

A vida é um fluxo constante de mudanças. Desde o momento em que nascemos até o último suspiro, estamos imersos em um processo ininterrupto de crescimento e evolução. Às vezes, essas mudanças são suaves e previsíveis, enquanto outras vezes são inesperadas e desafiadoras.Mas é justamente nas encruzilhadas da vida que temos a oportunidade de nos reinventar e descobrir novos horizontes.

Ao longo de nossa jornada, nos deparamos com uma infinidade de escolhas. Cada decisão que tomamos representa um ponto de virada, direcionando nossos passos em uma determinada direção. Algumas escolhas podem parecer pequenas e insignificantes, mas, com o tempo, percebemos que até mesmo as menores decisões têm o poder de alterar drasticamente nosso curso de vida. Devemos, portanto, tomar essas escolhas com sabedoria, ouvindo nossa intuição e considerando as consequências que podem advir delas.

Nesta jornada, é inevitável que nos deparemos com desvios e obstáculos. Essas dificuldades podem assumir várias formas: uma oportunidade perdida, uma decepção amorosa, uma mudança inesperada no caminho profissional. No entanto, é importante entender que essas adversidades são parte integrante do processo de crescimento. São elas que nos desafiam, nos ensinam lições valiosas e nos tornam mais resilientes. Devemos encarar os desvios como oportunidades para expandir nossos horizontes e descobrir novas possibilidades.

Um dos maiores aprendizados da vida é a importância da aceitação. Nem sempre podemos controlar os eventos que acontecem, mas podemos controlar nossa reação diante deles. Ao abraçar a mudança e aceitar os desafios, estamos abrindo espaço para a transformação. A vida nos oferece inúmeras oportunidades de crescimento pessoal e autoconhecimento, e é através da aceitação e da adaptação que podemos nos tornar versões melhores de nós mesmos.

Em meio aos caminhos e transformações, muitas vezes nos encontramos em busca de um propósito maior. Afinal, qual é o sentido de tudo isso? Essa busca pelo significado é inerente à natureza humana. Encontrar um propósito nos dá um norte e nos ajuda a encontrar significado nas experiências que vivemos. Cada pessoa tem sua própria jornada e sua própria maneira de encontrar o sentido da vida. O importante é continuar buscando, explorando e cultivando aquilo que traz verdade e plenitude ao coração.

A vida é uma viagem cheia de surpresas e desafios, mas também de oportunidades e descobertas. Cada caminho percorrido, cada escolha feita e cada obstáculo superado molda quem somos e nos leva a novas possibilidades. A chave para aproveitar ao máximo essa jornada é abraçar as transformações que encontramos pelo caminho, aceitar os desvios e buscar constantemente o significado e propósito em nossa existência. A vida e seus caminhos são um convite para crescer, aprender e nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos.

Tiago Nogueira – Belo Urbano. Formado em publicidade pela PUC Campinas e jornalismo pela FACHA-RJ, atuou profissionalmente em audiovisual desde 1986, jamais escrevendo, é melhor com as imagens. Em raros momentos de inspiração e dedicação tenta produzir textos para contribuir para a sociedade, através deste fascinante e multifacetado mundo digital. Sem filhos, mas apaixonado por crianças e mágicas, descobriu no trabalho voluntário em pediatrias de hospitais públicos, como levar alegria a elas através da risoterapia através da Fundação Griots https://www.griots.org.br/2019/
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“Muito Além do Jardim” (o título é referência a comédia dramática com direção: Hal Ashby)

Na vida, acredito que eu e as demais pessoas desejem o que já dizia o personagem vulcano de uma série de ficção de sucesso, “Uma vida longa e próspera”.

Me pego a pensar nisso… “uma vida longa”… no número de anos de vida, sim ! Desejo um número significativo de anos pela frente, principalmente agora, visto já ter passado dos 50 anos, tenho 53 anos 6 meses, sendo assim, creio que na minha história já tenho mais passado do que futuro, pois não acredito que vá chegar aos 100 anos; não tenho genética dos “Highlanders”, como aquele personagem imortal que só morria se lhe cortassem a cabeça, rainha de copas a parte, desculpem-me mas esta crônica está cheia filmes, músicas, livros e séries; considerando tudo isso, preciso olhar com muita atenção para esta parte do caminho dos anos que virão, como usufruir deste tempo com o mesmo arrepio do “Carpe Diem”, sussurrado em “Sociedade dos poetas mortos”.

