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MEIO IRMÃO

 

938 irmãos

“Ele tem um meio irmão, mas não acho que existe meio irmão, como não existe meio grávida, ou é ou não, acho que é irmão, não acha?”.

Não soube responder de bate pronto à pergunta que um amigo me fez há poucos dias falando do seu filho. Fiquei com a pergunta na cabeça, “matutanto” a respeito, nunca tinha pensado sobre isso. Meio irmão existe?

Existe irmão, irmão de várias formas, irmão de sangue, sangue inteiro ou só por parte de pai ou de mãe – isso é o que menos importa – e irmão que não tem o mesmo sangue.

Irmãos que de fato são irmãos, são amigos, e amigo torce a favor, chama a atenção, da colo, ajuda, vibra, da conselhos, da bronca, não faz fofoca a seu respeito, não inveja seu sucesso, torce, torce, e só quer seu bem, mesmo quando está na “merda”, porque sabe que a via é de mão dupla e irmão que é irmão não deixa o outro de lado, leva junto, impulsiona, incentiva.

Quando adolescentes, não pense que seu irmão vai ficar cúmplice daquele namoradão mau caráter, pelo contrário, irmão que cuida, vai te dizer, mesmo sabendo que aquilo vai doer e mesmo correndo o risco de você não entender naquele momento, que aquela pessoa não é legal para você.

Irmão de verdade, não tem medo de conversar, não tem medo de expor ideias diferentes, entende que isso é fundamental para que cresça qualquer irmandade e que em muitos casos entrar em consenso faz parte desse amor.

Quando você casar, sem sombra de dúvidas, no altar quem vai estar lá, é esse irmão e quando seus filhos nascerem, o lugar de padrinho e madrinha está reservado para quem é irmão de verdade, porque você sabe que se algo faltar para seu filho, esse irmão irá cuidar e ajudar.

Quando se é irmão de verdade, respeito é uma palavra que é levada á sério e faz parte dessa relação, mesmo quando há discordância. Prova de amor é quando você deixa sua birra de lado e coloca o bem do seu irmão acima da sua vontade particular. Generosidade não é moeda de troca, mas quando irmãos são verdadeiros irmãos isso é natural, como beber água.

Quer uma característica para reconhecer um irmão de verdade, um irmão inteiro? Ele cria um elo com os seus amigos, os  que te querem bem, mesmo que ele não “vá com a cara” de algum, busca ser justo e perceber se aquele pessoa é do bem para você, e se for, o elo está feito, ele vai te incentivar a continuar aquela amizade e provavelmente será amigo também daquela pessoa.

É sorte quando esse irmão nasce do mesmo pai e da mesma mãe, ou quando nasce só de um deles, ou quando a vida nos coloca na mesma família, ou ainda em um terceiro caso, quando escolhemos pela vida esse irmão. Irmão de verdade tem um abraço delicioso.

Tem gente que tem irmão no papel, mas o só papel não basta, não diz a verdade.  É triste um irmão no papel que não é um irmão de verdade, mas isso é mais comum do que se imagina.

Irmão verdadeiro é irmão por inteiro e não é tão comum assim. Irmão que é irmão é uma pérola. Conspiração divina.

Então, minha resposta veio com “delay”,  esse papo de meio irmão, é bobagem, ou é ou não, meu amigo está certo.

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Agradece os irmãos que seus pais te deram e os que escolheu na vida 🙂

 

 

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SEGUNDA FEIRA

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Toda segunda promete.

Promete mais que qualquer outro dia.

Promete não só o dia. Promete pela semana toda.

Toda segunda é assim, mas é melhor quando o final de semana foi divertido e bem vivido.

Segunda renova os desejos, de que o trabalho seja próspero, de que a prova seja boa, de que a aliança seja aceita, de que as notícias sejam positivas, de que os sonhos se concretizem.

Segunda é um dia novinho. Folha branca, alma nova, esperança.

Toda segunda é dia de NASCER de novo.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Gosta das segundas e de todos os outros dias da semana 🙂

 

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Falar do que? Das novelas ou das panelas?

 

shutterstock_132428099 panela

Na novela a trama é fictícia

Na panela a comida cozinha

A comida está cara, cada vez mais

Na novela quem vencerá? O bom?

É isso que queremos ver, o bom, na novela e na panela (na vida real)

Novelaço? Nem tanto, mas garante diversão

Que falta, quando a comida é cara, quando a saúde é paga, quando a educação de boa qualidade é paga e é muito cara.