Sorver a vida, aproveitar o dia e ter amor, alegrias e paz de espírito em meio a rotina e as demandas do cotidiano e um desafio avassalador. Por hora, vamos como “Nosso querido Bob” de seus “Passinhos de Bebê”, vencendo um desafio por vez.

Voltando a nossa reflexão…. “uma vida próspera”… Qual parte do “próspera” me cabe considerar? Pelo que vi e conversei com as pessoas, esta percepção é muito relativa, para alguns está associada aos recursos financeiros. Penso que próspera em recursos que nos permitam viver sem exageros seja mais a minha cara, próspera em qualidade de experiências novos de aprendizados, próspera na capacidade de sobrevivência e em manter uma certa qualidade de vida, próspera em relacionamentos saudáveis que nos nutrem com a maravilhosa interação humana e afetos de qualidade, “Amor é prosa, sexo é poesia”, são as relações humanas que nos alimentam mais que a própria comida diária, próspera de bens materiais necessários ao cotidiano, próspera em viagens, em cultura, em literatura, em música, em filmes e séries, próspera em aromas, sabores, texturas e temperaturas, climas e cores. Próspera em animais e natureza.

Mas, fundamentalmente, próspera em harmonia, saúde mental, física e espiritual, para poder trilhar o caminho que está por vir. Desejando o melhor fim, como cantou a “Santa Rita” “Se Deus quiser, um dia eu viro semente, e quando a chuva molhar o jardim, ah, eu fico contente… Se Deus quiser, um dia eu morro bem velha”… Enquanto isso, vamos vivendo, trilhando o caminho.

Não sei se vocês conhecem, há um filme inspirador em que os personagens fazem uma lista de desejos que gostariam de realizar “Antes de Partir”, acho que deveríamos fazer e refazer essa lista a cada década da vida, pois mudam as perspectivas e as prioridades a cada etapa de idade e saúde, e você, já pensou na sua lista? Nossa, vou precisar “chamar o Alfredo” pra trazer outro rolo pois minha lista não cabe neste “Neve”.

Sem querer mudar de vida ou viajar no tempo, em “Questão de Tempo” há uma série de deliciosas provocação sobre o viver, que reflete sobre a importância do momento presente. No final das contas compreendemos que ele é o principal, não é o ontem, não é o amanhã, a chave é o presente, estar inteiro, estar conectado com a experiência da vida, com os afetos, com as pessoas, é ser inteiro e não pela metade. “Porque metade de mim é Amor. E a outra metade também”.

Thelma Carlsen Fontefria – Bela Urbana, psicóloga, mãe de Isabella, 2 cães, 1 gata, 1 afilhada, 2 gerbils netos, mora em Santos, tentando manter a sanidade neste tempos de um Brasil tão distópico.

 

 

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Estrada de tijolinhos amarelos

Toda vez que penso em caminhos, me lembro de uma via de tijolinhos por onde caminhava todas as tardes após o trabalho, na cidade de Otsu, Província de Shiga no Japão.

Muito charmosa, recortava uma área grande onde havia uma biblioteca, um espaço cultural com diversas exposições de Arte e um jardim maravilhoso bem típico japonês.

Ao entrar nesse parque, o terreno inclinado além da vegetação bem cuidada, das esculturas espalhadas por entre as plantas, nos dava a sensação de estarmos indo a caminho do Paraíso. E eu, vivenciando uma fase de muitas reflexões existenciais, passeando demoradamente por entre as instalações artísticas, parando em cada novo ângulo para observar o pôr do sol, observando cada flor, cada espécie diferente que ressaltasse aos olhos, concluia que esse era meu jeito de viver.

Toda vez ao passar pelo portão de entrada, a imagem desse caminho me remetia à estrada de tijolos amarelos que Dorothy tinha que pegar para chegar à Cidade das Esmeraldas e encontrar a forma de voltar para casa, no filme “O Mágico de Oz”. E assim como no filme, os percalços vivenciados eram muitos.

Elucubrações excessivas nos desequilibram, ou na verdade, acontecem quando o coração está desequilibrado; nos levam aos profundos labirintos do Inconsciente e precisamos ter em mãos o tênue ‘fio de Ariadne’ para que consigamos voltar ao Consciente, à sanidade mental.

Foi através da Arte que encontrei o Caminho de Casa. Pintura, escultura, fotografia, Poesia… foram algumas vias pela qual transitei.

A todo momento temos que fazer escolhas que muitas vezes nos conduzem por vias desconhecidas mas que, com certeza, nos fazem avançar.
Pecamos quando nos tornamos estáticos pois a Vida é movimento; um movimento para o Centro, para nós mesmos.

“A antiga palavra grega para pecar significa ao mesmo tempo, ‘errar o ponto’… O ponto e o círculo – Deus e o Mundo – O Uno e o Múltipo – o irrevelável e o revelável – o conteúdo e a forma – o Metafísico e o Físico – são muitos pares de conceitos que se referem à mesma coisa.”
Trechos do livro ‘Mandalas’, de Rudiger Dahlke, que me trouxe uma clareza em meu caminhar.

Enfim, todos os caminhos levam à Deus!
Namaste

Érika Taguchi – Bela Urbana, publicitária por formação, com especialização em Marketing além de: terapeuta holística, praticante de Yoga Arhatica, fundadora do Instituto Sempre Vivva, artesã, cozinheira, costureira, poeta, jardineira, personal organizer e tantas outras definições mais.

 

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Esperar é caminhar

Há pouco tempo conheci o provérbio judaico “o homem faz planos e Deus dá risadas”. Na minha interpretação, acho que Deus dá gargalhadas!

Eu faço planos e traço minuciosamente o trajeto a ser percorrido. No entanto, a rota inicialmente traçada sofre alterações no decorrer da caminhada. São nesses momentos de mudanças que me deparo com as “gargalhadas divinas”.

Nasci e me criei na agitação de São Paulo. Depois dos trinta anos de idade, fui para o interior para acompanhar meu marido nas mudanças do trabalho. Morei em Bauru, morei em Campinas. Atualmente, voltei para São Paulo e estou penando para enfrentar o ritmo da minha cidade.

Eu já encarei a mudança de carreira profissional. Minha primeira formação é Administração. Por dez anos trabalhei ativamente em funções administrativas, mas minha grande paixão é ensinar. Então, quando tive uma oportunidade fiz o curso de Letras e depois de alguns anos comecei a dar aula, unindo minha paixão ao meu ganha-pão.

Desde pequena meu sonho é ser mãe. Segui o caminho conhecido tradicionalmente, que é namorar, noivar e casar. Estou casada há 13 anos, numa união cheia de paz e amor. Mas, os filhos como sonhados e planejados não vieram. Meu marido e eu fizemos tratamento de reprodução assistida e não deu certo. A vida é assim! Não temos controle sobre o fôlego da vida.

Meus planos foram desconstruídos e novas construções começaram a surgir. A vida apresentou o caminho da adoção. Começamos a jornada e estamos habilitados para recebermos nossos filhos. A qualquer momento o telefone vai tocar e a vida vai nos levar para outros caminhos. Enquanto esperamos, vivemos!

Eu poderia escrever muito e profundamente sobre cada etapa, mas por hoje só considero um provérbio bíblico que me acompanha “o homem faz planos, mas Deus dá a palavra final”. Continuo fazendo meus planos, com menos rigor, porque aprendi que a cada mudança eu me desenvolvo muito mais.

Viver exige escolhas e cada escolha apresenta um caminho que precisa ser trilhado. Esperar é caminhar.