As panelas deveriam ser fartas

Os sabores deveriam ser diversos

O tempero deveria ser saudável

Mas nessa panela “rola”

Pouca comida, tempero artificial e

a falta de novos sabores que nunca serão comidos

Porque comida vai sendo a panela que vai ficando velha, oca e sem brilho

A novela consola, a esperança que o bem vencerá no final, é real nesse fictício.

Citando os Titãs “a gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro, diversão e arte”

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.  Gosta de novelas e panelas fartas. 🙂

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Amigos para dividir a vida

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Hoje eu quero compartilhar com vocês um lindo texto que li pela primeira vez na minha adolescência. O texto me tocou profundamente naquele momento, pensei na dor e na solidão que aquele autor sentia e como conseguiu traduzir tão bem aqueles sentimentos em palavras. Pelo que li na época, o texto foi publicado em um grande jornal de São Paulo, não sei qual, também não citava o nome do autor, que talvez não quisesse ser identificado, mas sim adivinhado, porém precisava urgentemente compartilhar o que sentia.

Muitos anos já se passaram desde que li pela primeira vez esse texto e durante todos anos já reli diversas vezes. A conclusão é simples, é importante termos amigos para dividir a vida. Ser e ter aqui se complementam. Sou amiga e tenho também. A VIDA é BELA assim.

Abaixo segue o texto na íntegra.

“Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.” Autor desconhecido

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 Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência  Modo Comunicação e Marketing  www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.  Agradece imensamente a sorte de ter GRANDES AMIGOS 🙂

 

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COITADINHA E A JANELA DA VIZINHA

shutterstock_155363555 - mulher e janela

Coitadinha tinha uma janela

marrom

A tinta não durava

descascava

Tinta de má qualidade

baratinha

 

Coitadinha se achava esperta

Adorava coisas baratinhas

Comprava MUITO

coisas baratinhas

INÚTEIS

feias

quinquilharias, muitas

mas, esperta que se achava,

baratinhas.

 

A tinta da janela descascava

A tinta do cabelo desbotava

A roupa não tinha caída

Os livros não importavam

 

Coitadinha tinha

03 “amigas”

01 “marido”

01 vizinha – sem aspas

 

A janela da VIZINHA não descascava

A janela da vizinha vivia ABERTA

A JANELA da vizinha era amarela

A janela da vizinha era maior que a dela

 

Coitadinha fofocava

Olhava a janela da vizinha

e fofocava

e procurava

lascas que não encontrava

 

Coitadinha se incomodava

Coitadinha sozinha chorava

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Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos. Está feliz com suas janelas 🙂

 

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TPM? Só que não.

shutterstock_158427539 (1) foto 2 Belas TPM

Não sei se são os hormônios, mas o fato é que alguns dias estamos mais sensíveis. Nunca me guiei pelos hormônios, sempre me pareceu uma bobagem essa tal de TPM, acho que sempre estou tão ocupada com tantas outras coisas que nunca pensei  muito nisso, nunca dei importância. Sempre achei tudo uma grande bobagem, algo que algumas mulheres falam para chamar a atenção, fazer graça ou dar desculpa por uma tarefa mal feita ou não feita.

Mas vamos lá, tem dias que sentimos algo indefinido, na verdade não é indefinido, só não consigo colocar em palavras, mas é como se o dia ficasse cinza, não é toda música que quero ouvir, quero nesses momentos, músicas fortes, mas não alegres, e isso de alguma forma torna esse sentimento maior, mais a flor da pele ou a saltar dos olhos.

Não precisa muito para saber se alguém está assim,  é só olhar nos olhos. Os olhos ficam diferentes, carentes, tristes. Passa,  o que é bom, porém, também é preciso às vezes ter esses sentimentos. De onde vem? Por quê? Não sei. Aceito senti-lo, querendo que vá embora, querendo que eu descubra o invisível. Contenho minha ansiedade com cordas imaginárias.

Tem sentimentos que fogem da explicação óbvia, mas são fortes que chegam a doer. Os ossos doem, o corpo pesa além do seu peso, é um estado de espera para o próximo choro, um estado de suspense, um choro que você não sabe do que é, porque quer chorar, só quer chorar, mas segura, segura, segura. Se olhar os olhos verá que o brilho é outro, o pedido de socorro está ali, mas nada concreto.

E eu que sou tão concreta tenho uma certa resistência a lidar com isso, mas percebo que é necessário aquietar a mente, não pensar em tudo de uma única vez, não querer atravessar todas as portas juntas, a vontade é de, mas não dá.