Miriam Camelo de Assis – Bela Urbana, alguém sendo constantemente reformada pelas palavras. Formada em administração e letras. É professora de língua portuguesa por profissão e paixão. Ama artesanato e uma boa conversa.
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Voltar

Há um momento que vivi anos e anos atrás que segue viívido em mim: fui fazer minha segunda faculdade distante 450km de casa.
Na primeira vez que voltei, já era noite, parei o carro “embicando” no portão e, nesse momento, numa coincidência carinhosa da vida, começou a tocar no rádio “O Portão”, do Roberto. Foi forte. Muito forte o sentimento que, sem pedir licença, tomou conta de mim.

Era a primeira vez que eu tinha saído de casa. Era a primeira vez que estava voltando.
Cheia de novidades, de saudades, de tagarelice desmedida, eu voltei.

Ainda não era prá ficar.

Abri o portão, guardei o carro, fechei o portão e entrei. Naquele momento ainda não fazia a menor ideia da repercussão emocional que este simples ato teria na minha vida mais de trinta anos depois.

E assim o tempo foi passando, acabei a faculdade, comecei a trabalhar, mudei de cidade, conheci pessoas muito diferentes e muito iguais, aprendi a exercer minha profissão.

Após um câncer do meu pai, nós fomos morar juntos novamente.
Papai faleceu, minha mãe e eu tivemos mais vinte anos de convivência. Amigas, cúmplices, apoiadoras.

Aí aconteceu uma doença grave que me jogou num leito hospitalar por dois meses. Precisei reaprender a sentar, engatinhar, até finalmente andar.

Então comecei a voltar. Assim, sem pensar. Deixando acontecer. Hoje eu sei. Entendo. Agradeço.

A gratidão começou a ganhar uma dimensão imensa. Grata ao amor que pude sentir, às pessoas que tiveram paciência ao me esperar encontrar o caminho de volta.
Isso gerou força capaz de abrir o portão. Os portões. O cadeado foi quebrado.
Mas ainda sem perceber o processo que se desenhava.

Minha mãe também faleceu.
Minha aposentadoria chegou.
E eu lá, sózinha em São Paulo.
Ô cidade cruel com os sozinhos!

Foi então que decidi voltar para o interior, onde tinha uma parte da família – a parte de laços fortes.
E portões.

Comprei meu apartamento, vivi meses incríveis neste recomeço..

A alegria foi perdendo a forma, cedendo lugar a novas percepções, algumas decepções.

Passei a ficar muito comigo mesma.
Com minha vida vivida inteira à disposição para reflexões , entendimentos, reformulações. Não mais intuitivamente, mas foi com um misto de garra e medo comecei a vislumbrar as frestas. Ensaiando voltar.

E durante a pandemia, após 45 dias completamente isolada, comecei a voltar. Pra mim. Por mim.

E a música insistia “…. acho que só eu mesmo mudei e voltei…. agora pra ficar…”

Tem sido muito bom e difícil abrir o portão e voltar. Decidir quando fechá-lo. Para quais caminhos não voltar. Quais repavimentar. Pra poder voltar. Em paz.

Ruth Leekning – Bela Urbana, enfermeira alegremente aposentada, apaixonada por sons e sensações que dão paz e que ama cozinhar.  Acredita que amor e física quântica combinados são a resposta para a vida plena.
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Pela metade e nada certo

São os dias corridos.
É o que tem pra hoje, amanhã e o futuro.
Presente
Moro junto mas não sou casada
Tenho uma casa mas apenas a usufruir
Um carro, pela metade
Um trabalho, vários e ao mesmo tempo não sei
Uma comadre, talvez quem sabe, só quando é chamada e pode ser…
Amigo, talvez um…
Amigas? Distantes na geografia
Uma família distante… de amor
Uma filha… eterna no meu coração.

Macarena Lobos –  Bela Urbana, formada em comunicação social, fotógrafa há mais de 25 anos, já clicou muitas personalidades, trabalhos publicitários e muitas coberturas jornalísticas. Trabalha com marketing digital e gerencia o coworking Redes. De natureza apaixonada e vibrante, se arrisca e segue em frente. Uma grande paixão é sua filha.