Talvez não seja só “frufru“ de mulherzinha, mas é difícil aceitar isso quando você é do signo de leão, responsável, irmã mais velha, com síndrome da mulher maravilha. Meus Deus queimaram os sutiãs e sobrou para nós, que além de continuarmos usando os tais, a maioria tem ferros, aperta, incomoda e muitas vezes machuca.

Então só por hoje, eu aceito que são os tais hormônios, que às vezes podemos sim estar “frufru”. Olhem bem, não é ser é estar. E só por hoje,  bye  bye mulher maravilha, hoje eu quero mesmo é ser a Pedrita. A arte salva e a imaginação também, então quem sabe nas cavernas, sem tanta interferência eu escute uma música dançante que eu tanto gosto e espere  para ver se no próximo mês esse sentimento vem também, se vier, eu me rendo e digo algo que nunca imaginei dizer:  é TPM, só que sim.

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BELAS URBANAS

SER OU NÃO SER?

É CLARO QUE SOU

No calor do dia

Na brisa da noite

No almoço do meio dia

No carro

Com os filhos

No trabalho

Com os pais

No almoço do domingo

De biquíni no clube

De chapéu na praia

Na balada

No jantar a dois

No meu aniversário

No seu aniversário

Com as amigas

Com os amigos

Triste

Feliz

Comendo pão na padaria

Tomando cafezinho

No escuro do cinema

No meio do quarto

Na sala

No verão

No chão

Na contramão

Quando choro

Suando a camisa

Deitada no sofá

Esperando

No parto

Na saída

Quando abraço

No expresso que passa

Eu me apresso

Me enxergo

Me expresso

Todo dia e cada dia de uma forma.

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Movimento Gentileza Sim

Hoje em especial quero compartilhar um texto que escrevi há quase 01 ano para o site do “Movimento Gentileza Sim” fundado pela minha grande amiga Roberta Corsi. O convite e a reflexão que fiz naquele momento permanecem e por isso compartilho o mesmo na íntegra com vocês, segue:

“Gentileza gera gentileza” já dizia o poeta Gentileza. É isso mesmo, não tem segredo, o segredo é colocar isso em prática em situações adversas. Gentileza é sinônimo de delicadeza, amabilidade, educação. Quando recebi o convite para ser a primeira a escrever para esse blog, fui pega de surpresa em uma manhã no meu trabalho. O convite veio acompanhado por um delicioso bolo e um lindo cartão, que realmente me emocionou e trouxe um sabor especial aquele dia. Ah Roberta, (fundadora desse movimento), se o mundo tivesse mais Robertas, com certeza as pessoas nesse mundo seriam mais felizes, porque foi exatamente feliz e honrada que me senti naquele momento e também responsável com o que trazer de relevante sobre esse assunto para o blog.

Busquei no dicionário, li alguns artigos, observei as pessoas ao meu redor, fisicamente e virtualmente, mas acima de tudo observei a mim mesma, confesso que essa tarefa não foi tão fácil. Conclui algumas coisas, entre elas, que é fácil ser gentil em situações cotidianas de nossa vida, um “bom dia”, “obrigada”, “por favor”, são palavras fáceis de falar, basta antes de mais nada a tal da boa educação. Como é ruim encontrar logo pela manhã um mal educado que chega sem dar um “bom dia”, que nos encontra no elevador com cara fechada,  e como é agradável encontrar alguém que além de dar o “bom dia” nos recebe também com um sorriso aberto e verdadeiro. Atitudes simples assim fazem diferença, é mais do que educação, é beleza de alma, alegria e contagia de forma positiva quem está em volta.

Precisamos estar sempre bem para agirmos assim? Essa é uma ótima pergunta que também me fiz durante esses dias. Estar bem ajuda muito. Pessoas amargas  não conseguem compartilhar sorrisos, podem até ser educadas, mas não docemente gentis, ou seja, é necessário resolver as amarguras da alma. Com algumas pessoas somos facilmente gentis, gratas e amáveis, por exemplo: com o médico dos meus filhos que me acode incansavelmente em momentos de medo e dor, tenho consciência que ajo dessa forma, afinal ele que sempre me ajuda. Nessas últimas semanas lá estava eu novamente contando com a ajuda do “Salve Jorge” como espontaneamente meu filho Pedro apelidou-o o Dr. Jorge, quando novamente contamos com ele nessas últimas semanas. A grande questão é como ser gentil com pessoas que nos tratam mal, nos desagradam e agridem? Encontramos essas pessoas em vários lugares, nos simples acasos do trânsito, no convívio pessoal e profissional. Nesses casos o que fazer? Seria lindo ser gentil, conseguir superar a raiva da buzina insistente no trânsito sem  motivo; o chato familiar que insiste em fazer comentários deselegantes; o profissional sem ética que faz de tudo para se dar bem. Socorro! O que fazer nesses casos? Como ser gentil nesses momentos e com essas pessoas? Confesso que não encontrei a resposta, e que ainda não encontrei esse desprendimento de ser tão tranquila com essas situações e pessoas, então, enquanto não tenho a melhor ação para essa questão, faço um exercício, respiro fundo e tento o mais rápido possível me afastar, para não agredir também.

Agora tem ainda um terceiro momento que às vezes esqueço-me de ser gentil, não pela falta de amor com os que estão ao meu redor, mas a paciência some e a pressa maluca vem à tona, a culpa pode ser da correria do dia a dia,  essa urgência que temos para dar conta de tudo. Percebi que faço o urgente e não o importante, que deixo de lado as pequenas gentilezas com as pessoas que mais amo sem perceber. É tanta pressa que falta tempo para ser gentil? Essa é a questão? Não, isso não existe, ser gentil não toma tempo. Ser gentil é ser educado. Ser gentil é estar com o coração desarmado. Não basta ser gentil com só o “bom dia”, “obrigado” e “por favor”. É hora de ser gentil primeiramente com quem está próximo, o excesso de proximidade no cotidiano e urgência do dia a dia, nos faz muitas vezes esquecer das nobres regras de educação com essas pessoas. Proximidade não pode jamais ser sinônimo de descaso. Quer um mundo melhor? Quer esbarrar em pessoas mais gentis? Que tal começar dentro de casa? Exemplo começa em casa, no nosso núcleo familiar e faz a diferença em escala na sociedade.

Agradeço imensamente esse convite pois somente por isso, fiquei atenta a mim mesma e a minha volta de um modo que nunca antes tinha me atentado. Refleti muito e a grande conclusão é que tudo é muito simples, ou seja, ação e reação, boas ações geram boas reações, alegria contagia. Podemos compartilhar de forma generosa tantas coisas como boas atitudes, conhecimento e  carinho, tornando o nosso dia a dia mais leve e alegre e de alguma forma contribuindo para um bem estar coletivo do qual fazemos parte. Eu acredito que cada um é um pequeno pedaço que faz diferença nesse grande círculo que é a vida. Parece óbvio e simples demais, e quer saber um segredo? É mesmo. Vamos juntos? Vale muito a pena, gentileza SIM.

Finalizo com uma frase de Cora Coralina que diz “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas”.

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do blog Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todas as histórias do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos e apoiadora desde o início do Movimento Gentileza Sim www.movimentogentilezasim.com.br

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A árvore, o tempo e ela.

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No meio da correria daquele dia, ela sempre estava correndo, contando o tempo para não perdê-lo. Sempre pensando no depois, se preocupava com tudo, para não faltar para ninguém que amava, mas naquele dia resolveu mudar o caminho…

O caminho no meio da tarde corrida.

Ela evitava passar por ali, a dor ainda era grande, mesmo depois de alguns anos. Fugia daquele percurso, mas ontem não, entrou naquela rua, parou na frente da casa que não existia mais – ela já sabia –, mas desta vez estava sem os portões.

Olhou o terreno de dentro do seu carro, caía uma chuva fina e o dia estava cinza. A árvore continuava firme, linda, no fundo do terreno.

Tão contida era ela, mas ali não se conteve, saiu do carro, pediu para o moço que limpava o terreno do lado – que agora eram um só – se podia ir até a árvore.

Andou devagar, o salto afundava na lama, aquela cena era incomum, ela sabia, cenas únicas, vividas em câmera lenta. Ela era a protagonista e naquele momento não quis saber do próximo instante, esqueceu de contar o tempo, esqueceu do que iria preparar para o jantar, dos óculos que tinha que levar para arrumar, do horário que marcou com a gerente. Só fez o trajeto devagar, sabia que era raro.

Chegou na árvore que continuava viva, rica, nascendo frutos. Encostou sua mão, fez uma prece. Chorou, de saudade, de emoção, nostálgica de algo que não existe mais. A árvore permaneceu, continuava forte. Os frutos estavam brotando, que emoção ver aquilo. Arrancou um galho, foi embora devagar, iria plantar.

O chuvisco bem fraquinho continuava, o moço, intrigado, perguntou:

– Acerola?

Ela olhou com lágrimas que teimavam em cair e só conseguiu dizer:

– Obrigada.

Entrou no seu carro, colocou o galho no banco do passageiro, respirou fundo, ligou o para-brisa.

Acelerou para o banco, tinha que pegar seu novo cartão, de novo voltou a pensar no que fazer para o jantar e em tudo que ainda tinha que fazer, mas o salto alto com terra denunciava algo sui generis.

Entendeu o tempo de uma forma muito clara, e ali, naquele instante, com aquela consciência, cara a cara com o singular, descobriu e entendeu o que significa quando dizem que novos dias nascem.

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CONFISSÕES “DA ÚLTIMA BOLACHA DO PACOTE”

Sim, sou a última bolacha do pacote e preciso urgente fazer minhas confissões, estou cansada de ser tão malvista, preciso me confessar, todos confessam, tem confissão para tudo. Confissões de adolescente, de mulheres de 30, de homens, tem até confissão de órgão íntimo, então nada mais justo que eu – a última bolacha do pacote – me confessar.

Sim, preciso urgente fazer essas minhas confissões, afinal a minha imagem, essa que está na boca do povo, não é justa, ninguém está vendo meu lado.

Confesso que, por causa de toda essa falação, fui fazer análise. A fama por um lado é boa, mas ser taxada de forma tão antipática me incomoda profundamente. Confesso que estou tentando entender de onde esse boato surgiu, mas não achei explicação para isso.

Vou compartilhar meu doce coração com vocês. Sim, sou a última bolacha do pacote, é certo que sou gostosa, chego a dar água na boca de alguns, tenho recheio, aliás, tenho dois, morango e chocolate. Melhor ainda, sou waffer, não é pouco, não, não sou qualquer uma, sinceramente sou uma delícia, mas é só dessa forma que os outros me veem, ninguém vê meu lado sensível, ninguém vê o conteúdo do meu recheio, todo este meu sofrimento. Incomodo porque sou gostosa?

Sim, eu sofro, e aposto que ninguém imagina o porquê. Alguém se atreve? Sofro porque sobrei. Sobrei, sou a última. Estou sozinha e não sei para onde vou, minhas colegas, todas elas já foram para sua nova vida, já se renovaram, transmutaram, já experimentaram a delícia de serem saboreadas até o fim, mas eu não, ainda continuo por aqui, somente sendo desejada.

Pode ser que ninguém me queira e que eu vá parar em um lixo qualquer. Discuto muito isso na análise, meu analista me incentiva a ter o foco mais voltado para minhas qualidades, para eu ser autossuficiente e esquecer esta necessidade urgente que sinto de ser saboreada, pois ninguém quer uma bolacha, por mais gostosa que seja, desesperada. Meu Deus, o que faço então? Finjo? Porque confesso que ainda não aprendi essa lição e espero urgentemente ser devorada.

A questão de ser a última bolacha do pacote nunca foi fácil, fui a primeira a ser embalada, só tive uma vizinha a vida inteira e – pior – era chatésima, se achava a mais gostosa do pacote. Exatamente vivendo como eu, só a primeira bolacha, mas nunca conseguimos ser próximas e falar dos assuntos em comum, porém a situação dela ainda era melhor, foi embora logo, foi a primeira, penso que deve ser uma grande sensação ser a primeira… E as outras? Todas tinham mais companhia que eu, sempre duas vizinhas… Quantas vezes chorei olhando para a minha embalagem, só isso me sobrava.

Essa fama que roda o país me deixa péssima, mas confesso aqui, bem baixinho, que também me ajuda no ego ferido, de alguma forma parece que sou eu que não quero nada e prefiro continuar nessa situação, escolhendo quem vai me levar, mas a verdade não é essa, confesso aqui agora, abertamente, para vocês, não é nada disso.

Pareço inatingível porque sei que sou “bonita e gostosa” e meu lema é “sei que você me olha e me quer”. Meu analista diz que tenho que parar de me inspirar na letra das Frenéticas, mas ele não entende que frenética estou eu, que preciso urgente de uma boca loca que me queira devorar, cansei de ter somente que me achar.

Confesso, por fim, e no mais alto e bom som, cansei de ser metida, preciso mesmo é ser comida.

Então serei direta. Que tal você aí? Não quer experimentar?

Da gostosa e última bolacha de waffer recheada de morango e chocolate do pacote.

 

Adriana Chebabi

Adriana Chebabi – Bela Urbana, idealizadora do Belas Urbanas onde é a responsável pela autoria de todos os contos do projeto. Publicitária, empresária, poeta e contadora de histórias. Divide seu tempo entre sua agência Modo Comunicação e Marketing www.modo.com.br, suas poesias, histórias e as diversas funções que toda mãe tem com seus filhos.

Desenho bolacha: Synnöve Dahlström Hilkner